Dossiê – Moda, Sustentabilidade e Inclusão
V.16, N.40 — 2023
DOI: http://dx.doi.org/10.5965/1982615x16402023118 E-ISSN 1982-615x
ModaPalavra, Florianópolis, V. 16, N. 40, p. 118-166, jul/dez. 2023
A valorização e a inclusão de
comunidades em projeto de moda:
coleções de Ronaldo Fraga
Maria Fernanda Sornas Viggiani
Mestranda, Universidade de São Paulo/ fernanda.sornas@usp.br
Orcid: 0000-0001-9235-9851/ Lattes
Francisca Dantas Mendes
Doutora, Universidade de São Paulo / franciscadm.tita@usp.br
Orcid: 0000-0001-7487-7508/ Lattes
Lara Leite Barbosa
Doutora, Universidade de São Paulo / barbosall@usp.br
Orcid: 0000-0002-8636-2904/ Lattes
Enviado: 30/12/2023 // Aceito: 02/03/2023
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A valorização e a inclusão de comunidades
em projeto de moda: coleções de Ronaldo
Fraga
RESUMO
O artigo em epígrafe tem como objetivo pesquisar a dimensão social
da sustentabilidade, com foco no princípio da valorização e inclusão de
comunidades locais em projetos de moda, por meio das coleções de
Ronaldo Fraga. A metodologia para obtenção dos dados iniciou-se por
pesquisa bibliográca para denição dos objetivos e construção do estado
da arte, posteriormente, realizou-se um estudo de caso a partir de duas
coleções de Ronaldo Fraga, para investigar como o designer valoriza e inclui
comunidades em seus projetos de moda, por m, para análise qualitativa
dos dados pautou-se na técnica de análise de conteúdo. Conclui-se que
as coleções escolhidas para análise neste trabalho demonstram como o
estilista consegue colocar em suas criações discussões relevante para a
sociedade, remetendo debates sobre o modo de produção da indústria da
moda, assim como, o consumo consciente e a integração com recursos do
próprio país, sendo estes aspectos ideológicos da sustentabilidade.
Palavras-chave: Dimensão social. Sustentabilidade. Slow Fashion.
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Valuing and including communities in a fashion
project: collections by Ronaldo Fraga
ABSTRACT
The above article aims to research the social dimension of sustainability,
focusing on the principle of valuing and including local communities in
fashion projects, through Ronaldo Fraga’s collections. The methodology for
obtaining the data started with a bibliographical research to dene the
objectives and build the state of the art, later, a case study was carried out
from two Ronaldo Fraga collections, to investigate how the designer values
and includes communities nally, for the qualitative analysis of the data,
the technique of content analysis was based on her fashion projects. It is
concluded that the collections chosen for analysis in this symbolic work as
the stylist manage to put relevant questions for society in their creations,
referring to debates about the mode of production of the fashion industry,
as well as conscious consumption and integration with resources from the
own country, these being ideological aspects of sustainability.
Keywords: Social dimension. Sustainability. Slow Fashion.
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Valorar e incluir a las comunidades en un
proyecto de moda: las colecciones de
Ronaldo Fraga
RESUMEN
El artículo anterior tiene como objetivo investigar la dimensión social de la
sostenibilidad, centrándose en el principio de valorización e inclusión de las
comunidades locales en los proyectos de moda, a través de las colecciones
de Ronaldo Fraga. La metodología para la obtención de los datos partió
de una investigación bibliográca para denir los objetivos y construcción
del estado del arte, posteriormente se realizó un estudio de caso de dos
colecciones de Ronaldo Fraga, para indagar cómo el diseñador valora e
incluye nalmente a las comunidades. , para el análisis cualitativo de los
datos, la técnica de análisis de contenido se basó en sus proyectos de
moda. Se concluye que las colecciones escogidas para el análisis en esta
obra simbólica, como la del estilista, logran plantear cuestiones relevantes
para la sociedad en sus creaciones, remitiendo a debates sobre el modo de
producción de la industria de la moda, así como el consumo consciente y la
integración con recursos del propio país, siendo estos aspectos ideológicos
de la sustentabilidad.
Palabras clave: Dimensión social. Sustentabilidad. Moda Lenta.
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1. INTRODUÇÃO
Na década de 1960 começa-se a discussão a respeito da sustentabilidade
formando discursos e interjeições para preservar a permanência do ser
humano no planeta. Contudo, com o passar das décadas a quantidade e a
amplitude dos acontecimentos e informações propiciaram a necessidade de
se repensar o assunto, a m de corrigir atitudes e desvios relacionados ao
desenvolvimento tanto global como humano.
O conceito de desenvolvimento sustentável aceito atualmente foi
denido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(1983 a 1989), no evento da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU),
como “[...] aquele que responde às necessidades das gerações presentes
sem comprometer a capacidade das gerações futuras atenderem suas
próprias necessidades” (CMMAD apud SANTOS et al., 2019, p. 21). Em
2011 este conceito foi renovado na Conferência das Nações Unidas, o Rio
+20, cando denido como “[...] modelo que prevê a integração entre
economia, sociedade e meio ambiente. Em outras palavras, é a noção de
que o crescimento econômico deve levar em consideração a inclusão social
e a proteção ambiental”. (ALMEIDA; MOURA, 2015, p. 60).
Quando se relaciona a indústria da Moda com o desenvolvimento
sustentável percebe-se que esta caminha na contramão, sendo a segunda
indústria mais poluente, perdendo apenas para a indústria petrolífera.
Estudos pertinentes à Sustentabilidade na Moda costumam voltar-se à
dimensão ambiental, principalmente devido às ações midiáticas, logo, há
uma carência de estudos na dimensão social da sustentabilidade para a
moda.
Este artigo tem como propósito pesquisar o princípio da valorização e
inclusão de comunidades locais na dimensão social da sustentabilidade em
projetos de moda, por meio das coleções de Ronaldo Fraga, demonstrando
como um designer de moda pode inserir este princípio em seus projetos de
produtos. Para tanto, tem-se como questão de pesquisa: Como o designer
de moda pode inserir e valorizar comunidades locais no processo de projeto
de seus produtos?
Por conseguinte, o trabalho foi dividido em duas etapas: primeiramente
realizou-se uma pesquisa bibliográca sobre a relação da moda com
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a sustentabilidade com foco na dimensão social, compreendendo seu
princípio da valorização de recursos e competências locais para a moda;
posteriormente, desenvolveu-se uma análise nos trabalhos de Ronaldo
Fraga, pois se trata de um designer brasileiro que trabalha e valoriza a
cultura do país em suas coleções, portanto, este trabalho terá como foco
duas coleções do estilista: As Mudas” e “Somos todos Paraíba”, para a
compreensão de como é trabalhado a inclusão de comunidades locais em
seus projetos de moda.
2. MODA E SUSTENTABILIDADE
Nas últimas décadas a indústria da Moda tornou-se insustentável, de
acordo com a pesquisa realizada pela Agência de Proteção Ambiental (EPA)
dos Estados Unidos, entre os anos de 1960 a 2016 houve um aumento
em 909% de resíduos têxteis descartados, ou seja, de 1,76 milhões de
toneladas subiu para 16 milhões de toneladas de resíduos têxteis destinados
a aterros sanitários (SIMÕES-BORGIANI, 2021). No Brasil, somente na
cidade de São Paulo entre os anos de 2017 a 2020 foram geradas 29.169
toneladas de resíduos têxteis, sendo que desse montante 23.824 toneladas
são descartes de materiais produzidos no corte de confecções e o restante
de roupas pós-consumo (RECICLA SAMPA, 2020).
Ainda no aspecto ambiental a moda se destaca pela quantidade de
carbono produzido durante toda sua cadeia produtiva, assim como pelos
milhões de litros de corantes que poluem hidrovias e os bilhões de litros de
água gastos desde o processo de plantação até o tingimento e lavanderia.
Socialmente a moda vive um retrocesso na história pelo fato de ainda
conviver com casos de trabalhos análogos a escravidão humana, realidade
que está mais próxima do que se imagina, pois, somente no Estado de São
Paulo concentra-se a maior quantidade de casos deste tipo de trabalho ilegal
no espaço urbano, com estimativa entre 12 a 14 mil pequenas ocinas de
costuras clandestinas instaladas (VIGGIANI; BARATA, 2021).
Desde 1995 o Brasil resgatou 55 mil trabalhadores em situações
semelhantes à escravidão através de operações de scalização realizadas
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pelos Auditores Fiscais do Trabalho. No primeiro semestre de 2020 foram
resgatadas 231 pessoas submetidas à escravidão contemporânea; entre
2016 a 2018, a cada cinco trabalhadores resgatados nessas condições,
quatro eram negros (OIT, 2021).
Um dos motivos da moda caminhar na contramão da sustentabilidade
é o dumping social - concorrência desleal das empresas que pagam salários
baixíssimos aos trabalhadores a m de garantir um aumento no lucro - que
as empresas convivem. Isto ocorre porque muitas marcas de varejos e grifes
nacionais e internacionais terceirizam e até quarteirizam as produções de
suas coleções, desobrigando-se dos pagamentos relacionados aos direitos
trabalhistas e encargos scais para aumentarem seus lucros.
