Chic Show como espaço de expressão de moda e estilo da população negra nos anos 1970 e 1980
RESUMO
Este estudo tem como objetivo relatar como os frequentadores das festas black e soul promovidas pela equipe de bailes Chic Show se vestiam nos anos 1970 e 1980, período de auge da empresa. Ao mesmo tempo, pretende compreender como estas festas foram importantes para ressaltar a autoafirmação e a identidade de uma população jovem negra. Para responder estas questões, a pesquisa bibliográfica e documental serviram de base para colheita de relatos e impressões. Com base nesta pesquisa se pode concluir que se tratava de bailes que eram feitos de pessoas pretas para pessoas pretas com o intuito inicial de propor lazer para esta comunidade, mas também um ponto de encontro entre os iguais.
Palavras-chave: Chic Show, moda e estilo afro-paulistano, festa black.
Chic Show as a space for expression of fashion and style for the black population of São Paulo in the 1970s and 1980s
ABSTRACT
This study aims to report how those attending black and soul parties promoted by the Chic Show dance team dressed in the 1970s and 1980s, the company’s peak period. At the same time, it aims to understand how these parties were important in highlighting the self-affirmation and identity of a young black population. To answer these questions, bibliographic and documentary research served as the basis for collecting reports and impressions. Based on this research, it can be concluded that these were dances that were held by black people for black people with the initial intention of providing leisure for this community, but also a meeting point between equals.
Keywords: Chic Show, afro São Paulo fashion and style, black party.
Chic Show como espacio de expresión de moda y estilo para la población negra de São Paulo en los años de 1970 y 1980
RESUMEN
Éste estudio pretende dar cuenta de cómo vestían los asistentes a las fiestas black y soul promovidas por el equipo de baile Chic Show en los años 1970 y 1980, época de mayor auge de la compañía. Al mismo tiempo, se pretende comprender cómo estos partidos fueron importantes para resaltar la autoafirmación y la identidad de una población joven negra. Para responder a estas preguntas, la investigación bibliográfica y documental sirvió de base para la recopilación de informes e impresiones. Con base en esta investigación se puede concluir que se trataba de bailes que eran realizados por negros para negros con la intención inicial de brindar ocio a esta comunidad, pero también un punto de encuentro entre iguales.
Palabras-clave: Chic Show, moda y estilo afro-sãopaulista, fiesta negra.
Ao longo dos anos 1970, as festas black ocorreram em algumas cidades do Brasil, como o Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Na cidade de São Paulo, aquelas voltadas para a juventude negra eram organizadas, entre outras, por quatro grandes companhias de bailes: A Black Mad, a Zimbabwe, a Cascatas e a Chic Show.
Estas equipes organizavam festas de pessoas negras para pessoas negras em meio a uma ditadura militar que durou no Brasil 20 anos (1964-1984), período em que qualquer ato ou sinal subversivo era encarado como afronta ao governo vigente. O estilo de se vestir dos líderes de movimentos como o Panteras Negras e dos direitos civis norte-americanos foram copiados pelos negros do Brasil. Ao mesmo tempo havia uma desconfiança em relação à aglomeração de milhares de negros num mesmo lugar pois, na mentalidade das autoridades brasileiras, isto poderia gerar as mesmas revoltas que ocorreram nos Estados Unidos, conforme relato do produtor cultural, ativista do movimento negro e DJ, Dom Filó, para o documentário Balanço Black (2021).
Nestes bailes, a identidade negra se expressava por meio de penteados que remetiam à cultura negra, com roupas coloridas e acessórios que celebravam a cultura afro-brasileira. O vestuário também desempenhava “um papel de maior importância na construção de uma identidade” (CRANE, 2013, p. 21), neste caso, a identidade negra. Para Guimarães
a construção das identidades juvenis, o consumo específico desse grupo e sua produção cultural são fontes daquelas que talvez sejam as transformações mais profundas ocorridas durante a segunda metade do século 20 (GUIMARÃES, 2008, p. 4).
Silva reforça o argumento sinalizando que os artistas afro-americanos, de certa forma, motivaram os jovens negros da diáspora a adotarem estilos e comportamentos, e as festas eram um lugar para exercer a autoafirmação (SILVA, 2012).
