Gordon Craig e a máscara metodológica Robinson Crusoé e seus mil barcos em chamas
DOI:
https://doi.org/10.5965/2595034702302024261Palavras-chave:
teatro, Edward Gordon Craig, Robinson Crusoé, solidão, máscaraResumo
Edward Gordon Craig possuía fascínio por máscaras. Coletava, catalogava, mas também pesquisava suas possibilidades expressivas e pedagógicas. Em Craig, a máscara ultrapassou seu sentido concreto para se tornar um mecanismo de investigação e de aprofundamento de suas pesquisas. A criação de personas, ocultas sob pseudônimos, fazia parte desse artifício de criação de uma polifonia de vozes criadas por ele mesmo, para que cada linha de raciocínio pudesse ser levada até o fim. Nessa contradição, Craig construiu seu pensamento heterodoxo e revolucionário. Personagens solitários e contraditórios, como Hamlet, o satisfaziam mais que tudo. Mas seu encontro com o Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, foi simbólico não apenas pois espelhava sua crença na mitologia do homem que constrói uma civilização com as próprias mãos, mas também na do náufrago, abandonado em um ambiente desolador e sombrio, como o da segunda grande guerra que já se anunciava.Esse estudo trata do que chamei de uma metodologia de mascaramento, e por seu caráter solitário e civilizatório em que essa metodologia implica, uso como base para a reflexão o projeto de Craig de ilustrar com gravuras uma publicação o romance Robinson Crusoé, de Daniel Defoe. Craig se identificava com a solidão de Crusoé e de Hamlet, e com a capacidade de apesar de sós, serem muitos.
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