e-ISSN 1984-7246
Túlio
Cícero Saldanha Parrot[i]
Secretaria de Estado da
Educação de Santa Catarina
Florianópolis – SC,
Brasil
lattes.cnpq.br/6510354572347440
orcid.org/0000-0002-4784-851
Eduardo
Augusto Werneck Ribeiro[ii]
Instituto Federal
Catarinense (IFC)
Blumenau – SC, Brasil
lattes.cnpq.br/0958574773546143
Natália
Lampert Batista[iii]
Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM)
Santa Maria - RS, Brasil
lattes.cnpq.br/9721608652971809
Aned
Mafer Mattos Fernandes[iv]
Universidade Federal do
Triângulo Mineiro (UFTM)
Uberaba – MG,
Brasil
lattes.cnpq.br/7901874089754746
Geoeducação e metodologias ativas no ensino médio: um estudo de caso do
Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul
Resumo
Este estudo investigou a implementação de uma
sequência didática focada no Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, utilizando
conceitos de geoeducação e metodologias ativas de ensino no contexto do ensino
médio. A pesquisa foi aplicada a uma turma do 3º ano da Escola Estadual Básica
Jacinto Machado, em Santa Catarina, em 2023. O objetivo foi incentivar o
pensamento crítico, a criatividade e a reflexão sobre a interação entre
sociedade, meio ambiente e geodiversidade. A sequência didática incluiu
atividades como aulas de campo, jogos geoeducativos e a criação de cartazes
informativos. As metodologias ativas empregadas foram Microlearning, Team-Based
Learning e Flipped Classroom. A eficácia da sequência foi avaliada por meio de
questionários aplicados antes e depois da sequência didática, revelando um
aumento significativo na compreensão dos alunos sobre os conceitos relacionados
ao Geoparque. Os resultados indicaram que as metodologias ativas são eficazes
na promoção de uma aprendizagem significativa e autônoma, preparando os alunos
para enfrentar desafios ambientais e sociais. Este estudo contribui para o avanço
da educação ambiental e da Geoeducação, oferecendo insights sobre a aplicação
prática dessas abordagens no ensino médio.
Palavras-chave: educação ambiental;
Programa Geoparques; UNESCO.
Geoeducation and active methodologies
in high school: a case study of the
Caminhos dos Cânions do Sul Geopark
Abstract
This study investigated the
implementation of a didactic sequence focused on the Caminhos dos Cânions do
Sul Geopark, using concepts of geoeducation and active teaching methodologies
in the context of high school education. The research was applied to a 3rd-year
class at the Jacinto Machado State Basic School in Santa Catarina in 2023. The
objective was to encourage critical thinking, creativity, and reflection on the
interaction between society, environment, and geodiversity. The didactic
sequence included activities such as field classes, geoeducational games, and
the creation of informative posters. The active methodologies employed were
Microlearning, Team-Based Learning, and Flipped Classroom. The effectiveness of
the sequence was evaluated through questionnaires applied before and after the
didactic sequence, revealing a significant increase in students' understanding
of concepts related to the Geopark. The results indicated that active methodologies
are effective in promoting meaningful and autonomous learning, preparing
students to face environmental and social challenges. This study contributes to
the advancement of environmental education and Geoeducation, offering insights
into the practical application of these approaches in high school education.
Keywords: environmental education; Geoparks Program; UNESCO.
1 Introdução
A Geoeducação, segundo o programa UNESCO de geoparques, é uma
abordagem educacional que visa promover o conhecimento e a compreensão do
patrimônio geológico, geomorfológico e cultural de uma região. De acordo com a
UNESCO (2015), a Geoeducação "engloba todas as atividades educacionais
formais e não-formais que visam comunicar o conhecimento geocientífico e os conceitos
ambientais e culturais para o público", fomentando uma conexão mais
profunda entre as pessoas e seu ambiente natural.
Um dos aspectos mais significativos da geoeducação em um geoparque é a
conexão com as raízes culturais e históricas dos alunos. Ao explorar o
território e seus patrimônios naturais e culturais, os estudantes são
convidados a refletir sobre sua própria identidade e seu lugar no mundo. Eles
aprendem a valorizar e preservar o patrimônio de sua comunidade, desenvolvendo
um senso de pertencimento e responsabilidade ambiental" (Figueiro, 2024,
p. 9).
Neste contexto, os projetos geoeducativos buscam popularizar os
conhecimentos sobre o patrimônio geológico, geomorfológico e paleontológico de
determinado lugar, através de atividades de educação formal e não formal. A
geoeducação, também conhecida como educação para as geociências ou educação
geopatrimonial, tem por objetivo qualificar e aperfeiçoar o ensino formal e não
formal nas áreas relacionadas à geologia e à geomorfologia, mediante utilização
de exemplos locais (de uma rocha, de uma forma de relevo, de um fóssil) para
despertar a curiosidade e o orgulho de crianças, jovens e adultos pelo seu
patrimônio coletivo" (Brum; Borba; Campos, 2023, p. 50).
