E-ISSN 1982-615x
ModaPalavra, Florianópolis, V. 17, N. 43, p. 145-202, jul/dez. 2024
Dossiê - A revolução da cultura digital no jornalismo de
moda: futuros possíveis
V.17, N.43 — 2024
DOI:http://dx.doi.org/10.5965/1982615x171432024145
Masculinidades e editoriais fotográcos:
comunicação, moda e gênero em
Fucking Young!
Daniel Keller
Mestre, Universidade FEEVALE / danielgkeller@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0007-3861-4904/ https://lattes.cnpq.br/3282068113909736
Denise Castilhos de Araujo
Doutora, Instituto Padme/ denisecastilhos@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1055-7892/ https://lattes.cnpq.br/3209261718637784
Enviado: 26/12/2023 // Aceito: 20/05/2024
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
Masculinidades e editoriais fotográcos:
comunicação, moda e gênero em Fucking
Young!
RESUMO
O artigo examina as mudanças de representações das masculinidades em
editoriais fotográcos de moda de 2015 e 2023, usando a análise de discurso
(Bardin, 1977) em editoriais da plataforma/revista Fucking Young!. Foram
analisados 274 editoriais de 2015 e três de 2023. Os resultados mostraram
evoluções nas representações, com destaque para práticas esportivas,
celebração do corpo saudável e conexão com a natureza, desaando os
paradigmas de gênero. Contudo, persiste a preferência por modelos de pele
branca, marginalizando os de pele negra. Conclui-se que as representações
masculinas estão em transformação, reetindo mudanças culturais. Apesar
dos progressos, desaos em promover uma representação mais inclusiva
e diversa. O estudo é um resultado parcial, sugerindo pesquisas futuras
para entender melhor essas mudanças ao longo do tempo.
Palavras-chave: Moda; Comunicação; Gênero; Jornalismo de Moda;
Análise de Conteúdo.
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Masculinities and editorials photographs:
communication, fashion and gender on the
Fucking Young!
ABSTRACT
The article examines the changes in representations of masculinities in
fashion editorial photographs from 2015 and 2023, using discourse analysis
(Bardin, 1977) on editorials from the Fucking Young! platform/magazine.
A total of 274 editorials from 2015 and three from 2023 were analyzed.
The results showed evolutions in the representations, with an emphasis on
sports practices, celebration of a healthy body, and connection with nature,
challenging gender paradigms. However, a preference for white-skinned
models persists, marginalizing those with black skin. It is concluded that
male representations are undergoing transformation, reecting cultural
changes. Despite progress, there are challenges in promoting a more
inclusive and diverse representation. The study is a partial result, suggesting
future research to better understand these changes over time.
Keywords: Keywords: Fashion; Communication; Gender; Fashion
Journalism; Content analysis.
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Masculinidades en editoriales fotográcos:
comunicación, moda y género en la Fucking
Young!
RESUMEN
El artículo examina los cambios en las representaciones de masculinidades
en los editoriales fotográcos de moda de 2015 y 2023, utilizando el
análisis del discurso (Bardin, 1977) en editoriales de la plataforma/revista
Fucking Young!.Se analizaron un total de 274 editoriales de 2015 y tres de
2023. Los resultados mostraron evoluciones en las representaciones, con
énfasis en las prácticas deportivas, la celebración de un cuerpo saludable
y la conexión con la naturaleza, desaando los paradigmas de género. Sin
embargo, persiste una preferencia por modelos de piel blanca, marginando
a aquellos con piel negra. Se concluye que las representaciones masculinas
están en transformación, reejando cambios culturales. A pesar de los
avances, existen desafíos para promover una representación más inclusiva
y diversa. El estudio es un resultado parcial, sugiriendo investigaciones
futuras para comprender mejor estos cambios a lo largo del tiempo.
Palabras clave: Moda; Comunicación; Género; Periodismo de Moda;
Análisis de contenido.
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1.INTRODUÇÃO
As masculinidades são moldadas pelas características de cada
grupo social, como qualquer identidade de gênero. Sujeitos, mais ou
menos oprimidos, são sempre condicionados à sua cultura e precisam
se adequar aos padrões impostos para sobreviver.
A narrativa imagética dos veículos de comunicação e redes
sociais também age como um agente dessa imposição de padrões
e criação de novas manifestações de gênero. Estudar esses campos
ajuda a entender as representações de identidades masculinas através
dos editoriais de moda, que são narrativas jornalísticas e artísticas
de lançamentos, novas tendências, direcionamentos de consumo e
materialização de representações de masculinidades.
Editoriais fotográcos de moda são narrativas baseadas
principalmente em imagens, com algum texto para reforçar a
mensagem. Segundo Roncoletta (2011), são produções fotográcas
que visam transmitir determinadas mensagens por meio de looks,
ambientação, casting (seleção de modelos), expressão, poses e
outros elementos que integram o cenário criado para registro. O
jornalismo de moda, a exemplo da revista Vogue, usa essa estrutura
para criar narrativas centrais em sua comunicação (Martins, 2014).
Essas narrativas são construídas por estratégias publicitárias
das marcas, visando criar desejos e relações emocionais com os
consumidores, onde a imagem transmite a mensagem de forma
objetiva.
O uso da imagem valoriza o editorial, pois
representa um modelo de uma forma mais
imediata e com uma relação mais evidente
com a realidade que retrata. A imagem, a
mensagem icónica, graças à sua natureza
baseada na forma e na cor, ocupa uma
posição estratégica e privilegiada, explorando
a percepção visual do leitor e servindo como
um estímulo à leitura. (Gomes, 2010, p. 48-
49)
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Este trabalho está composto de uma pesquisa bibliográca
e duas etapas de coleta de imagens em editoriais de moda, que
apresentam um grupo de imagens tratando de um mesmo tema,
apresentados sob um mesmo título, com ou sem um texto explicativo.
As etapas são explicadas a seguir.
A pesquisa bibliográca apresenta, primeiramente, uma
análise dos editoriais de moda enquanto campo da comunicação e
da cultura, assumindo as representações de masculinidades como
representações identitárias. Na perspectiva desta pesquisa, este
processo de representação se pelo consumo, que por sua vez
ocorre não apenas a partir de produtos, mas também do aspecto
midiático. Este pensamento remete ao segundo passo da apresentação
teórica, que é reetir sobre as revistas e editoriais enquanto meios
de transmissão das masculinidades, considerando principalmente
veículos como revistas e sites de jornalismo de moda.
a respeito da análise, este trabalho se propõe a realizar uma
comparação entre as masculinidades apresentadas em editoriais de
moda dos anos de 2015 e 2023 congurando-se como quantitativa,
de conteúdo e estudo de caso de editoriais indexados na plataforma/
revista espanhola Fucking Young!. A coleta dos editoriais de 2015
passou por um processo de seleção, com critérios de inclusão e
exclusão, posteriormente, passando por processo de categorização
por semelhança. Estas categorias tiveram maior ou menor
representatividade e, a partir daquelas com maior representatividade,
os autores se dedicaram a realizar uma nova coleta em 2023, a m
de comparar como estas categorias estavam sendo apresentadas em
editoriais.
Para as análises das categorias de 2015 e os casos de 2023,
optou-se pela análise de conteúdo (Bardin, 1977). A seleção de
imagens e agrupamento por similaridade pode ser consultada em
detalhe no trabalho de dissertação “Masculinidades Hiato” (Keller,
2016), pois esta foi a base de dados utilizada para a primeira
etapa desta pesquisa. Em ambas as épocas, evidenciou-se alguns
elementos interessantes, como a presença de imagens ressaltando a
prática esportiva, a celebração do corpo saudável, o contato íntimo
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com a natureza, assim como o desao a paradigmas de gênero, pois
presentes as expressões exóticas dos corpos, independentemente do
corpo ou sexo.
Também foi possível vericar a permanência da preferência por
modelos de pele branca, em detrimento da presença daqueles de pele
negra. E, quando presentes nos editoriais, tais modelos adquiriam
conotação de extravagantes, de diferentes da normalidade.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Editoriais e narrativas: as masculinidades contadas por
meio do consumo de mídias
O relacionamento entre indivíduos e objetos se revela como
um tema central na construção das identidades sociais e na denição
da realidade contemporânea. O ato de consumir transcende a mera
aquisição de produtos, transformando-se em agente impulsionador
da narrativa identitária, permitindo a identicação com objetos,
marcas, valores monetários e outras características.
Ricoeur (1991) argumenta que o consumo desempenha um
papel estruturante na narrativa, estabelecendo conexões entre o eu
e o outro, assim como na diferenciação singular do eu. A cultura
do consumo, enraizada nos elementos subjetivos da sociedade,
ultrapassa a funcionalidade pura dos objetos, inserindo-se na
complexa rede simbólica proposta por Geertz (2008).
A análise cultural do consumo implica na capacidade de gerar
signicados, valores e normas que regem determinados grupos
sociais. Jean Baudrillard (2008), ao explorar a prática do consumo,
destaca sua natureza como uma fuga do real, uma construção
estabelecida por meio da manipulação de signos.
É crucial ressaltar que o termo “consumo”, neste contexto,
não se limita apenas à transação monetária, mas também abrange
a conexão com narrativas arquetípicas veiculadas pela mídia - sejam
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imagens, fatos ou informações. Esses elementos perpetuam a
constante mutação orientada pela efemeridade e pela visão positivista
de valorização do novo.