Relacionada diretamente com esta concorrência desleal está à cultura
do fast fashion (moda rápida), conceito de grandes lojas que se espalharam
pelo mundo nos anos 1990, a qual prioriza as atualizações constantes do
design de suas peças com preços baixos, cujo foco era ofertar tendências
apresentadas nas passarelas da moda às lojas de departamentos o mais
rápido possível, com grandes produções em curto espaço de tempo
aderindo à terceirização com ocinas de costuras que ofertam valores
baixos e rápida entrega. Com esta cultura surgem produtos com qualidades
inferiores, porém cresce o consumo frenético e desenfreado, principalmente
de produtos de moda (DANTAS, 2020).
Nessa premissa, tem-se que tanto o dumping social como a cultura
do fast fashion são prejudiciais não apenas para quem os praticam,
mas também para toda a sociedade, pois ocorrem desde violações de
direitos trabalhistas até prejuízos ambientais incalculáveis. Além de o fast
fashion gerar uma moda sem propósito e sem signicado de criação e
desenvolvimento de produtos, já que a moda caiu em banalização total
com o aumento de cópias dos produtos (YAHN, 2021).
A mesma sociedade que disseminou e aderiu ao fast fashion e à
obsessão pelo consumo, agora busca pela conscientização da sociedade
aos estragos ocasionados dando início a uma jornada rumo a uma moda
mais sustentável, priorizando pelo conceito do slow fashion (moda lenta),
o qual valoriza o processo criativo sustentável, prezando por peças com
maior qualidade, criadas para durar com suas modelagens atemporais,
produzidas com bras e processos naturais ou até mesmo reciclados.
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De acordo com Dantas (2020), quando as questões sociais e ambientais
tornam-se visíveis e palpáveis, o consumidor ca apto a mudanças de
imagem de determinadas marcas, e consequentemente compreende
melhor o valor de uma peça de moda desenvolvida artesanalmente em
uma pequena manufatura local, estando dispostos a pagar até 20% a mais
por uma peça de vestuário produzida de modo sustentável.
Nesse contexto, ao pensar em moda sustentável cada etapa do
processo criativo do slow fashion deve integrar as três dimensões da
sustentabilidade, isto é, concernir o movimento de cada etapa processual
da cadeia produtiva, como: qual produto está sendo utilizado, quem está
produzindo, qual a sua procedência e qual o seu destino.
A compreensão e o equilíbrio dos pilares da sustentabilidade são
necessários uma vez que se almeja o desenvolvimento sustentável com
propósito a longo prazo em igual importância e interdependentes, sendo
estes pilares: dimensão econômica, dimensão social e dimensão ambiental.
A dimensão ambiental estrutura-se no capital natural e contempla
quesitos pertinentes “às ciências naturais, à ecologia, à diversidade
biológica, à poluição, à proteção da saúde humana e à administração de
recursos renováveis e não renováveis, entre outros” (SANTOS et al., 2019, p.
22). Esta dimensão propicia maior foco em pesquisas devido às catástrofes
naturais que são repercutidas pelas mídias, tal como as sensações climáticas
que ocasionam incômodo a grande parcela de pessoas de diferentes países.
Para a indústria da moda, os desaos dessa dimensão são: consumo e
tratamento da água, consumo de energia e emissões atmosféricas, uso
de químicos e descarte de dejetos tóxicos, geração e gestão de resíduos,
condições de trabalho dignas e novos modelos de negócio (SALCEDO,
2014).
Relacionada ao desenvolvimento do valor econômico, a dimensão
econômica se associa ao bem-estar e a busca por uma sociedade mais
equitativa e justa na sua distribuição. Portanto, esta dimensão visa por um
comércio justo assim como modelos de negócios e sustentabilidade como
estratégia. Relacionada à indústria da moda, esta dimensão tem como
desao desenvolver novos modelos de negócios, baseando-se em serviços
e não no acréscimo de volume de bens ou propriedades (SANTOS et al.,
2019; ALMEIDA; MOURA, 2015; SALCEDO, 2014).
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O capital humano diz respeito à dimensão social, a qual é alusiva
diretamente à aplicação integral dos direitos humanos, na busca de obter
uma sociedade mais coesa socialmente e com equidade, logo, a dimensão
social visa o design para o bem-estar e para a empatia, beneciando a
produção local e contribuindo com melhores condições de trabalho. Nesta
dimensão a indústria da moda enfrenta problemas principalmente nas
condições de trabalho, devido à escravidão contemporânea, tanto quanto
problemas relacionados a identidade cultural e valorização de produções
locais (SANTOS et al., 2019; ALMEIDA; MOURA, 2015).
Analisando estas três dimensões da sustentabilidade salienta-se
que para uma marca se intitular “sustentável” é necessário “promover a
capacidade do sistema produtivo de responder à procura social de bem-
estar utilizando uma quantidade de recursos ambientais drasticamente
inferior aos níveis atualmente praticados” (MANZINI; VEZZOLI, 2008, p.
23). Dessa maneira, o foco não deve estar em apenas uma das dimensões,
caso isso ocorra o desenvolvimento sustentável será inecaz, pois as três
dimensões possuem igual importância.
Fato que torna relevante a integração da totalidade e transparência
do tripé da sustentabilidade em toda a cadeia produtiva, com essencial
empenho de todos responsáveis nesta cadeia produtiva do produto, inclusive
os designers de moda, como coloca Manzini e Vezzoli (2008) ao armarem a
importância do papel dos designers na escolha e uso dos materiais utilizados
na produção seriada, contribuindo para a mudança do perl da produção e
do consumo, assim como à resolução de problemas reais e as alternâncias
efetivas para contribuir com a sustentabilidade desses sistemas.
Estudos sobre o desenvolvimento sustentável têm como foco as
dimensões ambientais, como discutido anteriormente, devido sua maior
notoriedade pelas mídias, principalmente quando relacionado à indústria da
moda. A dimensão social apresenta necessidade de relevância em estudos
de modo geral, revelando uma lacuna na literatura conforme apontam os
autores Lourenço e Carvalho (2013) e Lima et.al. (2017) em suas pesquisas.
Partindo desta proposição, este trabalho pretende preencher a lacuna em
pesquisas com foco na dimensão social na indústria da moda.
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2.1 Dimensão Social na Moda
No design para a sustentabilidade a dimensão social trabalha
contribuindo na busca por uma sociedade justa e ética, contemplando a
satisfação das necessidades humanas básicas, a conservação e a melhoria
do bem-estar da qualidade de vida atual e do futuro, assim como a
valorização da cultura e redução da desigualdade social. “Desta forma,
uma sociedade socialmente sustentável é aquela que é inclusiva, justa e
democrática” (SANTOS et al., 2019, p. 16).
Como mencionado anteriormente, comparada às demais dimensões
da sustentabilidade, a dimensão social possui igual importância para o
desenvolvimento sustentável, contudo, a mesma é negligenciada ao discutir
a sustentabilidade na moda. Ressalta-se nesse enfoque que os conceitos
da dimensão social partem de um panorama idealizador do estado ansiado
para a sociedade, para tanto, a explicação de tais conceitos partem de
referências do tripé do pensamento revolucionário francês: liberdade,
igualdade e fraternidade. De base nesses conceitos referenciais denem-se
dois conceitos essenciais para a dimensão social, sendo: a coesão social e a
equidade, dos quais serão derivados os princípios e heurísticas da dimensão
em questão.
O conceito da coesão social aborda o estado ao qual um determinado
grupo humano obtém a união ou vínculo em torno de princípios, regras,
comportamentos e interesses comuns, garantindo-os unidos em um grupo
social, isto é, ocorre o compartilhamento de objetivos, ações, ideais e
crenças. Na ausência da coesão social haverá uma situação de confusão
e desintegração social. No que se refere à produção e consumo mais
sustentável haverá maior probabilidade de sucesso quando houver uma
sociedade coesa compartilhando visões de futuro sustentável. A contribuição
do design para a coesão social está na promoção e favorecimento de sistemas
que viabilizem uma integração de pessoas dentro das comunidades, isto
é, não apenas a inserção de pessoas com características comuns, mas
sim a aproximação entre as diferentes e antagônicas características dos
indivíduos (SANTOS et al., 2019).
A equidade dene-se na constante busca pela diminuição de barreiras
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sociais, culturais, econômicas e políticas que se originam na exclusão ou
desigualdade. Salienta-se neste enfoque que a equidade e a igualdade não
são sinônimos, uma vez que a equidade respeita e reconhece os direitos
fundamentais de cada indivíduo, demandando por imparcialidade e justiça.
Este conceito respeita a diversidade cultural, favorecendo a igualdade de
oportunidades e o combate à discriminação em todas as suas formas.
(SANTOS et al., 2019).