A Geoeducação se articula, em certa medida, com a Educação Ambiental e
com a Educação Patrimonial, buscando promover reflexões sobre a geodiversidade
e fomentar o desenvolvimento de noções de pertencimento e de cuidado com os
lugares que compõem determinado geoparque. Segundo Figueiró (2023, p. 145), essa
relação não se trata de seguir a educação ambiental ou patrimonial em todos
seus princípios, mas sim estimular, como fundamento, a consolidação de uma
Geoeducação que seja "[...] capaz de construir uma reflexão crítica
associada à compreensão científica de fundo sobre a formação, a estrutura e o
valor associado ao patrimônio natural e cultural do território". Assim,
fomentá-la é central em territórios marcados por elementos de singularidade
geológica e socioespaciais como os geoparques.
Como forma de contribuição nesta discussão, este estudo investigou a
implementação de uma sequência didática voltada ao Geoparque Caminhos dos
Cânions do Sul, utilizando conceitos de Geoeducação e metodologias ativas de
ensino no contexto do ensino médio (Guimarães, 2016; Guimarães; Mariano; Sá,
2017; Moura-Fé et al., 2016; Silva et al., 2019a, 2019b). Pensar em novas
estratégias pedagógicas que ampliem a integração de outros saberes na
construção do conhecimento no ensino médio é um grande desafio (Plácido;
Castro, 2021) e uma motivação para este trabalho. A temática do Geoparque foi
integrada em atividades interdisciplinares para uma turma do 3º ano da Escola
Estadual Básica Jacinto Machado, localizada em Jacinto Machado, Santa Catarina,
no ano de 2023. A proposta visou fomentar o pensamento crítico, a criatividade
e a reflexão sobre a interação entre sociedade, ambiente e geodiversidade.
A justificativa para este estudo reside na crescente necessidade de
promover a educação ambiental, a educação patrimonial e a Geoeducação como
ferramentas fundamentais para a conscientização sobre a importância da
geodiversidade e da sustentabilidade. No contexto atual, em que as questões
ambientais são cada vez mais prementes, é crucial que os jovens desenvolvam uma
compreensão profunda das interações entre sociedade, ambiente e geodiversidade.
Além disso, as metodologias ativas de ensino têm demonstrado ser eficazes na
promoção de uma aprendizagem mais significativa, autônoma e engajada. Integrar
esses métodos no ensino de temas relevantes por meio de múltiplas linguagens e
de reflexões sobre os territórios, como os Geoparques, enriquecer o processo
educacional além de preparar os alunos para enfrentar os desafios ambientais e
sociais do futuro, especialmente, reconhecendo as demandas de onde estão
inseridos e atuando como agentes críticos e responsáveis pela conservação da
geodiversidade. Portanto, este estudo busca contribuir para o avanço da
Geoeducação, oferecendo temas sobre a aplicação prática dessas abordagens no
ensino médio.
O Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, reconhecido
internacionalmente e integrante da Rede de Geoparques Mundiais de acordo com a
UNESCO (2022), representa um território de relevante valor geológico e
paisagens singulares, situado entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa
Catarina (Brilha, 2016; Silva; Moura-Fé, 2018; Silva; Nascimento, 2016). Esse
território não só destaca sua beleza natural, mas também sua gestão focada na
proteção, educação e desenvolvimento sustentável e endógeno, por meio de
estratégias como o geoturismo, o que o torna um campo fértil para práticas
educativas inovadoras.
Nesse contexto, a Geoeducação se apresenta como um instrumento para
compreender a complexidade do Geoparque, fundindo conhecimentos geográficos,
ambientais e culturais (Catana, 2009). Quando unida às metodologias ativas de
ensino, centradas no aluno e que promovem uma aprendizagem autônoma e
reflexiva, a Geoeducação não só ultrapassa a cultura digital, mas também
incorpora recursos físicos ou analógicos no processo de aprendizagem,
tornando-se especialmente relevante para o ensino de Geografia. Destaca-se que
[...] a Geoeducação representa um conjunto de
conhecimentos e saberes, escolares e não escolares, voltados a crianças, jovens
e adultos, no sentido de prepará-los para interpretar e agir no seu território,
em busca de melhores condições de vida e de manutenção do seu patrimônio
coletivo (Figueiró, 2023, p. 146).
Além disso, Geoeducação também pode ser definida como uma ramificação
da educação ambiental, crucial para a geoconservação do patrimônio natural e
foi aplicada tanto no ensino formal quanto no não formal (Moura-Fé et al., 2016). Ela se concentrou na
educação dos aspectos, características e importância dos elementos da
geodiversidade e do geopatrimônio na educação básica e nas comunidades
(Moura-Fé; Nascimento; Soares, 2017, p. 3057).
Para operacionalizar essa abordagem, desenvolveu-se uma sequência
didática que incluiu diversas atividades, como aulas de campo, jogos
geoeducativos, elaboração de cartazes informativos sobre a diversidade natural,
palestras, oficinas e minicursos (Filizola, 2009). Essa diversificada forma de
abordagem e a implementação de múltiplas linguagens potencializa o processo de
ensino aprendizagem, pois desperta a atenção dos estudantes e estimula
diferentes formas de aprender e de se sensibilizar sobre o mundo. A ideia teve
um papel duplo de transmitir conhecimentos sobre o Geoparque, e de incentivar a
reflexão dos alunos sobre as interações entre sociedade, ambiente e
geodiversidade (Saviani, 2003), promovendo assim uma aprendizagem mais
significativa, isto é, baseada na interpretação e na produção de conhecimentos
de modo ativos pelos estudantes. Essa interação com diferentes ferramentas e
com as singularidades do território do geoparque é capaz de promover a reflexão
crítica e a valorização dos pontos de interesse da geodiversidade, como também
produz a sensação de responsabilidade socioambiental entre os discentes, o que
tem profunda contribuição na Geoeducação. Nesta dinâmica, “Encontram-se [...]
os aspectos relacionados com os sentimentos, com as memórias, com os valores e
percepções que nascem das vivências, das experiências [...]” (Figueiró, 2023,
p. 149).