Na cultura do consumo, a realidade é distorcida por meio
da manipulação de signos e símbolos. Neste sentido, Baudrillard
diz A imagem [...] proporciona uma sensação de tranquilidade,
mantendo-nos afastados do mundo real, iludindo-nos mais do que
comprometendo-nos com a alusão violenta ao real” (2008, p. 23).
Compreender o consumo como um fenômeno cultural complexo é
essencial para apreciar sua inuência na formação identitária e na
dinâmica social contemporânea.
A análise crítica da cultura de consumo vai além da observação,
compreendendo suas implicações na formação de identidades e
inuenciando padrões de consumo, valores e normas sociais sobre
identidades de gênero masculinas. Lipovetsky (2009) introduz o
conceito de “hiperconsumo”, no qual identidades se formam e se
diferenciam por meio do consumo. O hiperconsumo reforça tanto
identidades masculinas conservadoras quanto representa identidades
masculinas marginalizadas.
A coesão social nos grupos de consumo se estabelece pela
adoção dos códigos que denem a identidade do grupo. A participação
envolve a assimilação ativa dos signicados e valores atribuídos aos
objetos no contexto do grupo. Para Featherstone (1995), o consumo
é um ato de interpretação e incorporação de símbolos que denem
produtos, identidades e valores dos grupos associados.
Considerar os discursos da moda como produções culturais
indica mudanças na sociedade e na cultura (Cantú e Gomes, 2023).
Nesse sentido, a moda contribui para a identicação de tendências
e identidades e sua comunicação vai além da mera obtenção de
bens; trata-se da apropriação de signicados, valores e símbolos
que permeiam os grupos sociais, reforçando o pertencimento e
acompanhando mutações simbólicas que delineiam identidades na
contemporaneidade.
O ser social é congurado pelo ato de ser visto, usando o aspecto
físico como suporte de discursos. Isso implica um jogo de estratégias
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para manipular a aparência por meio de guras e estruturas discursivas
que constroem a linguagem “vestimental” do sujeito (Castilho,
2004). A moda, como expressão de vestimentas e corpo, permite
ao sujeito exercer diversos papéis sociais, ampliando sua capacidade
de inuência e manipulação. Os pensamentos interpretativo e
subjetivo permitem que os sujeitos atribuam signicado às coisas,
desencadeando a ressignicação (Preciosa, 2005).
Nesta lógica, a moda utiliza constantemente elementos
com signicados primários, criando signicados secundários e
ressignicados. Ela é ainda uma textualidade consumível, direcionada
a sujeitos com características e identidades especícas. Ela expressa
identidades, distinções e se insere no contexto de inclusão e exclusão.
A moda masculina é produzida por e para os “homens”, assimilando
formas simbólicas e destacando o papel dos meios de transmissão
dessas masculinidades.
2.2 Revistas de moda: meios de transmissão das
masculinidades na comunicação de moda
A análise da inuência da mídia na construção de identidades
de gênero requer uma compreensão profunda dos discursos e
ideologias transmitidos por meio das formas simbólicas. Thompson
(2011) destaca a responsabilidade da indústria midiática na produção
e disseminação dessas formas, impactando signicativamente o
contexto social.
Desde o século XVI, com a imprensa, observa-se a “midiatização
da cultura moderna” (Thompson, 2011). Os meios de comunicação
muitas vezes invadem o espaço privado, oferecendo visões particulares
do mundo (Gomes, 2017). As pessoas sentem que participam de
uma sociedade, aliviando o sentimento de isolamento. Canclini
também aponta o papel aglutinador dos meios de comunicação, que
estabelecem vínculos culturais (apud Gomes, 2017).
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Os processos de transmissão cultural estão intrinsecamente
ligados aos meios técnicos de produção e difusão de formas simbólicas.
No fenômeno da moda, veículos como revistas e sites especializados
inuenciam o comportamento, celebrando a identidade social,
individualidade, distinção e diferenciação.
Segundo Thompson (2011), revistas e sites compartilham
características distintas em seus processos de transmissão cultural.
Esses meios têm capacidade média de xação de informações, com
baixa participação na produção de conteúdo, mas alto envolvimento
na sua reprodução, especialmente nos sites.
Revistas masculinas historicamente focam em esportes e
erotismo. Queiroz (2009) observa que o contexto histórico inuenciou
a direção editorial dessas publicações, reetindo uniformidades nos
modelos masculinos durante períodos de guerra. A cultura jovem
trouxe um foco em modelos mais jovens e no corpo, saúde e juventude,
marcando uma transição na representação da masculinidade e
evidenciando a inuência da mídia na denição de padrões.
Entretanto, é fundamental salientar que as revistas não criam
modelos de masculinidade isoladamente, mas respondem ao mercado
consumidor e à cultura na qual estão inseridas. Elas reetem e propõem
padrões éticos e estéticos que evoluem ao longo do tempo, desviando-
se de uniformidades anteriores. A diversicação do mercado editorial
também trouxe revistas masculinas mais abertas a questões de estilo
de vida e moda, evitando uma explícita erotização. Essas publicações
representam um homem mais receptivo à inuência midiática sobre
seus hábitos, um processo que ressoa com as características das
revistas femininas.
As mudanças no conteúdo das revistas reetem transformações
éticas e estéticas na construção da masculinidade, afastando-se de
uniformidades associadas a períodos de guerra e explorando facetas
mais sensuais. A abertura para diferentes formas de expressão
masculina, evidenciam a adaptabilidade da mídia ao mercado
consumidor. A plataforma/revista Fucking Young!, por exemplo, se
descreve da seguinte forma:
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“Fucking Young” começou como uma
plataforma inspiradora focada em estéticas
jovens derivadas dos hemisférios masculinos.
Nossa liberdade nos permitiu mesclar artistas
estabelecidos com emergentes, ajudando
estes últimos a alcançar seu próprio público.
Uma sinergia que devia muito a uma paixão
pelas artes cresceu desde então para um
estado em que não apenas promovemos
conteúdo criado por outros, mas também
patrocinamos e colaboramos na criação de
tal trabalho. Agora, celebramos também a
criatividade desta comunidade com nossa
revista impressa, que pretende abrigar
melhor nosso amor e presença no hemisfério
jovem dos tempos atuais (Fucking Young,
s.p., 2023).
A referida publicação, assim como a mídia em geral, por meio
de editoriais e revistas, propõe representações masculinas através
de fotograas, entrevistas, propagandas e editoriais fotográcos
de moda. Estes meios transmitem variedade de formas simbólicas
que moldam e inuenciam a construção da identidade masculina,
processo dinâmico e em constante evolução, sugerindo a profunda
inuência das imagens veiculadas na forja dessas identidades.
3. METODOLOGIA
Para este estudo, adotou-se uma abordagem metodológica
embasada na perspectiva simbólica, a m de compreender os
discursos e a cultura subjacentes ao fenômeno da moda. Duas fases
distintas foram implementadas: uma inicial de levantamento de
discursos no contexto da moda e uma segunda etapa focada na análise
aprofundada das categorias de masculinidades mais proeminentes,
com maior recorrência nos discursos.
A primeira etapa da pesquisa envolveu o levantamento de
editoriais publicados na plataforma/revista Fucking Young! (Fucking
Young, 2023) durante os meses de janeiro, fevereiro, setembro e
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
outubro de 2015, conforme apresentado em Keller (2016). a
segunda etapa envolveu a eleição de três editoriais publicados em
2023, um para cada categoria representada. Essa seleção possibilitou
comparar produções midiáticas em dois períodos temporais separados
por quase uma década, de modo a tentar identicar permanências e/ou
alterações nas produções textuais nas masculinidades representadas
pela revista.
Para a análise do material obtido, foram empregadas as
etapas do método de análise de conteúdo de Laurence Bardin
(1977), oferecendo contribuição substancial para a compreensão
global dos textos relacionados às masculinidades apresentadas
no contexto da moda. A etapa de análise de conteúdo seguiu os
estágios preconizados por Bardin (1977), incluindo a preparação das
informações, transformação do conteúdo em unidades, categorização
dessas unidades e, por m, descrição e interpretação. Este estudo
percorreu tais etapas, considerando a relação estreita com o objeto
de análise e suas inferências, a partir da amostra de imagens baseada
nos seguintes fatores de inclusão e exclusão.
Tabela 1 - Fator de inclusão e exclusão da amostra de imagens
Etapa Fator de inclusão Fator de exclusão
Etapa 1 - ser um editorial organizado
por revista
- ter obtenções com modelo
ou manequim
- fornecer imagens estáticas
- ser uma campanha publicitária
- ser foto exclusivamente de pro-
duto
- fora do período de janeiro, fe-
vereiro, setembro e outubro de
2015
Etapa 2 - ser correspondente às ca-
tegorias de masculinidade
mais recorrentes na primeira
etapa
- fornecer imagens estáticas
- ser uma campanha publicitária
- ser foto exclusivamente de pro-
duto
- fora do período de dezembro de
2023
Fonte: Keller (2016)
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Este trabalho seguiu as seguintes etapas, considerando
as relações com seu objeto de análise e inferência.
