Dossiê – Moda, Sustentabilidade e Inclusão
V.16, N.40 — 2023
DOI: http://dx.doi.org/10.5965/1982615x16402023016 E-ISSN 1982-615x
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Sustentabilidade Industrial: manual de
apoio à transição e adequação de
pequenas empresas do setor têxtil
Karin Vecchiatti
Doutora, Centro Universitário FMU-FiamFaam / karin@anadarco.com.br
Orcid: 0000-0002-9959-9935 / Lattes
Junior Costa
Mestre, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) / juncos4@hotmail.com
Orcid: 0000-0003-4540-3375 / Lattes
Enviado: : 26/12/2022 // Aceito: 11/05/2023
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Sustentabilidade Industrial: manual de apoio
à transição e adequação de pequenas
empresas do setor têxtil
RESUMO
Esta pesquisa apresenta o processo de desenvolvimento de um manual de apoio
à transição para sustentabilidade industrial de pequenas e médias empresas,
procurando contribuir para uma melhor gestão de resíduos e adoção de processos
ecoecientes e circulares tão importantes na redução do impacto negativo e
manutenção do equilíbrio do planeta. Desde a Revolução Industrial, o setor têxtil tem
passado por diversas mudanças, mas alguns processos permanecem inalterados;
mesmo com as evoluções tecnológicas. A indústria explora crescentemente os
recursos naturais, objetivando uma escalabilidade cada vez maior da produção em
detrimento da redução da qualidade e tempo de vida dos produtos; juntamente ao
aumento do impacto negativo no meio ambiente.
Palavras-chave: Sustentabilidade Industrial. Transição. Manual de Apoio.
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Industrial Sustainability: Transition support
manual and adequacy of small companies in
the textile sector
ABSTRACT
This research presents the process of developing a transition support manual for
industrial sustainability of small and medium enterprises, seeking to contribute to
better waste management and adoption of eco -ecient and circular processes so
important in reducing negative impact and maintaining balance of planet. Since
the Industrial Revolution, the textile sector has undergone several changes, but
some processes remain unchanged; even with technological evolutions. Industry
grows natural resources, aiming at increasing scalability of production over the
reduction in product quality and life life; along with increased negative impact on
the environment.
Keywords: Industrial Sustainability. Transition. Support Handbook.
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Sostenibilidad Industrial: manual de apoyo
de transición y adecuación de pequeñas
empresas en el sector textil
RESUMEN
Esta investigación presenta el proceso de elaboración de un manual para apoyar la
transición hacia la sustentabilidad industrial de las pequeñas y medianas empresas,
buscando contribuir a una mejor gestión de los residuos y la adopción de procesos
ecoecientes y circulares que son tan importantes en la reducción del impacto
negativo. y mantener el equilibrio del planeta. Desde la Revolución Industrial,
el sector textil ha sufrido varios cambios, pero algunos procesos se mantienen
sin cambios; incluso con los avances tecnológicos. La industria explota cada vez
más los recursos naturales, con el objetivo de aumentar la escalabilidad de la
producción a expensas de reducir la calidad y la vida útil de los productos; junto
con el aumento del impacto negativo sobre el medio ambiente.
Palabras clave: Sostenibilidad Industrial. Transición. Manual de soporte.
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1. INTRODUÇÃO
É possível armar que a questão ambiental teve origem a partir da
Revolução Industrial com a exploração massiva de insumos, recursos
naturais e a emissão de gases poluentes de forma descontrolada. Desde
a industrialização e do estabelecimento do modelo linear de produção,
foi observado o aumento da capacidade produtiva (AZEVEDO, 2015),
possibilitando o desenvolvimento de tecnologias inovadoras. Como
consequência, no nal do século XIX com o avanço do capitalismo, surge o
consumo em massa sendo o precursor do consumismo atual, deixando de
lado a relação de necessidade para satisfação pessoal (LIPOVETSKY, 1989;
BAUMAN, 2008; ROSA, 2019), pautada pela ideia de recursos naturais
ilimitados assumida pelo modelo de produção após a Segunda Guerra
Mundial (LEITÃO, 2015).
A confecção de vestuário deixa a produção sob demanda comandada
por ateliês, passando ao modelo industrial de produção seriada, tendo início
em 1820 na França e que ganha impulso depois de 1840 (LIPOVETSKY,
1989), devido às transformações do pós-guerra a indústria ajustou-se,
visando a otimização do uso de bens e materiais (CALDAS, 2004). Em
1980, houve o aumento da demanda por vestuário, movida pela redução
da pobreza mundial (ROSER, 2022), crescimento populacional e o aumento
da expectativa de vida (HAUB; KANEDA, 2014), fatos que levaram a uma
rotatividade crescente e o surgimento do consumismo (PIRIBAUER; BARTL,
2008). Os movimentos ambientais no Brasil tiveram início na década de
1950 com ações de grupos ambientalistas e preservacionistas, ganhando
força a partir da década de 1970, quando se tornou fato que a humanidade
estava infringindo os limites da natureza, causando catástrofes ambientais
e da constatação dos altos índices de poluição (VEIGA, 2008).
A indústria têxtil passou por diversas transformações nas últimas
décadas, movido principalmente pelo surgimento do sistema do fast
fashion, que evoluiu e inovou o processo de produção, mas que enfatizou o
consumismo e o sistema linear de alta produtividade, venda quase imediata
e descarte acelerado de produtos de moda (FLETCHER, 2010). A indústria
produz cada vez mais, reduzindo a qualidade e por consequência o tempo
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de vida do produto (KOROLKOW, 2010). Segundo Todeschini et al. (2017),
o modelo fast fashion estimula o consumismo de roupas extremamente
descartáveis e ocasiona grandes impactos ao meio ambiente e à sociedade.
No Brasil não há um controle dos resíduos provenientes da indústria têxtil
e moda, o controle existente é decitário e não segue padrões rígidos. É
calculado que a geração de resíduos têxteis no país gire em torno de 4
milhões de toneladas anuais (Abrelpe, 2022), descartados erroneamente
por falta de coleta seletiva objetivando a reciclagem (ZONATTI; AMARAL;
GASI; RAMOS; DULEBA, 2015; SEBRAE, 2014), em torno de 60% tem
como destino os precários aterros sanitários (LORENZETTI, 2018). De
acordo com o Plativida Instituto Socioambiental dos Plásticos (O ESTADO
DE SÃO PAULO, 2009), em 2008 o país chegou a importar resíduos têxteis
de outros países ao invés de reciclar os desperdícios internos e gerar riqueza
para a nação.
Para preservar o meio ambiente e impedir mudanças climáticas que
possam aniquilar a humanidade é improrrogável a sustentabilidade como
sistema em todos os setores e no estilo de vida da sociedade (SALCEDO,
2014), aplicada do planejamento ao desenvolvimento de produtos. Uma
das melhores alternativas para essa transição é a implementação da
Economia Circular (EC) como metodologia de desenvolvimento econômico
sustentável, em substituição ao processo linear e o descarte no nal do
ciclo de vida do produto (NESS, 2008), apresentando assim uma solução
inovadora de reaproveitamento para a manutenção da indústria, governos
e para a sociedade (CNI; ABIT, 2012).
As confecções demandam auxílio no ponto de vista da gestão, pois
é o setor da indústria têxtil que têm mais diculdades para implementar
e se adequar a economia circular (GRANGEIRO; DORMAS; ALMEIDA,
2018). Isto posto, este artigo propõe o escopo de um manual de transição
para economia circular, um guia de implementação, para ser utilizado por
empresas de diferentes portes, possibilitando a migração do modelo de
produção atual para práticas sustentáveis baseadas na economia circular.