Aqui o foco é na equipe de baile da Chic Show por ter tido a capacidade de reunir o maior número de público pagante, pelo poder de influência e, ainda, por trazer os nomes mais importantes da música negra norte americana e brasileira do período para os seus bailes.
Os bailes da Chic Show tiveram o seu ápice nos anos 1970 e 1980, na cidade de São Paulo, em plena ditadura militar. Tratava-se de festas que foram organizadas com o intuito de reunir a população jovem negra paulistana para ouvir e dançar ao som da música funk e soul norte americana, e do samba-rock brasileiro.
Pela falta de espaços de lazer e cultura, estes lugares se transformaram em um espaço de afirmação da identidade negra exaltando, por meio das suas vestes e modos de arrumar os cabelos, o orgulho e a resistência de jovens homens e mulheres. Pois fora destas festas havia repressão. No documentário O negro da senzala ao soul (1977), Beatriz Nascimento fala que o movimento “black e soul”, de identidade social, “foi um instrumento de libertação do negro americano, no qual o brasileiro se identifica”.
Os bailes eram um espaço de lazer, empoderamento, celebração e dignidade. Com exceção das escolas de samba, não existia alternativa para a população jovem negra na cidade de São Paulo.
O objetivo deste estudo é compreender como a população negra que frequentava as festas da Chic Show se expressava por meio das suas roupas. E com isso, descobrir onde estas roupas eram compradas, quais eram as marcas mais usadas, e onde estas marcas estavam localizadas, tanto das vestimentas masculinas quanto das femininas. Ao mesmo tempo, o estudo pretende identificar como o modo de se vestir se alterou no decorrer das duas décadas analisadas aqui, dentro da permanência da identidade negra.
Metodologicamente a pesquisa é qualitativa, exploratória com coleta de dados por meio da leitura de artigos acadêmicos e, também, artigos destinados ao público em geral publicados em revistas. Além disso, foram coletados depoimentos do idealizador da Chic Show, Luizão, nas entrevistas dadas ao Podcast do Mano Brown, o documentário Chic Show (2023), o programa da TV Globo, Sons de São Paulo – música negra (2022), e o documentário O negro da senzala ao soul (1977), de Beatriz Nascimento.
Quanto à análise dos dados, as falas no podcast, documentário, programa de TV e as imagens, como também a música Sr. Tempo Bom dos músicos Thaíde e Dj Hum, serviram como documentos tanto para a coleta, quanto para a análise de informações sobre o vestuário usado pela população negra que frequentava estes bailes.
2. AS FESTAS BLACK & SOUL
Segundo Macedo (2007), em 1910, na cidade de São Paulo existiam os “salões de raça”. Tratava-se de festas organizadas por pessoas negras para a comunidade negra. Já no final dos anos 1950 surgem os bailes, conhecidos hoje como “bailes nostalgia” (D’ALLEVEDO, 2017), e, nos anos 1960, as festas frequentadas pela comunidade negra da cidade ocorriam esporadicamente, em lugares afastados como o Clube Aristocrata, no bairro do Planalto Paulista, ou no clube Coimbra. Nestas festas, as músicas que tocavam eram jazz e samba-rock, e os cantores e cantoras mais ouvidos eram Ray Charles e Aretha Franklin, entre outros.
Além desses lugares, Silva informa que o início desta dinâmica das festas Black, chamadas também de Company Soul, se dá “[...] na década de 1970, época em que os bailes eram realizados nos quintais de casas espalhadas por diferentes bairros da periferia de São Paulo” (2012, p. 6).
D’Allevedo explica que a dinâmica destas festas era mesclar e intercalar os ritmos e os distintos gêneros musicais “obedecendo ao critério relacionado à execução do estilo de dança a que se remetem” (2017, p. 9)
Com isso surgiram várias equipes de bailes entre elas a Chic Show, a Black Mad, a Cascatas e a Zimbabwe. As grandes galerias das lojas de disco do centro de São Paulo, serviram de ponto de busca por informações sobre os bailes e venda de discos.
O centro da cidade, nos anos 1970, era o principal ponto de encontro da juventude negra que escutava música black e soul. O Viaduto do Chá, as escadarias do Teatro Municipal de São Paulo e a calçada em frente à vitrine da Loja Mappin, estes últimos situados na Praça Ramos de Azevedo, também eram ponto de encontro dos jovens negros aos “sábados para negociar discos e depois ir às festas que ocorriam por toda cidade” (MACEDO, 2007, p. 3). Estes jovens ficavam sabendo das festas também por meio de lambe-lambe dispostos em pontos do centro da cidade e flyers distribuídos nos pontos de encontro e nas festas.