Em consonância a estes conceitos compreende-se que o intuito desta
dimensão na moda são as pessoas, propiciando seu bem-estar e praticando
uma moda ética, aspirando projetar a favor da cultura local, praticando
o slow fashion, valorização dos artesãos, cuidando do produtor de suas
matérias-primas e concedendo trabalho justo e digno, além de proporcionar
saúde e segurança no desenvolvimento de capacidades. Contudo, em prática
a dimensão social na moda mostra-se insustentável ao tangenciá-la aos
problemas constantes relatados de trabalhadores agrados em condições
semelhantes a escravidão, o desrespeito às leis dos países produtores e à
declaração internacional dos direitos humanos.
Comparada às dimensões ambiental e econômica da sustentabilidade,
a dimensão social apresenta constantemente desaos mais complexos e
difíceis de serem replicados, para tanto, os princípios de cada dimensão
servem como base para sua compreensão e para o desenvolvimento de
soluções para uma sociedade socialmente mais sustentável. Na dimensão
social os princípios são: melhorar as condições de trabalho e emprego,
favorecer a inclusão de todos, melhorar a coesão social, promover a
educação em sustentabilidade, instrumentalizar o consumo responsável, e
valorizar recursos e competências locais - este último será aprofundado o
estudo para este artigo a seguir.
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2.2 Valorização de recursos e competências locais
Este princípio da dimensão social tende a promover e favorecer
sistemas, produtos e serviços proporcionando a proteção, a regeneração e
a valorização dos recursos e competências locais, a m de aumentar o valor
percebido com relação a valores e identidades culturais locais, colaborando
com o aumento da inclusão de atores locais no processo produtivo de bens
e serviços, oportunizando a melhoria do bem-estar social (SANTOS et al.,
2019, p. 76).
Incursiona-se nesse enfoque a valorização dos ativos e da economia
local que tendem a favorecer uma melhor equidade e maior democratização
do acesso a bens e infraestrutura, assim como a redução do êxodo de
indivíduos nas comunidades que buscam por melhores condições econômicas,
devido a esta valorização e redescoberta de hábitos e costumes locais, os
quais foram desenvolvidos ao longo do tempo pela relação constante das
pessoas com o meio natural e articial.
Fletcher e Grose (2011) armam que a base da insustentabilidade
está na lógica da produção e da distribuição globalizadas coordenadas
pela economia, principalmente na indústria da moda que perpetuam na
incapacidade de compreensão de seus impactos ecológicos e sociais. De
acordo com as autoras, quando se passa a produção para uma escala
menor as relações entre materiais, pessoas, lugares, comunidades e
meio ambiente também mudam, dando como explicação que uma fábrica
regionalizada conhece as pessoas que trabalham internamente assim como
as pessoas ao seu redor, sendo possível identicar uma mudança no estado
de ânimo da comunidade logo quando os negócios tendem a prosperar.
O design local corrobora com a redução de transporte de produtos,
criando empregos próximos aos mercados, possibilitando maior controle dos
padrões ambientais, demandando um pensamento criativo por parte dos
designers em diversos níveis para que funcione na prática. Quando o setor
da moda prioriza o local para promover a sustentabilidade esta fomenta a
solidez econômica, a diversidade cultural e estética, porém, a cultura fast
fashion destrói isto ao disseminar uma estética ocidental única alinhada
com a globalização, tendo os designers de moda como cúmplices disso ao
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se inspirar em uma região e copiá-la para outra, onde irá reproduzir a menor
custo e reduzindo o elemento cultural a mero ornamento supercial, além
de reduzir a viabilidade e as tradições locais acelerando a padronização de
mercados e produtos.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Para coleta de dados e desenvolvimento deste trabalho realizou-se
primeiramente uma pesquisa bibliográca para contribuir na denição dos
objetivos e levantar informações a respeito do assunto pesquisado para
construção do estado da arte. Esta pesquisa explorou artigos cientícos de
periódicos e congressos, livros (físicos e e-books), dissertações, teses e
publicações via internet.
Após análise teórica da dimensão social na indústria da moda, focou-
se em analisar o princípio da valorização de recursos e competências locais,
para tanto, escolheu-se o estilista brasileiro Ronaldo Fraga para estudo
devido sua contribuição e aculturação ao Brasil em seus projetos de moda.
Para obter o resultado da pesquisa desenvolveu-se um estudo de
caso a respeito de dois desles do estilista, uma vez que este método
investiga acontecimentos em seu contexto real na prática, havendo
mínimo controle do pesquisador sobre os eventos e onde a divisão entre
os fenômenos indagados e o contexto não são denidos claramente. Em
síntese, este método tem como característica “a demanda por múltiplas
fontes de evidências como estratégia para viabilizar a validação interna e
análise” (SANTOS, et al., 2018, p. 92).
A coleta de dados para o estudo do caso se deu por pesquisas
documentais e bibliográcas, a qual possibilitou ampliar o objeto de estudo,
contudo, trabalhou-se com os releases das coleções, documentos em que
o próprio estilista expressa o seu envolvimento com o tema da coleção e
traduz um conceito, os vídeos dos desles e institucionais disponíveis na
internet, imagens dos desles disponíveis em sites especializados em moda
e sites ociais dos desles.
A análise qualitativa dos dados pautou-se na técnica de análise de
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conteúdo, a qual é realizada em três fases: pré-análise, exploração do
material, e tratamento e interpretação dos resultados. Na primeira fase,
a pré-análise, ocorre a organização, escolha e sistematização das idéias
iniciais dos documentos que serão analisados, estabelecendo indicadores
para a interpretação nal dos dados. A segunda fase, exploração do
material, ocorreu a codicação e categorização de todo o material de
análise, considerando aspectos comuns entre as coleções e a dimensão
social da sustentabilidade para a moda. Por m, na terceira fase, a análise
de conteúdo e tratamento dos resultados, apoiou-se no referencial teórico
para discutir a relação entre a moda e a dimensão social da sustentabilidade
por meio das análises das duas coleções de Ronaldo Fraga.
4. RESULTADOS E ANÁLISES
4.1 Ronaldo Fraga e a valorização local
Entre os diversos estilistas brasileiros a escolha por Ronaldo Fraga
para este trabalho se deu pela sua proximidade com a cultura brasileira,
o qual incorpora questões que estão em pauta na sociedade e instiga
possibilidades de repensar a moda visando a sustentabilidade. Sua
aculturação ao Brasil remete em suas coleções processos que valorizem o
conhecimento e os aspectos socioculturais, históricos e regionais, além da
preservação do país.
Ronaldo Fraga é natural de Belo Horizonte-MG, estilista brasileiro
formado em Design de Moda pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) e pós-graduado pela Parsons School of Design de Nova York,
e Central Saint Martins de Londres. No ano de 2007 recebeu a medalha
de Ordem do Mérito Cultural, concedida pelo ministro da cultura da época,
Gilberto Gil, sendo o primeiro representante da moda brasileira nesta
categoria, a qual se destina a personalidades que valorizam a cultura
brasileira em seus trabalhos. Em 2010 e 2014 foi selecionado como um dos
sete estilistas mais inovadores do mundo pelo Design Museum de Londres
(WIKIPÉDIA, 2022).
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Em seus trabalhos o estilista caracteriza suas criações com desles
temáticos, por meio de elementos importantes para reexões sobre as
culturas regionais, identidade cultural, memória e história, fato que inspira
diversos estudos acadêmicos em diferentes áreas do conhecimento,
corroborando na condução de uma noção de sustentabilidade fundada
nos aspectos sociais e éticos devido a valorização tanto de recursos
como competências locais, uma vez que Ronaldo Fraga trabalha com
pessoas e materiais da própria região que está em pauta no momento do
desenvolvimento da sua coleção.
De acordo com o estilista (DOMESTIKA, 2021), a maior inuência
para o seu trabalho é olhar como um mestiço para o Brasil, país de um povo
construído por meio da fusão de diversas culturas. Berlim (2012) enfatiza
que o trabalho de Ronaldo Fraga traz o conceito de sustentabilidade por
englobar questões culturais e humanas, principalmente ao gerar renda,
bem-estar social, preservação social e ambiental para uma comunidade,
conforme visa a dimensão social, além das reexões em seus discursos em
entrevistas e palestras.
4.2 Coleção “As Mudas”
No 45º São Paulo Fashion Week (SPFW), em 2018, Ronaldo Fraga
lançou a coleção denominada “As Mudas”, a qual levou para as passarelas
100 modelos representando o desastre de Mariana, em Minas Gerais, um
dos piores acidentes ambientais da história do Estado ocorrido em novembro
de 2015, causado pelo rompimento de duas barragens da mineradora
Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Billiton. Ao todo a tragédia deixou
19 pessoas mortas, devastou o Rio Doce, liberou cerca de 39 milhões de
metros cúbicos de rejeitos de mineração e prejudicou todo o ecossistema
do local (SANTOS, 2023).
