Narrativas savantes construindo os territórios dos povos tradicionais no semiárido alagoano
DOI:
https://doi.org/10.5965/1984724622482021128Palavras-chave:
Território, Memória, Índios do Nordeste, GeografiaResumo
A discussão em questão tem como referência obrigatória O narrador, de Walter Benjamin e as narrativas orais que colaboraram na construção dos territórios dos povos indígenas Xukuru-Kariri, na cidade de Palmeira dos Índios (AL). Benjamim busca o valor da história que anda de boca em boca resgatando a primazia da alteridade no processo de constituição da eticidade, procurando o lugar fundamental que o ser humano deve ocupar num tempo histórico que se caracteriza pela crescente valorização das relações fundadas na alienação e reificação dos indivíduos. O exercício de cultivar a memória dentre os povos tradicionais agrega principalmente a função de educar, além de aglutinar informações, experiências, tempos pretéritos que, quando rebuscados, deram origem à recuperação do antigo território (outrora ocupado), também usado nos exercícios das atividades cotidianas, dos rituais funerários, das correrias contra os invasores, contra a seca, contra a fome. Falar em narrativa histórica e memória dos esquecidos é invocar a presença de um passado que não pode ser retomado em sua totalidade, é apelar pelo encontro face a face com o Outro que se constitui como um ser eminentemente distinto do eu. O ressurgimento da narrativa histórica e da memória dos esquecidos passa necessariamente pela escuta do passado apresentado pelo Outro. No decorrer deste texto, vamos apresentar a face deste Outro, que tem sido esquecido, no contexto de uma sociedade que valoriza apenas o tempo presente e o Eu cartesiano.
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