Tabela 2 – Etapas da análise de conteúdo
Etapa Ação
Preparação das informa-
ções
1.1 - Análise dos editoriais dos meses de
janeiro, fevereiro, setembro e outubro
de 2015
1.2 - Descrição do editorial por caracterís-
ticas como indumentária dos modelos,
cenário, características físicas, atitude,
composição da cena e tratamentos e
ltros da imagem
Transformação do con-
teúdo em unidades e
categorização
Agrupamento por categorias de masculinidades
Descrição e inter-
pretação Descrição das 3 categorias mais recorrentes
Fonte: Elaborado pelos autores (2024), adaptado de Bardin (1977) e Moraes
(1999)
Para o processamento dos dados, seguiu-se o que Roque
Moraes (1999) resume em formato de tópicos as etapas indicadas por
Bardin (1977), sendo eles: preparação das informações, unitarização
ou transformação do conteúdo em unidades, categorização ou
classicação das unidades em categorias, descrição e, por m,
interpretação.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos a partir dos 274 editoriais publicados em
2015 foram submetidos à categorização com base em diversas
masculinidades identicadas. Entre as categorias recorrentes,
destacaram-se: Esportividade, Aventureiro/Rusticidade e Agender
(em português, gênero neutro), cada uma apresentando um conjunto
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distinto de características relacionadas a seguir.
A etapa de transformação do conteúdo em unidades e a devida
categorização deu origem aos seguintes dados:
Tabela 3 -Categorização da análise
Categorias Quantidades
Esportividade 48
Aventureiro/Rusticidade 40
Agender 33
Rebeldia 28
Militar 25
Tradicional 23
Delicadeza/Solidão 19
Erótico 10
Fonte: elaborado pelos autores (2024)
A categoria Esportividade enfatizou a prática esportiva, a
sugestão de movimentos e a celebração do corpo saudável, com
destaque para a representação urbana e a presença, em alguns
casos, de modelos afrodescendentes. A categoria Aventureiro/
Rusticidade, por sua vez, concentrou-se em espaços abertos, contato
com a natureza e estética mais desalinhada, associada à força de
origem funcional. A categoria agender desaou paradigmas ao propor
expressão de gênero independente da relação com o corpo ou sexo,
frequentemente caracterizada por estranheza e exotismo.
Aspectos adicionais relevantes revelaram evidente preferência
por modelos de pele branca nos editoriais, com modelos negros
frequentemente associados a discursos exóticos, marginalizados ou
até mesmo de feminilização. A presença do corpo masculino à mostra
foi uma prática comum, reiterando a virilidade como elemento central
na representação da honra e masculinidade.
Esses resultados elucidam não apenas as tendências de
representação da moda masculina nos editoriais, mas também os
complexos discursos culturais e simbólicos embutidos nas narrativas
fotográcas, reetindo e moldando noções contemporâneas de
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
masculinidade. De modo a criar mais materialidade para esta
discussão, serão apresentadas as categorias mais frequentes,
descrevendo-as e aplicando uma análise a partir de exemplos de
editoriais analisados, comparando coletas realizadas em 2015 e as
respectivas correspondências das categorias em 2023.
4.1. Esportividade
A prática de esportes, sugestão de movimentos e o enfoque
nos músculos rígidos são uma forma de celebração do corpo
saudável. Esta categoria destaque à tecnologia, à ocupação do
espaço externo ou ainda de ambientes especícos para a prática de
esportes. Eles podem atuar em cenários como estúdios, planos de
fundo innito, mas também em espaços urbanos –nesses casos com
a sugestão de que sejam guetos ou locais marginalizados. Isso se
mostrou diferente na comparação dos dois marcos temporais.
Com relação às características físicas, a categoria esportividade
apresentou de forma recorrente modelos de cabelos cortados, mais
curtos nas laterais. A maquiagem, por vezes, representava a presença
de suor na face e abdômen dos modelos, indicando a prática de
esporte ou alguma atividade de esforço.
Todas estas características podem ser percebidas, por exemplo,
no editorial denominado Fire and the Thud. Neste editorial, o modelo
Michael Thiedemann é fotografado por Lucio Aru & Franco Erre e
produzido por Anita Krizanovic com roupas íntimas de Merz B.
Schwanen, Rick Owens, H&M, American Apparel, Bench, Allegri e
Everlast. O editorial foi produzido em exclusividade para a revista
online Fucking Young! (Fucking Young, 2015a). Reforçando as
questões de representação de espaços ocupados pela masculinidade
padrão, o referido editorial aconteceu no Fitness Center aTB, na
cidade de Berlim.
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
Figura 1 – Editorial Fire and the Thud
Fonte: Fucking Young, 2015a.
Outro ponto importante para a descrição desta categoria
é a recorrência da jovialidade como característica física ou
atitude dos atores. O tom de brincadeira parece fazer menção
ao corpo eternamente jovem, proporcionado por sugestão pela
prática de esportes. Algumas destas características podem ser
vistas no editorial a seguir, fotografado para a edição especial
de Primavera/Verão de 2015 da revista AnOther. Neste editorial,
o modelo Garrett Ne é fotografado por Collier Schorr, com
produção de Katie Shillingford.
Figura 2 - Editorial Primavera/
Verão de 2015 da revista AnOther
Fonte: Fucking Young, 2015b
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
Os enquadramentos não são perfeitamente focados,
colocando o modelo, constantemente, quase fora da imagem.
Acredita-se que este tipo de escolha caracteriza a representação
da cena em movimento, como se houvesse pressa em fazer o
registro do ato, sem tempo para um perfeito planejamento do
ângulo.
Para a comparação com 2023, os critérios de seleção apontam
para o caso da publicação intitulada Boyhood que traz, segundo a
revista
Scotty Tsunami está mudando completamente
o signicado de ser um cara com seu mais
recente projeto, “Boyhood”. Não, não é
o típico conto de masculinidade. É uma
rebelde justaposição do que normalmente é
considerado macho com sutis toques do lado
mais suave (Fucking Young, 2023a).
Aqui, a esportividade é atualizada a partir da alteração da
masculinidade padrão representada em 2015, mas ainda com
elementos que se repetem, como torso nu, os cabelos curtos que
aparecem em alguns modelos. Diferente das características da
categoria nomeada “esportividade” do ano de 2015, o caso estudado
de 2023 da mesma categoria apresenta modelos com corpo denido,
mas não efetivamente fortes, por vezes, até mesmo, franzinos. A
cor rosa não aparecia nesta categoria em 2015, mas é usada tanto
tingindo cabelos, como elementos decorativos das fotos. Sobre a
decoração, é importante perceber a renda aplicada nas texturas
das paredes, mostrando que existe a manifestação do feminino, de
delicadeza nas fotos, especialmente nos exemplos selecionados e
apresentados.
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
Figura 3 - Editorial Boyhood
Fonte: Fucking Yung, 2023a
A representação da masculinidade relacionada à esportividade,
comparando a análise de conteúdo de toda uma categoria de
48 editoriais de 2015 com o editorial Boyhood traz revelações
importantes das alterações de masculinidade neste período. O
que se pode garantir é que na primeira coleta não havia tantos
elementos relacionados ao feminino, como delicadeza, cor rosa e
inspirações em trabalhos manuais. Assim, não se pode supor que
tenha acontecido uma drástica alteração, mas que os discursos a
respeito desta categoria se tornaram mais ricos, agrupando novas
estéticas em seus discursos.
4.2 Aventureiro/Rusticidade
O espaço do campo aberto e do contato com a natureza
são os ambientes de existência mais representados para esta
categoria de masculinidade. O visual mal-acabado das barbas,
bigodes e cabelos é uma materialização deste espaço, que
pouco se inuencia pelas normas de aparência da sociedade.
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
Figura 4 – Editorial Jon Kortajarena
por Matthew Brookes
Fonte: Fucking Young, 2015
A força é representada por os músculos menos forjados. A
denição da musculatura não parece ser originada dos exercícios
das academias, mas a naturalização do homem rústico a ele uma
força de origem funcional, sugerindo o trato no campo.
A categoria destaque para os modelos solitários,
materializando a aparente e suposta autossuciência da
masculinidade. As atitudes de contemplação também são
frequentes. Para a composição das cenas desta categoria, um clima
bucólico empresta certa poética para a imagem. O contato com a
natureza, os campos e ores dão toque menos duro a este tipo de
masculinidade, reforçado por ltros em tons de sépia de ar vintage.
Na indumentária, a categoria traz matérias primas mais brutas,
como o brim e o couro. A silhueta é solta e confortável, por vezes,
até mesmo funcional.
No editorial de 2023, a representação desta categoria,
aparentemente, mantém o tom bucólico, exacerbando tal estética em
algumas imagens. O contato com a natureza continua aparentemente
íntima. A localização deste homem rústico, agora, parece menos
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
inóspita, mas, ainda assim, longe de qualquer urbanidade. Talvez
até mais marginal pela a arquitetura dos cenários.
Figura 5 – Editorial Dreamboat
Fonte: Fucking Young (2023b)
Como visto, o corpo continua mais esguio que musculoso,
mantendo o tom de masculinidade e beleza despretensiosa. Tanto
na coleta de 2015 e de 2023, a maquiagem e a beleza dos modelos,
a barba malfeita é combinada frequentemente com um bigode mais
avantajado. Nesta categoria se destacam os cabelos compridos,
recorrentemente, desgrenhados.
4.3 Agender
Dentre as categorias mais recorrentes, a terceira é que propõem
uma expressão de gênero não baseada na relação do corpo ou sexo.
De modo curioso, o discurso que compõe esta categoria masculina
está fortemente baseado na quebra de paradigmas e na fuga dos
padrões da masculinidade normativa.
Durante a composição da categoria, percebeu-se que existiram
duas formas de concretização do masculino agender nos editoriais
analisados. O primeiro baseado no biótipo do modelo (modelo
masculino com traços e aparência femininos), e o segundo quando o
modelo era produzido (através de vestes e maquiagem) como uma
ModaPalavra, Florianópolis, V. 17, N. 43, p. 145-202, jul/dez. 2024
165
ModaPalavra e-periódico / Dossiê
mulher.