Para essa nalidade, foi realizado um mapeamento e posterior análise de
conteúdos referentes aos conceitos e princípios da economia circular e
outras metodologias pertinentes ao tema, traduzindo os conceitos e focando
em uma linguagem simplicada e direta de fácil adesão para empresas do
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setor têxtil.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Conceitos sobre economia circular
A crise ambiental deagrada nas décadas de 1960/70 trouxe a
noção de desenvolvimento sustentável não apenas no âmbito das ciências
físicas e biológicas, mas também atingiu o cerne do debate econômico,
questionando a “irrefutável” necessidade de crescimento e, sobretudo, a
total desconsideração do funcionamento dos ecossistemas por parte das
teorias econômicas. A partir de diferentes disciplinas e especialidades
relacionadas às questões ambientais, ecológicas e energéticas veio-se
progressivamente desenvolvendo análises do funcionamento do sistema
econômico em consonância com os diversos sistemas ambientais.
O conceito de Economia Circular (EC) se caracteriza como uma
economia que é restaurativa e regenerativa por princípio e tem como
objetivo manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível
de utilidade e valor o tempo todo, fazendo distinção entre ciclos técnicos
e biológicos. A economia circular é concebida como um ciclo contínuo de
desenvolvimento positivo que preserva e aprimora o capital natural, otimiza
a produtividade de recursos e minimiza riscos sistêmicos gerindo estoques
nitos e uxos renováveis. Esse novo modelo econômico busca, em última
instância, dissociar o desenvolvimento econômico global do consumo de
recursos nitos (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2015).
Dessa forma, a Economia Circular visa transformar em profundidade
a maneira como os recursos são utilizados, substituindo os sistemas
de produção e consumo existentes (abertos e lineares) em sistemas
de produção fechados (XUE; CHEN; GENG; GUO; LU; ZHANG, 2010).
Para efetivar atividades econômicas sejam organizadas de modo a
desenvolverem um mecanismo de feedback, semelhante aos ecossistemas
naturais, transformando produtos e subprodutos manufaturados, e usados
em recursos para outras indústrias (ZHU; GENG; LAI, 2010) e Economia
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Ecológica baseia-se em três princípios:
- Preservar e proteger o capital natural controlando estoques
nitos e equilibrando os uxos de recursos renováveis. Isso começa com
a desmaterialização dos produtos e serviços. Quando há necessidade de
recursos, o sistema circular seleciona-os com sensatez e, sempre que
possível, escolhe tecnologias e processos que utilizam recursos renováveis
ou que apresentam melhor desempenho. Uma economia circular também
aprimora o capital natural estimulando uxos de nutrientes dentro do
sistema e criando as condições necessárias para a regeneração, por
exemplo, do solo.
- Otimizar o rendimento de recursos fazendo circular produtos,
componentes e materiais no mais alto nível de utilidade o tempo todo,
tanto no ciclo técnico quanto no biológico. Isso signica projetar para a
remanufatura, a renovação e a reciclagem, de modo que componentes e
materiais técnicos continuem circulando e contribuindo para a economia.
Sistemas circulares usam os menores circuitos internos (p. ex.: manutenção,
em vez de reciclagem) sempre que possível, preservando, assim, mais
energia e outros tipos de valor incutidos nos materiais e componentes.
Esses sistemas também maximizam o número de ciclos consecutivos e/
ou o tempo dedicado a cada ciclo, prolongando a vida útil dos produtos e
intensicando sua reutilização.
- Incentivar a efetividade do sistema natural revelando e excluindo as
externalidades negativas desde o princípio. Isso inclui a redução de danos
a sistemas e áreas como alimentos, mobilidade, habitação, educação,
saúde e entretenimento, e a gestão de externalidades, como uso da terra,
ar, água e poluição sonora e da liberação de substâncias tóxicas (ELLEN
MACARTHUR FOUNDATION, 2015).
Em 2013, a Fundação Ellen MacArthur, que se tornou referência em
pesquisa e diretrizes sobre economia circular, reconheceu a importância do
design como promotor da Economia Circular. Isso se deve a importância
da etapa de escolha de materiais, na modularização e padronização
de componentes e na minimização de desperdício, bem como no
desenvolvimento de produtos voltados à desmontagem e reutilização em
cascata (ISOTON; GIACOMELLO; FACHINELLI, 2021).
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Figura 1. Modelo de Sistema de Economia Circular
Fonte: Ellen MacArthur Foundation (2017).
Destacar o papel do design como protagonista da Economia Circular
signica, sobretudo, não apenas tentar solucionar problemas ambientais,
mas sim preveni-los. Esse deve ser um passo fundamental de um sistema
de produtos e serviços voltados para a sustentabilidade e é nesse aspecto
que se destaca o papel do design na Economia Circular: ao invés de
apenas economizar materiais, é possível também interferir positivamente
na funcionalidade e no valor dos produtos. Para que isso seja atingido,
os ciclos ao nível do usuário, do prestador de serviços ou do produtor
(manufatura) devem ser repensados e “fechados”, tornando os processos
de fato circulares. Isso funcionará quando impactos no ambiente, no usuário
e nos negócios forem considerados simultaneamente, o que signica adotar
uma abordagem mais complexa da própria atividade projetual do design
(NIINIMÄKI, 2018).
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2.2 Gestão de Resíduos Têxteis e Reciclagem
Os produtos têxteis e vestuário estão presentes em todos os
aspectos de nossas vidas, nas mais diferentes formas, movimentando
signicativamente parte da economia mundial, determinando também os
hábitos e comportamentos de consumo da sociedade (SALCEDO, 2014).
Indagações relativas à competitividade das empresas, sustentabilidade,
escassez de recursos naturais e impactos socioambientais e sociais são
cada vez mais pertinentes e necessárias. A gestão e reciclagem de materiais
têxteis tornam-se cada vez mais importantes, em termos ambientais e
econômicos. Com a diminuição dos recursos naturais, muitos países têm
procurado alternativas para a falta de matérias-primas industriais (LOVINS,
2008). Deste modo, foi constatado que reciclar os resíduos gerados no
processo de produção para desenvolver insumos e produtos é a solução
ecaz mais barata e sustentável em diversas situações (STAHEL, 2006;
ZONATTI; AMARAL; GASI; RAMOS; DULEBA, 2015).
O conceito de economia circular foi universalizado pela Ellen
MacArthur Foundation em 2010, como um novo modelo econômico
dissociado do consumo de recursos nitos da geração de resíduos. Onde
eliminamos a ideia de lixo e tratamos os resíduos como matéria prima,
visão que possibilita o aumento da competitividade, dos lucros e benefícios
ambientais (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2013). No relatório de 2017,
focado à indústria têxtil, o A new textiles economy: redesigning fashion’s
future, são apresentados 4 objetivos baseados nos princípios da economia
circular, que buscam manter a qualidade de roupas, tecidos e bras, com
a aplicação dos objetivos, após a utilização os materiais retornam ao ciclo
de produção, eliminando o descarte do processo (MORLET; OPSOMER;
HERRMANN; BALMOND; GILLET; FUCHS, 2017).
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Figura 2. Ambições para uma Economia Circular
Fonte: Ellen MacArthur Foundation (2017).
As metas apresentadas foram:
1 - Eliminar substâncias poluentes e a mitigar a dispersão de
microbras;
2 - Transformar o sistema de produção de vestuário, da gestão do
projeto, comércio, utilização até o descarte;
3 - Melhorar o processo de reciclagem, desde o design do produto, a
logística reversa aliada a tecnologias de processamento; e
4 Reduzir o uso de recursos naturais nitos e migrar para alternativas
renováveis.