Ao mesmo tempo que o centro da cidade de São Paulo constituía-se como ponto de encontro e diversão, nele também se expressava, ocasionalmente, a contestação, sendo palco para reivindicações e manifestações como uma que ocorreu em 1978 nas escadarias do Teatro Municipal onde milhares de negros protestaram contra o racismo e a ditadura militar (MACEDO, 2007).
Nos anos 1980 o movimento hip-hop começa a crescer na cidade, e o centro da cidade permanece como cenário urbano para o discurso de denúncia de descaso e pobreza. O Centro Comercial Grandes Galerias, mais conhecido em São Paulo como Galeria 24 de Maio, continua a ser lugar de agregação dos simpatizantes do movimento hip hop, mas também a estação de metrô São Bento surge como ponto de encontro.
A Galeria 24 de Maio é composta por lojas de discos, lojas de roupas e salões de cabeleireiros voltados para a comunidade negra. Macedo (2007) afirma que se trata de um local para se adquirir os mais variados artigos da cultura negra e, também, é possível cortar, alisar e trançar os cabelos.
Nos anos 1960 surgem nos Estados Unidos, a funk e a soul music, estilos musicais criados e cantados por músicos negros que têm como representantes James Brown e George Clinton, entre outros cantores e grupos musicais. Era justamente o ritmo do funk e o soul que tocavam nas festas.
Nestas festas também tocavam músicas feitas por artistas brasileiros como Tim Maia, Toni Tornado, Lady Zu, Sandra de Sá e Jorge Ben Jor, entre outros. Estes também influenciaram o estilo de se vestir e arrumar o cabelo dos jovens negros.
As festas que tocavam black music eram importantes, pois intensificavam a inspiração em ícones afro-americanos para a formação de uma negritude brasileira (SILVA, 2012). A formação identitária desse grupo se deu por outro grupo internacional, pela falta de representatividade na mídia e conhecimento histórico dos fatos nacionais.
Silva acrescenta que nas festas black que ocorrem na cidade de São Paulo pode-se observar a existência de
características que ultrapassam uma percepção estética relacionada ao uso de penteados e vestimentas e envolve além dos usos e costumes do grupo a formação de sua identidade” (SILVA, 2012, p. 6).
Segundo o relato do Luizão da Chic Show para o programa da TV Globo Sons de São Paulo, “existia uma legião de jovens negros querendo mudar a era dos bailes no final dos anos 1960” (1). Para ele, a Chic Show começou mudando tudo o que era voltado para este público. E ainda afirmou em entrevista para o podcast Mano a Mano que antes das festas black e soul, os negros da cidade de São Paulo não se vestiam e nem mesmo arrumavam seus cabelos de forma identitária. Para ele, até então, os negros se vestiam como os brancos: usando roupas mais formais e alisando os cabelos.
O fim dos grandes bailes coincide com outra vertente da música negra norte-americana: o hip-hop, ritmo que altera a dinâmica e o público das festas black.
2.1 A Chic Show
As festas da equipe de som Chic Show surgiram no Bairro de Pinheiros no final dos anos 1960, pelo interesse de seu idealizador e promotor Luiz Aberto da Silva, mais conhecido como Luizão da Chic Show. O nome da equipe vem do grupo de samba “Chic Samba Show” (2). Segundo o relato do Luizão a Felix (2000) o nome soava mais “pomposo” e condizia com a proposta dos seus bailes em trazer mais sofisticação. Isso fez com que os frequentadores destas festas programassem os seus looks cerca de um mês antes.
Em relação ao surgimento da equipe de som, Félix (2000) informa que isso ocorreu graças ao Luizão ter equipamento de som e muitos discos. Este foi o pré-requisito para que ele fosse convidado para conduzir as festas e os bailes da época em bairros da cidade de São Paulo tais como Pinheiros, Vila Madalena, Butantã, Bonfiglioli, Ferreira, Vila Sônia e no município de Taboão da Serra.
