Corpos tecnificados,
eficientes, deficientes: notas sobre o esporte convencional e paralímpico[i]
Danielle Torri[ii]
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Curitiba - PR, Brasil
lattes.cnpq.br/0196676017147241
Alexandre Fernandez Vaz[iii]
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Florianópolis - SC, Brasil
lattes.cnpq.br/6212166433015570
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Corpos tecnificados, eficientes, deficientes: notas sobre o esporte convencional e paralímpico
Resumo
Nos tempos contemporâneos atribui-se ao corpo a condição de realização do progresso infinito e, entre outras práticas, o esporte aparece com destaque em tal impulsionamento. Este trabalho teve como objetivo discutir como corpos vistos como deficientes, ao mesmo tempo que marginalizados, trazem algo novo para o esporte. Para isso analisamos alguns fundamentos dessa prática social trazemos situações exemplares de atletas paralímpicos, observando como, por meio de intensos processos de tecnificação e subjetivação para a produção de uma eficiência corporal, pode-se pensar em corporalidades dissonantes. Nossos achados indicam que sendo o esporte de alto rendimento modelar para a sociedade e totalizante em relação às suas pretensões, a versão paralímpica parece ainda seguir em via periférica, como uma prática de segunda categoria. O trabalho indica ainda proximidades entre o esporte convencional e aquele não normativo no que diz respeito a sua organização e forma de operacionalização, indicando que o corpo é central na construção da identidade desses atletas, que são índices de potência, mas, também, na falibilidade da dor, lembrados de sua finitude. Por fim, em relação ao esporte de alto rendimento, nossas análises demonstram que esta prática para pessoas com deficiência, mesmo com os possíveis avanços, por meio de seus desempenhos, reforça a estrutura modelar do modelo olímpico e também as interpretações e narrativas que se constroem sobre ele, apontando novos contornos para a indefinição sobre se o objetivo é o rendimento ou a participação inclusiva.
Palavras-chave: educação do corpo; técnica; esporte; paralímpiada; olimpíada.
Technified, efficient, disabled bodies: notes on conventional and paralympic sport
Abstract
In contemporary times, the body is credited with achieving limitless progress, and among various practices, sport features prominently in this pursuit. The aim of this paper is to discuss how bodies perceived as disabled, while often marginalized, contribute something new to sport. We analyze some foundational aspects of this social practice and present exemplary cases of Paralympic athletes, examining how, through intense processes of technification and subjectivation aimed at producing bodily efficiency, we can conceive of dissonant corporealities. Our findings indicate that while high-performance sport serves as a societal model due to its aspirations, the Paralympic version still appears to exist on the periphery, perceived as a second-tier practice. The article also highlights similarities between conventional and non-standard sports in terms of organization and operation, suggesting that the body remains central to the construction of athletes' identities—both as a marker of power and as a reminder of pain and human finitude. Finally, regarding high-performance sport, our analysis shows that this practice for disabled individuals, despite potential advancements and achievements, tends to reinforce the structural model of the Olympic system. It also perpetuates existing interpretations and narratives, ultimately pointing to an ongoing ambiguity: whether the objective is performance or inclusive participation.
Keywords: education of body; technics; sport, paralympic games; olympic games.
1 Introdução
O esporte de alta competição é importante modelo para representações corporais no contemporâneo, instituindo padrões de beleza e rendimento que afetam muitas pessoas, atletas e não atletas. Como índice de performance, o fenômeno oferece esquemas de organização e desenvolvimento a muitas atividades humanas que adotam seu vocabulário e metáforas, entronizando a competição como norma. No mesmo processo, práticas corporais originalmente não esportivas, como as lutas e danças, são impelidas à esportivização. Ao mesmo tempo, crianças cada vez mais precocemente competem, e as categorizações esportivas atingem todos os grupos sociais, como indígenas e idosos, e, desde os anos 1960, pessoas com deficiência.
Ainda que muito vinculado ao discurso da inclusão, o esporte paralímpico tem se profissionalizado no mundo todo. No Brasil, como fomento para as Paralimpíadas do Rio de Janeiro de 2016[1] foi criado o Centro Paralímpico Brasileiro, que oferece estrutura de treinamento para 20 modalidades. Desde então, cursos são oferecidos e competições realizadas, incentivando a prática e a formação de atletas e treinadores no país.
O paralimpismo, embora ainda vinculado a discursos de superação das dificuldades inerentes à condição de deficiente (em especial no Brasil), se realiza na forma do treinamento e das competições de alto rendimento. Mas, mesmo reconhecido pela mídia e, até certo ponto, pelo mainstream esportivo, tem em seus agentes expressões de beleza e eficiência que não coincidem com aqueles que somos ensinados a admirar, existindo de maneira marginal, ou seja, em via alternativa ao esporte convencional: normativo e hegemonicamente, no que se refere aos estândares a serem alcançados, masculino.
O esporte é, de certa forma, um sistema totalizante, tanto no que se refere a sua importância entre as práticas corporais, quanto no que diz respeito às relações com os corpos (deficientes e não deficientes) em sua versão de alto rendimento – que, por sua vez, torna-se, em diferentes âmbitos, régua e critério para a avaliação também de não atletas.