Após sete anos da tragédia o processo criminal ainda não foi
encerrado, encontra-se na fase de depoimentos de testemunhas. Com o
atraso em três anos, a Fundação Renova (criada pelas mineradoras Vale,
Samarco e BHP Billiton) responsável pela reparação dos danos, começou a
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reassentar as primeiras famílias vítimas do desastre em outubro de 2022, a
Fundação tem previsão de concluir 121 residências, enquanto 196 famílias
aguardam o reassentamento. A Fundação Renova pagou até setembro de
2022 o total de R$ 11,5 bilhões em indenizações e Auxílios Financeiros
Emergenciais (AFEs) para mais de 403,8 mil pessoas (G1 MINAS, 2022).
Esta tragédia marcou para sempre a vida de um povo que despertou
em Ronaldo Fraga o sentimento de reconstrução e esperança, para isso, o
estilista fez uma parceria com as bordadeiras de Barra Longa (MG) uma
das cidades atingidas pelo desastre ambiental um coletivo formado por
32 mulheres, de 17 a 80 anos, denominado As Meninas Bordadeiras de
Barra Longa”.
O nome dado a coleção As Mudas - foi escolhido pela sua
ambiguidade, pois se refere tanto ao silêncio dessa população após o
desastre, como remete a tentativa de se reconstruir, a mudança de vida,
além das mudas de plantas que ali existiam antes de tudo virar lama com
a tragédia. Em seu documentário sobre o desenvolvimento dessa coleção,
Ronaldo Fraga declara do seu encantamento pelo “Brasil feito à mão”, pois
este tipo de trabalho remete a história de um lugar e a formação do país
(FRAGA, 2020).
Essa história nasceu quando fui convidado para
ir até lá conhecer um grupo de bordadeiras.
Cheguei, dei o nome ao projeto, que se
chama Meninas da Barra Longa (a gente fala
meninas, mas tem bordadeiras de 80 e poucos
anos ali). No primeiro encontro, pedi que elas
trouxessem bordados que caíram em desuso,
que elas guardavam de forma preciosa, e uma
delas, que é a mestra e está com princípio de
Alzheimer levou uma camisolinha de batismo
que todos os primos dela tinham usado. Em
Minas tem muito disso, de uma peça passar
de uma pessoa para a outra na família. “Mas a
minha era muito mais bonita”, ela disse. E eu
perguntei “Cadê a sua?”. “A lama levou”, ela
respondeu. “Então, vamos bordar outra para
a próxima geração”, eu falei. Acho que é isso o
que tem que ser feito agora. Já se falou muito
da tragédia pela tragédia. Agora, a gente
corre um risco de viver uma tragédia cultural
também, além da ambiental. É um saber que
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está se perdendo por vários motivos. Um
deles é que, por serem estigmatizadas pela
história, as pessoas estão recebendo suas
indenizações e indo embora. Acho que isso
merece uma vitrine. (FRAGA, 2018, apud
MORAIS, 2021, p.15)
Com a tragédia ambiental da região o estilista viu a possibilidade
de valorizar os recursos e as competências que ali permaneceram, dentre
estes a união com as artesãs locais. A m de estimular um reordenamento
econômico e a auto estima dessas mulheres que viram suas casas e seus
jardins serem levados pela lama, o estilista as convidou para bordarem suas
memórias de plantas para que os jardins delas re-existissem através das
roupas de uma nova coleção, como um caminho de resgate, renascimento
e superação das perdas sofridas pela tragédia.
De acordo com Morais (2021, p. 14) o interesse de Ronaldo Fraga
pelo bordado mineiro e a parceria com as bordadeiras de Barra Longa surgiu
do desejo de aprofundamento neste universo em que a técnica vai além
do mercado, “se encontra no âmago da criação e da originalidade de um
bordado bem feito, cuja paixão atravessa gerações e traz à tona memórias
seculares”.
Estas bordadeiras sempre tiveram as folhagens como referências
em seus trabalhos, fato que inspirou Fraga a trabalhar com folhagens
nativas daquela região, tais como: “Comigo Ninguém Pode”, “Espada de
São Jorge”, “Coroa de Cristo”, mesclando com diversos galhos, raízes e
animais cobras, aranhas e sapos -, que foram bordados em tecidos de
linho e seda rústica, nas cores marm, o white e preto. Além do resgate da
história dessas mulheres também se resgatou as modelagens das peças por
elas utilizadas, tendo como inspiração as camisolas de batismo, conforme
apresenta a Figura 1.
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Figura 1. Imagens do desle “As Mudas” de Ronaldo Fraga com as
bordadeiras de Barra Longa/MG.
Fonte: Hoje em dia (2021).
No início do trabalho muitas das artesãs mineiras acreditavam que
não conseguiriam realizar o trabalho sugerido pelo estilista, devido ao
processo trabalhoso no curto prazo de tempo para o dia do desle, contudo,
os 100 modelos caram prontos a tempo de subir à passarela. O resultado
de todo trabalho surpreendeu as bordadeiras ao visualizarem toda a
ambientação da sala do desle inspirada no desastre que elas vivenciaram,
além da coleção toda reunida contando a história delas, pois elas bordavam
individualmente as peças, cando emocionadas ao verem suas peças sendo
desladas na passarela do SPFW (FRAGA, 2020).
De acordo com Fraga (2020) esta coleção foi apenas uma “semente
plantada” em um momento difícil para esta região do Brasil, contribuindo
para sua valorização e reconhecimento nacional, uma vez que a prossão
dessas mulheres vai muito além do dinheiro, trata-se de um ofício que
conta a história delas, de sua região e do país, logo, o estilista corroborou
na escrita da primeira página dessa nova história que se inicia após a
tragédia ambiental, favorecendo para a mudança de vida prossional dessas
mulheres e promovendo a autoestima das mesmas. A Figura 2 mostra o
estilista com algumas das bordadeiras de Barra Longa ao nal do projeto.
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Figura 2. Ronaldo Fraga e as Bordadeiras de Barra Longa.
Fonte: Ronaldo Fraga - Youtube (2021)
.Esta coleção mostra a seriedade do estilista em atrair os olhares
da sociedade com relação às tragédias ambientais, desenvolvendo pontes
entre os diferentes “Brasis” (nome que Fraga utiliza para falar das diferentes
culturas nacionais) com o intuito de aproximar o rural com o industrial,
a arte com a tecnologia e, acima de tudo, incentivar comunidades na
retomada de geração de emprego e renda por meio da inclusão em seus
projetos de moda.
4.3 Coleção “Somos todos Paraíba”
A renda renascença paraibana tem suas origens no artesanato
italiano de Veneza, que chegou ao nordeste do Brasil no século XIX com
a ocupação do Convento Santa Teresa por religiosas, as quais caram
famosas por serem as únicas a confeccionar este tipo de bordado. Esta
técnica foi considerada um segredo durante séculos, contudo, na década
de 1930, este conhecimento foi passado às humildes mulheres do sertão
paraibano, e desde então transmitido a cada geração (JESS, 2017).
Em parceria entre Sebrae, Programa do Artesanato Paraibano
(PAP) e Governo da Paraíba, o estilista Ronaldo Fraga foi convidado para
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realizar ocinas de capacitações para diversas mulheres rendeiras do Cariri
Paraibano, em 2019. O projeto teve como propósito desenvolver uma coleção
que contribuísse para o aumento das vendas das rendas renascentistas
paraibanas diretamente com as artesãs, retirando a dependência de
intermediários (KUSSIK, 2022).
Para realização da parceria rmada, Fraga juntou o talento das
rendeiras paraibanas e valorizou a beleza da renda renascença - a qual
para o estilista vai muito além da geração de renda, trata-se da auto-
estima das rendeiras, o pertencimento ao lugar e ao tempo - para criar a
coleção “Somos todos Paraíba”.
As ocinas com o designer duraram seis dias, contando com a presença
de 35 rendeiras, que caram responsáveis em transmitir os aprendizados
às demais artesãs dos cinco municípios envolvidos no projeto, sendo eles:
São Sebastião do Umbuzeiro, Zabelê, Monteiro, Camalaú e São João do
Tigre. Regiões que inspiraram a coleção de moda por meio das obras do
artista plástico local Flávio Tavares, que retrata a cultura do Estado e cenas
cotidianas em suas obras. Com tais referências, o estilista trabalhou com
pássaros, peixes, lagartos e cobras em cada ponto das rendas, mesclando
em meio a folhas e ores com cores vivas, conforme mostra a Figura 3
(KUSSIK, 2022).
Figura 3. Fraga no desenvolvimento da coleção “Somos todos Paraíba”.
Fonte: Kussik (2022).
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No primeiro dia da ocina, o artista plástico Tavares apresentou
suas obras às artesãs e falou sobre seu processo criativo. Após este
reconhecimento cultural e a criação de um iconográco, foram desenvolvidos
padrões e produzidas amostras no restante da semana de ocinas. Com as
amostragens em mãos criaram-se os desenhos para os vestidos, saias,
blusas e acessórios que compõem a coleção, que foi produzida por centenas
de rendeiras.
