DOI: 10.5965/25944630812024e4876
Lapidarium
Sonework
Lapidario
Hortência Moreira Soares de Sousa¹
2
Florianópolis, v. 8, n. 1, e4876, p. 1 - 15, Fev. - Mai. 2024
Hortência Moreira Soares de Souza
Lapidarium
1
Resumo
O que apresentarei, neste ensaio visual, são imagens da minha casa/ateliê em
Goiânia, que também passei a chamar de Lapidarium. Com elas, pretendo gerar
visualidade material da minha relação com o ateliê, daquilo que trago para ele,
do que seleciono para produzir obras de arte, das ferramentas que utilizo para
isso e do espaço que ocupo. Portanto, o foco aqui não é um trabalho específico
e sim as conjecturas cotidianas da minha produção artística e do espaço/tempo
necessários para que as obras aconteçam. Trago trechos visuais do preparo,
aparatos e organizações diárias do meu fazer artístico.
Utilizando um texto do autor Luiz Alberto Warat (2004), que diz algo parecido
com o que eu sempre fiz dentro do meu ateliê, vou prosseguir neste ensaio com
reflexões sobre o que ele fala e imagens do meu ateliê.
Palavras-chave: Lapidarium; Ateliê; Processo artístico.
Abstract
What I will present, in this visual essay, are images of my house/studio in Goiânia,
which I also started calling Lapidarium. With them, I intend to generate material
visuality of my relationship with the studio, of what I bring to it, of what I select to
produce works of art, of the tools I use to do so and of the space I occupy.
Therefore, the focus here is not a specific work but the everyday conjectures of
my artistic production and the space/time necessary for the works to happen. I
1
Artista visual: desde 2002 pesquisa visualidades a partir de referências adquiridas da formação em
Arquitetura e Urbanismo (PUC-GO-1998), Especialização em Arte Contemporânea (UFG 2002) e cursos
livres como: Intervenções Urbanas (Instituto Tomie Otake SP-2013) e Arte Sonora (Ateliê 2e1-SP-2013).
E-mail: hortenciamoreira@yahoo.com.br; link do Lattes: CV: http://lattes.cnpq.br/9350839090901936;
https://orcid.org/0009-0004-9803-1557
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bring visual excerpts of the preparation, apparatus and daily organization of my
artistic work.
Using a text by author Luiz Alberto Warat (2004), which says something similar
to what I have always done in my studio, I will continue this essay with reflections
on what he says and images from my studio.
Keywords: Lapidarium; Studio; Artistic process.
Riepilogo
Ciò che presenterò, in questo saggio visivo, sono le immagini della mia
casa/studio a Goiânia, che ho iniziato a chiamare anche Lapidarium. Con loro
intendo generare una visione materiale del mio rapporto con lo studio, di ciò che
vi porto, di ciò che scelgo per produrre opere d'arte, degli strumenti che utilizzo
per farlo e dello spazio che occupo. Pertanto, il focus qui non è un lavoro specifico
ma le congetture quotidiane della mia produzione artistica e lo spazio/tempo
necessario affinché i lavori si realizzino. Porto estratti visivi della preparazione,
degli apparati e dell'organizzazione quotidiana del mio lavoro artistico.
Utilizzando un testo dell'autore Luiz Alberto Warat (2004), che dice qualcosa di
simile a quello che ho sempre fatto nel mio studio, continuerò questo saggio con
riflessioni su ciò che dice e immagini dal mio studio.
Parole chiave: Lapidario; Studio; Processo artistico.
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1 Introdução
O autor Luis Alberto Warat (2004), pensa na possibilidade de que
neste nosso mundo (enorme, imenso, cada dia mais caótico, difícil de abarcar e
de ordenar) tudo nele tenda para uma grande colagem, para um conjunto
desalinhado de fragmentos e diz que talvez tudo isto caminhe para um
Lapidarium. Daí, tomei emprestado o nome para meu espaço de trabalho e para
este ensaio.