Nesta perspectiva, isto é, de que é necessário o massivo emprego de técnicas na direção de uma construção corporal que atenda aos pressupostos esportivos sempre vinculados a uma expectativa de progresso, este trabalho tem como objetivo discutir como os corpos vistos como deficientes trazem algo novo para o esporte, mesmo que, ao mesmo tempo, sejam marginalizados. Dedicamo-nos a pensar em processos de domínio para o corpo com deficiência para o esporte, na possível produção de uma eficiência corporal e de uma beleza outra para essas corporalidades.
Para tal, valemo-nos de alguns exemplos de atletas paralímpicos para pensar sobre as práticas para aqueles que, ainda “deficientes”, sugerem possíveis fissuras na normatização esportiva por meio de seus corpos dissonantes (Camargo, 2016), demarcando, talvez, uma outra experiência para o fazer esportivo, ainda que se valham dos processos de subjugo corporal que o alto desempenho exige.
Consideramos neste texto três atletas da modalidade de atletismo, uma velocista e dois saltadores. No primeiro caso, a discussão sobre Danielle Bradshaw aponta para uma subjetividade construída pelo intenso treinamento que trata o corpo como objeto em que tudo pode ser proposto na direção da máxima performance. Nos exemplos das provas de salto, as experiências de Flavio Reitz e Markus Rehm demonstram o desejo dos competidores de serem considerados atletas (de alto rendimento) e não paratletas. Para o último ainda se observa a pretensão de estar entre os melhores, independentemente da categoria. Ele considera que competir nas Paralímpiadas não é estar entre estes, o que sugere que o esporte para pessoas com deficiência ainda figura como marginal em relação ao olímpico.
Por fim, apontamos proximidades entre o esporte convencional e o (aparentemente) não normativo no que diz respeito a sua organização e forma de operacionalização, mas também os distanciamentos entre eles, já que o para pessoas com deficiência (ainda) não se apresenta como índice de beleza e rendimento como aquele que lhe serve de modelo.
2 Corpos em eficiência e em deficiência
Nos tempos contemporâneos atribui-se ao corpo a condição de realização do progresso infinito e, para tanto, entre outras práticas, mas com destaque, o esporte aparece como índice privilegiado de desempenho. Para além das quadras e pistas, o esporte oferece para a sociedade modelos de performance, excesso, recordes, mas também shapes esculpidos que povoam o imaginário dos não atletas como referência de beleza. Fortalece-se a crença segundo a qual há sempre uma meta maior a ser vencida, indicando que vivemos em permanente competição pelo mais forte, rápido e também mais bonito.
Isso corresponde ao fato de o corpo alcançar centralidade nos processos de subjetivação contemporâneos, de modo que se colocam inúmeras estratégias para conformá-lo a partir de expectativas de rendimento, configurando uma pedagogia corporal (Vaz, 1999). Nos termos do esporte, isso significa a tendência a um controle extremado, definindo, por meio de práticas, tecnologias, estratégias para se “obter” um formato corporal, se não perfeito, ao menos adequado às expectativas socialmente produzidas.
Desse modo, beleza, vigor físico, máximo rendimento, eterna juventude, potência e saúde orgânica, são metas que devem ser atingidas por todos. Para tais, devem ser empreendidas diversas estratégias, como, entre outras, dietas, exercícios, cirurgias plásticas, tratamentos estéticos, próteses. São indústrias, empresas, clínicas e mídia preocupadas em oferecer o aperfeiçoamento corporal, mas hoje também os laboratórios, a nanotecnologia, as técnicas e métodos criados todos os dias em busca de oferecer insumos para as novas metas de potência e embelezamento (Torri, 2019).
Se “O corpo se tornou o lugar ideal, para todo tipo de experimento de biotecnologia, investimento da economia de mercado, e o principal objeto de consumo no capitalismo avançado” (Couto, 2007, p. 49), ele também é o objeto primeiro na busca voraz na realização dos milagres prometidos por todos esses produtos, ainda que, raramente as soluções miraculosas alcancem, de fato, sucesso.
Assim, a cada um se exige que progrida em sua forma corporal, tornando-se necessário lutarmos ferozmente contra o próprio corpo, buscando, nos horizontes próximo e também distante, vencer toda fragilidade e perecimento, até a própria morte. Tal discurso, reiterado pela promoção da saúde como responsabilidade individual nos marcos das estratégias neoliberais contemporâneas, faz do indivíduo responsável e culpado pelo corpo que “carrega”:
O preço pago pelo indivíduo para a aceitação pessoal implica em manter-se submetido ao autogoverno e autocontrole, na medida em que força, rigidez, juventude, longevidade, saúde e beleza passam a ser os novos critérios que valorizam, condicionando suas ações. Desta forma, cuidar do corpo significa aumentar o seu “prazo de validade”, dilatá-lo em diversas direções, reconfigurá-lo se necessário for, com o intuito de “salvá-lo diariamente” [...] (Paiva, 2009, p. 148).