Em janeiro de 2020, na capital Paraibana – João Pessoa - ocorreu o
desle com 25 modelos do próprio Estado, que apresentaram os 40 looks
confeccionados pelas artesãs do projeto. A trilha sonora do desle também
valorizou as habilidades locais com a cantora Sandra Belê, lha de rendeira.
Após o desle, o governador do Estado, João Azevêdo, e a presidente
do Programa do Artesanato Paraibano (PAP), Ana Maria Lins, assinaram
o protocolo de intenções para a instalação do Centro de Referência do
Artesanato do Cariri, com sede no município de Monteiro, o qual envolverá
mais de quatro mil artesãos do Estado.
O intuito desse projeto foi potencializar o aspecto econômico do
artesanato paraibano, favorecendo o crescimento do mercado local,
gerando mão-de-obra e oportunidades de emprego, além do fortalecimento
e a valorização da cultura local. A união com o designer e o artista plástico
contribuiu para o novo incremento, protagonismo e prossionalismo no
artesanato local.
Em novembro de 2021 foi inaugurado, na cidade de Monteiro/PB,
o Centro de Referência da Renda Renascença e do Artesanato (CRENÇA)
seguindo o protocolo de intenções para a instalação assinado após o desle
“Somos todos Paraíba”. O espaço serve de vitrine para a produção local
do Artesanato em Renda Renascença, assim como, local de encontro das
artesãs para obterem informações, orientações, cursos e ocinas, além da
promoção do desenvolvimento cultural, turístico e econômico da região.
Como forma de incentivo à continuidade das atividades das artesãs, o
Governo do Estado destinou R$ 760 mil por meio do Programa Empreender-
PB. (GOVERNO DA PARAÍBA, 2021).
Em entrevista ao site do Governo da Paraíba (2020) Ronaldo Fraga
discorre da importância de trazer traços da manifestação da cultura brasileira
para a moda, reforçando a idéia do “Brasil feito à mão”, criando ponte
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com os diferentes “Brasis” que existem, devendo este ser o compromisso
civil do designer brasileiro. Sua parceria neste projeto tende a fortalecer
a comercialização da renda renascença, símbolo da região do Cariri
apresentando-a para o Mundo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho demonstrou com as coleções de Ronaldo Fraga
como o designer de moda pode trabalhar a sustentabilidade em seus projetos
visando a dimensão social, por meio de: auxílio na melhoria de vida das
populações carentes, fabricação de produtos socialmente responsáveis e
com recursos locais, criatividade elaborando modelos únicos e atemporais,
além de ofertar melhores condições de trabalho.
Com o seu nome junto a estas comunidades em suas coleções, Fraga
proporcionou a visibilidade nacional e internacional do trabalho dessas
artesãs, possibilitando coesão social e equidade através do aumento do valor
percebido com relação a valores e identidades culturais locais, união em
torno dos objetivos das comunidades, reduzindo assim o êxodo de indivíduos
para região com melhores condições econômicas e compartilhando visões
para um futuro sustentável a partir de técnicas antigas de trabalho.
No contexto das coleções analisadas observa-se a possibilidade de
trabalhar com o slow fashion, priorizando o local e utilizando a criatividade
em seus produtos, sem a necessidade de copiar marcas e produzir em
grandes quantidades para se destacar no mercado. Posto isto, observa-se
que Fraga consegue colocar em suas criações discussões relevantes para a
sociedade, remetendo debates sobre o modo de produção da indústria da
moda, assim como, o consumo consciente e a integração com recursos do
próprio país, sendo estes aspectos ideológicos da sustentabilidade.
Portanto, priorizar atores locais em projetos de moda abrange
uma maneira essencialmente distinta de criar, que demanda postura
organizacional efetivamente inclusiva e competências estratégicas, pois
quando bem executada desestabiliza poderes e relações de cadeia de
fornecimento e alcança um impacto social positivo ao estabelecer parcerias
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê Moda, Sustentabilidade e Inclusão
bem-sucedidas.
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Dossiê – Moda, Sustentabilidade e Inclusão
V.16, N.40 — 2023
DOI: http://dx.doi.org/10.5965/1982615x16402023118 E-ISSN 1982-615x
ModaPalavra, Florianópolis, V. 16, N. 40, p. 118-166, jul/dez. 2023
Appreciation and insertion of communities
in a fashion project: Ronaldo Fraga’s
collections
Maria Fernanda Sornas Viggiani
Master’s Degree Student, Universidade de São Paulo/ fernanda.sornas@usp.br
Orcid: 0000-0001-9235-9851/ Lattes
Francisca Dantas Mendes
PhD, Universidade de São Paulo / franciscadm.tita@usp.br
Orcid: 0000-0001-7487-7508/ Lattes
Lara Leite Barbosa
PhD, Universidade de São Paulo / barbosall@usp.br
Orcid: 0000-0002-8636-2904/ Lattes
Sent: 12/30/2023 // Accepted: 03/02/2023
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê Moda, Sustentabilidade e Inclusão
Appreciation and insertion of communities in a
fashion project: Ronaldo Fraga’s collections
SUMMARY
The following article has the objective of researching the social dimension
of sustainability in the fashion collections of Ronaldo Fraga focusing on
the principle of appreciation and insertion of local communities in fashion
projects. The methodology to obtain the data has begun with a bibliography
research in order to dene the objectives and build the state of art; after
that there was a case study based on two collections of Ronaldo Fraga
aiming at investigating how the designer values and includes communities
in his fashion projects. Finally, the quantitative analysis was based on the
technical analysis of content. In conclusion, the collections chosen for
the analyses in this study show how the fashion designer is able to raise
relevant discussions to the society in his creations, bringing about debates
on the modes of production in the fashion industry as well as conscious
consumerism and integration with resources of the country itself, those
being the ideological aspects of sustainability.
Keywords: Social dimension. Sustainability. Slow fashion.
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A valorização e a inclusão de comunidades
em projeto de moda: coleções de Ronaldo
Fraga
RESUMO
O artigo em epígrafe tem como objetivo pesquisar a dimensão social
da sustentabilidade, com foco no princípio da valorização e inclusão de
comunidades locais em projetos de moda, por meio das coleções de
Ronaldo Fraga. A metodologia para obtenção dos dados iniciou-se por
pesquisa bibliográca para denição dos objetivos e construção do estado
da arte, posteriormente, realizou-se um estudo de caso a partir de duas
coleções de Ronaldo Fraga, para investigar como o designer valoriza e inclui
comunidades em seus projetos de moda, por m, para análise qualitativa
dos dados pautou-se na técnica de análise de conteúdo. Conclui-se que
as coleções escolhidas para análise neste trabalho demonstram como o
estilista consegue colocar em suas criações discussões relevante para a
sociedade, remetendo debates sobre o modo de produção da indústria da
moda, assim como, o consumo consciente e a integração com recursos do
próprio país, sendo estes aspectos ideológicos da sustentabilidade.
Palavras-chave: Dimensão social. Sustentabilidade. Slow Fashion.
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Valorar e incluir a las comunidades en un
proyecto de moda: las colecciones de
Ronaldo Fraga
RESUMEN
El artículo anterior tiene como objetivo investigar la dimensión social de la
sostenibilidad, centrándose en el principio de valorización e inclusión de las
comunidades locales en los proyectos de moda, a través de las colecciones
de Ronaldo Fraga. La metodología para la obtención de los datos partió
de una investigación bibliográca para denir los objetivos y construcción
del estado del arte, posteriormente se realizó un estudio de caso de dos
colecciones de Ronaldo Fraga, para indagar cómo el diseñador valora e
incluye nalmente a las comunidades. , para el análisis cualitativo de los
datos, la técnica de análisis de contenido se basó en sus proyectos de
moda. Se concluye que las colecciones escogidas para el análisis en esta
obra simbólica, como la del estilista, logran plantear cuestiones relevantes
para la sociedad en sus creaciones, remitiendo a debates sobre el modo de
producción de la industria de la moda, así como el consumo consciente y la
integración con recursos del propio país, siendo estos aspectos ideológicos
de la sustentabilidad.
Palabras clave: Dimensión social. Sustentabilidad. Moda Lenta.
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1. INTRODUCTION
In the 1960’s a discussion about sustainability begins creating
discourses and interjections in order to preserve the life of the human
being in the planet. Nonetheless, as the decades went by the quantity and
range of events and information have brought up the need to rethink the
issue aiming to correct attitudes and deviations related to both human and
global development.
The concept of sustainable development accepted nowadays was
dened by the World Commission of Environment and Development (1983
to 1989) in the United Nations Assembly as “[…] the development that
meets the needs of the present without compromising the ability of future
generations to meet their own needs” (CMMAD apud SANTOS et. al., 2019,
p. 21). In 2011 this concept was renewed in the United Nations Conference
known as Rio +20, being then dened as “[…] the model that foresees
the integration of economy, society and environment. In other words, it
is the idea that economical growth should consider social insertion and
environmental protection” (ALMEIDA; MOURA, 2015, p. 60).