As primeiras festas da Chic Show ocorreram em uma Cooperativa do Carvão, em Pinheiros até 1971. Entre 1971 e 1972 as festas continuaram aos domingos, porém no bairro da Barra Funda, em uma casa chamada São Paulo Chic. Neste período, os organizadores ampliaram as atividades levando as festas para outros bairros da cidade (FÉLIX, 2000).
Em 1975 a equipe de som resolveu fazer o baile no salão na Sociedade Esportiva Palmeiras onde, logo na primeira festa, compareceram 16 mil pessoas com o show do Jorge Ben Jor. O Luizão em entrevista para o podcast Mano a Mano, relata que foi muito difícil conseguir fazer a festa lá, já que os sócios do clube eram contrários ao ingresso de pessoas negras. Vale ressaltar que antes disto, o Clube Homs e a Casa de Portugal eram os raros clubes que alugavam seus espaços para os bailes de negros.
A figura 1 é uma compilação de algumas imagens do baile no Palmeiras nos anos 1970. Nelas é possível notar que há elementos que remetem à moda dos anos 1970, como o uso do cabelo black power pela maioria das pessoas que aparecem nas fotos, como também é de se notar o uso de uma camisa com a gola pontuda, usada por cima com os primeiros botões abertos, com a mesma gola por cima do blazer, possivelmente com uma cor contrastante, neste caso vermelho, conforme a segunda imagem em sentido horário. O homem que está na imagem falando ao microfone é, justamente, o Luizão.
Figura 1. Festa Chic Show no Palmeiras anos 1970
Fonte: Site Radio Black DJ, 2014.
Até o ano de 1981, os bailes da Chic Show na Sociedade Esportiva Palmeiras apresentaram diversas personalidades norte americana como James Brow, Gloria Gaynor, Earth, Wind & Fire e shows nacionais, como Tim Maia, Toni Tornado, Sandra de Sá, entre outros (FÉLIX, 2000). De acordo com Silva (2012) “em épocas áureas dos grandes bailes, os organizadores contavam com um público que variava entre 10 e 20 mil pessoas” (SILVA, 2012, p. 6).
Em 1982, o Luizão adquire um espaço no bairro da Barra Funda que vem a se chamar Clube da Cidade, abrigando festas para um público jovem. Ao mesmo tempo, mantendo os espaços nos clubes onde os bailes já ocorriam, ele dividiu as festas em dois tipos: Nostalgia, uma festa voltada para um público negro mais velho, com discotecagem de músicas dos anos 1950 e 1960 e com o traje exigido sport chic: calça, camisa social e sapato para os homens e vestido longo para as mulheres. Macedo (2007) alega que a escolha deste tipo de traje se deu por conta das locações onde as festas aconteciam: o Clube Homs, a Casa de Portugal, entre outros. Mas também para nivelar e barrar a presença do público jovem, já que existiam outras festas organizadas pela empresa, voltadas para este segmento.
Em relação ao segundo tipo de baile black, este era voltado para o público mais jovem, e o traje usado por este público era o descontraído, ou seja, era permitida a entrada de homens e mulheres trajando jeans, agasalhos, camisetas e tênis.
Como um exemplo de empreendimento bem-sucedido, com o passar dos anos o Luizão transformou a Chic Show em uma empresa de show business composta por cerca de onze casas de baile próprias e alugadas, uma gravadora, a Five Stars, dois programas, as festas de rádio e contando com 40 funcionários registrados e 700 freelancers.
Em meados dos anos 1990 a empresa deixa de fazer as festas sem informar a motivação. Mas o cenário de festas que tocam música black e soul na cidade de São Paulo muda. A maioria delas deixam de ser feitas por pessoas negras e passam a ocupar espaços mais nobres da cidade, como o bairro dos Jardins e Itaim-bibi, mudando inclusive a maneira de se vestir.
2.2 Moda anos 1970
A influência cultural dos Estados Unidos no pós-guerra com o seu multiculturalismo ressoou em todo o ocidente, sobretudo em países onde havia a diáspora africana, em que os afro-americanos serviram de exemplo para os demais. O movimento político de reivindicação dos direitos civis da comunidade negra norte-americana, representada pelo discurso e aparência dos líderes Martin Luther King, Malcon X, os Panteras Negras e Angela Davis, no final da década de ١٩٦٠, adotou uma estética que privilegiava os traços e os cabelos naturais o que influenciou a população negra norte-americana reafirmando a sua identidade (ALMEIDA, 2020).