Se todos os corpos devem atingir um modelo de perfeição, em que não haja cicatrizes, mau cheiro, suor excessivo, pele opaca, tampouco qualquer resto que lembre sua finitude, a falta de um membro, além da diversidade vista como défice, como não escutar, não enxergar, não caminhar, e tudo o que afasta o humano dos modelos idealizados como melhores, mais potentes, adequados. Assim, as pessoas com deficiência tornam-se ainda mais expostas a esses parâmetros porque mais distantes dos padrões “ideais”. Se todos os corpos são imperfeitos, deficitários, problemáticos, precisando ser potencializados para atingirem a adequação, os que mais se afastam desses cânones, como os com deficiência, ainda em maior grau devem, portanto, esforçar-se para participar de um mundo em que a excelência é a regra.
Faz parte desse processo, como já mencionado de passagem, protetizar o corpo, atravessá-lo com novas técnicas na tentativa de superar sua condição. Mas, isso é algo que também acontece com os sem deficiência, uma vez que para além das próteses comuns como óculos (que também indicam uma deficiência), já não sabemos mais viver sem o uso de tecnologias que aumentam nossa capacidade de produzir no mundo, a exemplo de nossos smartphones.
3 Uma estrutura modelar que mimetiza o esporte olímpico
Como já dito, o corpo é a matéria moldável do esporte, o substrato que será melhorado e trabalhado na busca da performance e da beleza plástica. Corpos com e sem deficiência renovam a possibilidade de que todos possam ser potencializados. Tal aspiração se dá na quebra dos recordes, no desejo de que se alcance sempre novas marcas, que os novos feitos sejam mais espetaculares que os anteriores.
É como objeto que pode ser sempre operacionalizável e, desse modo, expressão do desejo de potência (Nietzsche, 2011), que o corpo no esporte aparece na interpretação de Gonçalves e Vaz (2017), ao se dedicarem a pensar a possibilidade de uma obra esportiva. Os autores, inspirados principalmente na teoria estética adorniana, o fazem de forma ousada, isto é, não o pensam a partir de quem assiste à obra, como a maioria dos estudos de estética esportiva. Mas, o desenvolvem na perspectiva de quem o pratica, naquele caso, jogadoras de rúgbi. Na construção das jogadas, elaboradas a partir do gesto técnico que toma o corpo como natureza primeira, como organismo, como matéria a ser desenvolvida, encontra-se uma potência.
Se pensarmos que esse modelo pode ser imaginado para qualquer corpo, como objeto modificável e treinável, os corpos sem deficiência estão nas mesmas condições que os com deficiência. Enquanto o esporte se coloca no enfrentamento à falibilidade corporal, isso se estende para atletas e paratletas. Para o esporte, todo corpo é, em princípio, deficiente, uma vez que busca a eficiência para o desempenho ideal que ele exige. Sendo assim, impotência, deficiência e potência são faces do mesmo movimento: eficientes/deficientes, sujeitos, mas também, objetos porque tratados como outro em relação a si (Espírito - Geist), modelável, treinável, dominável.
Uma primeira questão a ser considerada é o lugar de protagonismo do corpo e o papel que este desempenha na concretização do esporte. É este, ao mesmo tempo, limite e potência, natureza a ser milimetricamente dominada que leva à máxima performance, bem como à perfeição da forma. No caso pesquisado, o corpo se deixa ver como matéria necessária para a construção da obra esportiva, como pura materialidade a ser usada pelos princípios do treinamento. Sua transformação resulta de um processo doloroso, intenso e exaustivo, cheio de abdicações e de excessos. Assim como ocorre na arte, também no esporte é preciso violentar a matéria para se poder criar formas, a partir da geração do material que, segundo a análise aqui realizada, constitui-se pelos movimentos esportivos (Gonçalves; Vaz, 2017, p. 133).
Assim, se algo é visto como insuficiente, por que não interferir e torná-lo suficiente? Evidentemente que este é um movimento legítimo e necessário para a vida em que prevalecem pessoas consideradas sem deficiência, mas é preciso ver em que medida isso também vale para as últimas (de forma que a deficiência pode ser generalizada), e o que as estratégias de “correção” nos dizem sobre o tempo presente.
Caso exemplar é o da atleta inglesa Danielle Bradshaw[2], que nasceu com o joelho direito deslocado e com displasia de desenvolvimento em ambos os lados do quadril. Tal situação fez com que ela se submetesse a mais de doze cirurgias na tentativa de melhorar sua condição de mobilidade. Aos onze anos, ela teve a perna direita amputada e recebeu uma prótese que lhe permitiu andar para em seguida começar a praticar atletismo, especializando-se na prova de 100 metros rasos na categoria T42. Devido aos excessivos treinamentos, a perna esquerda da paratleta ficou sobrecarregada, causando deformações dolorosas nos dedos e lesões no tendão. Por causa da diminuição de seu ritmo nas provas, ela chegou a desejar que cirurgiões amputassem sua outra perna para que, assim, pudesse, protetizada nos dois membros inferiores, seguir competindo. Afinal,
No caso de Danielle, ela não é apenas uma atleta deficiente que se deu por satisfeita fazendo uso da tecnologia para sanar suas deficiências, melhorando suas capacidades físicas e técnicas, ela quer otimizar ao máximo sua condição; ela clama por um efeito transhumano na medida em que sua perna “natural” se encontra no mesmo nível de uma perna de qualquer atleta normal, ou seja, ela está exposta a lesões e estresses causados pela rotina de treinamentos, assim como todos (Zoboli; Correa; Lamar, 2016, p. 664 ).