Segundo Smol et al. (2015) para atingir os objetivos, é necessário
a mudança de toda a indústria, design do produto, modelos de negócios
e mercado; incluindo novas práticas sustentáveis de transformação dos
resíduos em insumos, e a conscientização do consumidor. Estas ações
necessitam do envolvimento de todos os elos da indústria têxtil, incluindo o
consumidor nal (SAHA; DEY; PAPAGIANNAKI, 2020), assim como requer a
cooperação entre governos, autoridades locais e empresas (LEITÃO, 2015).
De acordo com Su et al. (2013) A implementação da economia
circular como sistema deve integrar globalmente todo o processo produtivo,
resultando na divisão em três níveis: macro, meso e micro.
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Quadro 1. Implementação do Sistema de Economia Circular
Fonte: Autores com base em SU et al. (2013).
Apesar disso, segundo Kristensen e Mosgaard (2020), os progressos
nos estudos são mais elevados a nível macro, sendo menos ponderantes
nos indicadores de nível meso e micro (KRISTENSEN; MOSGAARD, 2020).
Como exemplo de implementação a nível meso, podemos citar o sistema de
coleta e gestão de resíduos de Portugal, realizado pela Agência Portuguesa
do Ambiente (APA), o sistema português gera anualmente um documento,
o Relatório Anual de Resíduos Urbanos (RARU), onde é descrito todo
processo de coleta e as características particulares dos resíduos coletados.
Até mesmo as oscilações da coleta são possíveis de mensurar através do
processo adotado, segundo o relatório, a produção de resíduos urbanos
no ano de 2020 foi de 5.279 mil toneladas, praticamente similar ao ano
de 2019, demonstrando que a pandemia não teve impacto na redução da
produção de resíduos em Portugal. Os têxteis totalizam 3,78% das 5 279 mil
toneladas recolhidas, tornando possível a reciclagem de aproximadamente
200 mil toneladas de resíduos provenientes do descarte urbano. Estes dados
comprovam que a solução para redução no impacto ambiental tanto na
questão da exploração de recursos naturais quanto no descarte de resíduos
está na gestão do descarte e da separação dos materiais de acordo com a
sua caracterização.
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2.3 O conceito Cradle to Cradle (C2C)
O conceito “do berço ao berço”, que se transformou em escola
de pensamento associado à Economia Circular foi criado em 2002 pelo
designer e arquiteto William McDonough e pelo químico Michael Braungart
(McDONOUGH; BRAUNGART, 2018) e propõe uma alternativa ao modelo
linear de produção tão amplamente desenvolvido desde o início da Revolução
Industrial, no qual recursos seguem uma sequência ecologicamente não-
sustentável: extração, produção, uso e descarte. Os preceitos cradle to cradle
propõem um sistema cíclico em que materiais biológicos ou inorgânicos
são 100% reaproveitados. Os recursos, dessa forma, são reutilizados
indenidamente em uxos circulares seguros e saudáveis, tanto para os
seres humanos, como para a natureza.
Existem 3 princípios fundamentais nessa proposta. Primeiramente
é necessário visualizar os resíduos têxteis como insumos para reinserção
em processos produtivos. Nesse aspecto, os materiais utilizados em todo e
qualquer processo produtivo não podem ser nocivos para a saúde humana
e ambiental. O valor dos materiais deve ser recuperado após cada ciclo
de uso e, nesse sentido, os autores enfatizam a existência de dois tipos
de ciclos: o ciclo biológico, em que materiais retornam à natureza de
forma nutritiva e regenerativa (insumos renováveis, por exemplo, com os
materiais biodegradáveis) e o ciclo técnico (insumos não renováveis, como
exemplo, metais e plásticos) em que os materiais devem ser mantidos
em circulação (reciclagem ou reuso) na indústria, mantendo-se o máximo
de seu valor através de múltiplos períodos de uso. O segundo princípio
se refere ao uso de energias de fontes renováveis como a energia solar
(do sol) associado ao uso de outras formas de energia renovável, como
as energias eólicas (do vento) e hidráulica (da água). A proposta é que a
indústria se torne cada vez mais autossuciente e se comprometa com o uso
de energias renováveis durante todo o processo de fabricação. O terceiro
princípio se refere à diversidade de alternativas renováveis (diferente da
monocultura e explorão do algodão como bra única), que fortalece os
sistemas ecológico e industrial, e valoriza materiais, processos e soluções
especícas a cada local ou situação (McDONOUGH; BRAUNGART, 2018).
Não é difícil compreender o quanto é fundamental repensar os
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resíduos como insumos para a economia circular na cadeia têxtil. O grande
problema é que tornar resíduos nutrientes em grande escala (escala que
efetivamente gere impacto positivo) ainda está muito longe da realidade da
grande maioria das indústrias têxteis e confecções de vestuário.
Essa diculdade se principalmente pela necessidade em se gerar
menos resíduos na produção e pelo ainda difícil processo de reciclagem de
resíduos pós-consumo. Segundo o Cradle to Cradle (C2C), a reciclagem
têxtil naturalmente se apresenta como um importante via de solução para
a gestão de resíduos e insumos. Se formos traduzir a ideia berço ao berço
para o universo têxtil, ele seria apresentado como ber to ber (da bra a
bra) (KARELL, 2018).
Até certo ponto, o reaproveitamento de resíduos têxteis (que é
diferente da reciclagem) já vem sendo praticado por outras vias: é o que
acontece, por exemplo, a manufatura de retalhos para confecção de novos
produtos artesanais. A reciclagem mecânica de resíduos têxteis, considerada
uma via tecnológica consolidada, consiste na desbragem dos têxteis,
que posteriormente tornam-se matéria prima para, por exemplo, novos os
reciclados ou enchimento de estofados.
Outra solução a caminho da aplicação em grande refere-se ao processo
de reciclagem química/bioquímica de resíduos têxteis, principalmente
de pós-consumo (devido a contaminação). São processos que consistem
na atuação de produtos químicos ou bioquímicos nos resíduos têxteis,
transformando suas estruturas químicas e físicas. Por um lado, existe a
possibilidade de se implementar a Economia Circular nas cadeias têxtil e
moda por meio do aumento da vida útil de produtos e da manutenção
de seu valor (é o que fazem, por exemplo, os brechós). Mas é preciso
lembrar que modelos de negócios voltados para o reaproveitamento, reuso
e reciclagem, etc. estão ainda alocados em um estágio de transição para a
economia circular. Apesar dessas abordagens fornecerem enorme potencial
de negócios e reduzir ligeiramente a quantidade de resíduos, não mudam
efetivamente o sistema linear (BUDDE; KARELL; NIINIMÄKI, 2018).
Por outro lado, quando o objetivo é criar produtos seguindo os
princípios cradle to cradle, a linha de base para cada produto deve
necessariamente ser a adequação para a reciclagem química. Isso signica
que implementar a Economia Circular nas cadeias têxtil e moda em grande
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escala requer necessariamente atender aos requisitos ber-to-ber. E esse
desao está totalmente ligado ao design de produtos.
O modelo de produção atual, chamado de economia linear ou
Cradle to Grave (do berço ao túmulo), busca por soluções universais de
design ignorando a diversidade natural e cultural de produção e consumo,
resultando em produtos efêmeros, destinados ao consumo e posterior
descarte por perda de signicado. O problema desse princípio que rege
a indústria durante tanto tempo é considerar a natureza como inimiga ou
antagônica à indústria (McDONOUGH; BRAUNGART, 2018). Este modelo de
produção industrial, extremo gerador de resíduos e que subutiliza o potencial
do design, busca o crescimento econômico às custas da saúde humana,
ecológica (VAVOLIZZA, 2016). Diferentemente, por outro lado, Cradle
to Cradle (C2C) é uma proposta focada no design enquanto abordagem
sistêmica e sustentável, ou seja, focada de maneira integral no projeto e
não apenas na produção. Nesse sentido, o C2C demonstra como visualizar
o problema da economia circular através de uma concepção de design, que
consegue subverter a lógica predominante da produção industrial.