O texto de Warat (2004) me capturou, porque seu pensamento
traduziu o mundo micro do meu ateliê. Ele conta que em seu discurso existe um
Lapidarium secreto, quase inacessível e explica que também foi capturado por
este termo que quer dizer: lugar onde se depositam pedras encontradas, restos
de estátuas, fragmentos de edificações, coisas que fazem parte de um todo
inexistente e que não se sabe o que fazer com elas. Reconheci em seu texto, o
trabalho de coleta, organização e preparação de partes daquilo que encontro nas
construções, sejam lugares públicos ou privados, das cidades - sobretudo em
seus arranjos improvisados.
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Impregnada pela elaboração deste autor e suas questões,
imediatamente furtei sua palavra e comecei a descrever melhor meu espaço de
produção artística, vi nele um lugar não de fazer, mas também como um lugar
de perguntas sobre o que fazer com as coisas pelas quais me interesso, porque
me interesso e a quem vão interessar. São algumas destas coisas: muros,
paredes, pontos de referência, fachadas, endereços, padrões, publicidades,
tipografias, objetos do design descartados, restos de construções e tudo que se
desdobra da vida urbana.
Com a apropriação do termo Lapidarium para nomear meu ateliê,
penso em ampliar seu significado também para um lugar não de depósito,
mas sim um lugar de trazer as coisas que encontro e de desdobrá-las através de
referências que me atravessam, utilizá-las para lapidar subjetividades, elaborar
problemas de memórias afetivas e da arte. Assim também nomeio obras em
série, forjadas nesta abordagem.
Colecionando esses restos, através de fotografias e ações de recolher
achados que me interessam durante meus percursos pela cidade e em
determinados momentos sem saber o que fazer com eles, venho desde 2002
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construindo meu processo criativo. Seus sentidos e discursos ora se tornam
inacessíveis, tal como o que diz o autor sobre o que sente existir em seu
discurso. Por isso, sinto constante necessidade de reconstruir uma nova ordem
desses achados, de restaurar na lembrança aquilo que afetou meus sentidos no
encontro com eles, fazendo uma espécie de reedição daquele afeto. Tudo isto
sob pena de que, aquilo oculto neles (o que ainda não foi sentido), possa
desaparecer, deixar de existir para sempre. No desejo de que isso não aconteça,
miro o movimento de lapidar meus achados e refletir sobre os novos sentidos
que posso construir com eles. Apresento em seguida, em ensaio visual, recente
processo de organização dos fragmentos em meu Ateliê/Lapidarium.
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Figura 1, Hortência Moreira, Lapidarium, 2023, Fotografia: Adriana Moraes, Goiânia.
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Figura 2, Hortência Moreira, Lapidarium, 2023, Fotografia: Adriana Moraes, Goiânia.
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Figura 3, Hortência Moreira, Lapidarium, 2023, Fotografia: Adriana Moraes, Goiânia.
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Figura 4, Hortência Moreira, Lapidarium, 2023, Fotografia: Adriana Moraes, Goiânia.
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Figura 5, Hortência Moreira, Lapidarium, 2023, Fotografia: Adriana Moraes, Goiânia.
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Figura 6, Hortência Moreira, Lapidarium, 2023, Fotografia: Adriana Moraes, Goiânia.
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Figura 7, Hortência Moreira, Lapidarium, 2023, Fotografia: Adriana Moraes, Goiânia.
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Figura 7, Hortência Moreira, Lapidarium, 2023, Fotografia: Hortência Moreira, Goiânia.
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Referências
WARAT, Luis Alberto. Leterasofia Warat: textos ilusoriamente completos para o
Lapidarium de meu museu discursivo. In: _ MEZZAROBA, Orides, et.al. (Coord.).
Territórios Desconhecidos: A Procura Surrealista pelos Lugares do Abandono
do Sentido e da Reconstrução da Subjetividade. Florianópolis: Fundação
Boiteux, 2004. v.1. p.23
Data de submissão: 15/12/2023
Data de aceite: 19/01/2024
Data de publicação: 01/02/2024