Para fundamentar a discussão teórica deste artigo, é importante
destacar conceitos chave e teorias que embasaram a elaboração de estratégias
pedagógicas eficazes, voltadas para as necessidades dos estudantes. Nesse
sentido, destacam-se: a Geoeducação, a sequência didática, o microlearning, a
sala de aula invertida e o trabalho em grupo baseado em tarefas (TBL).
Conceitualmente, a sequência didática busca alcançar uma aprendizagem
significativa e autônoma, permitindo que o aluno desenvolva um pensamento
independente e seja o autor de sua própria aprendizagem (Callai, 2011). Esta
estratégia estruturada guiou os alunos em um processo contínuo de aprendizado,
ajudando-os a dominar o tema abordado (Castellar, 2016).
Para suportar essa aprendizagem contínua e independente, o microlearning
foi introduzido na sequência didática. Conforme proposto por Hug (2005), o microlearning
trabalha com unidades de aprendizagem relativamente pequenas e atividades
de curto prazo. Essa abordagem suporta o aprendizado repetitivo, incorporando o
processo de aprendizagem às rotinas diárias dos estudantes.
A abordagem da sala de aula invertida, ou flipped classroom,
também foi integrada na estratégia pedagógica. Nesse modelo, os alunos estudam
o material didático fora da sala de aula, muitas vezes, através de plataformas
online, e o ambiente da sala de aula é destinado a debates, resolução de
exercícios e outras atividades interativas, além disso utilizam o tempo de aula
para discussões, atividades práticas e esclarecimento de dúvidas (Bergmann;
Sams, 2012; Rizzatti, 2022). Essa metodologia facilitou a aplicação prática dos
conceitos teóricos estudados. Por fim, o Trabalho em Grupo Baseado em Tarefas
(TBL) complementou as metodologias ativas empregadas. Esta estratégia de ensino
colaborativa e ativa envolve os alunos em atividades de aprendizagem em equipe
para alcançar objetivos específicos de aprendizagem (Michaelsen; Knigth; Flink,
2004). O TBL promoveu a cooperação e a troca de conhecimentos entre os alunos,
enriquecendo o processo de ensino e aprendizagem.
Para criar um ambiente de aprendizagem propício que atendesse às
necessidades e estilos individuais dos alunos, buscou-se integrar diversos
conceitos e teorias na estratégia pedagógica. Esta abordagem holística da
educação permitiu alcançar nossos objetivos de ensino enquanto preparamos
nossos alunos para o futuro.
A combinação da Geoeducação com metodologias ativas, enfocando o
Geoparque, constitui um campo de estudo relevante, fundamentado em conceitos
teóricos estabelecidos. A Geoeducação, como vertente da Educação Ambiental,
permite explorar a geodiversidade e o geopatrimônio no contexto educacional. As
metodologias ativas, por sua vez, são reconhecidas por promoverem uma
aprendizagem autônoma e reflexiva. Nesse sentido, a elaboração e aplicação de
uma sequência didática baseada nos princípios da Geoeducação e das metodologias
ativas, com foco no Geoparque, visou integrar esses elementos teóricos e
promover uma aprendizagem interdisciplinar significativa.
Este estudo explora como a teoria da Geoeducação e das metodologias
ativas pode ser aplicada de forma prática no contexto do Geoparque. Entende-se
que a conexão entre o embasamento teórico e os resultados obtidos será
essencial para compreender o impacto dessas abordagens inovadoras no processo
educacional e no desenvolvimento dos alunos. O artigo está organizado da
seguinte forma: na próxima seção, discutimos a metodologia utilizada para a
implementação da sequência didática; em seguida, apresentamos os resultados
obtidos e a análise dos dados coletados; por fim, discutimos as conclusões e
implicações do estudo para o ensino de geografia e a Geoeducação.
2
Metodologia
A metodologia utilizada foi desenvolvida para incluir uma variedade de
abordagens metodológicas, aplicadas em diferentes momentos no ensino de
Geografia. A pesquisa envolveu a implementação de uma metodologia sobre o
Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul em uma classe do 3º ano da Escola
Estadual Básica Jacinto Machado, localizada em Sombrio, Santa Catarina.
No início da aplicação da metodologia, optou-se por utilizar o microlearning
para avaliar o conhecimento prévio dos alunos e introduzir conceitos
essenciais. Essa abordagem se concentra em unidades de aprendizado menores e
atividades breves, facilitando a familiarização dos alunos com o assunto e
estimulando a primeira etapa de aprendizagem.
Posteriormente, durante as etapas de pesquisa sobre geoeducação,
geossítios, cultura regional e turismo, adotou-se a Aprendizagem Baseada em
Equipes. Essa técnica promove a colaboração e o aprendizado em grupo para
alcançar metas específicas, incentivando os alunos a se envolverem mais
profundamente no tema e na produção de materiais, contribuindo assim para um
aprendizado coletivo mais eficaz e cooperativo.
