(fanzine)
Agitporn Col�mbia: �Do porn� ao bioterrorismo�
�Agitporn Colombia (a fanzine): "From
porn to bioterrorism"
Juma Janda�ra (L�gia Marina de Almeida)
Doutoranda e mestra em
Teatro no Programa de P�s Gradua��o em Teatro
da UDESC e estudante do curso t�cnico em Agroecologia
(SERTA) �
folegovivo70@gmail.com� � https://orcid.org/0000-0002-5678-8920
Resumo
AGITPORN COL�MBIA: "Do porn� ao bioterrorismo" (2018) � um zine-roteiro, um �programa performativo�, para performances di�rias criado no e para o contexto colombiano, no entanto tamb�m pode ser traduzido para diversos outros contextos latinoamericanos. � um dos frutos da pesquisa de doutoramento ABC da luta dos povos origin�rios do Brasil: performances, pedagogias, propagandas e (imagens) pol�ticas pela descoloniza��o social que desenvolvo no PPGT-UDESC sob orienta��o da Profa. Dra. F�tima Costa de Lima e
da resid�ncia art�stica Abejas TAPIOCA que realizei, junto ao coletivo Corporaci�n TAPIOCA e contemplado pelo IBERESCENA, entre julho e setembro de 2018 em parceira com comunidades ind�genas "desplazadas" de seus territ�rios origin�rios pela guerrilha e/ou narcotr�fico. Esta publica��o � uma tradu��o do espanhol com uma pequena introdu��o e uma troca de mensagens eletr�nicas feitas para a revista DAPesquisa.
Palavras-chave:
Teatro-Programas. Ind�genas da Am�rica do Sul - Col�mbia -Temas, motivos. Performance (Arte)
Abstract
AGITPORN
COLOMBIA: "From porn to bioterrorism" (2018) is a zine-script for
daily performances created in and for the Colombian context, however it can
also be translated into several other Latin American contexts. It is the result
of the doctoral research project ABC of the struggle of native peoples from
Brazil: performances, pedagogies, propaganda and political (images) for social
decolonization that I have been developing at PPGT-UDESC under the guidance of Profa. Dr. F�tima Costa de Lima and the artistic residence
Abejas TAPIOCA with the collective Corporaci�n
TAPIOCA and contemplated by IBERESCENA, held between July and September 2018
with indigenous people "desplazadas" from
their territories by guerrilla and / or drug trafficking. This publication is a
Portuguese translation from Spanish with a short introduction and an exchange
of electronic messages organized for DAPesquisa
journal.
Keywords: Theater programs. Indians of South America - Colombia-Themes, motives. Performance art.
DOI: http://dx.doi.org/10.5965/1808312915252020e0023
Recebido em: 10/06/2020
Aceito em: 13/07/2020
Este texto � a uma produ��o visual
feita em formato de um zine, para visualiz�-lo acesse o documento em PDF.
O fanzine AGITPORN
COL�MBIA: "Do porn� ao bioterrorismo" (2018) foi criado no
contexto da resid�ncia art�stica Abejas
TAPIOCA que realizei, junto ao coletivo Corporaci�n
TAPIOCA e contemplado pelo Fundo de Ajuda para as Artes C�nicas Iberoamericanas - IBERESCENA, entre
julho e setembro de 2018, em parceria com comunidades ind�genas desplazadas de seus territ�rios origin�rios pela
guerrilha e/ou narcotr�fico.
����������� Uma das a��es que realizei nessa resid�ncia
foi aprender, atrav�s da participa��o ativa, acerca da produ��o artesanal de beij� realizada pelas amigas oriundas do povo origin�rio Kubeo, filhas da grande canoa-anaconda que navega h� muito
tempo por diversas regi�es da Amaz�nia.
����������� Nesse processo de aprendizagem e de
apoio ao trabalho dessas mulheres �que, al�m da produ��o de beij�
tamb�m produzem artesanalmente o suco do patab� para
vender numa feira ind�gena da regi�o aos domingos � parte dos assuntos que
rondavam nossos fazeres muitas vezes tinham a ver com viol�ncia � mulher
ind�gena.
����������� Foi a� que, com o apoio do artista
visual Henry Rugelis, desenvolvi o fanzine com a inten��o de chamar aten��o �
estat�stica de viol�ncia com n�meros insuport�veis, e tamb�m para divulgar a
receita de como fazer o beij� tradicional, de forma
n�o t�o tradicional, como ferramenta biol�gica de combate aos colonialismos
v�rios que acometem a n�s, mulheres ind�genas, em suas diferen�as.
