A formação escolar secundária de agentes intelectuais no sul do Mato Grosso (1931-1961)
DOI:
https://doi.org/10.5965/1984724621452020232Resumo
Este artigo tem como objetivo compreender como agentes intelectuais no sul do Mato Grosso representam em suas memórias a formação no ensino secundário no período de 1931 a 1961. Utilizaram-se como fontes de pesquisa, obras memorialísticas e relatos orais, cruzados com documentos de instituições escolares de ensino secundário da cidade de Campo Grande e Corumbá. Foram investigadas as trajetórias dos autores Abílio Leite de Barros, estudante do Colégio Santa Teresa; Pierre Adri e José Corrêa Barbosa, estudantes do Colégio Dom Bosco, por meio de suas produções memorialísticas. Tais fontes foram analisadas a partir da teoria de Pierre Bourdieu (2004, 2012), em diálogo principalmente com as noções de campo, habitus e capitais. Foram identificados no campo educacional, intensas disputas entre defensores da pedagogia tradicional e da escolanovista. O ensino secundário, com um currículo literário, conformava-se como reduto de formação das elites intelectuais. No sul de Mato Grosso, as instituições de ensino secundário que haviam sido recentemente instaladas ofereceram às classes economicamente favorecidas um ensino tradicional, com currículo predominantemente literário, que proporcionava acúmulo de capitais – social, cultural e simbólico – que mais tarde auxiliaram a inserção dos estudantes no campo intelectual. Tal inserção foi legitimada pelas disposições incorporadas nas instituições por meio de práticas culturais, escolares, sociais e religiosas. Em que pese as fragilidades das instituições do sul de Mato Grosso nesse período de implantação e organização do ensino secundário, elas alcançaram renome e cumpriram a função de reprodução das desigualdades sociais.
Palavras-chave: Ensino secundário – História. Memória. Intelectuais. Mato Grosso.
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