Por fim, na fase final que envolveu a conclusão da produção de
materiais e sua apresentação juntamente com a aplicação do questionário final,
foi implementada a Sala de Aula Invertida. Esse método educacional altera a
forma tradicional de ensino, possibilitando que os estudantes revisem o
conteúdo fora da sala de aula e aproveitem o tempo em aula para debates,
atividades práticas e esclarecimento de dúvidas. Isso criou um ambiente de
aprendizagem mais dinâmico e interativo, ao mesmo tempo em que permitiu avaliar
o conhecimento final dos alunos. O conjunto de abordagens está sistematizado no
quadro 1, a seguir:
Quadro 1 - Cronograma
da sequência didática
Aulas |
Organização da Turma |
Atividades e Conteúdo |
Metodologia |
Avaliação |
1-2 |
Individual |
Sondagem de conhecimentos prévios sobre o tema.
Apresentação dos conceitos da UNESCO, da Rede Mundial de Geoparques (GGN),
dos geoparques oficiais do Brasil. |
Questionário inicial Microlearning. |
Qualitativa: análise das respostas do
questionário de sondagem |
3-4 |
Grupos de 7 |
Pesquisa sobre geoeducação, geossítios,
geoparques, cultura regional, turismo. |
Aprendizagem Baseada em Equipes. |
Comparativa: análise das fontes e informações
relatadas |
5-6 |
Grupos de 7 |
=Aprofundamento na pesquisa sobre geossítios,
geografia e tipos de turismo. |
Aprendizagem Baseada em Equipes. |
Comparativa: análise das fontes e informações
relatadas |
7-8 |
Grupos de 7 |
Elaboração de materiais educacionais sobre
tipos de turismo e modalidades no Geoparque Caminhos do Cânions do Sul. |
Aprendizagem Baseada em Equipes. Sala de Aula
Invertida. |
Socialização dos conteúdos e feedback coletivo. |
9-10 |
Individual e Grupos de 4 ou mais |
Conclusão da elaboração de materiais e
apresentação; Aplicação do questionário final |
Sala de Aula Invertida. Questionário final |
Socialização dos materiais educacionais
produzidos. |
Fonte: Autores, 2024.
A estratégia adotada na formatação dos grupos com diferentes
quantidades de alunos e na inclusão de atividades individuais foi pensada com
cuidado. O propósito foi não só acomodar uma turma média de 21 estudantes, mas
também garantir que cada aluno tivesse a chance de contribuir de maneira significativa
nas discussões e trabalhos em equipe. Grupos menores favorecem a comunicação e
colaboração entre os membros, permitindo que todos participem ativamente do
processo de aprendizagem.
Além disso, as atividades individuais desempenham um papel fundamental
na avaliação do progresso individual dos alunos e na identificação das áreas em
que podem necessitar de suporte extra. Essas atividades possibilitam aos alunos
demonstrarem sua compreensão dos conceitos e aplicarem o conhecimento de forma
independente, o que é essencial para o desenvolvimento das habilidades de
pensamento crítico e resolução de problemas.
A combinação entre trabalho em grupo e atividades individuais
proporciona uma abordagem equilibrada que promove a aprendizagem dos alunos, ao
mesmo tempo em que atende à demanda por avaliação individualizada e diagnóstico
do processo educativo.
Essa abordagem também está alinhada com os princípios das metodologias
ativas de ensino, que enfatizam a participação ativa dos alunos no processo de
aprendizagem. Para a coleta de informações, foram elaborados dois
questionários: um inicial para avaliar o conhecimento prévio dos alunos e outro
final para avaliar o aprendizado após a implementação das metodologias ativas.
Os questionários foram estruturados de forma a abranger diferentes níveis
cognitivos, possibilitando a avaliação da compreensão, análise e síntese dos
temas abordados. Todo o processo de coleta de dados foi digitalizado,
respeitando a privacidade e obtenção do consentimento dos participantes.
A pesquisa seguiu os princípios éticos, com a obtenção do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) dos responsáveis legais dos
estudantes. O estudo e os dados coletados seguiram as diretrizes estabelecidas
na resolução CNS Nº 510, de 07 de abril de 2016, que trata das normas
aplicáveis às pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. As respostas dos alunos
foram analisadas para verificar a aceitação das metodologias ativas, entender a
percepção dos alunos sobre a eficácia do ensino e avaliar sua satisfação geral
com o processo educacional. Para avaliar a efetividade da sequência didática,
foi analisada a compreensão dos alunos em relação aos diversos conceitos-chave
relacionados ao Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul.
As respostas dos estudantes foram coletadas e analisadas, resultando
no Quadro 2, que mostra a proporção de respostas positivas para cada conceito.
Os dados foram obtidos por meio de questionários administrados antes e depois
da sequência educacional. Cada pergunta do questionário foi avaliada em uma
escala de Likert (1932) de 1 a 5, onde 1 significava “Discordo Totalmente” e 5
representava “Concordo Totalmente". A proporção de respostas positivas foi
calculada levando em conta as respostas que receberam uma pontuação de 4 ou 5,
indicando que os alunos concordavam ou concordavam plenamente com a compreensão
dos conceitos. Além disso, a mediana e a moda das respostas também foram
calculadas para oferecer uma visão geral central e a frequência das respostas.