����������� Este fanzine
foi distribu�do gratuitamente em cidades da Col�mbia e do Brasil em diversas
ocasi�es durante os anos de 2018 e 2019, para p�blicos ind�genas e
n�o-ind�genas. Tamb�m foi disponibilizado na plataforma Issuu,
dispon�vel em:
https://issuu.com/ligiamarina/docs/agitporn_colombia_do_porno_ao_bioterrorismo
����������� Tamb�m est� publicado no site do
IBERESCENA, ao lado de v�rias dramaturgias latino-americanas, como um gui�n dramat�rgico, dispon�vel em:
http://www.iberescena.org/Files/Dramaturgias/Dramaturgia_d678253f-3832-430a-acf0-5aa812f46cea.pdf
����������� Quando recebi a chamada para
publica��o: Do tema aos modos, reflex�es e inven��es: pesquisa em artes e as
escritas da pesquisa, fiz, entre outras propostas, a publica��o de t�o
somente uma vers�o traduzida ao portugu�s deste zine. No entanto, em conversa
com o Corpo Editorial que organizou este volume na Revista DAPesquisa,
decidimos tamb�m anexar uma troca nossa de mensagens eletr�nicas, a fim de
evidenciar os processos, as din�micas, os entraves e as solu��es entre o que
convencionou-se chamar de publica��es acad�micas e publica��es n�o-acad�micas, com o t�tulo de (fanzine)
AGITPORN COL�MBIA: �Do porn� ao bioterrorismo�. Seguem dois e-mails, a
solicita��o do Coletivo Escrita Performativa, e a minha resposta.
�
Corpo Editorial Escrita Performativa <escritaperformativa@gmail.com>
Em qua.,
19 de fev. de 2020 �s 11:54, Corpo Editorial Escrita Performativa
<escritaperformativa@gmail.com> escreveu:
Ol�, Juma
N�s nos encontramos com a Tereza (que
agora � editora da Urdimento) e
depois de discutirmos alguns ajustes de todos os textos, estamos reencaminhando
os retornos �s pessoas escritoras.
Para Juma - Valeria um pouco mais
de hist�ria, algo que aproximasse xs leitorxs do contexto colombiano,
de 2018 e dos povos origin�rios. Algo que trouxesse � discuss�o o agitporn e o bioterrorismo.
Que zine � este? quem o
produziu? Onde foi distribu�do? Foi traduzido? A experi�ncia � s� dxs produtorxs do zini ou � mais
que isso? Ele est� ali, mas pouco se sabe. Por que um zine em uma revista?
Pensamos que no caso do
teu Zine seria mais interessante um texto posterior, quase como um "notas
de fim" ao inv�s de uma texto-introdu��o ao zine. Voc� consegue fazer isso
at� 29/02?
Estamos plantando uma
semente de outros tipos de texto em uma revista acad�mica. Concordamos que este
volume � o lugar de:
A)
garantir a origem e a fonte da
informa��o, (especialmente as marginais, e parar com uma predile��o por
refer�ncias de textos acad�micos como �nica fonte);
B)� levantar discuss�es (o volume de Escrita Performativa � um
experimento de diferentes modos de fazer isso).
Atenciosamente,
Ines Saber e Jussara Belchior
Para o
Do
tema aos modos, reflex�es e inven��es: pesquisa em artes e as escritas da
pesquisa
Juma Janda�ra <limarina70@gmail.com> 3 de mar�o de 2020
14:58 Para: Corpo Editorial Escrita Performativa <escritaperformativa@gmail.com>
Ol� queridas!!!!
Fico felic�ssima que Tereza agora � uma das editoras da
URDIMENTO <3
Lindas, o que escreverei
abaixo � parte dessa grande discuss�o que estamos fazendo j� a algum tempo na
UDESC. Quem sabe talvez, essa troca nossa de emails,
possa ser publicado junto ao meu "texto".
Primeiro lugar gostaria
MUITO mesmo de estar com voc�s nessa edi��o, mas muito mesmo... mas gostaria
muito de estar desde a minha DIFEREN�A, nas pr�ticas de alteridade que voc�s
est�o propondo desde sempre pra revista... Mas caso eu esteja dificultando algo
pra voc�s, me avisem!!!!!!