No mesmo período, no musical Hair, a atriz negra Marsha Hunt se destaca pelo seu penteado que reflete a influência e a sua ligação ao movimento Black Power. Além disso, o seu visual com influência hippie, compunha vestimentas tais como uma jaqueta de couro com franjas, calças de veludo e joias pesadas (BLACKMAN, 2011).
Outra afro-americana que foi exemplo de beleza para a juventude foi Naomi Sims, a primeira modelo negra a aparecer na capa da revista Life em 1968. A partir deste momento, ela se tornou embaixadora do movimento “Black is Beautiful” (BLACKMAN, 2011).
O ano de 1968 é importante porque pela “primeira vez a indústria francesa de roupas produziu mais calças femininas que saias (...)” (HOBSBAWM, 2002, p. 290) e esta informação aponta que estava ocorrendo uma transformação na forma de se vestir nas relações de gênero e, também, em relação ao comportamento das mulheres, pois em muitos países do ocidente era proibido para as mulheres o uso de calças. Outro indicativo dessa transformação é a fluidez no modo de se vestir, fazendo com que a moda unissex crescesse, com o compartilhamento destas roupas entre os jovens casais. (BLACKMAN, 2011)
A partir destes grupos e exemplos de personalidades, começa a surgir um novo mundo, onde a identidade negra passa a marcar posição e o corpo negro passa a ser um veículo de difusão da sua identidade e estilo de vida. Ao mesmo tempo, a narrativa deste grupo passa a refletir em sua identidade (GUIMARÃES, 2008).
As transformações que começaram a ocorrer na década de ١٩٦٠ se intensificaram durante os anos setenta na medida em que surgia uma enxurrada de invenções e novas ideias eram assimiladas. Tudo passou a ser alterado, desde a aparência das pessoas, o modo como andavam pelas ruas e a noção do que era considerado o visual correto. A moda de rua, portanto, ganha mais importância com a popularização do jeans (BLACKMAN, 2011).
A moda nos anos 1970, no ocidente, é marcada por jovens lutando por liberdade de expressão e as suas roupas manifestam seus posicionamentos políticos e culturais. O surgimento de movimentos como o hippie com o “faça você mesmo” e a importância ecológica, o punk com os filhos dos operários na Inglaterra, o disco, o glam rock e o funk & soul, este último representado por jovens negros norte-americanos, demonstra os propósitos de cada grupo (BUXBAUM, 2005).
Como movimento musical, o funk é uma mistura de soul, jazz, e rhythm and blues. O programa de televisão norte-americano Soul Train, voltado para o público jovem afro-americano, surge em 1970 no canal WCIU-TV, de Chicago, influenciando esteticamente a juventude negra norte americana e negros pelo mundo (REED, 2014).
As roupas usadas neste programa, e que depois influenciaram toda uma geração, foram uma mistura das roupas usadas pelos hippies como batas, calças “boca de sino”, e o macacão, e o glam rock, cujas roupas eram mais estruturadas com brilho, glitter, sapato plataforma e maquiagem. Conforme a figura 2, os dançarinos centrais utilizam calça boca de sino jeans e uma camiseta justa, sapatos plataforma, cintos; o homem está com cabelo black power, e a mulher utiliza tranças.
Figura 2. Dançarinos da “Soul Train”, 1976
Fonte: Site CNN Style, (2023)
Além do programa, havia também a circulação das imagens das revistas Ebony e Essence, que influenciaram toda uma geração propagando o estilo black power. A revista Essence foi o primeiro periódico de moda e beleza norte americana, criado em 1970, voltado para o público de mulheres negras pertencentes à classe média, no qual tanto os editoriais quanto as publicidades deveriam conter modelos negras (NELSON BEST, 2019). Como padrão, as capas da Essence costumam focar o rosto dos modelos ou celebridades, mostrando muito pouco da roupa, mas enfatizando a estética.
Os exemplos do programa de TV, da música e das revistas, como também o cinema com o blaxploitation representado por filmes como Shaft e Jackie Brown, demonstram que estes meios foram importantes para a difusão e a consagração das imagens e elas ressoaram no Brasil, onde há uma grande diáspora africana.