3
Resultados
As respostas dos estudantes foram coletadas e analisadas, resultando
no Quadro 2, que mostra a proporção de respostas positivas para cada conceito.
A sequência didática utilizada neste estudo foi elaborada para incorporar um
conjunto diversificado de abordagens metodológicas, aplicadas em diferentes
estágios na disciplina de Geografia.
No início da aplicação da sequência, a metodologia de Microlearning
foi empregada para sondar o conhecimento prévio dos alunos e introduzir
conceitos fundamentais. Esta abordagem tem como característica o foco em
unidades de aprendizagem menores e atividades de curta duração, assim, propícia
para familiarizar os alunos com o tema e estimular a fase inicial de
aprendizado.
Em seguida, a metodologia de Aprendizagem Baseada em Equipes foi
implementada durante as etapas de pesquisa sobre geoeducação, geossítios,
cultura regional e turismo. Esta técnica, que incentiva a colaboração e o
aprendizado em equipe para atingir objetivos de aprendizagem específicos,
possibilita o engajamento dos alunos no aprofundamento do tema e na criação de
materiais, melhorando a aprendizagem coletiva e a cooperação.
Por último, a metodologia da Sala de Aula Invertida foi aplicada na
fase de conclusão da elaboração de materiais e na sua apresentação, além da
aplicação do questionário final. Este modelo pedagógico, que inverte a dinâmica
tradicional de ensino, permitindo que os alunos estudem o material didático
fora da sala de aula e utilizem o tempo de aula para discussões, atividades
práticas e esclarecimento de dúvidas, proporcionou um ambiente de aprendizado
mais dinâmico e interativo, ao mesmo tempo que possibilitou a verificação do
aprendizado final dos alunos. Este conjunto de abordagens está sistematizado no
quadro 2.
Quadro 2 –
Práticas desenvolvidas na sequência didática
Plano |
Objetivos |
Estratégias |
Habilidades |
1 -
2 |
Sondagem
dos conhecimentos prévios sobre os temas da sequência didática: a Geoeducação
e o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul. |
Aplicação
de questionário individual de sondagem (14 questões) sobre o tema da
sequência didática. Utilização de Microlearning com vídeos e
reportagens curtas sobre Geoparque, Geossítios da UNESCO, Rede Mundial de
Geoparques (GGN) e geoparques oficiais do Brasil. |
Compreensão
dos conceitos básicos de Geoeducação e Geoparque. Identificação de
conhecimentos prévios. Capacidade de responder a perguntas objetivas e
dissertativas. |
Utilizar
Microlearning com vídeos para apresentar os conceitos e as
possibilidades da Cultura REMIX. |
Uso
de Microlearning com vídeos sobre Cultura REMIX. |
Compreensão
dos conceitos da Cultura REMIX. Interpretação de vídeos. Identificação das
características e possibilidades da Cultura REMIX. |
|
3 -
4 |
Pesquisar
sobre os conceitos de Geoeducação e geossítios; Geoparques da UNESCO, a Rede
Mundial de Geoparques (GGN), os geoparques oficiais do Brasil e o Geoparque
Caminhos dos Cânions do Sul; Cultura regional e turismo. |
Organização
em grupos de sete integrantes, seguindo a metodologia TBL. Pesquisa online
sobre Geoeducação, geossítios, Geoparques da UNESCO, Rede Mundial de
Geoparques (GGN), geoparques oficiais do Brasil, Geoparque Caminhos dos
Cânions do Sul, cultura regional e turismo. |
Pesquisa
e seleção de informações online. Trabalho em equipe. Desenvolvimento da
capacidade de síntese e apresentação. Compreensão dos conceitos de
Geoeducação, geossítios, geoparques, cultura regional e turismo. Análise
crítica das informações. |
5 -
6 |
Pesquisar
sobre os conceitos de geossítios, os conceitos geográficos de lugar e região,
de cultura regional e de turismo, e os tipos de geoturismo, turismo rural e
turismo de aventura e o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul. |
Organização
em grupos de sete integrantes, seguindo a metodologia TBL. Pesquisa online
sobre os conceitos de geossítios, lugar, região, cultura regional, turismo,
geoturismo, turismo rural e turismo de aventura no Geoparque Caminhos dos
Cânions do Sul. |
Pesquisa
e seleção de informações online. Trabalho em equipe. Desenvolvimento da
capacidade de síntese e apresentação. Compreensão dos conceitos de geossítios,
lugar, região, cultura regional, turismo, geoturismo, turismo rural e turismo
de aventura. Análise crítica das informações. |
7 -
8 |
Elaboração
de materiais educacionais sobre os tipos de turismo, como o geoturismo,
turismo rural e turismo de aventura, que estão presentes no Geoparque
Caminhos dos Cânions do Sul |
Organização
em grupos de sete integrantes, seguindo a metodologia TBL. Elaboração de
materiais educacionais sobre os tipos de turismo presentes no Geoparque
Caminhos dos Cânions do Sul. Discussão sobre o formato dos materiais
(analógico ou digital) e os recursos a serem utilizados, abordando a cultura
digital e a Cultura REMIX. |
Trabalho
em equipe na elaboração dos materiais educacionais. Compreensão dos conceitos
de mixagem e ressignificação de conteúdos da Cultura REMIX. Desenvolvimento
da criatividade e autonomia na escolha e utilização de recursos. Capacidade
de apresentar informações de forma clara e organizada. |
9 -
10 |
Conclusão
da elaboração de materiais sobre os tipos de turismo, como o geoturismo,
turismo rural e turismo de aventura, que estão presentes no Geoparque
Caminhos dos Cânions do Sul e sua apresentação. |
Aplicação do questionário
final. Organização da turma em grupos de no mínimo quatro integrantes,
seguindo a metodologia de aprendizagem baseada em Trabalho em Grupo Baseado
em Tarefas (TBL). Solicitação para que os estudantes respondam ao segundo
questionário para avaliar o progresso na compreensão do tema central do
Geoparque e dos conceitos derivados. Reunião dos estudantes em grupos para
concluir a elaboração dos materiais educacionais sobre os tipos de turismo e
suas modalidades no Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul. |
Socialização
dos materiais educacionais produzidos. Análise
gráfica das respostas do questionário |
Fonte: Autores, 2024.