When referring to the Fashion Industry with sustainable development
it is noted that this one goes on the opposite direction , being the second
most polluting industry, the rst being the petroleum industry. Studies of
sustainability in fashion focus on the environment dimension especially due
to media actions, therefore there is lack of studies concerning the social
dimensions of sustainability in fashion.
This article has the objective of researching the beginning of
appreciation and insertion of local communities in the social dimension
of sustainability in fashion projects, through collections of Ronaldo Fraga,
presenting how a fashion designer can bring this concept in product projects.
In order to do so, the research question in: How the fashion designer can
appreciate and insert local communities in the process of the project of
their products?
Therefore, the article has been divided into two parts: rst there has
been a bibliography research connecting fashion and sustainability focusing
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on the social dimension, comprehending its principle of appreciating and
valuing local resources and abilities; second, there has been an analysis
of the works of Ronaldo Fraga, since he is a Brazilian designer who works
and values the country’s culture in his collections. Hence the focus of this
paper being on two collections of this fashion designer “As Mudas” and
Somos todos Paraíba, in order to comprehend how the insertion of local
communities in his fashion projects is done.
2. FASHION AND SUSTAINABILITY
In the last decades the fashion industry has become unsustainable,
according to research published by the Agency of Environmental Protection
of the United States of America (EPA), between the years of 1960 and
2016 there has been a raise of 909% of fabric residues discarded, that is,
from 1,76 million of tons it has gone up to 16 million tons of fabric residues
going to landlls. (SIMÕES-BORGIANI, 2021). In Brazil, only in São Paulo
29.169 tons of textile residues were produces between the years of 2017
and 2020; being 23.824 tons coming from waste of cutting manufacturers
and the rest coming from post consumed clothing (RECICLA SAMPA, 2020).
Still, environmentally fashion stands out for the amount of carbon
dioxide emitted in its production chain as well as for the million of liters of
dye that pollute rivers and the billion of litters of water spent on the process
from the planting of resources to the dyeing and washing of the clothing.
Socially, fashion has been thrown back in history since it still deals
with many cases of slave labour, a reality closer than imagined. Only in
the state of São Paulo, there is an estimate of 12 to 14 thousand small
clandestine sewing ateliers, the greatest number of cases of this kind of
illegal labour in urban areas (VIGGIANI; BARATA, 2021).
In Brazil, since 1995, 55 thousand workers have been rescued from
working in slave-like conditions through inspections operations done by
labor tax auditors. In the rst semester of 2020, 231 people who were
rescued from contemporary slavery and between 2016 and 2018 four out
of ve of the workers rescued from those conditions were black (OIT, 2021).
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Social dumping, which is unfair competition of companies that pay
very low salaries to their workers in order to guarantee higher prots, is
one of the reasons why the fashion industry is considered be unsustainable.
This occurs because many retail brands and national and international
designer labels outsource the production of their collections, therefore not
being responsible for the payment of labor right fees and taxes in order to
make more prot.
Fast fashion culture is intrinsically connected to this unfair competition.
This concept was adopted by many big shops that spread out around the
globe in the 1990s and it prioritizes the constant design update with their
low cost products. Moreover, it focuses on oering the tendencies shown
on the runways to the shops as soon as possible, making necessary a
high production in a short period of time, therefore the use of outsourcing
to sewing ateliers with low cost and fast delivery. Along with this culture
there comes products with low quality and the frantic and unrestrained
consumerism, especially of fashion products (DANTAS, 2020).
In this proposition, both the social dumping and the fat fashion
culture are harmful not only for those who do it but also for the society as a
whole since it causes violation of labour laws and it harms the environment
in an immeasurable way.On top of that, fast fashion brings up a type of
fashion without a purpose, meaningless in its lack of creativity and product
development, since it has now become ordinary with the high number of
products copied and not created (YAHN, 2021).
The same society that has spread and joined the fast fashion mode
and consumerism obsession, now aims for their own awareness of the harm
caused. And there begins a new journey looking at a more sustainable
fashion prioritizing slow fashion that values higher quality products, made
to last, with timeless designs and produced with natural or recycled bers
and going through also more natural processes.
According to Dantas (2020), once social and environmental matters
became visible and measurable, the consumer is more open to image
changes of some brands and consequently understands better the value
of a fashion products which has been produced manually and locally, being
willing to pay up to 20% more for a sustainable produced piece of clothing.
In this context of sustainable fashion, each step of the creative
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process in the slow fashion must have the three dimensions of sustainability,
that is, concerning the movement of each of the stages of the production
chain, such as: what product is being used, who is producing it, where is
comes from and where it is going.
In order to reach sustainable development in the long run, the pillars
of sustainability must be understood and balanced with the same level
of importance being that they are also interdependent. Those pillars are:
economic dimension, social dimension and environmental dimension.
The social dimension is based on natural capital and involves matters
concerning natural sciences, ecology, biological diversity, pollution, human
health care and management of renewable and non renewable resources,
among others (SANTOS et. al., 2019, p. 22). This dimension has greater
focus on researches due to natural catastrophes shown in the media, such
as the feelings about climate change that bother a great number of people
worldwide. For the fashion industry, the challenges are: use and treatment
of water, use of energy and CO2 emissions, use of chemicals and disposal
of toxic waste, residue production and management, dignied working
conditions and new business models (SALCEDO, 2014).
Related to economic value, the economic dimension refers to well-
being and the search for a more fair and equal society. Therefore, this
dimension seeks fair trade as well as business models and sustainability
as its strategy. In the fashion industry this dimension faces the challenge
developing new business plans based on service and not on adding volume
to goods or properties (SANTOS et. al., 2019; ALMEIDA; MOURA, 2015;
SALCEDO, 2014).
Human capital concerns the social dimension which directly refers to
fullling completely human rights in order to obtain a more equal and socially
cohesive society, therefore is seeks design for the well-being and empathy,
benetting local production and contributing to better working conditions.
In this area the fashion industry faces problems especially related to
working conditions due to contemporary slavery and also problems related
to cultural identity and valuing local production. (SANTOS et. al., 2019;
ALMEIDA; MOURA, 2015).
Analyzing these three dimensions of sustainability we highlight that
for a brand to be considered “sustainable” it must “[…] promote the ability
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of the productive system to respond to the goal of well being using a certain
quantity of environmental resources incredibly lower than the current ones”
(MANZINI; VEZZOLI, 2008, p. 23). Therefore, focusing on only one of the
dimensions is not enough, and if it is the case the sustainable development
will not be ecient being that all three dimensions are equally important.
This shows the importance of the total integration and transparency
of the sustainability trio in all stages of the productive chain. All the people
responsible joining eorts in this productive chain, which includes the
fashion designers, as mentioned by Manzini and Vezzoli (2008) when they
highlight the importance of the designers when choosing and using the
materials in the series production, contributing to changing the prole in
both production and consumerism, as well as solving real problems and the
eective alternants to contribute to the sustainability of these systems.
Studies on sustainable development focus on the environmental
dimensions, as discussed before, due to their higher notoriety by the media,
especially when related to fashion industry. The social dimension presents a
need of relevant importance in studies as a whole, showing lack of literature
shown by the authors Lourenço and Carvalho (2013) and Lima et.al. (2017)
on their researches. Based on this propositions this paper aims to ll this
gap in research focusing on the social dimension on the fashion industry.
2.1 Social Dimension in Fashion
In design for sustainability the social dimension contributes trying
to build a fairer and more ethical society, aiming at the fulllment of basic
human needs, keeping and improving the actual and future well being and
life quality, as well as valuing the culture and reducing social inequality.
“This way, a socially sustainable society is the one that is inclusive, fair and
democratic” (SANTOS et. al., 2019, p. 76).
As afore mentioned, compared to the other dimensions of sustainability,
social dimension is of equal importance as the other ones, nonetheless it
is neglected when discussing sustainability in fashion. In this viewpoint
we highlight that the concepts of the social dimension come from an ideal
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overview of the government for the society, therefore the basis of such
concept are on the trilogy of the French revolutionary thinking: freedom,
equality and fraternity. And also based on these referential concepts we
dene two that are essential for the social dimension: social cohesion and
equity, which derive from principles and heuristics of such dimension.
The concept of social cohesion approaches an estate to which a
determined human group obtains union or connection around common
principles, rules, behaviors and interests which is guaranteed to them in a
social group, that is, there are shared objectives, actions, ideals and beliefs.
When there is lack of social cohesion there will be a situation of confusion and
social disintegration. When referring to a more sustainable production and
consumerism there will be a higher probability of success when the society
is more cohesive sharing views to a more sustainable future. A designers
contribution to social cohesion promotes and aids systems that aim at the
integration of people in the communities, that is, not only inserting people
of common characteristics but also the gathering of people with dierent
and opposite characteristics (SANTOS et. al., 2019).