Danielle desejava um membro que pudesse não ser lesionado, e que não corresse o risco de não apresentar o suficiente rendimento, ou seja, que pudesse não falhar. A perna que se manteve pós amputação era funcional para o dia a dia, mas deficiente para o rendimento almejado. Nada mais adequado nesse caso que solicitar que o membro seja extirpado como, por exemplo, uma verruga que no pé provoca calos no choque com o calçado. É retirar aquilo que impede o desempenho, já que “Praticamente, cada parte do corpo pode ser substituída, refeita ou reconstruída. O corpo amputado passa por esse processo de reconfiguração, onde cada peça desgastada, ou seja, o segmento que já não funcionava adequadamente é extirpado por via cirúrgica” (Paiva, 2007, p. 149).
A esportista almeja o que mulheres e homens têm feito há algum tempo, com algumas de suas partes corporais, com relativa facilidade. Modificam seus corpos em busca de mais beleza, por exemplo, quando realizam cirurgias que aumentam (ou diminuem) seios, abdômen, panturrilhas etc., colocando, sempre que necessário, próteses que os façam alcançar os estândares desejados. Danielle leva essa possibilidade ao extremo. Não é a busca pela beleza, como na maioria das vezes, mas pela eficiência esportiva, mas ambas coincidem porque cada qual, a sua maneira, busca uma performance maior, seja no mercado da beleza, seja nas pistas de competição. Trata-se do desejo de transformarem seus próprios corpos a partir daquilo que se espera dele, o que supõe uma propriedade do próprio corpo (Seré Quintero, 2016), objeto com o qual se pode fazer o que quer que seja em favor da performance. Afinal,
A todo instante ouvimos falar de uma experiência bem-sucedida com implantes artificiais. As peças de reposição se multiplicam: mãos, braços, pés, pernas, olhos, ouvidos eletrônicos devolvem movimentos e sensações a deficientes e vítimas de acidentes. De um lado, essas peças visam recompor o corpo por meio de próteses, devolver a inteireza orgânica perdida por intermédio de doenças ou acidentes. De outro lado, essas peças também visam aperfeiçoar membros e órgãos, dinamizar, acelerar, desenvolver novas potências e performances corporais, garantir novas eficiências (Couto, 2007, p. 44)[3].
Danielle Bradshaw pode ser tomada como a ponta extrema de um movimento que aspira poder transformar tudo aquilo que no corpo perturba ou que não rende como desejado. No caso da atleta é um membro, mas no dia a dia são as gordurinhas, pelos, cicatrizes, estrias, asperezas, calos, joanetes, rugas, manchas, ao menos por enquanto, em uma lista que não para de crescer. Aquilo que se coloca como normatividade corporal alcança a todos, mas atinge com ainda mais força àqueles que supostamente comportam em seus corpos o sinônimo da inabilidade, da feiura.
É o movimento esportivo que, ao internalizar a ideia de que o progresso corporal é sempre possível – e este é no sentido do rendimento cada vez maior –, reforça o entendimento de que tudo podemos melhorar, em uma competição constante contra nós mesmos, embora o corpo de atletas e não atletas, sejam ainda finitos e impossíveis de serem totalmente dominados. Tais corpos podem ter, no entanto, uma importância política, ao demonstrar que mesmo em uma atividade que demanda alta performance corporal e desempenho, há algo que foge ao controle do sujeito. Seu corpo não é de todo objeto sempre operacionalizável, não podemos controlar tudo, classificar todos e comparar todos. Trata-se, no limite, de lembrar que sempre há algo que resta na tentativa de domínio da razão instrumental, de que há algo de natureza no sujeito que é incontrolável (Horkheimer, 1996).
Esta espécie de licença dada ao corpo ao entender que nem tudo é passível de controle, sugere os corpos com deficiência, visíveis nas Paralimpíadas, como corpos dissonantes, ou ainda agentes de práticas dissonantes (Camargo, 2016), que podem começar a abrir espaço no duro concreto da normatização esportiva. Assim, atletas com deficiência, mesmo não reproduzindo os movimentos técnicos consagrados para a obtenção do rendimento esportivo, são ainda eficientes para a obtenção de resultados. O corpo sem braços, sem pernas, que constrói uma outra técnica (que domina o corpo, é verdade), para fazer-se competir pode apresentar-se como desviante.
