João em situação de autismo: o que fazem e dizem as crianças na Educação Infantil

Autores

  • Kátia Patrício Benevides Campos Universidade Federal de Campina Grande
  • Sílvia Robertda da Mota Rocha Universidade Federal de Campina Grande
  • Andreza Lima Azevedo Universidade Federal de Campina Grande

DOI:

https://doi.org/10.5965/1984317813022017110

Palavras-chave:

Educação, Infância, Ensino, Autismo,

Resumo

Analisamos as interações sociais entre crianças ditas normais e uma criança em situação de autismo em uma instituição de Educação Infantil, à luz das concepções de construção social da deficiência e histórico-cultural de aprendizagem. A diferença expressa que contempla o autismo é produzida socialmente a partir de padrões dominantes de normalidade e de produtividade em sociedades desiguais, quando a diferença é transformada em desigualdade social. No sóciointeracionismo, a aprendizagem é produzida na força das relações sociais enquanto ferramenta cultural de produção e análise da origem dos processos de construção dos sujeitos e dos saberes na escolarização formal. Os dados que focalizam as interações e ações dos ditos normais sobre o sujeito em situação de autismo foram produzidos por observação participante, diário de campo e vídeogravação. Apontam para o franco processo de construção da deficiência e da infância como construções sociais. Há nas concepções infantis, a visibilidade de João como sujeito de destrezas e possibilidades, não apenas de limites, o que fere a alteridade classificatória que fundamenta a deficiência compreendida como causalidade da falta, o que reafirma o princípio de educação inclusiva porque a interação conjunta entre ditos normais e ditos deficientes colabora com o processo educacional de todos envolvidos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Kátia Patrício Benevides Campos, Universidade Federal de Campina Grande

Unidade Acadêmica de Educação - UAEd Educação Infantil

Sílvia Robertda da Mota Rocha, Universidade Federal de Campina Grande

Unidade Acadêmica de Educação - UAEd Educação Infantil

Andreza Lima Azevedo, Universidade Federal de Campina Grande

Graduada em Pedagogia, na Universidade Federal de Campina Grande - UFCG

Referências

ABRAMOWICZ, A.; RODRIGUES, T. C.; CRUZ, A. C. J. A diferença e a diversidade na educação. Contemporânea. São Carlos, 2011, n. 2. p. 85-97. Disponível em: http://www.contemporanea.ufscar.br/index.php/contemporanea/ article/download/38/20.

ADORNO. Educação após Auschwitz. São Paulo: Ática, 1987.

ANDRÉ, M. E. D. A. Etnografia da prática escolar. Campinas: Papirus, 2008.

ARAÚJO, C. V. F. de O. Não fala, mas entende? Reflexões em Piaget, Vygotsky e Wallon, acerca do atraso no desenvolvimento da linguagem e as consequências na formação de conceitos. In: BEZERRA, J. da S. (Org.). Temática de educação escolar. João Pessoa: JRC Editora, p. 29-41, 2008.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Editora Persona, 1977.

BATISTA, M. W.; ENUMO, S. R. F. Inclusão escolar e deficiência mental: análise da interação social entre companheiros. Revista Estudos de Psicologia, v, 9, n. 1, p. 101-111, 2004.

BRITZMAN, D. P. Curiosidade, sexualidade e currículo: In: ______. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

BRITZMAN, D. P. Sexualidade e cidadania democrática. In. SILVA, L. H. (Org. ). A escola cidadã no contexto da globalização. Petrópolis: Vozes, 1998.

CAMPOS. K. P. B. (Re) significando relações de gênero no cotidiano escolar. 2007. Dissertação (Mestrado em Sociologia Política e Pensamento Social) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2007.

CAMPOS. K. P. B. Isabel na escola: desafios e perspectivas para a inclusão de uma criança com Síndrome de Down numa classe comum. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.

CARNEIRO, M. S. C. Deficiência mental como produção social: uma discussão a partir de histórias de vida de adultos com síndrome de Down. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2007.

CASTELLS, M. Paraísos comunais: identidade e significado na sociedade em rede. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. (A era da informação: economia, sociedade e cultura).

CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Trad. Bruno Magne. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

DANTAS, H. Entender e atender: o educador poliglota. Palestra proferida na Rede Pública Municipal de Fortaleza (FACED). Maio, 2005.

FERNÁNDEZ. A. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

FIGUEIREDO, R. V. de. Políticas de inclusão: escola-gestão da aprendizagem na diversidade. In: D. E. G. Rosa & V. C. De Souza (Orgs.). Políticas organizativas e curriculares, educação inclusiva e formação de professores. Rio de Janeiro: DP&A editora, 2002.

FILHO, B. J. F.; CUNHA, P. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: transtornos globais do desenvolvimento. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial; [Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010.

