
ModaPalavra, Florianópolis, V. 16, N. 38, p.           , jan./jun. 2023
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que sucederam a Segunda Guerra, como é o caso da Guerra do 
Vietnã (1959-1975), ordenada peremptoriamente pelo uso norte-
americano do discurso de combate ao avanço do comunismo na 
Ásia.  Hobsbawm  (1995)  arma  que  a  presença  da  Guerra  Fria 
durante a metade do século XX deu a tônica a muitas questões, 
inclusive a prevalecer no imaginário global a ameaça constante de 
uma possível guerra nuclear que fez com que gerações crescessem 
sob o alerta dessa possível batalha, o autor ainda destaca que 
ela “não aconteceu, mas por cerca de quarenta anos pareceu 
uma possibilidade diária” (HOBSBAWM, 1995, p. 224). As armas 
nucleares não chegaram a ser utilizadas, mas o domínio dessa 
retórica foi bem articulado para atender a interesses de ambas as 
potências e para demonstrar poder. 
Essa corrida pelo poder da destruição mundial vai ocupar 
uma parte importante das expectativas de vida e sentimentos das 
pessoas da época e irá impulsionar, por exemplo, o desejo delas 
por vivar o presente, mas ao mesmo tempo construindo em sua 
realidade uma projeção do futuro, visto que ele era algo de muita 
incerteza. Nesse contexto, muitos movimentos culturais tiveram 
o seu bojo e as suas proposições estéticas, elaborando assim a 
ativação, por exemplo, do imaginário dessas pessoas, que terá no 
campo da moda uma das suas possibilidades de materialização 
desses tempos de incerteza e expectativas.  
Geogracamente, EUA e URSS tinham inuências ou mesmo 
controlavam os lugares onde ocorriam os conitos, como no caso 
do Vietnã, mas é importante esclarecemos que nunca houve um 
choque direto entre ambas, “a Guerra Fria acabou quando uma 
ou ambas as superpotências reconheceram o sinistro absurdo da 
corrida nuclear, e quando uma acreditou na sinceridade do desejo 
da outra de acabar com a ameaça nuclear.” (HOBSBAWM, 1995, p. 
246).
A conquista espacial era outra disputa que envolvia os EUA 
e a URSS e polarizava o imaginário das pessoas, nessa rivalidade a 
URSS saiu na frente, lançando em 1957 o Sputnik I, até então era 
o único satélite na órbita do planeta terra. De fato, o termo corrida 
espacial é bem adequado, pois havia uma “necessidade” de quem 
primeiro conseguiria realizar os maiores feitos. No mesmo ano que 
a Sputnik I é lançada, o Explorer I é lançado pelos EUA. Em 1961 
a espaçonave, Vostok, é lançada pela URSS, esse feito coloca o 
país como o primeiro a lançar um homem em órbita. Para não 
car atrás na corrida, os Estados Unidos enviam o primeiro homem
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