No Brasil, nos anos 1970, não havia revistas voltadas para o público negro e era raríssimo ver modelos negros nos editoriais e em campanhas, muito menos a propagação da estética negra. No entanto, as aparições na televisão do cantor e ator Toni Tornado e do Trio Ternura cantando “BR-3”, além de Erlon Chaves, a Banda Veneno (PALOMBINI, 2009) e Wilson Simonal, junto com as capas de discos, também inspiraram o modo de se vestir e usar os cabelos naturais ao modo Black Power destes jovens.
Dom Filó no documentário Balanço Black fala que nos bailes organizados por ele e sua equipe no Rio de Janeiro nos anos 1970, na festa do Clube Renascença, num determinado momento, houve a ideia de projetar imagens de personalidades, modelos e vídeos da Soul Train, e, ao lado, fotos tiradas dos frequentadores destas festas, com o intuito de realçar a autoestima e reforçar a estética preta.
2.3 Moda anos 1980
A moda da década de 1980 é conhecida pelo uso do power dressing, representado por blazers com ombreiras grandes tanto para os homens quanto para as mulheres. Foi também a década da subversão (BLACKMAN, 2011). O jeans passou a ser um tecido popular, usado, no dia a dia, sobretudo em calças e jaquetas.
Algumas cenas musicais como o da disco music, apresentavam cantores usando calças coloridas e animal print, mangas bufantes nos vestidos e blusas. As leggings se fizeram presentes dentro e fora das academias de ginástica, e fazer exercícios físicos foi propagado por celebridades como Jane Fonda. Foram usados também acessórios de cabelos exuberantes como lenções e bandanas em amarrações em formato de laços grandes, muito usados pelas cantoras Madonna e Whitney Houston.
Em relação ao cinema, o filme de Spike Lee, Faça a coisa certa, (Do the right thing, 1989), relata o cotidiano da comunidade negra novaiorquina, com a apresentação de looks, cortes de cabelo e o som do rap. Na figura 3 é possível observar que os jovens que estão de pé e de costas, vestem roupas com inspiração em esporte como o basquetebol, com regatas, bermudas largas e tênis de cano alto. Já os homens sentados, mais velhos, estão vestidos de uma maneira mais formal, com chapéu, mocassins e calças de tecido plano. O que dá o contraste na foto da diferença entre gerações, indicando também que as roupas esportivas eram referência para a população jovem negra.
Figura 3. Cena do filme “Faça a coisa certa” (1989)
Fonte: The Guardian/Foto: Alamy, (2019)
Com relação à música negra, a estética dos negros norte-americanos continuou a influenciar os pares brasileiros. O corte de cabelo curto raspado nas laterais e moldado na parte superior, usado pela cantora e modelo jamaicana Grace Jones, com o seu visual andrógino, influenciou o movimento power dressing e se tornou ícone fashion. Como variação para este corte de cabelo, homens e mulheres faziam desenhos ou riscos geográficos na lateral do cabelo mais curto.
Mas também o estilo de cabelo usado pelos brasileiros Djavan e Sandra Sá são adotados. A música Olhos Coloridos, cantada por Sandra Sá no festival da canção em 1982, passou a ser um dos hinos da comunidade negra paulistana e brasileira. A letra desta música fala “[...] você ri da minha roupa, você ri do meu cabelo, você ri do meu sorriso, sarará Criolo[...]”, demonstrando que, embora existisse um movimento para reforçar a identidade negra, havia uma resistência e um certo preconceito em relação ao estilo e identidade black.
Na segunda metade da década de 1980, o movimento hip-hop ganhou mais força, sobretudo depois do sucesso da banda Run DMC com a música My Adidas. O estilo da banda de rap, se espalhou e as roupas esportivas passaram a ser muito usadas pelos simpatizantes da banda, mas também por aqueles que estavam aderindo aos três elementos do movimento hip-hop – grafite, rap, dança. Ainda podemos acrescentar as roupas usadas por este grupo e sobretudo os agasalhos com correntões personalizados, o “bucket hat” também conhecido como “chapéu pescador”, o boné e o tênis. Estes elementos estão presentes na figura 4, que é a capa do livro Hip-Hop: Cultura de rua; nela há a presença de dois b-boys, provavelmente dentro de um vagão de trem ou metro. O da direita é o rapper brasileiro consagrado Thayde, que começou a carreira no movimento como b-boy, ou seja, dançarino de rap, e está trajando um agasalho bicolor, uma calça com uma única listra lateral, boina e tênis. O segundo b-boy está vestindo uma calça jeans, camiseta, jaqueta e tênis de cano alto com a “língua” do tênis, sobreposta à barra da calça jeans.