GOMES, N. L. Diversidade étnico-racial e educação no contexto brasileiro: algumas reflexões. In: GOMES, Nilma Lino (Org). Um olhar além das fronteiras: educação e relações raciais. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p.97-109.

KRAMER, S. Propostas Pedagógicas e Curriculares: subsídios para uma leitura crítica. In: MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Currículo: políticas e práticas. Campinas. São Paulo. Papirus, 1999.

LONGMAN, L. V. Classificação: uma pedagogia da exclusão. Revista Gestão em Rede, n. 40, p. 11-15, out. 2002.

LOURO, G. L. Gênero e magistério: identidade, história, representação. In: CATANI, D. B. et al. (Org. ).Docência, memória e gênero: estudos sobre formação. São Paulo: Escrituras, 1997.

LURIA, A. R. Vigotski. In: VIGOTSKI, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2010. p. 21-58.

MANTOAN, M. T. E. O direito de ser, sendo diferente, na escola. In: OMOTTE, S. (Org.). Inclusão: intenção e realidade. Mariana: Fundepe, 2004.

MATTOS, C. L. G. Abordagem etnográfica na investigação científica. Revista INES-ESPAÇO, Rio de Janeiro, n. 16, p. 42-59, jul. /dez. 2001.

MATTOS, C. L. G. O conselho de classe e a construção do fracasso escolar. Educação e Pesquisa, v. 31, n. 2, p. 215-228, maio/ago. 2005.

MATTOS, C. L. G.; CASTRO, P. A. Análises etnográficas das imagens sobre a realidade do aluno no enfrentamento das dificuldades e desigualdades na sala de aula. In: OLIVEIRA, I. B.; LAVES, N.; BARRETO, R. G. (Org. ).Pesquisa em educação: métodos, temas e linguagens. Rio de Janeiro: DP&A, 2007.

MINAYO, M. C. S.; ASSIS, S. G.; SOUZA, E. R. (Org.). Avaliação por triangulação de métodos: Abordagem de Programas Sociais. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2010.

MINAYO. M. C de S.; DESLANDES, S. F.; GOMES, R. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2008.

MONTE-SERRAT, F. Subjetividade e Aprendizagem. In: ABC Educatio, ano 8, n. 67, junho/julho, 2007.

NEWMAN, F.; HOLZMAN, L. Lev Vigotski: cientista revolucionário. São Paulo: Loyola, 2002.

OMOTE, S. A. Deficiência e não deficiência: recortes do mesmo tecido. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 1, n. 2, p. 65-73, 1994.

OMOTE, S. A. Estigma em tempo de inclusão. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 10, n. 3, p. 287-308, 2004.

PADILHA, A. M. L. A constituição do sujeito simbólico: para além dos limites impostos pela deficiência mental. In: REUNIÃO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO ANPED, 24. , 2001. Anais... Caxambu, 2001.

PLETSCH, M. D. Repensando a inclusão escolar de pessoas com deficiência mental: diretrizes políticas, currículo e práticas pedagógicas. 2009. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

POULIN, J. R. Quando a escola permite a contribuição no contexto das diferenças. In: FIGUEIREDO, Rita Vieira de.;BONETI, Lindomar Wessler & POULIN, Jean-Robert (Orgs.) Novas Luzes Sobre a Inclusão. Fortaleza: UFC editora, 2010

ROCHA, S. R. M. Leitores da comunidade e crianças lêem histórias na escola: Programa de integração da criança remanescente à comunidade letrada. 2002. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação de Educação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2002.

SARMENTO, M. J. Visibilidade social e estudo da infância. In: VASCONCELLOS, V. M. R.; SARMENTO, M. J. (orgs.). Infância (in) visível. Araraquara: Junqueira & Marin, 2007.

SARMENTO, M. J. Visibilidade Social e Estudo da Infância. In: VASCONCELLOS, Vera Maria Ramos de &SARMENTO, Manuel Jacinto. (Orgs.). Infância (In) visível. Araraquara, SP: Junqueira & Marin, 2007. p. 25-49.

SEVERINO. A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2007.

SUPLINO, M. H. S. O. Retratos e imagens das vivências inclusivas de dois alunos com autismo em classes regulares. 2007. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

TOURAINE, A. Crítica a Modernidade. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.

VIGOTSKI, L. S. Pensamento e linguagem. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

WALLON, H. Do acto ao pensamento. Lisboa: Moraes Editores, 1978.

Downloads

Publicado

01-08-2017

Como Citar

CAMPOS, Kátia Patrício Benevides; ROCHA, Sílvia Robertda da Mota; AZEVEDO, Andreza Lima. João em situação de autismo: o que fazem e dizem as crianças na Educação Infantil. Revista Educação, Artes e Inclusão, Florianópolis, v. 13, n. 2, p. 110–135, 2017. DOI: 10.5965/1984317813022017110. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/arteinclusao/article/view/8554. Acesso em: 21 nov. 2024.