Tanto as atividades coletivas quanto as individuais são importantes
para avaliar o progresso de cada aluno e identificar áreas em que podem
precisar de apoio adicional, principalmente nas habilidades que precisam ser
desenvolvidas em grupo. Essas atividades permitem que os alunos demonstrem seu
entendimento dos conceitos e apliquem o conhecimento de maneira independente, é
importante para o desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico e
resolução de problemas.
A combinação de trabalho em grupo e atividades individuais proporciona
uma abordagem equilibrada que beneficia a aprendizagem dos alunos, atendendo à
necessidade de avaliação individual e diagnóstico de aprendizagem. Esta
estratégia também é consistente com os princípios das metodologias ativas de
ensino, que valorizam a participação ativa do aluno no processo de
aprendizagem. Para avaliar a eficácia da sequência didática, foi analisada a
compreensão dos alunos sobre diversos conceitos-chave relacionados ao Geoparque
Caminhos dos Cânions do Sul. A seguir, apresentamos o quadro 3, que sintetiza a
proporção de respostas positivas dos alunos para cada conceito avaliado:
Quadro 3 -
Respostas positivas para cada conceito
Pergunta |
Mediana |
Moda |
Proporção de Respostas Positivas (%) |
Compreensão
do Conceito de Geoeducação |
4 |
4 |
71.43 |
Compreensão
do Conceito de Geossítio |
4 |
4 |
76.19 |
Compreensão
do Conceito de Geoparque |
4 |
4 |
95.24 |
Compreensão
da Formação da Rede Mundial de Geoparques da UNESCO |
4 |
4 |
57.14 |
Compreensão
da Formação da Rede de Geoparques do Brasil |
4 |
4 |
66.67 |
Compreensão
da Organização do Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul |
4 |
4 |
95.24 |
Fonte: Autores, 2024.
O Quadro 3 ilustra que a maioria dos participantes demonstrou um bom
entendimento de todos os conceitos avaliados. Em especial, a compreensão do
conceito de Geoparque e da Organização do Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul
obteve a maior proporção de respostas positivas (95,24%), indicando um forte
entendimento desses temas entre os alunos. A menor proporção de respostas positivas
foi observada na compreensão da Formação da Rede Mundial de Geoparques da
UNESCO (57,14%), sugerindo que este conceito pode ter sido mais desafiador para
os alunos.
O quadro a seguir compara as respostas dos alunos antes e depois da
sequência didática. O quadro 4, intitulado "Compreensão de
Conceitos-chave," apresenta uma visão da evolução do conhecimento dos
alunos sobre conceitos essenciais relacionados ao estudo. Cada conceito é
analisado em termos de conhecimento prévio e compreensão após a sequência
didática, permitindo uma comparação clara entre o ponto de partida dos alunos e
o progresso alcançado.
Quadro 4 –
Compreensão de conceitos-chave
Conceito |
Conhecimento Prévio
(Sim/Não) |
Compreensão após Sequência
Didática (Conc./Ind./Disc.) |
Geoeducação |
Maioria
"Sim" |
Maioria
"Concordo" |
Geossítio |
Maioria
"Não" |
Maioria
"Concordo" |
Geoparque |
Maioria
"Sim" |
Maioria
"Concordo Totalmente" |
Rede
Mundial de Geoparques |
Maioria
"Sim" |
Maioria
"Concordo/Indiferente" |
Fonte:
Autores, 2024.
No caso do conceito de Geoeducação, a maioria dos alunos já possuía
algum conhecimento prévio ("Sim"), mas após a sequência didática, a
maioria concordou que compreendia o conceito ("Concordo"). Para o
conceito de Geossítio, a maioria dos alunos não tinha conhecimento prévio ("Não"),
mas ao final da sequência, a maioria concordou que compreendia o conceito
("Concordo"). O conceito de Geoparque mostrou uma transição
significativa, onde a maioria dos alunos que já conheciam o conceito
("Sim") afirmaram compreender totalmente após a sequência
("Concordo Totalmente"). Por fim, para a Rede Mundial de Geoparques,
a maioria dos alunos tinha algum conhecimento prévio ("Sim"), e após
a sequência, a maioria ficou entre "Concordo" e
"Indiferente" sobre a compreensão do conceito.
