Autorregulação da aprendizagem e memorização musical

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2525530408012023e0202

Palavras-chave:

autoregulação, aprendizagem, memorização musical, Teoria Social Cognitiva

Resumo

O processo de aprender requer o engajamento dos sujeitos envolvidos nas diversas situações em que estão inseridos. As singularidades e subjetividades que estão entrelaçadas nestes percursos evidenciam as particularidades e complexidades que o processo da aprendizagem exige. Quando trazemos a condução do aprender para a execução de um instrumento musical, sobretudo de estudantes, não podemos esquecer a demanda que essa atividade exige, a saber, o desenvolvimento de várias competências cognitivas, metacognitivas, motivacionais e comportamentais. A teoria da autorregulação a partir do paradigma sócio-cognitivo tem sido de contribuição para o âmbito educacional, sobretudo na compreensão e condução mais assertiva dos processos de aprendizagem musical. A partir dos subprocessos autorregulatórios, este artigo se propõe a trazer algumas discussões a partir de uma tese de doutorado que teve como objetivo principal investigar como estudantes engajados em orquestras infanto-juvenis autorregulam suas práticas musicais e seu envolvimento na aprendizagem da memorização musical. Para isso, foram realizados dois estudos. O Estudo I foi uma survey que buscou dar uma visão macro sobre como músicos de orquestras infanto-juvenis portuguesas e brasileiras (170 músicos entre 11 a 17 anos de idade) se envolvem na prática e na memorização musical. O Estudo II foi um estudo de caso exploratório, descritivo e explicativo que procurou compreender os processos autorregulatórios de aprendizagem na prática e memorização musicais (20 músicos entre 12 a 17 anos de idade). Os resultados apontam o envolvimento dos estudantes músicos ao escolherem, aplicarem e adaptarem as estratégias cognitivas necessárias no processo de suas práticas. Eles revelaram que, mesmo quando os jovens músicos desconhecem as estratégias de memorização empregadas por músicos experientes, algumas das estratégias que utilizam são semelhantes. Revelaram, ainda, lacunas existentes no ensino do treinamento autorregulatório em relação à prática e à memorização musicais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mônica Cajazeira Santana Vasconcelos, Universidade Estadual de Feira de Santana

Doutora em Educação Musical (UFBA), mestre em Educação Musical (UFBA), possui Especialização em Metodologia da Didática do Ensino Superior pela Fundação Visconde de Cairu e em Arte Educação pela Faculdade São Luís de França; é graduada em Piano pela Universidade Católica do Salvador (1993). Atuou como Professora formadora no Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (2011, 2013-2014) e como coordenadora de Área do Subprojeto Musicando a Escola (PIBID de Música da UEFS) em 2014-2017. Atualmente é Professora Assistente da Universidade Estadual de Feira de Santana - BA (UEFS), atuando no curso de Licenciatura em Música (LICEMUS). É coordenadora do Grupo de Estudos Autorregulação de Aprendizagem Musical, pesquisadora do Grupo de Estudos Contemporâneos em Música (GecoM), atuando principalmente nos temas: autorregulação da aprendizagem, ensino de piano e teclado (individual e coletivo), ensino de música na escola, cognição musical e psicologia da música. Também é Analista Universitário na unidade de gestão cultural da UEFS, Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA).

Diana Santiago, Universidade Federal da Bahia

Professora Associada PROPAP (aposentada) da UFBA, criou e lidera desde 1995 o Núcleo de Pesquisa em Performance Musical e Psicologia da mesma universidade. Graduada em Piano (UFBA, bolsas PIBIC CNPq), Mestre em Música (Eastman School of Music, bolsa CAPES), Doutora em Música (UFBA), tendo realizado pós-doutorado no Royal College of Music de Londres (bolsa CAPES, 2015). Pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) desde 2003. Publica ativamente na área, atuando ainda em conselhos editoriais de diversos periódicos brasileiros e como consultora Ad-hoc da CAPES e do CNPq. Tem experiência na área de Artes/Música, com ênfase em Execução Musical e Educação Musical, atuando principalmente nos seguintes temas: psicologia da música, cognição musical, performance musical, piano, currículo em música e desenvolvimento musical humano.

Referências

AZZI, R.G. Autorregulação em Música: discussão à luz da Teoria Social Cognitiva. Modus, Belo Horizonte, v. 10, n. 17, p. 9-19, 2015.

AZZI, R. G.; BASQUEIRA, A. P. Aprendizagem observacional na visão da Teoria Social Cognitiva. In: BORUCHOVITCH, E.; AZZI, R. G.; SOLIGO, A. (org.). Temas em Psicologia Educacional: contribuições para a formação de professores. Campinas: Mercado de Letras, 2017. p. 13-36.

