Tecendo memórias e ausências: Autobiografia como matéria da arte

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DOI:

https://doi.org/10.5965/2175234610212018010

Palavras-chave:

memórias, ausências, autobiografia, arte

Resumo

Este artigo buscou compreender a autobiografia como matéria da arte tendo como referência os artistas Louise Bourgeois, Frida Kahlo e José Leonilson. Bourgeois transforma suas memórias, perdas e traumas em arte. Kahlo dribla a dor, expressa sua paixão pela vida. Leonilson enfrenta a proximidade da morte. Encontrei conexão com estes artistas cujas vidas e obras se confundem. O procedimento metodológico parte da investigação teórica e do trabalho prático em relação dialética ao longo de todo o processo. De Gaston Bachelard, interessa o conceito de casa/corpo, como lugar da dimensão onírica da recordação. Philippe Lejeune discute autobiografia e a escrita de diário com a função de conservar a memória. E Georges Didi-Huberman trata a ausência como presença, vestígio, e a pele como lugar dos sinais tanto do envelhecimento/memória quanto do desejo/toque. Resultaram desse processo três obras que se conectam aos artistas elencados e aos conceitos trazidos pelos teóricos, e evidenciam o uso da memória, da autobiografia e das ausências como expressão singular.

 

 

Palavras-chave:  Memórias. Ausências. Autobiografia.

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Biografia do Autor

Rita Isabel Vaz, University of the State of Paraná

Graduação em andamento em Escultura (2015) - Universidade Estadual do Paraná, UNESPAR, Brasil.
Graduação em Psicologia (1981-1985) - Escola de Música e Belas Artes do Paraná; Universidade Federal do Paraná, UFPR, Brasil.

Bernadette Maria Panek, University of the State of Paraná

Artista plástica, pesquisadora e professor adjunto da UNESPAR/Embap. Especialista em História da Arte pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná/Embap (1997). Mestre em Poéticas Visuais (2003) e Doutora na Linha de Pesquisa História da Arte pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (2008). Pós-doutorado (2013) com bolsa da Capes, no Departamento de Escultura da Universidad del País Vasco/EHU, onde é colaboradora internacional no Grupo de Investigación Consolidado del Sistema Universitario Vasco IT655-13, cuja pesquisa parte dos propósitos colocados pelo escultor Jorge Oteiza. Entre 1993 e 1996 dirigiu o Museu da Gravura Cidade de Curitiba, onde atuou como orientadora dos cursos livres nos ateliês de gravura de 1989 a 1992. Implantou o conteúdo acadêmico dos cursos de Especialização Lato Sensu em História da Arte do Século XX (1998), de História da Arte Moderna e Contemporânea (2004), do qual foi coordenadora até 2013 e de Museologia (2005), do qual foi coordenadora até 2008, na Embap. Artista residente no Tamarind Institut - Albuquerque, Novo México (1993); London Print Workshop - Londres (1994); Portland Nortwest College of Art (1997). Pesquisadora visitante na Universidad del País Vasco/EHU (2001/2002); na Universidad Politecnica de Valencia (2006/2007); na Universidad del País Vasco/EHU, com bolsa da Fundación Carolina (2009/2010). Tem obras em acervos no Museu da Gravura Cidade de Curitiba; Biblioteca Nacional/Rio de Janeiro; Portland Museum/Oregon; Universidade Regional de Blumenau/Santa Catarina; Coleção Guita e José E. Mindlin/São Paulo; MAC-Dragão do Mar/Fortaleza

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Publicado

2018-07-31

Como Citar

VAZ, Rita Isabel; PANEK, Bernadette Maria. Tecendo memórias e ausências: Autobiografia como matéria da arte. Palíndromo, Florianópolis, v. 10, n. 21, p. 10–26, 2018. DOI: 10.5965/2175234610212018010. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/palindromo/article/view/12488. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos Seção temática