Isso começa com uma mudança na visão sobre os negócios e sobre a
dinâmica das cadeias produtivas. Para que as cadeias têxteis e moda saiam
da linearidade, uma abordagem proativa precisa estar ligada ao design
do produto desde o início. Isso signica focar na reciclabilidade total do
material, ou seja, na criação de produtos que têm total capacidade de se
tornarem nutrientes (matéria prima) para novos produtos, o que signica
criar não apenas produtos, mas novos sistemas produtivos seguindo os
critérios da circularidade.
Tal desao coloca em discussão questões de âmbito técnico
(principalmente pelas mudanças nos processos produtivos e pela urgente
necessidade de inovação tecnológica), mas também tange questões sociais
e culturais, sobretudo pela reorientação de comportamentos. Segundo
KARELL (2018), as marcas têm interesse em uma produção sustentável,
mas falta conhecimento em materiais alternativos e sustentáveis, mais
ainda em como produzir pensando na longevidade, adaptabilidade ou
circularidade do produto e seus componentes.
Por isso, o papel do design é, mais do que nunca, necessário e
desaador, pois se coloca diante da necessidade de criar produtos a partir da
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interação de soluções tecnológicas e que não se restrinjam a um “mercado
verde”, mas que ousem produzir produtos e serviços sustentáveis a preços
acessíveis para uma grande quantidade de consumidores. A ousadia estaria
em superar o paradigma de que a indústria só é capaz de produzir em
grandes quantidades e a preços acessíveis (especialmente às populações
de baixa renda) se utilizar de forma igualmente massiva produtos tóxicos
e/ou altamente dependentes da indústria do petróleo. Superar a estagnada
ideia de business as usual (BAU) ou a indústria como funciona e produz
atualmente, é o grande desao que os princípios Cradle to Cradle apresentam
para a implementação de uma economia circular em uma empresa.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
A caracterização desta pesquisa se dá por um delineamento de cunho
exploratório-descritivo e analítico, com abordagem qualitativa de coleta e
análise de dados. Foi realizada análise no conteúdo pesquisado, através
do qual foi possível traçar uma metodologia, bem como métodos para a
transição do modelo linear para uma economia circular de empresas têxteis
de pequeno e médio porte. Este nicho de empresas foi denido como foco,
devido às diculdades estruturais enfrentadas para implementar práticas
sustentáveis e manter a produtividade e saúde nanceira da empresa.
Foi realizada uma revisão sistemática da literatura (Traneld, Denyer,
Smart; 2003), com o intuito de realizar o mapeamento da indústria têxtil e
de seus diversos setores, tornando possível o desenvolvimento das etapas
de transição por estágios e setores.
O Brasil tem a maior cadeia têxtil totalmente vertical do Ocidente (ABIT,
2015). A indústria têxtil e de confecção é a segunda maior empregadora
da indústria de transformação brasileira, cando atrás apenas da indústria
de alimentos. Distribuídos em todas as etapas da cadeia produtiva, desde
a produção de bras naturais e sintéticas, ação, tecelagem, malharia,
beneciamento e confecção, sendo o maior parque produtivo integrado do
ocidente, produzindo da bra ao produto nal (IEMI, 2015). A Figura 3
simboliza o sistema da cadeia produtiva e de distribuição têxtil no Brasil,
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que começa na produção ou cultivo das bras, passa pela construção do
o, do tecido, para a confecção de vestuário e de outros produtos têxteis.
Figura 3. Modelo de Estrutura da Cadeia de Produção Brasileira
Fonte: Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT, 2015).
A regulamentação do CONMETRO dene bras ou lamentos têxteis
como toda matéria natural, de origem vegetal, animal ou mineral, assim
como toda matéria articial ou sintética, que pela ligação do comprimento,
diâmetro e características de exibilidade, suavidade, elasticidade,
resistência, tenacidade e nura está apta às aplicações têxteis – Resolução
Conmetro n.02, de 06.05.2008 (BRASIL, 2008). Como em qualquer
atividade da indústria, a cadeia de produção têxtil gera diversos tipos
de resíduos sólidos, como por exemplo: embalagens, cones plásticos,
óleo de lubricação, resíduos de varrição, bras não processadas, papel,
papelão, retalhos e aparas têxteis, entre outros (CNI; ABIT, 2012). Para
a produção de vestuário, o processo produtivo se divide em etapas como
o planejamento e construção do molde, seleção de aviamentos e costura,
nessa etapa são gerados desperdícios consideráveis da matéria-prima, na
forma de aparas, retalhos e peças rejeitadas. A Lei n° 10.165, de 27 de
dezembro de 2000, que classica as atividades potencialmente poluidoras
e utilizadoras de recursos ambientais, de acordo com esta lei, a produção
industrial de vestuário, calçados e artefatos de tecidos está enquadrada
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como grau médio de poluição e conforme a norma brasileira ABNT NBR
10.004:2004, os resíduos sólidos têxteis são classicados como resíduos
não perigosos (Classe II) e fazem parte do subtipo de Classe II-A, não
inertes (ZONATTI, 2016).
Tanto na reciclagem, quanto na reutilização, os resíduos podem ter
outros propósitos. No reuso, o material mantém estrutura e função, na
reciclagem sua estrutura sofre diversas transformações, desde a estrutura
a funcionalidade e aplicação. Esse método impede o desperdício e reduz
signicativamente os impactos ambientais, pois evita um novo ciclo de
produção e extração de matérias-primas. Já o reaproveitamento não
introduz o material em um novo ciclo de produção, mas direciona para
reuso em outras nalidades. O reuso de resíduos têxteis colabora na gestão
do material, ao reaproveitar o que poderia ser descartado (ABRAMOVAY;
SIMÕES; PETITGAND, 2013; CASTRO; AMATO-NETO, 2012). Os resíduos
têxteis podem ser reciclados ou reaproveitados nas fases pós-industrial
ou pós-consumo. Os resíduos pós-industriais são caracterizados pelos
subprodutos das indústrias têxteis, procedentes de ações, tecelagens,
malharias e confecções. No caso dos resíduos têxteis decorrentes do
pós-consumo, como acessórios ou artigos de vestuário sem utilidade,
descartados por desgaste, danicados ou obsoletos. Estes resíduos podem
ser doados a instituições de caridade ou repassados, erroneamente podem
ser depositados no lixo e acabam nos aterros sanitários (ZONATTI, 2016).
Além do complexo sistema das cadeias têxtil e moda, é possível
observar que inúmeras das informações capazes de auxiliar na implementação
de uma transição rumo à economia circular, acabam limitadas ao meio
acadêmico e centro de pesquisas. Portanto, é extremamente necessário que
estas pesquisas e o conhecimento gerado por elas, se tornem metodologias
estratégicas de acesso facilitado para pequenas empresas e confecções
interessadas nesta transição. Diante disso, o principal objetivo do artigo é
adaptar as informações disponíveis com o objetivo de torná-las disponíveis
e de fácil entendimento e aplicação aos produtores de vestuário. Tal
iniciativa não é única. Como bem apresenta o artigo de Essi Karell no livro
Sustainable Fashion in a Circular Economy (2018), iniciativas que orientem
empresários e designers a adotarem práticas voltadas para a economia
circular têm se demonstrado satisfatórias na Europa, mesmo que grande
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parte do trabalho ainda esteja por fazer.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este artigo debruçou-se sobre um referencial teórico e bibliográco
com a nalidade apenas de compreender os pontos-chave de estudos sobre
economia circular. Essencialmente foram recolhidos dados passíveis de
favorecer o desenvolvimento do escopo de um manual de transição para a
economia circular voltado para pequenas empresas do setor têxtil. Sabe-se
que o acesso à informação (sobretudo a pesquisas de cunho acadêmico) e
a capacidade de implementação de ações voltadas para a sustentabilidade
frequentemente são de difícil entendimento e acesso aos empreendedores
de médio e pequeno porte. Diante disso, a pesquisa lança o desao de
criação de um manual que auxilia na transição rumo à economia circular,
com linguagem e informações simples e acessíveis à confecção e à população
em geral. O esboço apresentado neste artigo caracteriza-se como protótipo
inicial deste manual.