BANDURA, A. Social foundation of thought and action: a social cognitive theory. Englewood Clifs, NJ: Prentice Hall, 1986.

BANDURA, A.; AZZI, R. G.; POLYDORO, S. A. J. Teoria Social Cognitiva: conceitos básicos. Porto Alegre: Artmed, 2008.

CARVER, C. S. Self-Regulation of Action and Affect. In: BAUMEISTER, R. F.; VOHS, K.D. (ed.). Handbook of Self-Regulation: Research, Theory and Applications. New York: The Guilford Press, 2004. cap. 4, p. 13-39.

CHAFFIN, R. Estratégias de recuperação da memória na execução musical: aprendendo Clair de Lune. Em Pauta, Porto Alegre, v. 20, n. 34/35, p. 187-221, 2012.

CHAFFIN, R.; IMREH, G.; CRAWFORD, M. Practicing perfection: memory and piano performance. Mahwah: Erlbaum, 2002.

CHAFFIN, R.; LOGAN, T. R.; BEGOSH, K. T. A Memória e a Execução musical. Em Pauta, Porto Alegre, v. 20, n. 34/35, p. 223-244, 2012.

GERBER, Daniela Tsi. A memorização musical através dos guias de execução: um estudo de estratégias deliberadas. 2012. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

GERLING, C. M. P.; SANTOS, R. A. T. dos. How do undergraduate piano students memorize their repertoires? International Journal of Music Education, v. 35, p. 60-78, 2017.

LEE, S. An Investigation into how young orchestral musicians engaje in instrumental practice and memorization. 2017. 90 f. Dissertation (Master) – Royal College of Music, London, 2017.

LISBOA, T; CHAFFIN, R.; DEMOS, A. P. Recording thoughts while memorizing music: a case study. Frontiers in Psychology, v. 5, 23 Jan. 2015.

POLYDORO, S. A. J.; AZZI, R. G. Autorregulação: aspectos introdutórios. In: BANDURA, A.; AZZI, R. G.; POLYDORO, S. A. J. (org.). Teoria Social Cognitiva: conceitos básicos. Porto Alegre: Artmed, 2008. cap. 7, p. 149-164.

SCHUNK, D. H.; ZIMMERMAN, B. J. Social origins of self-regulatory competence. Educational Psychologist, v. 32, p. 195-208, 1997.

SILVA, D. B. da. Guias de execução e memorização, estudo multicaso com violinistas pós-graduados. 2017. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.

SPINELLI, J.; SANTOS, R. A. T. dos. Memória e imagética na prática violonística. Opus, Belo Horizonte, v. 25, p. 1-29, 2019.

STERNBERG, R. J. Memória: modelos e métodos de pesquisa. In: STERNBERG, R. J. Psicologia Cognitiva. Trad. Anna Maria D. L. e Roberto Galman. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. cap. 5, p. 153-188.

STERNBERG, R. J. Processos Mnésicos. In: STERNBERG, R. J. Psicologia Cognitiva. Trad. Anna Maria D. L. e Roberto Galman. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. cap. 6, p. 189-224.

VASCONCELOS, M. C. S. Processos autorregulatórios e aprendizagem de prática e memorização em orquestras infanto-juvenis. 224 f. il. 2020. Tese (Doutorado) – Escola de Música, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2020.

VOHS, K. D.; BAUMEISTER, R. F. Understanding Self-Regulation: An Introduction. In: BAUMEISTER, R. F.; VOHS, K. D. (ed.). Handbook of Self-Regulation: Research, Theory and Applications. New York: The Guilford Press, 2004. p. 1-12.

WILLIAMON, A. The value of performing from memory. Psychology of Music, v. 27, p. 84-95, 1999.

WILLIAMON, A.; EGNER, T. Memory structures for encoding and retrieving a piece of music: an ERP investigation. Cognitive Brain Research, v. 22, p. 36-44, 2004.

ZIMMERMAN, B. J. A Social Cognitive view of Self-Regulated Academic Learning. Journal of Educational Psychology, v. 81, n. 3, p. 329-339, 1989.

ZIMMERMAN, B. J. From Cognitive Modeling to Self-Regulation: A Social Cognitive Career Path. Educational Psychologist, v. 48, n. 3, p. 135-147, 2013

Downloads

Publicado

2023-10-20

Como Citar

VASCONCELOS, Mônica Cajazeira Santana; SANTIAGO, Diana. Autorregulação da aprendizagem e memorização musical . Orfeu, Florianópolis, v. 8, n. 1, p. e0202, 2023. DOI: 10.5965/2525530408012023e0202. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/orfeu/article/view/24118. Acesso em: 22 dez. 2024.