Ainda com relação aos tipos físicos, nesta categoria, vê-se a
prevalência de corpos mais magros, de músculos denidos, mas não
fortes, com homens mais franzinos. Para as características de etnias,
existe a diversicação de tipos, apresentando modelos orientais,
negros, albinos, latinos e caucasianos.
O editorial The Soul Escapes Our Everyday Lives foi fotografado
por Lucas Imbimbo em um editorial exclusivo para a revista Fucking
Young! (2015d). Este material serve como materialização da categoria
agender de 2015.
Figura 6 - Editorial The Soul Escapes Our Everyday Lives
Fonte: Fucking Young (2015d)
Para as vestes uma preferência por modelagens
desestruturadas. Cortes inusitados fogem das modelagens tradicionais
ou casuais, contribuindo para o visual estranhamento e certo tom
artístico, presentes nesta categoria de masculinidade. Diferente
das demais categorias encontradas nos editoriais, a masculinidade
agender pouco faz uso dos corpos à mostra. O torso nu visto nas
outras categorias recorrentes é visto com escassez neste modelo
apresentado.
A categoria agender sofreu impactos importantes em sua
estética no comparativo entre as duas coletas. Para estudo de caso de
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
editoriais agender em 2023, foi escolhido o editorial que acompanha
a entrevista com o ator e produtor de conteúdo Eduard Torres.
Figura 7 - Editorial entrevista com Eduard Torres
Fonte: Fucking Young (2023b)
No comparativo da categoria de 2015 com o exemplo
escolhido de 2023, entende-se que o exotismo deixa de ser um
elemento fundamental, tornando (pelo menos discursivamente) a
masculinidade agênero menos distante do padrão de masculinidade.
Isso pode sugerir tanto um caminho de esvaziamento da estética,
quanto também de reticação da ideia agender para atender mais
facilmente as demandas de consumo.
Tanto em 2015 quanto em 2023, os enquadramentos podem
ser mais artísticos, mas essa liberdade não é uma característica
isoladamente importante para a categoria agender em ambas as
épocas.
4.4 Outras reincidências importantes
Para uma compreensão mais completa a respeito das
masculinidades apresentadas nos discursos de moda, considera-se
importante que mais características reincidentes sejam levantadas na
etapa da análise de conteúdo. Assim, neste tópico serão apresentadas
questões consideradas relevantes para a compreensão da signicação
ModaPalavra, Florianópolis, V. 17, N. 43, p. 145-202, jul/dez. 2024
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
das masculinidades em questão na contemporaneidade.
No levantamento global dos editoriais (sem a divisão por
categorias) percebe-se a existência de clara preferência por modelos
de pele branca. Mesmo que algumas categorias tenham mais ou
menos incidência de modelos de determinadas raças, chama a
atenção a discrepância apresentada na tabela a seguir.
Tabela 4 - Análise cor da pele dos modelos
Cor de pele Pessoa pele
branca
Pessoa pele
negra
Pessoa pele
parda
Pessoa pele
amarela
Incidência 253 26 4 6
Proporção 92% 9% 1% 2%
Fonte: Elaborado pelos autores (2024)
De modo a reforçar os estereótipos de gênero, essa questão
sugere que para a melhor representação da masculinidade é
necessária a escolha de modelos de pele clara ainda que a
publicação seja globalmente divulgada. Vale atentar ao fato de
que em 30 editorais que fazem uso de celebridades, apenas 1
deles escolhe um modelo negro – excluindo totalmente modelos
de pele parda ou amarela. Neste caso, a celebridade escolhida
foi o cantor e compositor norte-americano Luke James, que foi
fotografado por Rodrigo Cid, com stilling de Chris Pearson, em
editorial produzido exclusivamente para a revista online Fucking
Young! (Fucking Young, 2015d).
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
Figura 8 - Editorial de Luke
James fotografado por Rodrigo
Cid
Fonte: Fucking Young (2015d)
Ainda a respeito da cor da pele dos modelos, percebe-se que os
modelos negros estão relacionados a discursos com características
opressoras ou de discriminação. Conforme o quadro a seguir, os
editoriais em que aparecem modelos negros trazem as seguintes
macro características:
Tabela 5 - Análise de características de editorais com modelos de pele
negra
Modelos pele negra Quantida-
de Descrição
Esportivo 4 Exaltação dos músculos, movimento
Tradicional 2 Usando alfaiataria, sempre de
cabelo curto e aparado
Exótico 10 Estranheza, primitivo
Feminilização 2 Roupas femininas, maquiagem
feminina, silhueta feminina
Fonte: Elaborado pelos autores (2024)
A análise de conteúdo proporciona aqui a possibilidade
de perceber que os modelos negros são relacionados,
ModaPalavra, Florianópolis, V. 17, N. 43, p. 145-202, jul/dez. 2024
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
principalmente, a um discurso que os apresenta como exóticos
– com características de estranheza ou primitivismo.
Figura 9 - Editorial Oliver
Kumbi
Fonte: Fucking Young (2015e)
O negro retoma a sua necessidade de conrmação para o
outro como se a sua existência fosse alheia ao espaço normativo da
masculinidade tradicional ou aceita. Nos dois marcos temporais
se destaca o uso de modelos com corpo à mostra. Existe uma clara
preocupação na demonstração do corpo masculino como precisamente
viril e saudável. Os discursos a respeito das masculinidades que
fazem uso do corpo à mostra reiteram a questão de honra masculina.
Segundo Bourdieu (2014, p. 32):
O corpo tem sua frente, lugar da diferença
sexual e suas costas, sexualmente
indiferenciadas [...]; tem suas partes
públicas, face, fronte, olhos bigode, boca,
órgãos, nobres da apresentação, nos quais
se condensa a identidade social, o ponto de
honra.
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
A escolha pelo corpo à mostra, portanto, responde à necessidade
imediata de atender a representação masculina como corpo nobre e
forte, sem deixar que isso seja encoberto pela roupa. A estratégia
aplicada busca, portanto, criar um ponto de referência para as
identidades masculinas como exemplo a ser seguido atendendo,
reproduzindo e disseminando as práticas normativas. Ao mesmo
tempo em que cria no público feminino a admiração pela proximidade
do masculino perfeito - adequado ao imaginário de virilidade, força
e saúde.
A virilidade, como se vê, é uma noção eminentemente relacional,
construída diante dos outros homens, para os outros homens e
consta a feminilidade, por uma espécie de medo do feminino, e
construída, primeiramente, dentro de si mesmo (Bourdieu, 2014,
p.79). Desta forma, percebe-se que a escolha pela virilização reitera
a performance de masculinidade normativa. Assim, coloca, através
dos modelos, uma instrução de padrões de práticas sobre o corpo,
que adquire caráter de força e virilidade, como representação da
honra e hombridade.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A metodologia adotada permitiu a compreensão dos discursos
e da cultura relacionadas ao fenômeno da moda. Os resultados
mostraram que as representações de Esportividade enfatizaram
a prática esportiva e a celebração do corpo saudável, enquanto
Aventureiro/Rusticidade focou-se no contato com a natureza e uma
estética mais desalinhada. A categoria Agender desaou os paradigmas
de gênero, propondo uma expressão independente do corpo ou sexo,
frequentemente associada à estranheza e ao exotismo.
A análise revelou preferências por modelos de pele branca nos
editoriais, com modelos negros muitas vezes associados a discursos
exóticos ou marginalizados. A representação do corpo masculino à
mostra reiterou a virilidade como elemento central na representação
da masculinidade. As comparações entre os editoriais de 2015
e 2023 mostraram evoluções nas representações. Por exemplo, a
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categoria agender em 2023 demonstrou menor distância do padrão
de masculinidade em comparação com 2015, sugerindo mudanças
nos discursos para atender às demandas contemporâneas.
Aspectos importantes, como a preferência por modelos de
pele branca e as representações exóticas de modelos negros, foram
destacados. A escolha pela exposição do corpo masculino reforçou
padrões de virilidade e honra, sugerindo uma construção relacional da
masculinidade, moldando normas e disseminando práticas normativas.
Entende-se que a comparação entre os dois períodos pode ser mais
concreta na medida em que a mesma análise quantitativa realizada
no material de 2015, seja realizada também com os conteúdos de
2023. Outrossim, o resultado parcial desta pesquisa demostra o
potencial de reexão presente no objeto do estudo, validando que as
categorias mais proeminentes do primeiro marco temporal continuam
representadas nos editoriais de moda masculina.
Deste modo esta investigação contribuiu para a compreensão
das representações contemporâneas de masculinidade na moda,
destacando a complexidade das manifestações de comunicação de
moda enquanto discursos culturais embutidos nessas narrativas
fotográcas. Além disso, ressaltamos a importância de analisar
criticamente as representações de gênero na indústria da moda,
reetindo e moldando as noções contemporâneas de masculinidade.
Esta investigação tem caráter de resultado parcial, uma vez
que é possível desenvolver pesquisa mais ampla, repetindo análises
quantitativas nas duas épocas de modo a comparar não apenas
as categorias (intra-categorias), mas também considerar outras
categorias que possam mostrar-se mais relevantes em 2023.A
possibilidade de continuidade desta investigação poderá levar a
identicação de outras categorias, bem como seus signicados,
revelando percepções acerca das masculinidades diversas das
discutidas por este estudo em prol de uma reexão ainda mais diversa
a respeito do campo do gênero.