Equity is dened in the everlasting search for the lowering of social,
cultural, economic and political barriers which originate on exclusion and
inequality. On this approach we highlight that equity and equality are not
synonyms, once equity respects and recognizes the fundamental rights of
each individual, demanding impartiality and justice. This concept respects
cultural diversity and favors equality in opportunities and the ght against
discrimination in all its forms (SANTOS et. al., 2019).
According to theses concepts we comprehend that the aim of this
dimension in fashion is people, providing for their well-being and practicing
ethical fashion aiming in favor of local culture, low fashion, valuing crafters,
caring for the producer and their raw materials and providing dignied
and fair work, not to mention health and safety while developing their
abilities. Nonetheless, in reality, the social dimension in fashion is shown
to be unsustainable when we focus on the constant problems related of
workers in slave-like labour conditions, breaking the law of countries and
also going against the International Human Rights.
Compared to the environmental and economical dimensions of
sustainability, the social dimension presents greater, more complex and
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dicult challenges. For that the principles of each dimension are the basis
to their understanding and the creation of solutions for a society socially
more sustainable. In the social dimension the principles are: improving
the conditions of labor and job creating, promoting inclusion, improving
social cohesion, promoting education in sustainability, enabling responsible
consumerism and value local resources and abilities - the latter will be
studies more in depth later in this paper.
2.2 Valuing the local resources and abilities
This principle of the social dimension tends to promote and favor
systems, products and services in order to nd protection, regeneration and
valuing of local resources and abilities, aiming at rising the noted valued
when looking at economic values and local cultural identities. This aim to
collaborate for the inclusion of local crafters in the productive process of
goods and services, and promoting the improvement of social well-being
(SANTOS et.al., 2019, p. 76).
With this focus, valuing the assets and local economy tends to favor
better equity and democratization of access to goods and infra-structure,
as well as reduce the emigration of people from the community who look
for better economic conditions. Owing to this valuing and re-discovery of
habits and local customs which have been developed throughout a long
time with the on going relation of people with natural environment.
Fletcher and Grose (2011) arm that the basis for non-sustainability
relies on the logics that globalized production and distribution coordinated
by the economy, especially in the fashion industry, perpetuate the inability
of comprehension of its social and ecological impact. According to the
authors, once you have smaller scale production the relation between
materials, people, places, communities and environment also change and
that explains that a regional plant recognizes the people who work there as
well as the people around it, therefore it can identify a change in the mood
of the community when business tend to succeed.
Local design promotes with reduction on products transport, creating
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market next to their markets and making it possible to have better
environmental patterns, demanding creative thinking of the designers in
many levels so that the practice can come true. When the fashion industry
prioritizes local labour in order to promote sustainability it promotes
economic sturdiness, cultural and esthetics diversity. On the other hand, the
fast fashion culture destroys that once they disseminate one only western
esthetics, aligned with globalization, having their designers accomplices to
that when they inspire their projects in one region to copy that to another,
where they will reproduce the product with lower cost and also reducing
the cultural element to a mere supercial ornament, and also reducing the
viability and local traditions speeding up the standardization of markets and
products.
3. MATERIALS AND METHODS
In order to collect data and develop this paper, rst we have done
bibliographical research to contribute on the denition of objectives and
nd information regarding the subject on focus to build the estate of art.
This research has explored scientic papers in congresses and magazines,
books (in paper and on-line), dissertations, thesis and on-line publications.
After the theoretical analysis of the social dimension in the fashion
industry, we have focus on analyzing the principle of valuing local resources
and competences. For that we have chosen the Brazilian fashion stylist
Ronaldo Fraga as basis for this study due to his contribution and use of
Brazilian culture in his fashion projects.
In order to reach the result of this research, we have developed a case
study on two of the stylist’s fashion shows since this method investigates
what happens in real life context, there is little control of the researcher
over the events and where the questioned phenomena and the context are
not clearly dened. Summarizing, this method has the characteristic “the
demand of multiple sources of evidences as a strategy to make viable both
internal validation and analysis” (SANTOS, et.al., 2018, p. 92).
The data collection for the case study, done by documental and
bibliographical research, has enabled a broader view of the object of study.
Nonetheless, we have worked with the releases of collections, documents
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in which the stylist himself talks about his connection with the theme of
the collection and brings about a concept; fashion shows and institutional
videos available online, images of the fashion shows available on websites
specialized in fashion and the ocial fashion shows websites.
The quantitative analysis of the data was based on the technique
of content analysis done in three steps: pre-analysis, material exploration
and treating and interpreting the results. On the rst step we organize,
choose and systematize the initial idea of the documents to be analyzed,
establishing indicators for the nal interpretation of the data. On the second
step we codify and categorize all the material for the analysis, considering
common aspects between the collections and the social dimension of
fashion sustainability. Finally, on the third step, we based ourselves on the
theoretical referential in order to discuss the connection between fashion
and the social dimension of sustainability through the analysis of the two
collections of Ronaldo Fraga.
4. RESULTS AND ANALYSIS
4.1 Ronaldo Fraga and local appreciation
Among an array of Brazilian stylists, choosing Ronaldo Fraga for
this project has happened due to his proximity to Brazilian culture which
incorporates the issues actually discussed in the society and he instigates
possibilities of re-thinking fashion with sustainability. His acculturation
brings to his collections processes that value the recognition and social-
cultural, historical and regional aspects, besides preserving the country.
Ronaldo Fraga is from Belo Horizonte - Minas Gerais, a Brazilian stylist
with a degree in Fashion Design by the Federal University of Minas Gerais
and with a post graduation degrees from the Parsons School of Design in
New York and Central Saint Martins in London. In 2007 he was awarded
the medal of Cultural Merit by the then Minister of Culture Gilberto Gil; and
he is the rst representative of Brazilian fashion in this category - which is
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destined to people who value Brazilian culture in their eld of work. In 2010
and 2014 he was selected as one of the seven most innovative stylists in
the world by the Design Museum in London (WIKIPEDIA, 2022).
In his works the stylist characterizes his creations with themed
shows using important elements to raise reections upon regional cultures,
cultural identity, memory and history - fact that inspires various academic
studies in dierent areas, corroborating on the conduction of a notion of
sustainability funded on the social and ethical aspects due to appreciation
of both resources and local competences. This happens because Ronaldo
Fraga works with people and material from the same region on the spotlight
whereas he is developing his collection.
According to the stylist (DOMESTIKA, 2021), the greatest inuence for
his work is to see Brazil as a mixed race person (mestiço) would, looking at
a country build through the mixture of many diverse cultures. Berlim (2012)
emphasizes that Ronaldo Fraga’s work brings the concept of sustainability
mainly because it embraces human and cultural issues, especially when
it generates income, social wee-being and social and environmental
preservation for a community - just as the social dimension pursues; not to
mention the thought provoking speeches he gives in interviews and talks.
4.2 Collection “As Mudas”
On the 45th São Paulo Fashion Week (SPFW), in 2018, Ronaldo
Fraga released a collection called “As Mudas” which brought to the runway
100 models representing the disaster that happened in Mariana - Minas
Gerais, one of the worst environmental incidents in the history of the state
that had happened in November 2015. This incident was caused when two
dams of the mining company Samarco (controlled by Vale and BHP Billiton)
collapsed. This tragedy left 19 people killed, devastated the nearest river
Rio Doce, unleashed about 39 million cubic meters of mining toxic waste
and destroyed the entire local ecosystem (SANTOS,2023).
Seven years after the crime, the criminal law suit has not come to
an end and it is still listening to statements of witnesses. With a three
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year delay, the mining companies Vale, Samarco and BHB Billiton founded
Fundação Renova which should be responsible for damage control and
repair. Only then, in October 2022, have they begun to help with housing
for the rst families of victims of the disaster. This foundation is supposed
to nish building 121 homes whereas 196 families still await for a place
to live. Renova Foundation has paid until September 2022 the amount of
R$11.5 billion reais in reparations and Emergencial Financial Aid (AFEs) to
more than 403.8 thousand people (G1 MINAS, 2022).
This tragedy, which is unforgettable for so many people, has awakened
in Ronaldo Fraga the feeling of reconstruction and perseverance and in
order to show that he created a partnership with a collective called “As
Meninas Bordadeiras de Barra Longa” (“The embroidery crafts girls from
Barra Longa”) which consists of 32 embroidery craftswomen, from 17 to
80 years of age, from Barra Longa, one of the cities that suered with the
environmental disaster in Minas Gerais.
The name chosen to the collection - As Mudas - has been chosen due
to its ambiguity because it refers both to the silence of the people after the
disaster (Muda can mean mute and also sapling) as well as the attempt to
reconstruct, to change their lives and also the tree saplings that existed
there before it all became mud with the tragedy. IN his documentary on the
development of this collection, Ronaldo Fraga declares how enchanted he
is with the “handmade Brazil”, since this type of work takes one to history
of a place and how it was built (FRAGA, 2020).