Essa diferen�a que aponto, tem a ver
com uma luta que comecei a desenvolver na UDESC, junto aos colegas de um grupo auto-gestionado de p�s-graduandos do PPGT, chamado Democratiza��o do PPGT (2016) e depois
junto ao grupo expandido de representa��o discente intitulado Grupo de trabalho estudantil anti-colonial 3M (Marielle -Matheusa - Marcondes), para estancar o sangue e libertar os nossos
cora��es� (2018) que junto � docentes do departamento conseguimos
"legalizar" a possibilidade de inventar, criar, desenvolver,
pesquisar outras formas de comunica��o de nossas pesquisas, ampliando,
inclusive, para possibilidades n�o mediadas por textos escritos. Tais medidas
foram pensadas pensando na populariza��o das pesquisas que s�o financiadas pelo
"p�blico" mas muito pouco regressam via acesso aos materiais da
pesquisa (menos de 1 por cento da popula��o brasileira leem trabalhos
acad�micos, embora saibamos, que elas chegam, de outras maneiras ao p�blico,
embora julguemos que com menor alcance do que poderia/deveria chegar). Tamb�m pensou-se nisso como estrat�gia para lidar com os altos
�ndices de adoecimento na p�s-gradua��o, dentre outros.
Frente a isso, sou a
primeira estudante que ingressou no PPGT com um projeto de pesquisa que j�
declarava que usaria de pouqu�ssimo suporte textual para a comunica��o de sua
pesquisa e serei uma das primeiras a desenvolver uma tese de doutorado nesse
sentido.
O fanzine
Agitporn Col�mbia: "Do porn� ao
bioterrorismo" � um dos frutos dessa pesquisa, tanto da pesquisa mais
ampla que tem a ver com a rela��o entre artes c�nicas e luta ind�gena quanto da
�pesquisa de novos formatos de comunica��o da pesquisa.
A� que nos encontramos, a�
que creio que corroboro intimamente com o dossi� que est�o desenvolvendo, no
que toca aos modos de escrita de minha pesquisa.
O que proponho � uma
escrita... textual e imag�tica, � ESTA a forma, a minha proposta, a minha
pesquisa. � por ela, e t�o s� por ela, que quero me comunicar com certos
p�blicos (tanto de comunidades ind�genas, como de comunidades acad�micas
ind�genas e n�o-ind�genas). Este � o meu recorte e minha forma de comunicar,
nesse momento, sobre tudo o que perguntam. Toda pesquisa e escrita de pesquisa
envolve um recorte e o meu � esse. E este experimento tanto dialoga com
"refer�ncias marginais" como voc�s querem garantir interlocu��o como
� em si uma refer�ncia marginal, j� que toda sua forma e conte�do dialoga com
uma forma de publica��o marginal que � o fanzine.
Apenas e t�o s� com a
experi�ncia desse fanzine j� se poderia escrever uma
tese de doutorado caso eu fosse fazer uma historiografia da forma fanzine, explanar e discutir o que estou chamando de "agitporn", bioterrorismo e sobretudo se eu for
contextualizar o contexto colombiano que estive interactuando
sem falar sobre a luta indigena amarrando tudo isso.
E � justamente isso que eu n�o gostaria de fazer. Gostaria que o que eu for
significar, comunicar, dialogar com o leitor/a leitora desse fanzine pudesse se dar t�o somente pelo que proponho a�,
nesse momento, arriscando a incompletude, os diversos entendimentos, desentendimentos, etc...
Seria rico, importante,
interessante um texto escrito, explicando tudo o que me perguntaram como essas
notas de fim de texto, situando o fanzine nas suas
formas de produ��o e circula��o, sim, seria incr�vel... mas essa n�o seria a
pesquisa e novamente ao inv�s de arriscar outras formas poss�veis (ruins ou
boas) estar�amos voltando para a forma cl�ssica acad�mica que justamente
estamos querendo esgar�ar e recriar.
Eu lhes devolvo a
pergunta: por que um texto explicativo de uma experi�ncia numa Revista? O
que mais pode caber numa Revista que justamente se prop�e a fazer caber o que
antes parecia incab�vel? A pr�pria Urdimento
reflete sua organiza��o interna, sua circula��o e as p�e a ver para seu
p�blico?
�Queridas, � isso: obrigada pela parceria de
jornada!
Sigamos jornando!
�Xero enorme.
Juma
REFER�NCIAS
ALMEIDA, L. M. de. Agit-Porn
Colombia,"del porno al bioterrorismo". Resultado de la residencia art�stica Abejas Tapica [Colombia]. �[S.
l.] : IBERESCENA,
2018. �Website: �IBERESCENA, Creaci�n
Dramat�rgica y Coreogr�fica. Dispon�vel em: http://www.iberescena.org/Files/Dramaturgias/Dramaturgia_d678253f-3832-430a-acf0-5aa812f46cea.pdf. �Acesso em 20
set. 2020.