Sobre o estudar com professoras que ensinam matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental: a ideia de uma formação-trilha

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2357724X08172020232

Palavras-chave:

Estudar, Espaço de (Form)-ação, Grupo de Estudos, Anos Iniciais do Ensino Fundamental, Pedagogia

Resumo

Este artigo problematiza o estudar com um grupo de professoras que ensinam matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental, compondo um tipo de formação que se denominou pelo ato de caminhar, de trilhar. Um trilhar que, pelas fadigas do andar nos trilhos, nos convoca a fugir de caminhos marcados-cristalizados, incitando-nos a parar, a deter-se, a perder-se, a furar espaços, a
habitar outros, a pensar. Disto fazer emergir pensamentos, ações, forças, resistências, palavras, ficções e reinvenções de coisas que abrem fendas com os próprios pés, e traçam trilhas errantes em outros espaços. Daí a estratégia de um tipo de formação que se dá antes pelo verbo estudar, do que pelo formar. Estudar como um fazer-se trilha, trilhar-se. E, assim, intensificando a percepção de que a trilha é uma espécie de corpo-estudo que está à espera de que algo aconteça, que algo inter-venha. Algo que não é mais da ordem do planejado e esperado, da formação, mas de uma prática e de um exercício educacional de liberdade e silêncio. Pelo estudar exercita-se o silêncio, habita-se espaços e trajetos, cria-se trilhas, num ato solitário e ou em (com)-panhia, onde matemática e o ensino da matemática aparecem como problemáticas de estudo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGABEM, G. Ideia da Prosa. Edições Cotovia, Ltda, Lisboa, 1999.

BÁRCENA ORBE, F. La intimidad del estudio como forma de vida. In Ediciones Universidad de Salamanca / cc by-nc-nd Teri. 31, 2, jul-dic, 2019, pp. 41-67.

BRIGO, Jussara. FLORES, Claudia R. O conto da panecástica: a Ilha dos explicadores desiguais e/ou dos ensinadores iguais. Revista EM TEIA, Pernambuco, V. 10, nº 3, p. 1-17, 2019.

BRIGO, Jussara. Uma trilha com professoras que ensinam matemática: diários e encontros. Tese de Doutorado. Pós-graduação em Educação Científica e Tecnológica. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2020.

CARONIA, Anthony. Florianópolis: história e arquitetura. São Paulo: Escrituras, 2012.

DELEUZE, Gilles. Crítica e Clínica. Trad. de P. P. Pelbart. São Paulo: Ed. 34, 1997.

______. Diferença e Repetição. 2ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 2006.

______. “¿Que és un dispositivo?” In: Michel Foucault, filósofo. Trad. de Wanderson Flor do Nascimento. Barcelona: Gedisa, 1990, p. 155-161.

FOUCAULT, Michel. “Sobre a história da sexualidade”. In: Microfísica do poder. Trad. de Roberto Machado. 27ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 2009a, p. 243-276.

_____. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1990.

_____. A hermenêutica do sujeito. São Paulo, Martins Fontes, 2004.

FLORES, C. R. “Entre Kandinsky, Crianças e corpo: um exercício de uma pedagogia pobre”. Zetetiké, v. 23, n. 1, p. 237-252, 2015.

KOHAN, Walter O. O mestre inventor: relatos de um viajante educador. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

LARROSA, Jorge. Estudar=Estudiar. Trad. de Tomaz Tadeu e Sandra Corazza. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

______. Linguagem e educação depois de Babel. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2004.

______. Elogio da escola. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2017.

______. Tremores: escritos sobre experiência. Belo Horizonte: Autêntica, 2017a.

______. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. Belo Horizonte: Autêntica, 2017b.

______. Esperando não se sabe o quê: sobre o ofício de professor. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.

______; RECHIA, Karen. [P] de Professor. São Carlos: Pedro e João, 2018.

LEITE, César Donizetti Pereira. Infância, experiência e tempo. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011.

LEMOS, Flávia C. S; SILVA, Alyne A.; SANTOS, Daniele V. “Subverter”. In: FONSECA, T.; NASCIMENTO, M.; MARASCHIN, C. (Orgs.). Pesquisar na diferença: um abecedário. Porto Alegre: Sulina, 2012.

MACHADO, Rosilene Beatriz; FLORES, Claudia Regina. Irene vista de dentro ou, das andanças erráticas de um professor-flanêur. Revista de Educação Matemática e Tecnológica Iberoamericana, v. 9, n. 2, 2018

MASSCHELEIN, Jan. “E-ducando o olhar: a necessidade de uma pedagogia pobre”. Educação e Realidade, v. 33, p. 35-48, 2008.

RANCIÈRE, Jacques. O mestre Ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. 3ª ed. Trad. de Lílian do Valle. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

SKLIAR, Carlos. O ensinar enquanto travessia: linguagens, escritas, leituras e alteridades para uma poética da educação. Salvador: EDUFBA, 2014.

SKLIAR, Carlos. Desobedecer (a desobediência da linguagem). In: COSTA, L.B,; BANDEIRA, L.V.V.; CORRÊA, T.M. (Orgs.). Estátuas de nuvens: dicionário de palavras pesquisadas por infâncias. Porto Alegre: Sulina, 2017.

Downloads

Publicado

2020-11-30

Como Citar

BRIGO, Jussara; FLORES, Cláudia Regina; WAGNER, Débora Regina. Sobre o estudar com professoras que ensinam matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental: a ideia de uma formação-trilha. Revista BOEM, Florianópolis, v. 8, n. 17, p. 232–248, 2020. DOI: 10.5965/2357724X08172020232. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/boem/article/view/17871. Acesso em: 22 dez. 2024.