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Quadro 2. Protótipo Inicial do Manual de Transição para Economia Circular
Fonte: Autores com base na Pesquisa e Análise Bibliográca.
Cada etapa apresentada divide-se em desaos baseados nos
problemas de cada setor produtivo e soluções plausíveis de aplicação
pelo pequeno e médio empreendedor. O resultado, mesmo que
preliminar, traça e apresenta potenciais ações para direcionar as
confecções para a transição à economia circular. A presente pesquisa
estudo colabora com a visão global citada por Su et al. (2013),
importante para implantar a circularidade dos processos em toda
a cadeia produtiva, reforçando o desenvolvimento de ecossistemas
industriais (ZHU; GENG; LAI, 2010).
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo aborda a transição de uma economia linear para circular e
mais sustentável, um modelo prático de transição para pequenas e médias
empresas, que formam a base da indústria e possuem mais diculdades em
se adaptar a processos mais sustentáveis. Por meio de pesquisa e análise
do funcionamento da cadeia têxtil brasileira, foi possível denir 5 etapas,
desenvolvidas a partir do impacto ambiental e produção de resíduos de
cada setor presente em uma indústria. Como resultados preliminares,
espera-se implementar práticas viáveis à rotina industrial, visando guiar
as empresas a uma efetiva transição benéca ao planeta, mitigando
a degradação ambiental e o uso de recursos naturais. Dentro destas
melhorias inclui-se a gestão de resíduos sólidos, possibilitando a redução
e o correto armazenamento para posterior reciclagem. Junto a soluções
para os resíduos, podemos citar a economia circular, prática implementada
em diversos modelos de negócios circulares, que tencionam uma cadeia de
produção otimizada para redução de resíduos e melhor aproveitamento de
matérias primas. Além disso, há oportunidade de aplicação da pesquisa em
campo, o que possibilita a criação de indicadores e validação das etapas
estipuladas, bem como dos resultados obtidos.
No que diz respeito às limitações deste artigo, as práticas não foram
testadas e analisadas junto às confecções, sendo necessário à validação a
m de entender os pontos que fortalecem a adoção da economia circular
como sistema de produção. Para estudos futuros, observa-se a possibilidade
de aprofundar as pesquisas e transformar o manual físico em um sistema
operacional digitalizado, para facilitar a aplicação setorial das práticas
sustentáveis nas confecções. Dessa forma, possibilitaria a estipulação de
dados objetivos e indicadores precisos, de acordo com cada setor e estágio
do processo produtivo, com a nalidade de aferir o grau de circularidade
ou nível de transição que a confecção atingiu, abrindo precedentes para o
comércio de créditos de carbono e selos de sustentabilidade.
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DOI: http://dx.doi.org/10.5965/1982615x16402023016 E-ISSN 1982-615x
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Industrial Sustainability: Transition support
handbook and compliance of small
companies in the textile sector
Karin Vecchiatti
Ph.D., Centro Universitário FMU-FiamFaam / karin@anadarco.com.br
Orcid: 0000-0002-9959-9935 / Lattes
Junior Costa
Master, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) / juncos4@hotmail.com
Orcid: 0000-0003-4540-3375 / Lattes
Submisson: : 12/26/2022 // Accepted: 05/11/2023
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Industrial Sustainability: Transition support
handbook and compliance of small
companies in the textile sector
ABSTRACT
This research presents the process of developing a transition support manual for
industrial sustainability of small and medium enterprises, seeking to contribute to
better waste management and adoption of eco -ecient and circular processes so
important in reducing negative impact and maintaining balance of planet. Since
the Industrial Revolution, the textile sector has undergone several changes, but
some processes remain unchanged; even with technological evolutions. Industry
grows natural resources, aiming at increasing scalability of production over the
reduction in product quality and life; along with increased negative impact on the
environment.
Keywords: Industrial Sustainability. Transition. Sustainability Handbook.
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Sustentabilidade Industrial: manual de apoio
à transição e adequação de pequenas
empresas do setor têxtil
RESUMO
Esta pesquisa apresenta o processo de desenvolvimento de um manual de apoio
à transição para sustentabilidade industrial de pequenas e médias empresas,
procurando contribuir para uma melhor gestão de resíduos e adoção de processos
ecoecientes e circulares tão importantes na redução do impacto negativo e
manutenção do equilíbrio do planeta. Desde a Revolução Industrial, o setor têxtil tem
passado por diversas mudanças, mas alguns processos permanecem inalterados;
mesmo com as evoluções tecnológicas. A indústria explora crescentemente os
recursos naturais, objetivando uma escalabilidade cada vez maior da produção em
detrimento da redução da qualidade e tempo de vida dos produtos; juntamente ao
aumento do impacto negativo no meio ambiente.
Palavras-chave: Sustentabilidade Industrial. Transição; Manual de Apoio.
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Sostenibilidad Industrial: manual de apoyo
de transición y adecuación de pequeñas
empresas en el sector textil
RESUMEN
Esta investigación presenta el proceso de elaboración de un manual para apoyar la
transición hacia la sustentabilidad industrial de las pequeñas y medianas empresas,
buscando contribuir a una mejor gestión de los residuos y la adopción de procesos
ecoecientes y circulares que son tan importantes en la reducción del impacto
negativo. y mantener el equilibrio del planeta. Desde la Revolución Industrial,
el sector textil ha sufrido varios cambios, pero algunos procesos se mantienen
sin cambios; incluso con los avances tecnológicos. La industria explota cada vez
más los recursos naturales, con el objetivo de aumentar la escalabilidad de la
producción a expensas de reducir la calidad y la vida útil de los productos; junto
con el aumento del impacto negativo sobre el medio ambiente.
Palabras clave: Sustentabilidad Industrial; Transición; Manual de soporte.
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1. INTRODUCTION
The Industrial Revolution was supported by massive exploitation
of materials, natural resources and the uncontrolled emission of polluting
gases and established a linear production model, strongly increasing
production range (AZEVEDO, 2015), leading to the current environmental
crisis. Starting at the end of the 19th century, mass consumption emerged
as the basis of current consumerism (LIPOVETSKY, 1989; BAUMAN, 2008;
ROSA, 2019), guided by the idea of unlimited natural resources. This
process endorsed consumer capitalism, mainly after the Second World War
(LEITÃO, 2015).
During such a process, clothing manufacture changed from production
on demand led by ateliers, to the industrial model. Industrial clothing
manufacture started in 1820 in France and increased after 1840 (LIPOVETSKY,
1989). After the Second World War, the clothing and textile industry
changed even further, aiming to optimize the use of goods and materials
(CALDAS, 2004). By 1980, consumer demand for clothing increased, driven
by the reduction of world poverty (ROSER, 2022), population growth and
the growth of life expectancy (HAUB; KANEDA, 2014), facts that led to a
growing turnover and the establishment consumerism (PIRIBAUER; BARTL,
2008).