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172
ModaPalavra e-periódico / Dossiê
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ModaPalavra, Florianópolis, V. 17, N. 43, p. 145-202, jul/dez. 2024
Dossiê - A revolução da cultura digital no jornalismo de
moda: futuros possíveis
V.17, N.43 — 2024
DOI:http://dx.doi.org/10.5965/1982615x171432024145
Masculinidades y editoriales fotográcos:
comunicación, moda y género en Fucking
Young!
Daniel Keller
Maestro, Universidad FEEVALE / danielgkeller@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0007-3861-4904/ Lattes: https://lattes.cnpq.br/3282068113909736
Denise Castilhos de Araujo
Doctora, Instituto Padme / denisecastilhos@gmail.com
Orcidhttps://orcid.org/0000-0003-1055-7892/ Lattes: https://lattes.cnpq.br/3209261718637784
Enviado: 26/12/2023// Aceito: 20/05/2024
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
Masculinidades en editoriales fotográcos:
comunicación, moda y género en la Fucking
Young!
RESUMEN
El artículo examina los cambios en las representaciones de masculinidades
en los editoriales fotográcos de moda de 2015 y 2023, utilizando el
análisis del discurso (Bardin, 1977) en editoriales de la plataforma/revista
Fucking Young!.Se analizaron un total de 274 editoriales de 2015 y tres de
2023. Los resultados mostraron evoluciones en las representaciones, con
énfasis en las prácticas deportivas, la celebración de un cuerpo saludable
y la conexión con la naturaleza, desaando los paradigmas de género. Sin
embargo, persiste una preferencia por modelos de piel blanca, marginando
a aquellos con piel negra. Se concluye que las representaciones masculinas
están en transformación, reejando cambios culturales. A pesar de los
avances, existen desafíos para promover una representación más inclusiva
y diversa. El estudio es un resultado parcial, sugiriendo investigaciones
futuras para comprender mejor estos cambios a lo largo del tiempo.
Palabras clave: Moda; Comunicación; Género; Periodismo de Moda;
Análisis de contenido.
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
Masculinidades e editoriais fotográcos:
comunicação, moda e gênero em Fucking
Young!
RESUMO
O artigo examina as mudanças de representações das masculinidades em
editoriais fotográcos de moda de 2015 e 2023, usando a análise de discurso
(Bardin, 1977) em editoriais da plataforma/revista Fucking Young!. Foram
analisados 274 editoriais de 2015 e três de 2023. Os resultados mostraram
evoluções nas representações, com destaque para práticas esportivas,
celebração do corpo saudável e conexão com a natureza, desaando os
paradigmas de gênero. Contudo, persiste a preferência por modelos de pele
branca, marginalizando os de pele negra. Conclui-se que as representações
masculinas estão em transformação, reetindo mudanças culturais. Apesar
dos progressos, desaos em promover uma representação mais inclusiva
e diversa. O estudo é um resultado parcial, sugerindo pesquisas futuras
para entender melhor essas mudanças ao longo do tempo.
Palavras-chave: Moda; Comunicação; Gênero; Jornalismo de Moda;
Análise de Conteúdo.
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Masculinities and editorials photographs:
communication, fashion and gender on the
Fucking Young!
ABSTRACT
The article examines the changes in representations of masculinities in
fashion editorial photographs from 2015 and 2023, using discourse analysis
(Bardin, 1977) on editorials from the Fucking Young! platform/magazine.
A total of 274 editorials from 2015 and three from 2023 were analyzed.
The results showed evolutions in the representations, with an emphasis on
sports practices, celebration of a healthy body, and connection with nature,
challenging gender paradigms. However, a preference for white-skinned
models persists, marginalizing those with black skin. It is concluded that
male representations are undergoing transformation, reecting cultural
changes. Despite progress, there are challenges in promoting a more
inclusive and diverse representation. The study is a partial result, suggesting
future research to better understand these changes over time.
Keywords: Keywords: Fashion; Communication; Gender; Fashion
Journalism; Content analysis.
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1. INTRODUCCIÓN
Las masculinidades son moldeadas por las características de
cada grupo social, al igual que cualquier identidad de género. Los
sujetos, más o menos oprimidos, siempre están condicionados por
su cultura y necesitan adecuarse a los estándares impuestos para
sobrevivir. La narrativa imagética de los medios de comunicación y
las redes sociales también actúa como un agente de esta imposición
de estándares y la creación de nuevas manifestaciones de género.
Estudiar estos campos ayuda a entender las representaciones
de identidades masculinas a través de los editoriales de moda,
que son narrativas periodísticas y artísticas de lanzamientos,
nuevas tendencias, orientaciones de consumo y materialización de
representaciones de masculinidades.
Los editoriales fotográcos de moda son narrativas basadas
principalmente en imágenes, con algún texto para reforzar el mensaje.
Según Roncoletta (2011), son producciones fotográcas que buscan
transmitir ciertos mensajes mediante looks, ambientación, casting
(selección de modelos), expresión, poses y otros elementos que
integran el escenario creado para el registro. El periodismo de moda,
como en el caso de la revista Vogue, utiliza esta estructura para crear
narrativas centrales en su comunicación (Martins, 2014).
Estas narrativas son construidas por estrategias publicitarias de
las marcas, con el objetivo de crear deseos y relaciones emocionales
con los consumidores, donde la imagen transmite el mensaje de
manera objetiva.As masculinidades são moldadas pelas características
de cada grupo social, como qualquer identidade de gênero. Sujeitos,
mais ou menos oprimidos, são sempre condicionados à sua cultura e
precisam se adequar aos padrões impostos para sobreviver.
El uso de la imagen valoriza el editorial, pues
representa un modelo de una forma más
inmediata y con una relación más evidente con
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
la realidad que retrata. La imagen, el mensaje
icónico, gracias a su naturaleza basada en la
forma y el color, ocupa una posición estratégica
y privilegiada, explorando la percepción visual
del lector y sirviendo como un estímulo a la
lectura. (Gomes, 2010, p. 48-49)
Este trabajo está compuesto de una investigación bibliográca
y dos etapas de recolección de imágenes en editoriales de moda,
que presentan un grupo de imágenes tratando un mismo tema,
presentadas bajo un mismo título, con o sin un texto explicativo. Las
etapas se explican a continuación.
La investigación bibliográca presenta, en primer lugar, un
análisis de los editoriales de moda como campo de la comunicación
y la cultura, asumiendo las representaciones de masculinidades
como representaciones identitarias. Desde la perspectiva de esta
investigación, este proceso de representación se da a través del
consumo, que a su vez ocurre no solo a partir de productos, sino
también del aspecto mediático. Este pensamiento remite al segundo
paso de la presentación teórica, que es reexionar sobre las revistas
y editoriales como medios de transmisión de las masculinidades,
considerando principalmente medios como revistas y sitios de
periodismo de moda.
En cuanto al análisis, este trabajo se propone realizar una
comparación entre las masculinidades presentadas en editoriales de
moda de los años 2015 y 2023, congurándose como cuantitativo,
de contenido y estudio de caso de editoriales indexados en la
plataforma/revista española Fucking Young!. La recolección de los
editoriales de 2015 pasó por un proceso de selección con criterios
de inclusión y exclusión, posteriormente pasando por un proceso de
categorización por similitud. Estas categorías tuvieron mayor o menor
representatividad y, a partir de aquellas con mayor representatividad,
los autores se dedicaron a realizar una nueva recolección en 2023, a
n de comparar cómo estas categorías estaban siendo presentadas
en editoriales.
Para los análisis de las categorías de 2015 y los casos de 2023,
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
se optó por el análisis de contenido (Bardin, 1977). La selección de
imágenes y agrupamiento por similitud puede consultarse en detalle
en el trabajo de disertación “Masculinidades Hiato” (Keller, 2016),
pues esta fue la base de datos utilizada para la primera etapa de esta
investigación. En ambas épocas, se evidenciaron algunos elementos
interesantes, como la presencia de imágenes resaltando la práctica
deportiva, la celebración del cuerpo saludable, el contacto íntimo
con la naturaleza, así como el desafío a paradigmas de género,
pues estaban presentes las expresiones exóticas de los cuerpos,
independientemente del cuerpo o sexo.
También fue posible vericar la permanencia de la preferencia
por modelos de piel blanca, en detrimento de la presencia de aquellos
de piel negra. Y, cuando estaban presentes en los editoriales, tales
modelos adquirían una connotación de extravagantes, de diferentes
a la normalidad
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Editoriales y narrativas: las masculinidades contadas a
través del consumo de medios de comunicación
La relación entre individuos y objetos se revela como un tema
central en la construcción de identidades sociales y en la denición de
la realidad contemporánea. El acto de consumir trasciende la mera
adquisición de productos, convirtiéndose en un agente impulsor de
la narrativa identitaria, permitiendo la identicación con objetos,
marcas, valores monetarios y otras características.
Ricoeur (1991) argumenta que el consumo juega un papel
estructurante en la narrativa, estableciendo conexiones entre el yo y
el otro, así como en la diferenciación singular del yo. La cultura del
consumo, arraigada en los elementos subjetivos de la sociedad, va
más allá de la funcionalidad pura de los objetos, insertándose en la
compleja red simbólica propuesta por Geertz (2008).
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El análisis cultural del consumo implica la capacidad de generar
signicados, valores y normas que rigen ciertos grupos sociales. Jean
Baudrillard (2008), al explorar la práctica del consumo, destaca su
naturaleza como una evasión de lo real, una construcción establecida
mediante la manipulación de signos.
Es crucial destacar que el término «consumo», en este contexto,
no se limita solo a la transacción monetaria, sino que también
abarca la conexión con narrativas arquetípicas difundidas por los
medios de comunicación, ya sean imágenes, hechos o información.