Figura 4. Capa do Livro Hip-Hop: Cultura de rua
Fonte: Site Os Gêmeos
Quanto à importância do tênis, é a partir dos anos 1980 que este passa a ser um “símbolo de status, pertencimento e identidade da cultura negra” (RIBEIRO, 2021).
No Brasil, começam a surgir rappers como Ndee Naldinho e o grupo de rap Racionais Mc´s que são influenciados pelo rap norte-americano no jeito de cantar e de se vestir. O uso de agasalhos, correntões, bonés ou chapéu, tênis de cano alto fazia parte da vestimenta destes jovens.
Em relação aos meios de comunicação, as já citadas Soul Train e a revista Essence continuam influenciando os jovens. Mas surgem canais nos Estados Unidos voltados unicamente para a música: MTV (Music Television) e VH1. Com apelo juvenil, estes canais exibem vídeoclipes propagando o estilo de se vestir dos cantores e cantoras, e das bandas.
Os vídeos que faziam mais sucesso nos Estados Unidos passavam no Brasil em programas específicos como o Cliptrip – da TV Gazeta de São Paulo – ou no programa Fantástico da TV Globo, de alcance nacional. As rádios 105 fm e transcontinental difundiam músicas que não eram tocadas por rádios de maior alcance, e a Galeria 24 de maio continuava a exercer sua forte influência por abrigar lojas de roupas e discos e salões de cabeleireiros voltados para a comunidade negra.
3. DO “PISANTE” AO TÊNIS, O IMPORTANTE ERA A “BECA” ESTAR NA “ESTICA”
“Calça boca de sino, cabelo black da hora, Sapato era mocassim ou salto plataforma”. O Trecho da música Sr. Tempo bom composta e cantada por Thayde e Dj Hum descreve como era uma das vestes dos jovens que frequentavam as festas como a da Chic Show nos anos 1970.
Nos anos 1970, nas festas da Chic Show, o “pisante” era o sapato mocassim ou salto plataforma em ótimo estado, pois este, mais a calça boca de sino, com as barras limpas, eram símbolos de asseio e status, juntamente com o black power milimétricamente penteados. Com a adição da camisa com as pontas da gola pontiaguda, isso poderia ser considerado estar na “estica”, ou seja, bem-vestido, tanto para os homens quanto para as mulheres. A flexibilização do uso das vestes ocorre na década de 1980, e o uso do tênis é permitido.
Na imagem da figura 5, o cantor James Brown está em seu show na Chic Show, no Clube Palmeiras, com um macacão provavelmente em lycra, com influência glam rock, bicolor (preto e prata) e cabelos alisados; é possível notar que o guitarrista que está atrás dele usa provavelmente um conjunto vermelho, a calça não é boca de sino, possui um corte reto, com a parte de cima com as palas pretas e peito à mostra. Já o cabelo dele é um black power curto. Por sua vez, a backing vocal usa um vestido decotado com alça e cabelo black power e sandálias. Estes looks sugerem um certo rigor no vestir que era seguido à risca pelos frequentadores destas festas nos anos 1970.
Figura 5. Show James Brown para a Chic Show em 1978.
Fonte: Site Jornal O Globo (2023)
Em relação ao show, segundo o dançarino de break dance Nelson Triunfo, o cantor James Brown, em um determinado momento em seus espetáculos, costumava ser empossado por uma capa, sendo que uma delas foi dada para ele em um show que o cantor fez para Chic Show em São Paulo. Segundo o relato do dançarino para o documentário Chic Show, esta capa foi roubada ao ser deixada em um espaço dentro de uma mala, na mesma noite.
Estes jovens faziam as suas próprias roupas em casa, copiando o look visto por celebridades da época. Mas aqueles com um poder aquisitivo maior, aqueles que trabalhavam, podiam comprar no Mappin, por exemplo. Ao mesmo tempo, estas roupas, não são apenas “construções que imitam, são feições que marcam determinados desejos e valores” (ALMEIDA, 2020, p. 66) que são únicos da comunidade negra.
