“Me olha de novo?”: sentidos do existir em Milton Santos e Linn da Quebrada, miradas negras em diálogo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/1984724623512022080

Palavras-chave:

corpo-espaço, ação, cotidiano, existência, geografia

Resumo

Me olha de novo?" é um convite que Linn da Quebrada nos faz ao lançar seu segundo álbum, "Trava línguas" (2021), que consiste em estabelecer possibilidades de abertura e um outro diálogo com ela e com sua arte. Uma outra mirada para sua própria construção existencial e musical. Vinte anos após a morte do professor Milton Santos, esse mesmo convite a uma nova mirada é direcionado a estudantes, pesquisadores e professores, não só de geografia, para uma outra possibilidade de reelaboração epistemológica e corporal de Milton Santos. A consolidação de uma epistemologia da existência, que é fundamentalmente dialógica, e que vislumbra a investigação da ação no cotidiano, entendido pelo autor como espaço contínuo, facilita, a partir da obra de Milton Santos, a análise das questões lidas pela perspectiva existencial e pelo sentido relacional do corpo com o espaço, através da corporeidade. A dialogicidade entre geografia e arte, tendo Linn da Quebrada como referência artística e política, para além da questão inicial, é realizada por sua criatividade, inventividade e intelectualidade orgânica ativa, que tensionam as compreensões espaciais, explorando uma existência profunda, reveladora de uma corpo-espacialidade plural. Trata-se, portanto, de uma reconstrução do método pela vida, em que a geografia corporificada se faz – cotidianamente - nas brechas da fechada trama da ciência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Anita Loureiro de Oliveira, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ

Professora do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ. Coordenadora da COLETIVA – Grupo de Pesquisa em Geografia, Cultura, Existência e Cotidiano.

André Luiz Bezerra Tavares, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ

Mestrando em Geografia no Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ. Compõe a COLETIVA – Grupo de Pesquisa em Geografia, Cultura, Existência e Cotidiano.

Referências

BENTO, Maria Aparecida da Silva. Pactos narcísicos no racismo: branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público. 2002. Tese (Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano) − Universidade de São Paulo, 2002.

BRASIL. Lei n. 12.711/12 e 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Brasília: Planalto, 2012. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm. Acesso em: 08 abr. 2022.

CAMPOS, Andrelino. Movimento em estruturas “sócio-espaciais”: em busca de sujeitos subalternos. In: SILVA, Catia Antonia da; CAMPOS, Andrelino; MODESTO, Nilo Sérgio d’Avila. Por uma geografia das existências. Movimentos, ação social e produção do espaço. Rio de Janeiro: Consequência, 2014. p. 47-65.

CARNEIRO, Sueli. A sombra de seu sorriso. In: Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo negro, 2011. p. 86-89.

CIRQUEIRA, Diogo Marçal. Entre o corpo e a teoria: a questão étnico racial na obra e trajetória socioespacial de Milton Santos. 2010. Dissertação (Mestrado em Geografia) − UFG, Goiânia, 2010.

ESPAÇO E SOCIABILIDADE. [S.l.: s.n.], 20 mar. 2021. 1 vídeo (102 min). Publicado pelo canal posgeo uff. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=qgl17ZGlg_M Acesso em: 20 mar. 2021.

GILROY, Paul. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2012.

GOMES, Nilma Lino. O movimento negro e a intelectualidade negra descolonizando os currículos: decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: autêntica, 2019.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil. Rio de Janeiro. IBGE, 2019. 12 p.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Trad. Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2019.

LINN DA QUEBRADA explica o poder da palavra em sua música. [S.l.: s.n.], 4 jul. 2021. 1 vídeo (19 min). Publicado pelo canal CartaCapital. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Y6OQb3m3w4s&t=463s. Acesso em: 25 ago. 2021.

LINN DA QUEBRADA. Fissura. In: NASCIMENTO, Tatiana (org.). Pandemia: ABEBE caixa Pretas. São Paulo: n-1, 2020. p. 1-3.

MULHER. Intérprete: Linn da Quebrada. Compositora: Linn da Quebrada. In: Linn da Quebrada. [S.I]: Spotify/ybmusic, 2017a. Single. 1 música. (6min 20s)

OLIVEIRA, Anita Loureiro de. Geografias corporificadas: outras narrativas da vida na metrópole. In: OLIVEIRA, Anita Loureiro de; SILVA, Catia Antonia da. Metrópole e crise societária. Rio de Janeiro: Consequência, 2019. p. 43-67.

OLIVEIRA, Anita Loureiro de. Por uma Geografia das Existências: o desafio é a superação da geografia das formas e dos discursos hegemônicos. In: SILVA, Catia Antonia da; CAMPOS, Andrelino; MODESTO, Nilo Sérgio d’Avila. Geografia das existências. Rio de Janeiro: Consequência, 2014. p. 7-13.

OYEWÙMÍ, Oyèrónké; DE FREITAS NETO, Leonardo; PINHO, Osmundo. Visualizando o corpo: teorias ocidentais e sujeitos africanos. Novos Olhares Sociais, [Cruz das Almas], v. 1, n. 2, p. 294-317, 2018.