[...] a não reprodução de movimentos canonizados pelo esporte com vistas à performance, mas mesmo assim, obtenção de eficiência do gesto atlético. O que eu denominarei “práticas esportivas dissonantes” seriam manifestações atléticas que não se enquadrariam nos moldes de reprodutibilidade técnica dos gestos corporais do universo esportivo convencional e que, mesmo assim, obtêm resultados.
Nominarei, de outra parte, corpos dissonantes aqueles que se colocam nos limites fronteiriços dos corpos normativos, considerados desviantes da “norma” ou “abjetos”, que se afastam, por exemplo, dos idealizados padrões de beleza, estética e/ou eficiência propostos pelas sociedades ocidentais contemporâneas e que estão em vigor nas disputas esportivas, como Jogos Olímpicos e Mundiais (Camargo, 2016, p. 1339).
Seria possível, assim, mesmo por meio da comparação que faz o esporte para corpos com deficiência, que se orienta pelo modelo médico e funcional, ousar colocar fissuras na presença de uma “corponormatividade” (Camargo, 2016, p. 1347). Entretanto, é bom lembrar, eles ainda afirmam modelos e orientam a busca pela eficiência, como se esta devesse ser a meta de todos. Mesmo dissonantes, ainda não configuram uma possibilidade outra de esporte, já que seguem normas, classificações, rankings, premiações, como nas práticas que lhe servem de inspiração. As duas faces do fenômeno, olímpicos e paralímpicos se orientam em expectativa pelo mesmo modelo de tecnificação corporal em busca da melhor performance.
Entretanto, a presença das pessoas com deficiência, corpos também “deficientes” para as práticas esportivas, ofertam beleza e eficiência, apontando talvez para a possibilidade de ao menos pensar em uma outra experiência que tensione o modo como o esporte é organizado e a ideia de progresso que lhe é subjacente.
Tomemos como exemplo a prova de salto em altura em seu registro paralímpico. O atleta Flavio Reitz (Torri; Vaz, 2022), que não possui uma perna em razão de um câncer que o acometeu na adolescência, não utiliza próteses e é recordista brasileiro da prova, já tendo alcançado 1,80 metros. Mais que apenas esporte adaptado, é o corpo de Flavio que se adapta ao salto com a complexa técnica Fosbury Flop. Mesmo sem uma perna, ele faz a corrida de aproximação e salta para ultrapassar o sarrafo. Mesmo “deficiente”, o atleta entrega rendimento e também beleza.
Outros exemplos nos parecem possíveis, como o basquete em cadeira de rodas, em que são os corpos dos atletas cadeirantes que arremessam sentados para a cesta colocada à mesma altura daquela que jogadores andantes enterram suas bolas. Ou ainda, é a mesma piscina, com as mesmas provas e com dimensões iguais em que nadadores não protetizados vencem suas competições. Ou seja, os esportes paralímpicos apontam que corporalidades dissonantes podem ofertar eficiência, beleza e reflexão para se pensar sobre os códigos esportivos. Mas, reforçamos, o esporte considera a universalidade abstrata dos organismos ao sugerir que todos se adaptem a um mesmo modelo técnico. Desse modo, o que temos são esportes adaptados para permitir a presença das pessoas com deficiência, mas também corpos que se adaptam frente à força irrefreável do fenômeno.
4 Esporte de segunda categoria?
O esporte produz discursos heroicos a respeito de seus atletas. Ele não é apenas sua prática, mas também, entre outros fatores, a criação de narrativas que possam ser contadas e designar quem deve habitar o imaginário e as fantasias dos não atletas. Grande parte dos discursos paralímpicos parte da ideia de que esses atletas superam condições muito adversas para criar emoção, e para que, assim, se possa incluir as pessoas com deficiência na mesma condição de notáveis a serem admirados.
Outro exemplo emblemático para pensarmos sobre os Jogos Paralímpicos é o do atleta de salto em distância Markus Rehm, que com uma perna e com o auxílio de uma prótese poderia ter alcançado a medalha olímpica, caso tivesse disputado os Jogos para pessoas sem deficiência em 2016. Ele, aliás, pleiteou uma vaga na equipe alemã, mas não se lhe autorizou que competisse com os sem prótese. O alemão tem o recorde mundial no salto em distância, de 8,72 m, atingidos em 2023. A marca permitiria que ele fosse campeão olímpico em todas as últimas seis edições das Olimpíadas.
O desempenho nos últimos Jogos tem feito Rehm querer disputar o salto em distância contra atletas sem deficiência, algo que já realizou em seu país. Por lá conquistou o título alemão absoluto de 2014, com um salto de 8,24 m, o que fez alguns adversários protestarem, alegando que ele teria um benefício injusto devido à sua perna protetizada, sendo então excluído das competições seguintes por supostamente a lâmina protética, com a qual toma a impulsão, o deixar em vantagem.