Destaca-se ainda no quadro 4, a mudança na compreensão dos alunos,
especialmente nos conceitos de "Geossítio" e "Geoparque",
onde a maioria passou de "Não" conhecer para "Concordar"
com a compreensão do conceito. O quadro 3 utiliza informações sobre o
conhecimento geral dos conceitos ("Você conhece o conceito...?")
antes da sequência didática e as compara com a compreensão específica após a
aplicação ("Você conseguiu entender o conceito...?").
O quadro 5, mostra que os alunos já possuíam um conhecimento prévio
sobre o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, adquirido por diferentes meios.
Quadro 5 - Familiaridade
com o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul
Questão |
Respostas Prévias |
Conhecimento prévio sobre o
Geoparque |
Todos os 21 alunos
afirmaram conhecer o tema. |
Fontes de informação sobre
o Geoparque |
Redes sociais, escola,
meios de comunicação e família. |
Abordagem do tema na escola
(ano/disciplina) |
Ensino Fundamental
(Ciências Humanas e Ciências da Natureza) e Ensino Médio (Ciências Humanas). |
Fonte:
Autores, 2024.
Este quadro ilustra que todos os alunos da turma já tinham alguma
familiaridade com o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul antes da
implementação da sequência didática. Isso foi confirmado pelas respostas dos 21
alunos, que afirmaram conhecer o tema. As fontes de informação indicadas pelos
alunos incluem redes sociais, escola, meios de comunicação e família, sugerindo
que o conhecimento prévio foi adquirido através de múltiplos canais.
Além disso, o quadro detalha que o tema foi abordado em diferentes
etapas do percurso escolar dos alunos, especificamente no Ensino Fundamental
nas disciplinas de Ciências Humanas e Ciências da Natureza, e no Ensino Médio
na disciplina de Ciências Humanas. Este dado é relevante porque indica que o
conhecimento prévio dos alunos não foi superficial, mas sim parte de um
currículo escolar contínuo e integrado, o que pode ter facilitado a compreensão
e a absorção dos novos conteúdos apresentados durante a sequência didática.
4 Discussão
Os resultados obtidos neste estudo mostram o quão eficaz foi a
abordagem de ensino utilizada, que combinou Geoeducação e metodologias ativas
de aprendizagem. Foi notável uma melhoria significativa na compreensão dos
alunos em relação aos conceitos de Geoeducação e à importância do Geoparque Mundial
Caminhos dos Cânions do Sul. Esses achados confirmam a ideia de que as
metodologias ativas podem ser uma ferramenta valiosa para aprimorar a
compreensão e o envolvimento dos alunos (Prince, 2004).
Os questionários realizados antes e depois da abordagem de ensino
avaliaram o entendimento dos alunos sobre os conceitos-chave e a percepção da
eficácia do ensino. A maioria dos alunos demonstrou um bom domínio de todos os
conceitos avaliados no questionário final, com destaque para o entendimento do
termo geoparque (95,24% das respostas positivas). Embora não haja dados
numéricos comparativos entre os questionários para determinar quantos alunos
progrediram de um nível de conhecimento para outro. A percepção geral foi de
uma melhoria substancial.
O estudo argumenta que essa evolução na compreensão dos alunos
evidencia o sucesso da abordagem pedagógica adotada. No entanto, é fundamental
reconhecer as limitações de cada método e sugerir ajustes para futuros
trabalhos, especialmente visando garantir a participação plena dos estudantes e
contemplar diferentes estilos de aprendizagem.
A abordagem de microlearning, aplicada no início do curso, mostrou-se
eficaz para introduzir conceitos básicos e avaliar o conhecimento prévio dos
estudantes. No entanto, essa estratégia pode não ser tão eficaz para aprofundar
a compreensão de ideias mais complexas. A Aprendizagem Baseada em Equipes
promoveu a colaboração e o aprendizado em grupo, mas pode ter sido desafiador
garantir uma participação equitativa de todos os membros e atender às
necessidades daqueles que preferem trabalhar de forma independente. Já a
metodologia da Sala de Aula Invertida proporcionou um ambiente dinâmico e
interativo de aprendizagem, porém exigiu bastante motivação e autodisciplina
dos alunos para estudar fora do ambiente escolar, o que representou um desafio
para alguns.
Esses obstáculos apontam para a necessidade de ajustes na metodologia
ou na abordagem pedagógica visando reforçar esses conceitos. Essa perspectiva
está alinhada com as conclusões da pesquisa conduzida por Freeman et al. (2014), que defende que as
metodologias ativas são mais eficazes quando são implementadas cuidadosamente e
adaptadas às demandas específicas dos alunos.
Quanto à implementação da sequência didática, os retornos dos alunos
indicaram uma preferência pelo formato de apresentações em slides,
possivelmente influenciados pela carga de trabalhos e avaliações no terceiro
trimestre.
Isso indica que a estratégia de ensino pode ser mais eficaz se for
introduzida no início do segundo semestre, evitando sobrecarregar os alunos no
final do ano letivo. Além disso, os dados sugerem que a interdisciplinaridade
pode ser fortalecida ao incluir mais disciplinas na estratégia de ensino, o que
promove uma compreensão mais abrangente e integrada do conteúdo , segundo
Fazenda (2011, p. 73) a importância de se trabalhar de forma interdisciplinar
como uma atitude de troca, de ação conjunta entre professores e estudantes na
qual essa reciprocidade “entre disciplinas diversas ou entre setores heterogêneos
de uma mesma ciência, visa um enriquecimento mútuo”.