Estos elementos perpetúan la constante mutación orientada por la
efemeridad y la visión positivista de la valorización de lo nuevo.
En la cultura del consumo, la realidad se distorsiona mediante
la manipulación de signos y símbolos. En este sentido, Baudrillard
dice: “La imagen [...] proporciona una sensación de tranquilidad,
manteniéndonos alejados del mundo real, engañándonos más que
comprometiéndonos con la alusión violenta a lo real” (2008, p. 23).
Comprender el consumo como un fenómeno cultural complejo es
esencial para apreciar su inuencia en la formación identitaria y en la
dinámica social contemporánea.
El análisis crítico de la cultura de consumo va más allá de la
observación, comprendiendo sus implicaciones en la formación de
identidades e inuenciando patrones de consumo, valores y normas
sociales sobre identidades de género masculinas. Lipovetsky (2009)
introduce el concepto de “hiperconsumo”, en el cual las identidades se
forman y diferencian a través del consumo. El hiperconsumo refuerza
tanto las identidades masculinas conservadoras como representa a
las identidades masculinas marginalizadas.
La cohesión social en los grupos de consumo se establece
mediante la adopción de códigos que denen la identidad del grupo. La
participación implica la asimilación activa de los signicados y valores
atribuidos a los objetos en el contexto del grupo. Para Featherstone
(1995), el consumo es un acto de interpretación e incorporación de
símbolos que denen productos, identidades y valores de los grupos
asociados.
Considerar los discursos de la moda como producciones
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culturales indica cambios en la sociedad y la cultura (Cantú y Gomes,
2023). En este sentido, la moda contribuye a la identicación de
tendencias e identidades, y su comunicación va más allá de la simple
obtención de bienes; se trata de la apropiación de signicados, valores
y símbolos que impregnan los grupos sociales, reforzando el sentido
de pertenencia y siguiendo las mutaciones simbólicas que delinean
identidades en la contemporaneidad.
El ser social se congura mediante el acto de ser visto,
utilizando el aspecto físico como soporte de discursos. Esto implica
un juego de estrategias para manipular la apariencia a través
de guras y estructuras discursivas que construyen el lenguaje
“vestimental” del sujeto (Castilho, 2004). La moda, como expresión
de vestimenta y cuerpo, permite al sujeto desempeñar diversos roles
sociales, ampliando su capacidad de inuencia y manipulación. Los
pensamientos interpretativos y subjetivos permiten que los sujetos
atribuyan signicado a las cosas, desencadenando la resignicación
(Preciosa, 2005).
En esta lógica, la moda utiliza constantemente elementos
con signicados primarios, creando signicados secundarios y
resignicados. Además, es una textualidad consumible, dirigida
a sujetos con características e identidades especícas. Expresa
identidades, distinciones y se inserta en el contexto de inclusión y
exclusión. La moda masculina es producida por y para los “hombres”,
asimilando formas simbólicas y destacando el papel de los medios de
transmisión de estas masculinidades.
2.2 Revistas de moda: medios de transmisión de las
masculinidades en la comunicación de moda
El análisis de la inuencia de los medios de comunicación en
la construcción de identidades de género requiere una comprensión
profunda de los discursos e ideologías transmitidos a través de
formas simbólicas. Thompson (2011) destaca la responsabilidad de
la industria mediática en la producción y difusión de estas formas,
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impactando signicativamente el contexto social.
Desde el siglo XVI, con la prensa, se observa la “mediatización de
la cultura moderna” (Thompson, 2011). Los medios de comunicación
a menudo invaden el espacio privado ofreciendo visiones particulares
del mundo (Gomes, 2017). Las personas sienten que participan
en una sociedad, aliviando el sentimiento de aislamiento. Canclini
también señala el papel unicador de los medios de comunicación,
que establecen vínculos culturales (citado en Gomes, 2017).
Los procesos de transmisión cultural están íntimamente ligados
a los medios técnicos de producción y difusión de formas simbólicas.
En el fenómeno de la moda, medios como revistas y sitios web
especializados inuencian el comportamiento, celebrando la identidad
social, la individualidad, la distinción y la diferenciación.
Según Thompson (2011), las revistas y los sitios web comparten
características distintas en sus procesos de transmisión cultural. Estos
medios tienen capacidad media de jación de información, con baja
participación en la producción de contenido pero alto involucramiento
en su reproducción, especialmente en los sitios web.
Históricamente, las revistas masculinas se han centrado en
deportes y erotismo. Queiroz (2009) observa que el contexto histórico
ha inuenciado la dirección editorial de estas publicaciones, reejando
uniformidades en los modelos masculinos durante períodos de guerra.
La cultura juvenil ha traído un enfoque en modelos más jóvenes y
en el cuerpo, la salud y la juventud, marcando una transición en la
representación de la masculinidad y evidenciando la inuencia de los
medios de comunicación en la denición de estándares.
Sin embargo, es fundamental señalar que las revistas no crean
modelos de masculinidad de manera aislada, sino que responden al
mercado consumidor y a la cultura en la que están insertas. Reejan y
proponen estándares éticos y estéticos que evolucionan con el tiempo,
desviándose de las uniformidades anteriores. La diversicación
del mercado editorial también ha traído revistas masculinas más
abiertas a cuestiones de estilo de vida y moda, evitando una explícita
erotización. Estas publicaciones representan a un hombre más
receptivo a la inuencia mediática sobre sus hábitos, un proceso que
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resuena con las características de las revistas femeninas.
Los cambios en el contenido de las revistas reejan
transformaciones éticas y estéticas en la construcción de la
masculinidad, alejándose de uniformidades asociadas a períodos
de guerra y explorando facetas más sensuales. La apertura hacia
diferentes formas de expresión masculina evidencia la adaptabilidad
de los medios al mercado consumidor. La plataforma/revista Fucking
Young!, por ejemplo, se describe de la siguiente manera:
“Fucking Young” comenzó como una
plataforma inspiradora centrada en estéticas
juveniles derivadas del hemisferio masculino.
Nuestra libertad nos permitió combinar artistas
establecidos con emergentes, ayudando a
estos últimos a alcanzar su propio público. Una
sinergia que debe mucho a una pasión por las
artes ha crecido desde entonces hasta llegar
a un punto en el que no solo promovemos
contenido creado por otros, sino que también
patrocinamos y colaboramos en la creación
de dicho trabajo. Ahora, celebramos también
la creatividad de esta comunidad con nuestra
revista impresa, que busca reejar mejor
nuestro amor y presencia en el hemisferio
juvenil de la actualidad (Fucking Young, s.f.,
2023).
La mencionada publicación, al igual que los medios
en general, a través de editoriales y revistas, propone
representaciones masculinas mediante fotografías, entrevistas,
anuncios y editoriales fotográcos de moda. Estos medios
transmiten una variedad de formas simbólicas que moldean e
inuyen en la construcción de la identidad masculina, un proceso
dinámico y en constante evolución que sugiere la profunda
inuencia de las imágenes transmitidas en la formación de estas
identidades.
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3. METODOLOGÍA
Para este estudio, se adoptó un enfoque metodológico
basado en la perspectiva simbólica para comprender los discursos
y la cultura subyacente al fenómeno de la moda. Se implementaron
dos fases distintas: una primera de recopilación de discursos
en el contexto de la moda y una segunda etapa centrada en
el análisis profundo de las categorías de masculinidades más
prominentes y recurrentes en los discursos.
La primera fase de la investigación involucró la recopilación
de editoriales publicados en la plataforma/revista Fucking Young!
(Fucking Young, 2023) durante los meses de enero, febrero,
septiembre y octubre de 2015, tal como se presentó en Keller
(2016). Por otro lado, la segunda fase incluyó la selección de
tres editoriales publicados en 2023, uno para cada categoría
representada. Esta selección permitió comparar las producciones
mediáticas en dos períodos temporales separados por casi una
década, con el objetivo de identicar continuidades y/o cambios
en las representaciones textuales de las masculinidades
presentadas en la revista.
Para el análisis del material obtenido, se emplearon las
etapas del método de análisis de contenido propuesto por
Laurence Bardin (1977), lo cual contribuyó signicativamente
a la comprensión global de los textos relacionados con las
masculinidades en el contexto de la moda. El proceso de análisis
de contenido siguió las fases establecidas por Bardin (1977), que
incluyen la preparación de la información, la transformación del
contenido en unidades, la categorización de estas unidades y,
nalmente, la descripción e interpretación. Este estudio abordó
estas etapas, considerando la estrecha relación con el objeto de
análisis y sus inferencias, a partir de la muestra de imágenes
basada en criterios de inclusión y exclusión especícos.
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Tabla 1 - Factor de inclusión y exclusión de la muestra de imágenes
Fase Factor de inclusión Factor de exclusión
Etapa 1 - ser un editorial organizado
por una revista
- incluir modelos o mani-
quíes
- proporcionar imágenes es-
táticas
- ser una campaña publicitaria
- ser exclusivamente una foto del
producto
- estar fuera del período de
enero, febrero, septiembre y
octubre de 2015
Etapa 2 - corresponder a las catego-
rías de masculinidad más
recurrentes en la primera
etapa
- proporcionar imágenes es-
táticas
- ser una campaña publicitaria
- ser exclusivamente una foto del
producto
- estar fuera del período de
diciembre de 2023
Fonte: Keller (2016)
Este trabajo siguió las siguientes etapas, considerando las
relaciones con su objeto de análisis e inferencia.
Tabela 2 – Etapas de la analisis del contenido
Etapa Acción
Preparación de la infor-
mación 1.1 Análisis de los editoriales de los meses de
enero, febrero, septiembre y octubre de 2015.