Embora estudos a seu favor, como o da Universidade de Colônia, afirmem que a corrida deficiente com a prótese o deixa em desvantagem em relação àqueles que correm com duas penas e assim anula a suposta benesse no salto, ele foi retirado de um campeonato europeu (Bitencourt, 2024). O alemão assevera:
Se a minha perna fosse uma vantagem assim tão grande, por que é que outros paralímpicos não saltam o mesmo que eu? Nos Mundiais [da categoria], a diferença para o meu principal rival foi de 1,14 m e ele tinha o mesmo apoio, técnica e equipamento que eu. Se fosse assim tão fácil, todo mundo saltaria essas distâncias (IBDEN, 2024).
Seus adversários nas últimas Paralimpíadas em Paris saltaram, prata e bronze respectivamente, 7,39 m e 7,08 m, nem de longe ameaçando seu pódio, enquanto ele, mesmo afirmando que estava em um dia pouco inspirado, chegou a 8,18m[4].
A insistência de Markus Rehm em participar do evento olímpico parece apontar na direção de que o paralímpico é ainda o que chamamos, de maneira provocativa, de esporte de segunda categoria, fenômeno que estaria sempre adjetivado pela qualidade que os representa: para os com deficiência.
Se a Olimpíada é o evento que reúne os mais destacados atletas, o desejo é o de estar entre os melhores, reconhecendo, neste caso, que estes ão estão entre aqueles com os quais compete. Rehm, de certa forma, sabota o ideal paralímpico ao desejar competir entre os corpos normativos, pois expõe a adjetivação colocada aos seus pares: não são atletas, mas paratletas.
Que se lembre também o caso do velocista dos 400 metros, Oscar Pristorius, que, biamputado, conseguiu o direito de estar na Olimpíada de Londres (2012) e disputou a prova masculina. O atleta chegou a ser impedido de competir com os sem deficiência, mas ganhou a causa no Tribunal Arbitral do Esporte em 2008, assegurando sua vaga. Na competição, chegou à semifinal, mas não conseguiu a marca que o levaria a disputar a medalha. Desde então, o Comitê Olímpico Internacional vem barrando as tentativas de que essa possibilidade se repita. Fato é que Pristorius permitiu que se vislumbrasse a possibilidade de competirem juntos, deficientes e não deficientes, e, desde então, outros atletas não tiveram a mesma oportunidade.
Embora comemorado, o esporte para pessoas com deficiência parece ainda comportar aqueles que não são os modelos de beleza e eficiência a que somos ensinados a admirar: os que têm marcas maiores e tempos menores. Os muito destacados, como os dois atletas há pouco citados, pleiteiam a possibilidade de estar entre os atletas sem deficiência. Rehm, como já citado, e também Pristorius, de certa forma, vão na contramão dos discursos paralímpicos sobre a alta performance. Mais que vencer os atletas sem deficiência, o problema está em observar que competir nas Paralimpíadas é estar entre os menos rápidos e não entre os melhores. Ainda é uma face esportiva marginal dentro da categoria maior que é o modelo olímpico.
Soma-se a insistência de atletas, como o saltador Flavio Reitz citado acima, ou ainda medalhistas brasileiros como ex-atleta Rosinha dos Santos, da equipe de atletismo, presente em várias edições das Paralimpíadas, que disse em entrevista à TV Brasil “estar cansada” de ouvir o discurso de que o esporte é “uma terapia de superação”. Antes sim, desejam ser reconhecidos como atletas de alto rendimento:
A gente, ainda tem uma visão do paradesporto, de inclusão, então isso é ruim. [...] é ruim para quem trabalha com alto rendimento, que busca resultado, então, você não pode visar à inclusão. Já são incluídos no esporte, então, a gente precisa dar para eles uma condição maior de conquistar resultados, e aí, nisso, a gente precisa estar, sabe? Buscando exercício, buscando formas de atender o exercício que vai fazer na hora do salto, na hora da corrida, na hora do arremesso, que é um pouquinho diferente do convenciona l[...] (Torri; Vaz, 2022, p. 8).
As pessoas precisam enxergar que aqui o atleta com deficiência não é um coitadinho. Aqui, não tem nenhum atleta coitadinho, não. Ninguém aqui tá saindo de casa para conhecer pessoas e superar. Aqui tem atleta de alto rendimento. Igual aos atletas convencionais. O mesmo hino nacional que toca nas Olimpíadas, toca aqui. Todo o atleta com deficiência ou não tem que se superar. Aqui não é só superação (Garritano; Richard, 2015 apud Torri, 2019, p. 28).
Para os (par)atletas não há reclamações ou entendimento de que seus corpos estão balizados pelo esporte normativo, como apontamos acima ao refletir sobre o modelo totalizante do fenômeno. O desejo primeiro e último é ser reconhecido como atleta. Ser como todos e estar entre todos, reforçando que sua diferente forma de estar no mundo é tão ou mais capaz que qualquer outra, de certa forma reafirmando que ser visto como paratleta não é ainda reconhecido como ser competidor de alto rendimento.