O Luizão relata no documentário da Chic Show que, nos anos 1960 e 1970, os jovens brancos, sobretudo os homens que gostavam dos Beatles e dos Rolling Stones, deixavam os seus cabelos crescerem tal como os integrantes das bandas. De forma parecida, os jovens negros seguiram a mesma moda, mas como o cabelo crespo ou cacheado tem uma estrutura espiralar, estes cabelos cresciam em formato black power. Havia também aqueles que alisavam os cabelos, tanto homens quanto mulheres, ou ainda aqueles que usavam tranças com ou sem miçangas nas pontas. Portanto, o cabelo é a “parte do corpo negro que melhor representa a contradição de possuir uma estética que não se encaixa no mundo” (ALMEIDA, 2020, p. 73).
Essas imagens demonstram o quanto estes cantores, cantoras e modelos influenciaram uma geração com o seu visual não domesticado pela estética branca, com suas músicas, e as mensagens que elas deixaram. Pois os problemas eram exatamente os mesmos: perseguição policial, demarcação geográfica, falta de oportunidades, entre outras.
Por meio das suas vestes e do visual, a população negra frequentadora das festas da Chic Show subverteu as fronteiras simbólicas podendo assim se diferenciar, se expressar e afirmar por meio da sua identidade social. E assim foi possível compartilhar valores e ideais relacionados às suas vivencias. Ao mesmo tempo “o vestuário constitui uma indicação de como estas pessoas (...) veem sua posição nas estruturas sociais e negociam as fronteiras de status” (CRANE, 2013, p. 21).
Quanto a este fenômeno, pode-se afirmar que se tratou de manifestações sociais e culturais revolucionárias que inspiraram o comportamento das gerações negras seguintes em relação à sua identidade e autoestima. Parafraseando o Mano Brown na entrevista do Luizão da Chic Show, não há como contar a história do negro paulistano sem falar das festas da Chic Show.
As formas de se vestir e de se pentear ressoaram como expressões de cultura e características do povo da diáspora negra que se tornaram significativas especialmente no Brasil e hoje existe um resgate e uma necessidade de validar o que foi construído não só nestas décadas, mas nestes cinco séculos no Brasil.
Neste sentido, o corpo negro, por meio das vestimentas levou a
(...) formas de ocupar um espaço alheio, a expressões potencializadas, a estilos de cabelos, a posturas, gingados e maneiras de falar bem como a meios de constituir e sustentar o companheirismo e a comunidade (HALL, 2003, p. 343).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora o foco dos documentários sobre a Chic Show fosse relatar o impacto destas festas para a comunidade negra de São Paulo, neles há depoimentos, descritos aqui, que reportam a moda e o comportamento destes jovens, reforçando a importância que estas festas tiveram no empoderamento daqueles jovens e das gerações seguintes.
Por se tratar de festas que eram feitas de pessoas pretas para pessoas pretas foi possível notar, pelos relatos, que existia um interesse em exaltar a cultura afro e afro-brasileira. As roupas nestas festas foram fundamentais pois nelas estava a expressão de um grupo.
A identificação com o modo de se vestir que os negros norte-americanos estavam produzindo foi fundamental pois foi possível reproduzi-lo aqui por meio das vestes e cortes de cabelos, adaptando-o ao estilo de vida e à realidade brasileira. Com autenticidade e ousadia para a época, os bailes da Chic Show se constituíram como um ambiente de identificação e exaltação da beleza e cultura negra. No entanto, este movimento não foi o suficiente para quebrar a barreira racial existente na cidade. Jovens negros ainda são discriminados pela sua cor da pele, pelo uso do cabelo crespo natural e pelos códigos transmitidos pelas suas vestimentas.
Notas de fim de texto
¹ Fonte: REVISTA AMARELLO. Reportagem: Dedo em riste, mas na estica: Os 50 anos da Chic Show. Disponível em: https: //amarelo.com.br/2023/arte/cinema/dedo-em-riste-na-estica-os-50-anos-da-chic-show. Acesso 17 de nov, 2023.
² Informação retirada do relato do idealizador e fundador da Chic Show no documentário “Chic Show” e programa de TV “Sons de São Paulo”, Rede Globo.
3Fonte: Disponível em: https://radioblackdj.wixsite.com/radio-black-dj/single-post/2014/09/01/baile-negro-no-palmeiras-recebeu-james-brown-e-combateu-preconceito Acesso em 20 jan, 2024.
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