This story began when I was invited to go
there and get to know a group of embroidery
craftswomen. I got there, named the project,
which is called Girls from Barra Longa, (we say
girls but some of the crafts ladies are 80 and
some years old). When we rst met I asked
them to bring me the embroideries they no
longer used, the ones that were most precious
to them. One of them, who is the master, has
Alzheimer and brought me a baptism dress
that all of her cousins had worn. In Minas
this happens frequently, one piece of clothing
passes on to many people in the family. “But
mine was much more beautiful”she said. So I
asked her “Where is yours?”. “The mud took
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it” she answered. “So, lets embroider one
for the next generation”, I said. I think that
is what has to be done now. We have talked
enough of the tragedy , about the tragedy.
Now we risk on living a cultural tragedy as well,
besides the environmental. It is a knowledge
that is being lost for many reasons and one of
them is that, because there is a stigma over
them for their history, people are getting their
nancial reparations and leaving. I think this
deserves a shop window (FRAGA, 2018, apud
MORAIS, 2021, p.15).
With the environmental tragedy in the area, the stylist saw the
possibility of valuing the resources and competences that remained by
getting together with those women. In order to stimulate a new economical
order and self-esteem on those women who saw their houses and gardens
being taken by the mud, the stylist invited them to embroider their memories
of the plants so that their gardens could relive through the clothes of a
new collection, as a way to recover, to be reborn and overcome the losses
brought by this tragedy.
According to Moraes (2021, p.14) Ronaldo Fraga’s interest in the
embroidery from Minas and the partnership with the crafters from Barra
Longa emerged from the desire of going deeper in an universe in which
technique goes beyond market, “it lies on the core of creation and originality
of a well designed embroidery, and this passion goes on from generation to
generation and makes century old memories emerge.
Those crafters have always have the leaves in their works, and this
fact inspired Fraga to work with the leaves native to the area such as
“Comigo Ninguém Pode” (Dieenbachia seguine), “Espada de São Jorge”
(Dracaena trifasciata), “Coroa de cristo” (Crown of Thorns), mixing them
with many branches, roots and animals - snakes, spiders and frogs -
which have been embroidered in ivory, o-white and black linen and raw
silk. Besides rescuing the history of those women it has also rescued the
modeling of the pieces of clothing worn by them, inspired by the baptism
dresses - as shown in Picture 1.
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Picture 1. Images of the fashion show “As Mudas” by Ronaldo Fraga with
the craftswomen from Barra Longa/MG.
Source: Hoje em dia (2021)
In the beginning of the project, many of the craftswomen thought
the would not be able to make the proposed project come true, since it is
meticulous work and needed to be done in a short period of time for the day
of the show. Nonetheless, all the 100 pieces of clothing were ready in time
to go on the runway. The result of all this work surprised the craftswomen
when they saw all the decoration of the site of the show which was inspired
on the disaster they went through besides seeing the entire collection
together and telling their story, since they used to embroider individually
on their own. They were very touched when saw their work on the runway
of SPFW (FRAGA,2020).
According to Fraga (2020) this collection was only a “seed planted”
in a dicult moment for this area of Brazil, contributing to its valuing and
national recognition. This is because their profession goes much beyond
money, it is an art that tells their story, the story of their area and their
country, therefore, the stylist corroborated to the writing of the rst page
of this new story that begins after the environmental tragedy, promoting
a change in the professional life of these women and promoting their self-
esteem. Picture 2 shows the stylist with some of the craftswomen from
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Barra Longa at the end of the project.
Picture 2. Ronaldo Fraga and the Craftswomen from Bordadeiras de Barra Longa.
Source: Ronaldo Fraga - Youtube (2021)
This collection shows how serious the stylist is about bringing the
attention of the society to environmental tragedies, building bridges
between dierent Brazils (name used by Fraga to to talk about the dierent
national cultures) trying to bring together the rural to the industrial, art to
technology and, above all, to encourage communities to take over jobs and
income by including them in his fashion projects.
4.3 Collection “We are all Paraíba”
The Renaissance lace from Paraíba comes from the Italian crafts
from Venice and it arrived in the northeast of Brazil in the 19th century
when Santa Teresa Convent was occupied by religious women who became
famous for being the only ones to make this type of lace. This technique
had been kept in secret for centuries, however in the 1930s it was taught
to the simple poor women from the dry country side of Paraíba and since
then it has been passed on from generation to generation (JESS,2017).
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In 2019, Sebrae, Program of Craft from Paraíba (PAP) and the
Government of Paraíba invited the stylist Ronaldo Fraga to promote
workshops in order to enable many craftswomen who make lace from
Cariri in Paraíba. The aim of the project was to develop an entire collection
that would improve the direct sales of renaissance laces from the crafters
from Paraíba and making them independent from intermediaries (KUSSIK,
2022).
In order to unfold this partnership and create the collection “We are
all Paraíba”, Fraga put together the talent of the lace crafters from Paraíba
and appreciated and valued the beauty of the renaissance lace - which for
the stylist goes beyond the income created and it is about the self esteem
of the lace crafters, the sense of belonging to a place and to a time.
The workshops with the designer lasted six days and 35 lace crafters
were present and responsible to pass on the knowledge to the other
crafters in the ve cities involved in the project which were São Sebastião
do Umbuzeiro, Zabelê, Monteiro, Camalaú and São João do Tigre. Regions
that inspired the fashion collection through the works of plastic artist Flávio
Tavares which depicts the culture of the estate and daily life scenes. With
such references, the stylist worked with birds, sh, lizards and snakes in
each stitch of the laces, blending them to leaves and owers with bright
colors as shown on picture 3. (KUSSIK, 2022).
Picture 3. Fraga developing the collection “We are all Paraíba”.
Source: Kussik (2022).
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On the rst day of the workshop, the artist Tavares presented his
body of work to the crafters and talked about his creative process. After
this cultural recognition work and the creation of iconography, patterns
were developed and samples were created during the following week in the
workshops. With samples in hand pictures were created for the dresses,
skirts, shirts and accessories of the collection produced by over a hundred
of lace crafters.
The fashion show happened in January 2020 in João Pessoa, capital
of Paraíba and there were 25 models from the estate who showed 40
looks made by the crafters in the project. The soundtrack of the show also
honored local talents such as the singer Sandra Belê who is the daughter
of a craftswoman. After the show the governor of the state João Azevedo
and the president of the Program of Craft from Paraíba (PAP) Ana Maria Lins
signed the protocol of intentions of installing the Centre of Reference for
Craft in Cariri which is in the city of Monteiro and will have four thousand
crafters involved in the project.
The goal of this project was to potentialize the economical aspect of
craft from Paraíba, helping the growth of local market, generating manpower
and job opportunities and also empowering and valuing local culture. The
partnership of the designer and the artist has contributed for the increase
of the local craft work, its protagonist and professionalism.
In November 2021 in the city of Monteiro/Paraíba the Centre of
Reference in Renaissance Lacing and Crafts (CRENÇA) was launched and
followed the protocol of intentions signed after the fashion show “We are
all Paraíba”. The space will showcase local production of the Renaissance
Lace Crafts as well as host all the crafters seeking information, orientation,
courses and workshops and will promote cultural, touristic and economical
development in the area. Aiming to promote the continuity of the activities
of the crafter R$760 thousand reals have been invested by the government
of the state in the project through the Program Empreender-PB (GOVERNO
DA PARAÍBA, 2021).
In an interview to the website of the Government of Paraíba (2020)
Ronaldo Fraga talks about the importance of bringing aspects of the Brazilian
culture to fashion and highlighting the idea of “Handmade Brazil”, building
bridges between the dierent “Brazils” and emphasizing that this should be
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a civil compromise of the Brazilian designer. His partnership in this project
tends to strengthen the sales of renaissance laces, introducing to the world
this symbol of the Cariri area.
5. FINAL CONSIDERATIONS
This paper has shown how Ronaldo Fraga as a fashion designer and
using his collections was able to work with sustainability in his projects
focusing on the social dimension through aiding the quality of life of
populations in need, producing social responsible artifacts with local
resources, creating unique and timeless pieces of clothing and oering
better work conditions.
Adding his name to these communities, Fraga shed a light on their
work both national and internationally and created possibilities of social
cohesion and equity by raising the noted value when looking at economic
values and local cultural identities, an alliance seeking for the goals of
the communities that hence will reduce the emigration of people from the
community to areas with better economic conditions sharing views for a
sustainable future using old working techniques.
In the context of the collections analyzes we can noted how possible it
is to work with slow fashion prioritizing local work and using creativity in the
product and how there is no need to copy fashion brands and manufacture
in large scale in order to stand out in the market. With this in mind, we
can see that Fraga is able to bring to his creations discussions that are
extremely relevant to the society and raising debates on the current way
of production in the fashion industry, as well as conscious consumerism
and integration of resources from our own country which are the idealistic
aspects of sustainability.
Therefore, prioritizing local population in fashion projects comprises
a very unique and distinctive manner of creation which demands an
organizational posture eectively inclusive and strategic competencies for
once well managed can dismantle power and relations in the supply chain
and reaches positive social impact when promotes successful partnerships.
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