Os atletas desejam que sejam ratificados os esforços diários e os treinamentos exaustivos realizados, da mesma maneira que no modelo com o qual são (in)comparados, que suas marcas e medalhas sejam reconhecidas por serem feitos de alto desempenho. Se, como supomos, ainda estão em um esporte de segunda categoria, fora desses espaços, são também atletas de segunda categoria. Treinam igualmente, mas não estão incluídos. Se o corpo por meio do esporte passa de deficiente para eficiente, os paratletas parecem não superar essa condição. E o paralimpismo acaba por figurar no segundo escalão do esporte.
Assim, ser atleta com deficiência ainda não significa ser reconhecido como estando entre os melhores do mundo, como os olímpicos, de forma semelhante ao que acontece com outras especificações, como o futebol de mulheres em relação ao futebol para os homens. O esporte de alto rendimento, modelo para outras possibilidades, ainda é normativo e, quase sempre, masculino. Ser uma pessoa com deficiência que pratica esporte é ser, ao menos ainda, paratleta, e não atleta. É estar na segunda categoria do esporte mundial.
5 Da centralidade do corpo: concluir
Se durante muito tempo os discursos sobre o corpo têm tentado livrá-lo de “vínculos religiosos, filosóficos, geográficos, morais, pedagógicos” (Couto, 2007, p.42), hodiernamente a preocupação é salvá-lo de determinações anatômicas e de seu destino biológico, por meio de inúmeras práticas e intervenções. Progressivamente, tecnologias diversas modificam e potencializam os corpos a partir de predições que indicam como ele deve ser, como deve se portar e como deve render. Pois, a “estética hegemônica enfatiza que somente o corpo revisado, corrigido e projetado pelas técnicas, comercializado no varejo, é digno de valor e celebração” (Couto, 2007, p. 52).
O esporte, aparece como ferramenta importante nesse processo, ajudando a conformar corpos obsoletos, deficitários, excluídos, menos sedutores, em saudáveis, eficientes, admiráveis e incluídos, de forma a organizar corporalidades que não se apresentam, no entendimento comum, normativas e dentro dos padrões esperados.
A técnica e também a tecnologia atuam de forma a operacionalizar esse desejo. Faz parte do processo, “turbinar” (a escolha da palavra não é menos importante), com próteses que podem não somente melhorar o rendimento, mas também proporcionar uma outra maneira de estar no mundo que, inclusive, permita minorar a visão de um corpo deficiente.
Os conhecimentos produzidos pela medicina sobre o corpo humano e as evoluções biotecnológicas propuseram-se tanto a acrescentar algo ao corpo, quanto extirpar os seus excessos, como uma forma de preservar a saúde, embelezá-lo, bem como aumentar seu desempenho. Na atualidade, as máquinas estão cada vez mais presentes na vida das pessoas, acoplando-se aos seus corpos como próteses de toda natureza, como por exemplo: sensores, lentes de contato, dentes artificiais, silicones, marca-passo e estimulantes químicos, entre outros. Dessa forma, “o corpo tornou-se o lugar privilegiado das técnicas e o destino certo das máquinas (Paiva, 2009, p. 157).
Também há pontos de tensão que indicam se não uma ambiguidade, faces diferentes do mesmo processo. Estas indicam que o corpo é central na construção da identidade desses atletas, que são índices de potência, mas, igualmente são, na falibilidade da dor, lembrados de sua finitude. Eles podem ser admirados nas arenas, mas também endereço de olhares curiosos no dia a dia. Suas cadeiras podem ser símbolo de sua deficiência, mas, acopladas aos seus organismos, tornam-se híbridos que indicam novas possibilidades corporais. Neste caso,
O desafio colocado na atualidade é o de projetar, construir e atualizar constantemente o corpo humano pela técnica. [...] a busca desenfreada pela utopia do corpo perfeito faz com que muitos indivíduos desejem trocar, refazer ou reconfigurar cada parte de seu corpo, ou seja, as “peças” envelhecidas, cansadas ou doentes possam ser substituídas, atualizadas e potencializadas. Porém, numa sociedade que consagra o corpo como emblema de si, onde prevalece o imperativo da aparência e da juventude, mudar o corpo significa muito mais que modificar a materialidade corporal, mas acima de tudo, modificar o olhar sobre si, o olhar dos outros, enfim, mudar de vida (Paiva, 2009, p. 145).
Se tais modelos de beleza e eficiência podem estar colocados para todos os corpos e a possibilidade de competirem juntos, embora contestada, já é uma realidade, podemos afirmar que as Paralímpiadas em um futuro ainda um pouco distante, colocam-se como as novas Olimpíadas. Talvez sejam elas um modelo antecipatório do esporte em geral, como afirma Vaz (1999), já que protetizar o corpo e atravessá-lo com tecnologias não é, e nunca foi, prerrogativa daqueles que são deficientes para o esporte.
Entretanto, talvez o mais importante esteja colocado não na eficiência como desejo último, mas, sim, no reconhecimento da falibilidade do corpo, da sua finitude, assim possibilitando uma aproximação menos endurecida entre a natureza do sujeito tomada, com frequência, apenas como objeto que se deve possuir e controlar (Vaz, 2001). Mesmo intensamente dominados, há algo nos corpos que resiste ao controle. Trata-se da dor, da possibilidade da falha, do próprio sofrimento, uma vez que, apesar de todos os avanços, ainda somos mortais. Corpos com e sem deficiência, altamente treinados e tecnificados, por vezes atravessados pela tecnologia, não estarão sempre aptos para competir, senão que serão lembrados pela dor, algo irrenunciável que é próprio da condição humana.