The textile industry has undergone several transformations in recent
decades, driven mainly by the emergence of a fast fashion system, which
evolved and innovated the production process, but emphasized both
consumerism and the linear system of high productivity, leading to almost
immediate sales and accelerated disposal of fashion products (FLETCHER,
2010). Currently, the textile industry produces more and more, reducing
quality and product lifespan (KOROLKOW, 2010). According to Todeschini et
al. (2017), fast fashion as a production model encourages the consumption
of “disposable” clothes and causes major impacts on the environment
and society. In Brazil, there is no control over textile and fashion industry
waste. Current regulation enforcement is still weak and does not follow
strict standards. It is calculated that Brazil generates around 4 million tons
of textile waste each year (Abrelpe, 2022). Waste is further generated
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due to the lack of proper selective and waste collection, which could be
directed to recycling (ZONATTI; AMARAL; GASI; RAMOS; DULEBA, 2015;
SEBRAE, 2014). Around 60% of textile waste ends up in precarious landlls
(LORENZETTI, 2018). According to Plativida - Socioenvironmental Plastic
Institute (O ESTADO DE SÃO PAULO, 2009), in 2008 the country even
imported textile waste from other countries instead of recycling internal
waste and generating wealth.
To preserve the environment and prevent climate change, sustainability
as a system in all sectors and in society’s lifestyle is non-extendable
(SALCEDO, 2014). Sustainability as a system can be implemented in
dierent production stages, from planning to product development. One
of the best alternatives for this transition is Circular Economy (CE) as a
sustainable economic development method, able to replace the linear
process of production and disposal at the end of the product’s life cycle
(NESS, 2008). Thus, Circular Economy presents an innovative solution for
a sustainable production system, whether in industries, governments or
society (CNI; ABIT, 2012).
Clothing manufacturing is the textile industry’s sector that has the most
diculties implementing and adapting to Circular Economy (GRANGEIRO;
DORMAS; ALMEIDA, 2018). That said, this article approaches the making
of a Circular Economy Transition Handbook, an implementation guide to
be used mainly by medium and small companies, enabling the migration
of the current production model to sustainable practices based on circular
economy. In this sense, data survey and analysis related to the concepts
and principles of circular economy and other methodologies relevant to the
theme were carried out, focusing on a simplied and direct language that is
easy for companies in the textile sector to understand and to apply.
2. THEORETICAL FOUNDATION
2.1 Circular Economy concepts
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The environmental crisis that broke out in the 1960s/70s led to
the concept of sustainable development not only within the scope of the
physical and biological sciences, but mainly reaching the core of economics,
questioning the “irrefutable” need for growth. Above all, sustainable
development started questioning the negligence that economic theories
maintained towards the functioning of natural ecosystems. Based on
dierent disciplines and specialties related to environmental, ecological
and energy issues, researchers have been analyzing the functioning of the
economic system in line with various environmental systems.
Circular Economy (CE) is characterized as an economy that is
restorative and regenerative in principle and aims to keep products,
components and materials at their highest level of utility and value at all
times, making a distinction between technical and biological cycles. Circular
economy is conceived as a continuous cycle of positive development that
preserves and enhances natural capital, optimizes resource productivity and
minimizes systemic risks by managing nite stocks and renewable ows.
This new economic model ultimately seeks to dissociate global economic
development from the consumption of nite resources (ELLEN MACARTHUR
FOUNDATION, 2015).
In this way, circular economy aims to deeply transform the way
resources are used, changing existing production and consumption
systems (open and linear) into closed production systems (XUE; CHEN;
GENG; GUO; LU; ZHANG, 2010). To make economic activities eective,
they are organized in order to develop a feedback mechanism, similar to
natural ecosystems, transforming manufactured products and by-products
into resources for other industries (ZHU; GENG; LAI, 2010). Three main
principles guide this transformation:
- Preserving and protecting natural capital by controlling nite
stocks and balancing ows of renewable resources. This starts with the
dematerialization of products and services. When resources are needed,
the circular system selects them wisely and, whenever possible, chooses
technologies and processes that use renewable resources or that have
better performance. In this way, circular economy enhances natural capital
by stimulating nutrient ows within the system and creating the necessary
conditions for the regeneration of, for example, soil.
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- Optimizing resource yield by circulating products, components and
materials at the highest level of utility at all times, both in the technical and
biological cycles. That means designing for remanufacturing, refurbishing
and recycling so that components and technical materials keep circulating
and contributing to the economy. Circular systems use the smallest internal
loops (e.g. maintenance rather than recycling) whenever possible, thus
preserving more energy and other types of value built into materials and
components. These systems also maximize the number of consecutive
cycles and/or the time dedicated to each cycle, extending the life cycle of
the products and intensifying their reuse.
- Encouraging the value and usefulness of natural systems by
revealing and excluding negative externalities from the beginning. This
includes reducing damage to systems such as food, mobility, housing,
education, health and entertainment, and managing negative externalities
related to land use, air, water and noise pollution and the release of toxic
substances (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2015).
In 2013, Ellen MacArthur Foundation, which has become a reference
in research and guidelines on circular economy, recognized the importance
of design as a promoter of this new and alternative production system.
This is due to the importance of selecting materials, modularization and
standardization of components and waste reduction, as well as product
development that enhances disassembly and reuse (ISOTON; GIACOMELLO;
FACHINELLI, 2021).
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Image 1. Circular Economy System Model
Source: Ellen MacArthur Foundation (2017).
Highlighting the role of design as a protagonist of circular
economy means, above all, not just trying to solve environmental
problems, but also preventing them. This should be a fundamental
step in a system of products and services focused on sustainability. In
circular economy, the role of design stands out: instead of just saving
materials, it may positively interfere with the functionality and value
of products. For this to be achieved, cycles at dierent levels (user,
service provider or producer/ manufacturing) must be reevaluated
and “closed”, as if in a loop, making the processes truly circular. This
will eventually work when environmental, consumer and business
impacts are considered simultaneously, which means adopting a more
complex approach to the design activity itself (NIINIMÄKI, 2018).
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2.2 Textile waste management and recycling
Textile products and clothing are present in all aspects of our
lives, in the most dierent ways, signicantly moving part of the
world economy and conditioning society’s consumption habits and
behaviors (SALCEDO, 2014). Matters related to the competitiveness
of companies, sustainability, scarcity of natural resources and socio-
environmental impacts are increasingly relevant and gaining attention.
The management and recycling of textile materials is becoming
increasingly important, both in environmental and economic terms.
With a decrease in the availability of various natural resources, many
countries have been looking for alternatives that may substitute
industrial raw materials (LOVINS, 2008). Thus, research has been
showing that recycling waste generated in various production processes
may lead to a rather cheap development of inputs and products,
creating a more sustainable and eective solution in several situations
(STAHEL, 2006; ZONATTI; AMARAL; GASI; RAMOS; DULEBA, 2015).
The concept of circular economy was universalized by the Ellen
MacArthur Foundation in 2010, as a new economic model and a more
sustainable alternative from excessive consumption of nite resources
and from the unrestrained waste generation. The idea of waste as
garbage is substituted by the concept of waste as raw material. Such a
vision allows an increase in competitiveness, prot and environmental
benets (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2013). The Foundation’s
2017 report, A new textiles economy: redesigning fashion’s future,
focused on the textile industry. The report sets out objectives seeking
to maintain the quality of clothes, fabrics and bers. After use,
however, materials return to the production cycle, and disposal is a
process eliminated from the production-consumption cycle (MORLET;
OPSOMER; HERRMANN; BALMOND; GILLET; FUCHS, 2017).
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Image 2. Ambitions towards a circular economy
Source: Ellen MacArthur Foundation (2017).
The goals presented in the 2017 report included:
1 - Eliminating polluting substances and mitigating the dispersion of
microbers;
2 - Transforming the production of clothes, including changes in
project management, trade, use to disposal;
3 - Improving the recycling process, from product design to reverse
logistics combined with processing technologies;
4 Reducing the use of nite natural resources and migrating to
renewable alternatives.