1.2 - Descripción del editorial por características
como la indumentaria de los modelos, escenario,
características físicas, actitud, composición de la
escena y tratamiento de la imagen.
Transformación del con-
tenido en unidades y ca-
tegorización
Agrupamiento por categorías de masculinidades
Descripción e in-
terpretación Descripción de las 3 categorías más recurrentes
Fuente: Elaborado por los autores (2024), adaptado de Bardin (1977) y
Moraes (1999)
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Para el procesamiento de los datos, se siguieron los pasos
resumidos por Roque Moraes (1999) en formato de temas basados
en las etapas indicadas por Bardin (1977), que son: preparación
de la información, unitarización o transformación del contenido en
unidades, categorización o clasicación de las unidades en categorías,
descripción y, nalmente, interpretación.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os datos obtenidos de los 274 editoriales publicados en 2015
fueron sometidos a categorización basada en diversas masculinidades
identicadas. Entre las categorías recurrentes, se destacaron:
Deportividad, Aventurero/Rusticidad y Agénero, cada una presentando
un conjunto distinto de características que se detallan a continuación.
La etapa de transformación del contenido en unidades y su
correspondiente categorización produjo los siguientes datos:
Tabela 3 - Categorización de la análisis
Categorías antidades
Deportivo 48
Aventureiro/Rusticidade 40
Agender 33
Rebeldia 28
Militar 25
Tradicional 23
Delicadeza/Solidão 19
Erótico 10
Fonte: Elaborado por los autores (2024)
La categoría de Deportividad enfatizó la práctica deportiva, la
sugerencia de movimientos y la celebración del cuerpo saludable,
destacando la representación urbana y la presencia, en algunos
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casos, de modelos afrodescendientes. Por su parte, la categoría de
Aventurero/Rusticidad se centró en espacios abiertos, contacto con
la naturaleza y una estética más desalineada, asociada a la fuerza
de origen funcional. La categoría agénero desaó paradigmas al
proponer una expresión de género independiente de la relación con
el cuerpo o el sexo, frecuentemente caracterizada por la extrañeza y
el exotismo.
Aspectos adicionales relevantes revelaron una clara preferencia
por modelos de piel blanca en los editoriales, mientras que los
modelos negros frecuentemente estaban asociados con discursos
exóticos, marginalizados o incluso de feminización. La presencia del
cuerpo masculino expuesto fue una práctica común, reiterando la
virilidad como elemento central en la representación del honor y la
masculinidad.
Estos resultados no solo clarican las tendencias en la
representación de la moda masculina en los editoriales, sino
también los complejos discursos culturales y simbólicos integrados
en las narrativas fotográcas, reejando y moldeando nociones
contemporáneas de masculinidad. Para aportar más materialidad
a esta discusión, se presentarán las categorías más frecuentes,
describiéndolas y aplicando un análisis basado en ejemplos de
editoriales analizados, comparando las recopilaciones realizadas en
2015 y las correspondientes categorías en 2023.
4.1. Deportivo
La práctica de deportes, la sugerencia de movimientos y el
enfoque en los músculos rígidos son una forma de celebración del
cuerpo saludable. Esta categoría destaca la tecnología, la ocupación
de espacios exteriores o especícos para la práctica deportiva. Pueden
actuar en escenarios como estudios, fondos innitos, pero también
en entornos urbanos, en ocasiones sugiriendo que sean guetos o
lugares marginados. Esto mostró diferencias en la comparación de
los dos períodos temporales.
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En cuanto a las características físicas, la categoría de esportividad
recurrentemente presentó modelos con cabello corto, especialmente
en los laterales. El maquillaje, a veces, representaba la presencia de
sudor en el rostro y abdomen de los modelos, indicando la práctica
de deporte o alguna actividad física exigente.
Todas estas características se pueden observar, por ejemplo,
en el editorial titulado “Fire and the Thud”. En este editorial, el
modelo Michael Thiedemann es fotograado por Lucio Aru & Franco
Erre y producido por Anita Krizanovic, vistiendo ropa interior de
Merz B. Schwanen, Rick Owens, H&M, American Apparel, Bench,
Allegri y Everlast. El editorial fue producido exclusivamente para la
revista online Fucking Young! (Fucking Young, 2015a). Reforzando
las cuestiones de representación de espacios ocupados por la
masculinidad estándar, este editorial se llevó a cabo en el Fitness
Center aTB en la ciudad de Berlín.
Figura 1 – Editorial Fire and the Thud
Fuente: Fucking Young, 2015a
Otro punto importante para describir esta categoría es la
recurrente juventud como característica física o actitud de los modelos.
El tono lúdico parece hacer referencia al cuerpo eternamente joven,
sugerido por la práctica deportiva. Algunas de estas características
se pueden ver en el siguiente editorial, fotograado para la edición
especial de Primavera/Verano de 2015 de la revista AnOther. En este
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editorial, el modelo Garrett Ne es fotograado por Collier Schorr,
con la producción de Katie Shillingford.
Figura 2 - Editorial Primavera/Verão de 2015 da
revista AnOther
Fuente: Fucking Young, 2015b
Los encuadres no están perfectamente enfocados, a menudo
dejando al modelo casi fuera de la imagen. Se cree que este tipo de
elección caracteriza la representación de una escena en movimiento,
como si hubiera prisa por capturar el momento, sin tiempo para una
planicación perfecta del ángulo.
Para la comparación con 2023, los criterios de selección apuntan
al caso de la publicación titulada “Boyhood”, según la revista.
Scotty Tsunami está cambiando
completamente el signicado de ser un chico
con su último proyecto, “Boyhood”. No, no
es el típico relato de masculinidad. Es una
rebelde yuxtaposición de lo que normalmente
se considera masculino con sutiles toques del
lado más suave. (Fucking Young, 2023a).
Aquí, la deportividad se actualiza a partir de la modicación
de la masculinidad estándar representada en 2015, pero aún con
elementos recurrentes como el torso desnudo y el cabello corto que
aparece en algunos modelos. A diferencia de las características de la
categoría llamada “deportividad” en el año 2015, el caso estudiado de
2023 de la misma categoría presenta modelos con cuerpos denidos
pero no necesariamente fuertes, a veces incluso delgados. El color
rosa no estaba presente en esta categoría en 2015, pero ahora se
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utiliza tanto para teñir el cabello como para elementos decorativos
en las fotos. En cuanto a la decoración, es importante notar el encaje
aplicado en las texturas de las paredes, mostrando la manifestación
de lo femenino y la delicadeza en las fotos, especialmente en los
ejemplos seleccionados y presentados.
Figura 3 - Editorial Boyhood
Fuente: Fucking Yung, 2023a
La representación de la masculinidad relacionada con la
deportividad, al comparar el análisis de contenido de toda una
categoría de 48 editoriales de 2015 con el editorial Boyhood, revela
importantes cambios en la masculinidad durante este período. Lo
que se puede armar es que en la primera colección no había tantos
elementos relacionados con lo femenino, como la delicadeza, el color
rosa y las inspiraciones en trabajos manuales. Por lo tanto, no se
puede suponer que haya ocurrido un cambio drástico, sino que los
discursos sobre esta categoría se han enriquecido, incorporando
nuevas estéticas en sus narrativas.
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4.2 Aventureiro/Rusticidade
El espacio del campo abierto y el contacto con la naturaleza son
los entornos de existencia más representados en esta categoría de
masculinidad. El aspecto descuidado de las barbas, bigotes y cabellos
es una manifestación de este entorno, que se ve poco inuenciado
por las normas de apariencia de la sociedad.
Figura 4 – Editorial Jon Kortajarena por Matthew Brookes
Fuente: Fucking Young, 2015
La fuerza se representa a través de músculos menos trabajados.
La denición muscular no parece provenir de ejercicios en gimnasios,
sino que la naturalización del hombre rústico le conere una fuerza
de origen funcional, sugiriendo la vida en el campo.
Esta categoría destaca a modelos solitarios, materializando la
aparente y supuesta autosuciencia de la masculinidad. Las actitudes
contemplativas también son frecuentes. Para la composición de las
escenas de esta categoría, un ambiente bucólico presta cierta poesía
a la imagen. El contacto con la naturaleza, los campos y las ores
suavizan esta forma de masculinidad, reforzada por ltros sepia con
un aire vintage. En cuanto a la indumentaria, esta categoría emplea
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materiales más rudos como el denim y el cuero. La silueta es suelta
y cómoda, a veces incluso funcional.
En el editorial de 2023, la representación de esta categoría
aparentemente mantiene el tono bucólico, intensicando dicha
estética en algunas imágenes. El contacto con la naturaleza sigue
siendo íntimo. La ubicación de este hombre rústico ahora parece
menos remota, pero aún alejada de cualquier urbanidad, posiblemente
incluso más marginal debido a la arquitectura de los escenarios.
Figura 5 – Editorial Dreamboat
Fuente: Fucking Young (2023b)
Como se observa, el cuerpo sigue siendo más delgado que
musculoso, manteniendo un tono de masculinidad y belleza sin
pretensiones. Tanto en la recopilación de 2015 como en la de 2023,
el maquillaje y la estética de los modelos, junto con las barbas mal
cuidadas, frecuentemente se combinan con bigotes prominentes.
En esta categoría destacan también los cabellos largos, a menudo
desaliñados.