No que tange à discussão sobre o esporte de alto rendimento, é preciso também salientar que esta prática para pessoas com deficiência, mesmo com os possíveis avanços que destacamos, por meio de seus desempenhos reforça a estrutura modelar do modelo olímpico e também as interpretações e narrativas que se constroem sobre ele. Temas como a indefinição sobre se o objetivo é o rendimento ou a participação inclusiva, também ganham novos contornos.
Quem acompanha as práticas esportivas competitivas para pessoas com deficiência, as reconhece como esporte de alto rendimento, assim como seu modelo olímpico. Mas, no senso comum ainda não se vê o evento com a grandeza e a força deste último. O fato de serem esportes adaptados a corpos não normativos é decisivo. O desejo de estar entre os “melhores” como o de Pristorius e Rehm reforça esse entendimento.
Há como esperar superação/inclusão resultante da Paralimpíadas, como nos discursos que se constroem sobre elas, se há uma disputa feroz pelo melhor lugar, pela medalha de ouro, pela possibilidade de estar entre os não deficientes? Seus corpos são fenomenais apenas nas arenas desportivas paralímpicas. Ser atleta com deficiência ainda não significa ser reconhecido como um dos melhores do mundo. Ser uma pessoa com deficiência que pratica esporte de alto rendimento é ser, ao menos ainda, paratleta e não atleta.
Tentamos seguir pensando nos corpos deficientes como potências de uma outra experiência, talvez ainda na produção de beleza e eficiência singulares, certamente importante expressão dos tempos contemporâneos. Fato é que as estruturas que sustentam o modelo esportivo no olimpismo e paralimpismo são as mesmas, projetando corpos, moldando e criando expectativas sempre positivas sobre seus resultados. É preciso intensa construção objetiva, mas também subjetiva para que se transforme corpos deficientes em eficientes. Por outro lado, como espetáculo, como fenômeno a ser assistido, o esporte não normativo ainda não se apresenta em destaque como na versão olímpica.
Em se tratando do aparente infinito desejo de dominar por completo nossa matéria orgânica, e da crença de que é sempre possível melhorar nosso corpo, a presença de protetizados entre os atletas sem deficiência, de atletas que utilizam novas tecnologias para aumentar seu desempenho, da robótica à engenharia genética, talvez signifique que estejamos renovando a subjugação de nós mesmos. Impõe-se a cada um a tarefa de render-se a mais esses novos investimentos, acreditando que é possível aperfeiçoar ainda mais nossa matéria orgânica, nossos corpos normativos e não normativos, dentro, mas, também fora das arenas, renovando todo o ideário esportivo, suas técnicas e narrativas.
Referências
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[1] Disponível em: https://cpb.org.br/ct-paralimpico/centro-de-treinamento/ .Acesso em: 25/10/2024.
[2] Disponível em: https://www.dailystar.co.uk/news/latest-news/161385/Paralympics-Danielle-Bradshaw-doctors-cut-off-healthy-leg. Acesso em: 25/10/2015.
[3] É preciso apenas ressaltar que nessa busca incessante por melhoramento corporal, há sim experiências bem-sucedidas com cirurgias, mas há também vários casos que não correspondem ao esperado e ao desejado causando mutilações e deformações. Indicamos sobre essa possibilidade o excelente trabalho: MELO, Roberta de Souza. Da visibilidade dos corpos disformes: um estudo sobre cirurgias cosméticas mal sucedidas. [S. l.]: Editora UFPE, 2012.
[4] Disponível em: https://ge.globo.com/paralimpiadas/noticia/markus-rehm-sobra-mesmo-em-dia-ruim-e-e-tricampeao-paralimpico-no-salto-em-distancia.ghtml. Acesso em: 01/06/2024.
[i] Artigo recebido em 02/12/2024
Artigo aprovado em 25/09/2025
O presente trabalho apresenta alguns dados apresentados na Tese 2019, do doutorado em Educação, do Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), intutulada: Educação do corpo: técnica e estética no esporte parralímpico, de de autoria da autora desse artigo, Sra. Danielle Torri.
O artigo contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) –Processos nº 408324/2023-6 e 312749/2021-0; da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc) – Edital 21/202; e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -CAPES, na forma de bolsa de doutorado.
[ii] Contribuições da autora: conceituação; curadoria de dados; análise formal; aquisição de financiamento; investigação; metodologia; administração do projeto; recursos; software; supervisão; visualização; escrita – rascunho original; escrita – análise e edição;
[iii] Contribuições do autor: conceituação; curadoria de dados; análise formal; aquisição de financiamento; metodologia; administração do projeto; recursos; software; supervisão; validação; visualização; escrita – rascunho original; escrita – análise e edição