According to Smol et al. (2015) to achieve these goals, it is necessary
to change the entire industry, from product design to business models
and market. There is a need to include new sustainable practices for
transforming waste into inputs, and it is imperative to work with consumer
awareness. These actions require involving all of all stakeholders in the
textile industry, including the nal consumer (SAHA; DEY; PAPAGIANNAKI,
2020). It demands cooperation between governments, local authorities and
companies (LEITÃO, 2015).
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According to Su et al. (2013), the fulllment of Circular Economy as
a system must globally integrate the entire production process, and special
attention should be given to resulting three levels: macro, meso and micro.
Table 1. Implementing the circular economy system
IMPLEMENTING THE CIRCULAR ECONOMY SYSTEM
LEVEL SECTOR RESULTS
Macro States and municipalities Reaching cooperatives, industries of the pri-
mary, secondary and third sectors
Medium Industry Development of eco-industrial sites and
eco-agricultural systems, resulting in en-
vironmentally friendly projects, including a
system of waste management and resale
Micro Clothing manufacturers Incentiving the implementation of a sustain-
able production process, with a cleaner and
more ecological design concept
Source: Authors based on SU et al. (2013).
According to Kristensen and Mosgaard (2020), progress has been
made at the macro level, but less in the meso and micro levels (KRISTENSEN;
MOSGAARD, 2020). As an example of performance at the meso level, one
can mention the waste collection and management system in Portugal,
carried out by the Portuguese Environment Agency (APA). The entire waste
collection process and the particular characteristics of the collected waste are
thoroughly registered. Even oscillations in collecting waste are measured.
Data referring to the so-called physical characterization of Portuguese urban
waste is collected in dierent disposal categories, such as undierentiated,
selective (ecopoints) and other waste collection locations (special circuits
and ecocenters). Physical classication of material (glass, paper/cardboard,
packaging and biowaste) is also taken into account (APA, 2020). Textiles
account for 3.78% of the 5,279,000 tons collected, making it possible to
recycle approximately 200,000 tons of waste from urban disposal. Data
proves that a good part of the solution to reduce the environmental impact
both in terms of exploitation of natural resources and the disposal of waste
lies in proper waste management, including proper separation of materials
according to their characteristics.
2.3 Cradle-to-Cradle (C2C)
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“Cradle to cradle” is a concept that became intimately associated with
Circular Economy It was created in 2002 by designer and architect William
McDonough and chemist Michael Braungart (McDONOUGH; BRAUNGART,
2018) and proposes an alternative to the linear model of production so
widely developed since the beginning of the Industrial Revolution. In linear
production, resources follow an ecologically unsustainable sequence:
extraction, production, use and disposal. Cradle to cradle precepts propose
a cyclical system in which biological or inorganic materials are 100% reused.
Resources are thus reused indenitely in safe and healthy circular ows for
both humans and nature.
There are three fundamental principles in this approach. First, it
is necessary to view textile waste as inputs for reinsertion in production
processes. In this regard, materials used in any and all production processes
cannot be harmful to human and environmental health. The value of
materials must be recovered after each cycle of use and, in this sense,
the authors emphasize the existence of two types of cycles: the biological
cycle, in which materials return to nature in a nutritious and regenerative
way (renewable inputs, for example, with biodegradable materials) and the
technical cycle (non-renewable inputs, for example, metals and plastics)
in which the materials must be kept in circulation (recycling or reuse) in
the industry, maintaining the maximum of their value over multiple periods
of use. The second principle refers to the use of energy from renewable
sources such as solar energy (from the sun) associated with the use of
other forms of renewable energy, such as wind power and hydraulic energy
(from water).
Cradle to cradle’s proposal suggests that the industry becomes
increasingly self-sucient and commits to the use of renewable energy
throughout its manufacturing processes. The third principle refers to the
diversity of renewable alternatives, strengthening ecological and industrial
systems, valuing materials, processes and solutions specic to each location
or situation (dierent from monoculture and exploitation of cotton as a
single ber) (McDONOUGH; BRAUNGART, 2018 ).
It is not dicult to understand how fundamental it is to rethink
waste as input for circular economy in the textile chain. The big problem is
that turning waste into nutrients on a large scale (a scale that eectively
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generates a positive impact) is still very far from reality for the vast majority
of textile and clothing companies.
This diculty is mainly due to the need to generate less waste in
production and the still dicult process of recycling post-consumer waste.
According to Cradle-to-Cradle (C2C), textile recycling naturally presents
itself as an important solution for the management of waste and inputs. If
we were to translate the cradle-to-cradle idea into the textile universe, it
would be presented as ber-to-ber (from ber to ber) (KARELL, 2018).
To a certain extent, the reuse of textile waste (which is dierent from
recycling) has already been practiced in other ways: this is what happens,
for example, in the manufacturing of new handcrafted products made
from scraps. Mechanical recycling of textile waste, considered an already
consolidated technological path, consists of debration of textiles, which
become, for example, raw material for new recycled yarns or upholstery
stung.
Another solution on the way to large-scale application refers to
the process of chemical/biochemical recycling of textile waste, mainly
post-consumer (due to contamination). These are processes that involve
chemical or biochemical products, transforming textile chemical and
physical structures.
There is also the possibility of implementing Circular Economy
strategies in the textile and fashion chains by increasing the life cycle of
products and maintaining their value, (this is what thrift stores do, for
example). But it must be remembered that business models aimed at
reusing and recycling are still in a transitional stage towards the circular
economy. Although these approaches provide huge business potential and
slightly reduce the amount of waste, they do not eectively change the
linear system. (BUDDE; KARELL; NIINIMÄKI, 2018).
When, however, the objective is to create products following cradle-
to-cradle principles, the baseline for each product must necessarily be the
suitability for chemical recycling. This means that implementing Circular
Economy in textile and fashion chains on a large scale necessarily requires
meeting ber-to-ber requirements. And this challenge is totally linked to
product design.
The current linear production model (Cradle to Grave), searches for
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universal design solutions, ignoring the natural and cultural diversity of
production and consumption, resulting in ephemeral products intended for
consumption and subsequent disposal by loss of meaning and value. The
problem with this principle that has been guiding the textile industry for
so long is considering nature as an enemy or antagonist to manufacturing
(McDONOUGH; BRAUNGART, 2018). This industrial production model,
which generates extreme waste and underuses the potential of design,
seeks economic growth at the expense of human and ecological health
(VAVOLIZZA, 2016). On the other hand, Cradle to Cradle (C2C) is a
proposal focused on design as a systemic and sustainable approach, that is,
focused mainly on the project and not just on production. In this sense, C2C
demonstrates how to address circular economy through design concepts
that may overthrow today’s predominant logic of industrial production.
This starts with a dierent view towards business and the dynamics
of production chains. For textile and fashion chains to move out of linearity,
a proactive approach needs to be linked to product design from the
beginning. This means focusing on the total recyclability of materials, that
is, on creating products that have full capacity to become nutrients (raw
material) for new products, which means creating not only products, but
new production systems following the criteria of circularity.
Such a challenge raises technical questions (mainly due to changes
in production processes and the urgent need for technological innovation),
but also addresses social and cultural issues, mainly due to change in
behavior. According to KARELL (2018), brands are interested in sustainable
production, but lack knowledge in alternative and sustainable materials,
even more so in how to produce thinking about longevity, adaptability or
circularity of products and their components.
Therefore, the role of design is, more than ever, necessary and
challenging, as it faces the need to create products not restricted to a
“green market”, but rather daring to produce sustainable products and
services at aordable prices for a large number of consumers. Boldness lies
in overcoming the paradigm that the industry is only able to produce in large
quantities and at aordable prices (especially for low-income populations)
if it uses equally massively toxic products and/or highly dependent on the
oil industry. Overcoming the stagnant idea of business as usual, (BAU)
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is the great challenge that Cradle-to-Cradle principles present for the
accomplishment of circular economy within a company.