RATTS, Alecsandro Prudêncio. Corpos negros educados: notas acerca do movimento negro de base acadêmica. NGUZU: revista do Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos, Londrina, v. 1, p. 28-39, 2011.

RATTS, Alecsandro Prudêncio. Eu sou Atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto Kuanza; Imprensa Oficial, 2007.

RIBEIRO, Ana Clara Torres. A dança de sentidos: na busca de alguns gestos. In: JACQUES, Paola Berenstein, BRITTO, Fabiana Dultra (orgs.). Corpocidade: debates, ações e articulações. Salvador: EDUFBA, 2010. p. 24-41.

RIBEIRO, Ana Clara Torres. Território usado e humanismo concreto: mercado socialmente necessário. In: SILVA, Catia Antonia da; BERNARDES, Júlia Adão; ARRUZZO, Roberta Carvalho; RIBEIRO, Ana Clara Torres. Formas em crise: utopias necessárias. Rio de Janeiro: Arquimedes, 2005. p. 93-111.

RIBEIRO, Ana Clara Torres; SILVA, Catia Antonia da; SCHIPPER, Ivy. Cartografia da Ação e a juventude na cidade: trajetórias de método. In: RIBEIRO, Ana Clara Torres; CAMPOS, Andrelino; SILVA, Catia Antonia (orgs.). Cartografia da ação e movimentos da sociedade: desafios das experiências urbanas. Rio de Janeiro: Lamparina, 2011. p. 30-42.

SANTOS, Milton. As cidadanias mutiladas. In: JULIO, Lerner (ed.). O preconceito. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1997. p. 133-144.

SANTOS, Milton. As exclusões da globalização: pobres e negros. Thoth, Brasília, n. 4, p. 147-160, 1998. Disponível em: https://ipeafro.org.br/acervo-digital/leituras/obras-de-abdias/revista-thoth/. Acesso em: 05 de jul. de 2021.

SANTOS, Milton. Espaço e método. 5. ed. São Pulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2020.

SANTOS, Milton. O tempo despótico da língua universalizante. In: RIBEIRO, Wagner Costa (org.). O país distorcido: o Brasil, a globalização e a cidadania. São Paulo: Publifolha, 2002. p. 109-114.,

SANTOS, Milton. Por uma geografia cidadã: por uma epistemologia da existência. Boletim Gaúcho de Geografia, Porto Alegre, v. 21, n. 1, p. 7-14, 1996.

SANTOS, Milton. Ser negro no Brasil hoje. Folha de São Paulo, São Paulo, v. 7, p. 1-4, 2000.

SANTOS, Milton. Um encontro [Gilberto Gil entrevista Milton Santos]. São Paulo: [s.n.], 01 set. 1996. Disponível em: http://www.geocrocetti.com/msantos/gilmilton.htm. Acesso em: 25 set. 2021.

SANTOS, Milton. Um olhar dissonante. In: RIBEIRO, Wagner Costa (org.). O país distorcido: o Brasil, a globalização e a cidadania. São Paulo: Publifolha, 2002. p. 61-64.

SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. São Paulo: Editora Nobel, 1987.

SANTOS. Milton. Técnica, espaço, tempo, globalização e meio técnico-científico informacional. São Paulo: Editora Hucitec, 1994.

SILVA, Catia Antonia da. O fazer geográfico em busca de sentidos ou a Geografia em diálogo com a sociologia do tempo presente. In: SILVA, Catia Antonia da; CAMPOS, Andrelino; MODESTO, Nilo Sérgio d’Avila. Por uma geografia das existências. Movimentos, ação social e produção do espaço. Rio de Janeiro: Consequência, 2014. p. 19-45.

SOYINKA, Wole. O leão e a Joia. Tradução: William Lagos. São Paulo: Geração Editorial, 2012.

TAVARES, Julio Cesar de. O que pode o corpo negro: uma introdução. In: TAVARES, Julio Cesar de. Gramáticas das corporeidades afrodiaspóricas: perspectivas etnográficas. Curitiba: Editora Appris, 2020. p. 19-30.

TRAVA Línguas é o novo álbum da cantora e da compositora Linn da Quebrada, confira! [S.l.: s.n.], 24 jul. 2021. 1 vídeo (10 min). Publicado pelo canal Metrópolis. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=iVWK2k0JcNw&t=525s. Acesso em: 25 ago. 2021

TRAVA LÍNGUAS. Intérprete: Linn da Quebrada. In: Linn da Quebrada [S.l.]: Spotify/ybmusic, 2021. Álbum. 11 músicas. (38min 56s). 2021.a.

VIEIRA JUNIOR Itamar. [S.l.: s.n.], 15 fev. 2021. 1 vídeo (92 min). Publicado pelo canal Roda Viva. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Mu9iUc2UHBQ Acesso em: 22 ago. 2021

Downloads

Publicado

2022-05-13

Como Citar

OLIVEIRA, Anita Loureiro de; TAVARES, André Luiz Bezerra. “Me olha de novo?”: sentidos do existir em Milton Santos e Linn da Quebrada, miradas negras em diálogo. PerCursos, Florianópolis, v. 23, n. 51, p. 080–104, 2022. DOI: 10.5965/1984724623512022080. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/percursos/article/view/21084. Acesso em: 26 dez. 2024.