4.3 Agender
Entre las categorías más recurrentes, la tercera propone una
expresión de género que no se basa en la relación con el cuerpo
o el sexo. Curiosamente, el discurso que compone esta categoría
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masculina está fuertemente arraigado en la ruptura de paradigmas y
la evasión de los estándares de la masculinidad normativa.
Durante la composición de esta categoría, se observaron
dos formas de manifestación del género agénero en los editoriales
analizados. La primera se basa en el biotipo del modelo (un hombre
con rasgos y apariencia femeninos), y la segunda ocurre cuando el
modelo es presentado (a través de ropa y maquillaje) como una
mujer.
En cuanto a los tipos físicos, en esta categoría predominan
los cuerpos delgados, con músculos denidos pero no fuertes, con
hombres de constitución más delgada. En cuanto a las características
étnicas, hay una diversidad de tipos que incluye modelos orientales,
negros, albinos, latinos y caucásicos.
El editorial “The Soul Escapes Our Everyday Lives” fue
fotograado por Lucas Imbimbo como parte de un editorial exclusivo
para la revista Fucking Young! (2015d). Este material sirve como
manifestación de la categoría agénero en 2015.
Figura 6 - Editorial The
Soul Escapes Our Everyday Lives
Fuente: Fucking Young (2015d)
En cuanto a la vestimenta, hay una preferencia por cortes
desestructurados en esta categoría de masculinidad agénero. Los cortes
inusuales evitan las formas tradicionales o casuales, contribuyendo
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a un aspecto de extrañeza y un cierto tono artístico. A diferencia
de otras categorías encontradas en los editoriales, la masculinidad
agénero utiliza poco la exhibición del cuerpo. El torso desnudo, tan
común en otras categorías recurrentes, se ve escasamente en este
modelo presentado.
La categoría agénero ha experimentado importantes cambios
estéticos en comparación entre las dos recopilaciones. Como estudio
de caso para los editoriales agénero en 2023, se eligió el editorial que
acompaña la entrevista con el actor y productor de contenido Eduard
Torres.
Figura 7 - Editorial entrevista con Eduard Torres
Fuente: Fucking Young (2023b)
En la comparación entre la categoría de 2015 y el ejemplo
elegido de 2023, se entiende que el exotismo deja de ser un elemento
fundamental, haciendo que (al menos discursivamente) la masculinidad
agénero sea menos distante del estándar de masculinidad. Esto puede
sugerir tanto un camino hacia el vaciamiento de la estética como
una recticación de la idea agénero para atender más fácilmente las
demandas de consumo.
Tanto en 2015 como en 2023, los encuadres pueden ser más
artísticos, pero esa libertad no es una característica aisladamente
importante para la categoría agénero en ambas épocas.
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4.4 Otras reincidencias importantes
Para una comprensión más completa sobre las masculinidades
presentadas en los discursos de moda, se considera importante que
más características reincidentes sean levantadas en la etapa de
análisis de contenido. Así, en este apartado se presentarán cuestiones
consideradas relevantes para la comprensión de la signicación de
las masculinidades en cuestión en la contemporaneidad.
En el análisis global de los editoriales (sin la división por
categorías) se percibe la existencia de una clara preferencia por
modelos de piel blanca. Aunque algunas categorías tengan más
o menos incidencia de modelos de determinadas razas, llama la
atención la discrepancia presentada en la tabla a continuación.
Tabela 4 - Análisis del color de piel de los modelos
Color de piel Persona piel
blanca
Persona piel
negra
Persona piel
mestiza
Persona piel
amarilla
Incidencia 253 26 4 6
Proporción 92% 9% 1% 2%
Fuente: elaborado por los autores (2024)
Para reforzar los estereotipos de género, esta cuestión sugiere
que para una mejor representación de la masculinidad es necesario
elegir modelos de piel clara, incluso si la publicación tiene alcance
global. Es importante destacar que de 30 editoriales que presentan
celebridades, solo uno elige a un modelo negro, excluyendo por
completo a modelos de piel mestiza o amarilla. En este caso, la
celebridad elegida fue el cantante y compositor estadounidense Luke
James, fotograado por Rodrigo Cid y con estilismo de Chris Pearson,
para un editorial producido exclusivamente para la revista en línea
Fucking Young! (Fucking Young, 2015d).
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Figura 8 - Editorial de Luke James fotografado por
Rodrigo Cid
Fuente: Fucking Young (2015d)
En cuanto a la piel de los modelos, se observa que los modelos
negros están asociados principalmente con discursos que los presentan
como exóticos, con características de extrañeza o primitivismo, según
el cuadro siguiente:
Tabela 5 - Análisis de características de editoriales con modelos de piel negra
Modelos piel negra Quantidade Descrição
Deportivo 4 Exaltación de los músculos,
movimiento
Tradicional 2 Uso de trajes de sastrería, cabello
corto y recortado
Exótico 10 Extrañeza, primitivo
Feminización 2 Ropa femenina, maquillaje
femenino, silueta femenina
Fuente: Elaborado pelos autores (2024)
El análisis de contenido permite percibir que los modelos
negros están relacionados principalmente con un discurso que
los presenta como exóticos, con características de extrañeza o
primitivismo.
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Figura 9 - Editorial Oliver
Kumbi
Fuente: Fucking Young
(2015e)
El negro retoma la necesidad de conrmación por parte del
otro, como si su existencia fuera ajena al espacio normativo de la
masculinidad tradicional o aceptada. En ambos periodos se destaca el
uso de modelos con el cuerpo expuesto. Hay una clara preocupación
por mostrar el cuerpo masculino como viril y saludable. Los discursos
sobre las masculinidades que muestran el cuerpo expuesto reiteran
la cuestión del honor masculino. Según Bourdieu (2014, p. 32):
El cuerpo tiene su frente, lugar de la
diferencia sexual, y sus costas, sexualmente
indiferenciadas [...] tiene sus partes públicas,
cara, frente, ojos, bigote, boca, órganos,
nobles de la presentación, en los cuales se
condensa la identidad social, el punto de
honor.
La elección de mostrar el cuerpo, por lo tanto, responde a la
necesidad inmediata de representar la masculinidad como un cuerpo
noble y fuerte, sin que esto se vea ocultado por la ropa. La estrategia
aplicada busca crear un punto de referencia para las identidades
masculinas como ejemplo a seguir, reproduciendo y difundiendo las
prácticas normativas. Al mismo tiempo, crea en el público femenino
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admiración por la proximidad a lo masculino perfecto, adecuado al
imaginario de virilidad, fuerza y salud.
La virilidad, como se ve, es una noción eminentemente
relacional, construida frente a otros hombres, para otros hombres y
en contraste con la feminidad, por una especie de miedo a lo femenino,
y construida, en primer lugar, dentro de uno mismo (Bourdieu, 2014,
p. 79). Así, se percibe que la elección de la virilización refuerza la
actuación de la masculinidad normativa. Por lo tanto, a través de los
modelos, se instruye sobre estándares de prácticas corporales que
adquieren el carácter de fuerza y virilidad, como representación del
honor y la hombría.
5. CONCLUSIONES FINALES
La metodología adoptada permitió comprender los discursos y
la cultura relacionados con el fenómeno de la moda. Los resultados
mostraron que las representaciones de deportividad enfatizaron la
actividad deportiva y la celebración del cuerpo saludable, mientras que
la rusticidad y aventura se centraron en el contacto con la naturaleza
y una estética más desalineada. La categoría agénero desaó los
paradigmas de género, proponiendo una expresión independiente del
cuerpo o del sexo, a menudo asociada con la extrañeza y el exotismo.
El análisis reveló preferencias por modelos de piel blanca
en los editoriales, con modelos negros a menudo asociados con
discursos exóticos o marginados. La representación del cuerpo
masculino expuesto rearmó la virilidad como elemento central
en la representación de la masculinidad. Las comparaciones entre
los editoriales de 2015 y 2023 mostraron evoluciones en las
representaciones. Por ejemplo, la categoría agénero en 2023 demostró
una menor distancia del estándar de masculinidad en comparación
con 2015, sugiriendo cambios en los discursos para satisfacer las
demandas contemporáneas.
Se destacaron aspectos importantes, como la preferencia por
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modelos de piel blanca y las representaciones exóticas de modelos
negros. La elección de mostrar el cuerpo masculino reforzó los
estándares de virilidad y honor, sugiriendo una construcción relacional
de la masculinidad, moldeando normas y difundiendo prácticas
normativas. Se comprende que la comparación entre los dos períodos
puede ser más concreta si se realiza el mismo análisis cuantitativo
en el material de 2015 y se compara con los contenidos de 2023.
Además, los resultados parciales de esta investigación ya muestran
el potencial de reexión presente en el objeto de estudio, validando
que las categorías más prominentes del primer periodo continúan
representadas en los editoriales de moda masculina.
De este modo, esta investigación contribuyó a comprender
las representaciones contemporáneas de masculinidad en la moda,
destacando la complejidad de las manifestaciones de comunicación
de moda como discursos culturales incorporados en estas narrativas
fotográcas. Además, se resalta la importancia de analizar
críticamente las representaciones de género en la industria de la
moda, reexionando y moldeando las nociones contemporáneas de
masculinidad.
Esta investigación tiene carácter de resultado parcial, ya que es
posible desarrollar una investigación más amplia, repitiendo análisis
cuantitativos en ambos periodos para comparar no solo las categorías
(intra-categorías), sino también considerar otras categorías que
puedan resultar más relevantes en 2023. La posibilidad de continuar
esta investigación podría identicar otras categorías y sus signicados,
revelando percepciones sobre las masculinidades diferentes a las
discutidas en este estudio para una reexión aún más diversa sobre
el campo del género.
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