3. METHODS AND MATERIAL
This research carries out an exploratory-descriptive and analytical
approach, with a qualitative procedure to data collection and analysis.
Researched content was analyzed, bringing out methods able to guide the
transition from a linear production model to a circular economy of small
and medium-sized textile companies. Small and medium-sized companies
generally face structural challenges to implement sustainable practices and
simultaneously maintain its productivity and nancial health.
A systematic review of scientic literature was carried out (Traneld,
Denyer, Smart; 2003), aiming to map and understand the textile industry
and its various sectors, making it possible to suggest transition stages and
sectors.
Brazil has the largest vertical textile chain in the West (ABIT,
2015). The textile and clothing industry is the second largest employer
in the Brazilian manufacturing industry, second only to the food industry.
Distributed in all stages of the supply chain, from production of natural
and synthetic bers, spinning, weaving, knitting, processing and clothing
manufacture, Brazil is the largest integrated production site in the West,
producing from ber to nal products (IEMI, 2015). Image 3 represents the
textile production and supply chain system in Brazil, which begins with the
production or cultivation of bers, involves the making of yarn, threads,
fabric, and nally manufacturing of clothing and other textile products.
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Image 3. Brazilian textile supply
Source: Brazilian Association of Textile and Clothing Industries (ABIT, 2015).
CONMETRO’s regulations dene bers or textile laments as all natural
material, of vegetable, animal or mineral origin, as well as all articial or
synthetic material, which, due to the length, diameter and characteristics
of exibility, smoothness, elasticity, resistance, tenacity and neness is
suitable for textile applications - Conmetro Resolution n.02, of 05.06.2008
(BRASIL, 2008).
As in any industrial activity, the textile supply chain generates
dierent types of solid waste, such as packaging, plastic cones, lubrication
oil, sweeping waste, unprocessed bers, paper, cardboard, textile scraps
and shavings, among others. Others (CNI; ABIT, 2012). Clothing production
is divided into stages such as planning and model making, selection of
trimmings and sewing. In this stage, considerable waste of raw material is
generated: shavings, scraps and rejected parts. According to Brazilian Law
No. 10,165, of December 27, 2000, the industrial production of clothing,
footwear and fabric artifacts is classied as having a medium pollution level.
Brazilian Norm ABNT NBR 10.004:2004 denes solid textile waste as non-
hazardous waste (Class II) and is part of Class II-A, non-inert (ZONATTI,
2016).
Both in recycling and reusing, waste can have other purposes.
In reusing, the material maintains structure and function; in recycling
its structure undergoes several transformations, from functionality to
application. Recycling prevents waste and signicantly reduces environmental
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impacts, as it avoids a new cycle of production that requires the extraction
of raw materials. Reusing, on the other hand, does not introduce the
material into a new production cycle, but directs it to be reused for other
purposes. The reuse of textile waste collaborates in material management;
by reusing what would otherwise be discarded (ABRAMOVAY; SIMÕES;
PETITGAND, 2013; CASTRO; AMATO-NETO, 2012). Textile waste can be
recycled or reused in post-industrial or post-consumer stages. By-products
of the textile industries, from spinning, weaving, knitting and clothing,
characterize post-industrial waste. Post-consumption textile waste, such
as useless accessories or clothing items, is discarded after consumption
because of damage or obsolescence. Generally donated to charities, post-
consumption textiles can mistakenly be deposited in the trash and end up
in landlls (ZONATTI, 2016).
In addition to the complex system of textile and fashion chains, it
is possible to observe that much of the information capable of assisting
in the implementation of a transition towards circular economy ends up
being limited to academia and research centers. Therefore, it is extremely
necessary that Circular Economy research and debate become strategic
methodologies of easy access for small textile and clothing companies
interested in this transition.
In this sense, the intent of the conducted research is to adapt
available technical and scientic information, making it available and easily
understood and to clothing manufacturers. Such an initiative is not unique.
As the article by Essi Karell in Sustainable Fashion in a Circular Economy
(2018) shows, initiatives that guide entrepreneurs and designers to adopt
practices aimed at the circular economy have proved to be satisfactory in
Europe, even if much of the work still remains to be done.
4. RESULTS AND DISCUSSION
This article focused on a theoretical approach with the intention
to understand key elements of Circular Economy. Data collected could
contribute to the development of a transition handbook on circular economy
directed to small and medium companies in the textile sector. It is known
that available information (especially academic research) and the ability
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to implement actions aimed at sustainability are often more dicult for
medium and small entrepreneurs. This research launches the challenge of
creating a manual that helps small and medium textile companies in the
transition towards circular economy, with simple and accessible language
and information. The outline presented in this article points out the initial
content for this handbook.
Table 2. Initial prototype for a Circular Economy Transition Handbook
TRANSITION TOWARDS CIRCULAR ECONOMY
STAGE PROCESS CHALLENGES SOLUTION
1 Inputs Textile -Certied suppliers
-Textile of know origin
-Non mixed textiles
-Recycled materials
-Durable inputs
2 Design Planning -Planning products from concept to recy-
cling
-Designing timeless products (non-dispos-
able)
-Virtual 3D catalogs
Model making -3D model making
-planning cutting
Beneciation -natural dyeing
-certied industrial dyeing
-natural fabric stamping
-ditigal stamping
-stamping adequate to each type of ber
3 Production Orders - production on demand
Cutting -planning cutting
-separating waste according to ber tipes
-cutting waste management
Sewing -planning sewing
-trims according to each kind of fabric
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4 Distribution Stock -optimizing stock
-integrating stock with clients
Transport -planning delivery routes
5Circularity Waste management -planning reverse logistics
-consumer education about reverse logis-
tics
-separation, treatment and -management
of post-consumer waste
Source: Authors based on research and bibliography.
This article proposes a preliminary model of a Circular Economy
Transition Handbook through a systematic review of academic literature,
research and bibliography, dening ve main stages. Each stage is divided
into challenges based on the problems of each productive sector and suggests
plausible solutions, especially for small and medium-sized entrepreneurs.
The result, although still preliminary, outlines and presents potential actions
to direct clothing manufacturers towards a circular economy. The proposal
is aligned with the global view cited by Su et al. (2013), emphasizing the
importance of implementing circularity throughout the textile supply chain,
reinforcing the development of sustainable industrial ecosystems (ZHU;
GENG; LAI, 2010).
5. FINAL CONSIDERATIONS
This article aimed to propose a transition manual from a linear
economy to a circular and more sustainable one, a practical model of
transition for small and medium-sized companies, which form the basis
of the industry and have more diculties in adapting to more sustainable
processes. Through literary research and analysis of the functioning of the
Brazilian textile chain, it was possible to dene ve stages, developed from
the environmental impact and waste production of each sector present
in an industry. As preliminary results, it is expected to implement viable
practices in the industrial routine, aiming to guide companies to an eective
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transition benecial to the planet, mitigating environmental degradation
and the use of natural resources. These improvements include solid waste
management, enabling reduction and correct storage for later recycling.
Along with solutions for waste, we can mention the circular economy, a
practice implemented in various circular business models, which intend an
optimized production chain to reduce waste and better use of raw materials.
In addition, there is an opportunity to apply research in the eld, which
makes it possible to create indicators and validate the stipulated steps, as
well as the results obtained.
With regard to the limitations of this article, the practices were
not tested and analyzed with the garments, and validation is necessary
in order to understand the points that strengthen the adoption of the
circular economy as a production system. For future studies, there is the
possibility of deepening research and transforming the physical manual
into a digitized operating system, to facilitate the sectoral application of
sustainable practices in clothing. In this way, it would make it possible to
stipulate objective data and precise indicators, according to each sector and
stage of the production process, with the purpose of assessing the degree
of circularity or level of transition that the confection has reached, opening
precedents for the trade of credits of carbon and sustainability stamps.
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