Os resultados obtidos estão em grande parte alinhados com a abordagem
metodológica previamente descrita, mostrando que a estratégia de ensino que
integra Geoeducação e metodologias ativas é bem-sucedida. No entanto, embora os
resultados da pesquisa sejam positivos, também indicam algumas limitações que
apontam para possíveis melhorias em estudos futuros. Em primeiro lugar, seria
importante aprofundar o entendimento dos alunos sobre a Rede Mundial de Geoparques
e a importância de permanecer como membro dessa rede. Em segundo lugar, a
abordagem de microlearning poderia ser ajustada para permitir uma exploração
mais profunda de conceitos mais complexos.
Uma dificuldade enfrentada com estratégias em grupo é quando alguns
alunos optam por não participar ou têm dificuldades para fazê-lo. Portanto, o
professor que decide implementar atividades em grupo deve considerar outras
abordagens para garantir a participação equitativa de todos os membros da
equipe na Aprendizagem Baseada em Equipes. Também é essencial atender às
necessidades dos alunos que preferem trabalhar independentemente.
Além disso, é possível melhorar o modelo de Sala de Aula Invertida
para estimular a motivação e disciplina própria dos alunos em relação ao estudo
do conteúdo fora da sala de aula. Esse formato de ensino também deve ser
adaptado para atender aqueles que têm dificuldades em acessar recursos
educacionais em casa.
Outra sugestão seria reconsiderar o momento de implementação da
sequência didática para evitar a sobrecarga de trabalhos e avaliações no final
do ano letivo. A interdisciplinaridade, que é uma proposta rica para a
construção do conhecimento, pode ser ampliada ao incorporar mais disciplinas do
ensino médio na sequência didática.
Por fim, é importante considerar a utilização do GEOSSIT - Sistema de
Cadastro e Quantificação de Geossítios e Sítios da Geodiversidade - na
Geoeducação, mesmo para alunos do 3º ano do Ensino Médio. Embora o GEOSSIT seja
um aplicativo com terminologia e análises avançadas, ele pode ser adaptado para
enriquecer a experiência educacional nesse nível de ensino. Por exemplo, os
professores podem simplificar conceitos-chave do GEOSSIT, tornando-os mais
acessíveis aos alunos. Projetos práticos podem ser desenvolvidos utilizando
versões simplificadas das tabelas de avaliação do aplicativo, permitindo que os
alunos analisem geossítios locais e promovam uma compreensão prática da
geodiversidade. Além disso, as informações do GEOSSIT podem ser integradas em
projetos interdisciplinares, conectando disciplinas como geografia, biologia e
história.
O GEOSSIT, que é de livre consulta, foi estruturado originalmente
segundo as metodologias de Brilha (2005) e Garcia-Cortés & Urquí (2009), e
posteriormente adotou a metodologia e conceitos de Brilha (2016), com
adaptações. Essas atualizações resultaram em modificações nos critérios de
avaliação quantitativa, apresentados em tabelas de valor científico, potencial
uso educativo e turístico e risco de degradação (SGB, 2024). Ao adaptar essas
informações para o contexto do Ensino Médio, os educadores podem proporcionar
aos alunos uma visão mais ampla e prática sobre a importância dos geossítios e
da geodiversidade, conectando o conhecimento acadêmico com a realidade local do
Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul.
Entendemos que as informações fornecidas não permitem uma análise
quantitativa precisa da evolução do entendimento dos alunos. Não há dados
numéricos comparáveis entre os questionários inicial e final que permitam
determinar a porcentagem de alunos que passaram de um nível de conhecimento a
outro. Assumimos esta limitação na análise do resultado, o que, por sua vez,
não inviabiliza a interpretação da pesquisa.
5 Considerações
finais
Embora a pesquisa afirme que a aplicação dos conceitos de Geoeducação
foi eficaz, a análise dos resultados e da metodologia não permite concluir essa
relação de forma definitiva. A pesquisa carece de dados quantitativos mais
robustos para sustentar a afirmação de que a metodologia utilizada foi o fator
determinante para a melhora na compreensão dos conceitos. Adicionalmente, a
avaliação da efetividade da geoeducação poderia ser enriquecida com métodos
qualitativos, como análise de trabalhos produzidos pelos alunos e entrevistas,
para capturar a percepção dos estudantes sobre a aplicação prática dos
conceitos.
Além disso, incluir outras disciplinas do currículo pode ampliar a
interdisciplinaridade e enriquecer o processo educativo, proporcionando aos
alunos uma visão mais holística e integrada dos temas abordados. Essas
recomendações visam não apenas aprimorar a metodologia, mas também oferecer uma
compreensão mais completa e profunda da eficácia da Geoeducação no contexto
escolar.
Por fim, conclui-se que a interação com diversas ferramentas e
linguagens, com as particularidades do território do geoparque promove uma
reflexão crítica e a valorização dos pontos de interesse da Geodiversidade.
Outrossim, permitem gerar um sentimento de responsabilidade socioambiental
entre os alunos e uma busca por valorizar as feições singulares existentes no
Geoparque Cânions do Sul. A proposta, portanto, tem uma contribuição
significativa na Geoeducação, pois envolve aspectos relacionados aos
sentimentos, sensibilizações e percepções que emergem das práticas realizadas.
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