Canto de xangô: uma tópica afro-brasileira

Autores

  • Juliana Ripke da Costa Universidade de São Paulo (ECA/USP)

DOI:

https://doi.org/10.5965/2525530401012016044

Palavras-chave:

Tópicas, Afro-brasileiro, Xangô, Villa-Lobos

Resumo

Este artigo pretende analisar e demonstrar as características e utilização de tópicas musicais afro-brasileiras dentro de algumas obras do compositor Heitor Villa- -Lobos e outros compositores brasileiros como Camargo Guarnieri, Moacir Santos e Baden Powell. Desta forma, será feito o estudo, identificação e sistematização das principais características do tipo xangô proposto e identificado por Eero Tarasti na obra de Villa-Lobos, e de uma das tópicas mais utilizadas por Villa-Lobos, que aqui chamaremos de tópica canto de xangô, considerada pelo autor um arquétipo da qualidade de afro-brasileiro. Entendendo que a tópica é uma figura de representação, analisarei também como Villa-Lobos e posteriormente outros compositores brasileiros representaram a música e a cultura afro-brasileira em suas obras através do tipo xangô e da tópica canto de xangô. O papel desempenhado pelas tópicas musicais Afro-brasileiras serão abordados por meio de uma combinação de algumas técnicas analíticas e estratégias semióticas de significação; assim, será possível alcançar uma melhor compreensão da estrutura e do discurso musical. Este estudo destina-se a ajudar a nossa compreensão da cultura africana como parte formadora e intrínseca da cultura brasileira e da “brasilidade”, reforçando a ideia de fusão cultural que permeia a cultura e a música brasileira.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Juliana Ripke da Costa, Universidade de São Paulo (ECA/USP)

Mestranda em musicologia (teoria e análise) pela Universidade de São Paulo (ECA-USP) sob orientação do Prof. Dr. Paulo de Tarso Salles, bacharel em Piano pela Faculdade Cantareira sob orientação do pianista cubano Yaniel Matos, e Tecnóloga em Piano Popular pela Fundação das Artes de São Caetano do Sul. Em Nova York, estudou piano com o pianista David Berckman. Estudou piano erudito na Escola de Musica de São Paulo no período de 2010 a 2013, onde participou de recitais em homenagem a grandes compositores brasileiros como Osvaldo Lacerda. Em 2010, fez um concerto piano solo no palco “Piano na Praça” da Virada Cultural Paulista. Atualmente, é pesquisadora na área de teoria e análise musical, professora de piano do curso preparatório da Faculdade Cantareira, pianista e compositora no quarteto Jacatacamarajá, e pianista correpetidora dos corais do Instituto Baccarelli.

Referências

ADOLFO, Sérgio Paulo. “O mito africano no cotidiano dos afro-brasileiros”. In: SANTOS, Volnei Edson dos (Org.). Sopros do silêncio. Londrina: EDUEL, 2008.

AGAWU, Kofi. Music as discourse – Semiotic adventures in romantic music. New York: Oxford University Press, 2009.

AGAWU, Kofi. Representing African Music: Postcolonial notes, queries, positions. New York: Routledge, 2003.

AGAWU, Kofi. Playing with signs: a semiotic interpretation of classic music. Princeton: Princeton University Press, 1991.

ANDRADE, Mário de. Ensaio sobre a música brasileira. 3.ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1972.

ANGENOT, Marc. Glossário da crítica contemporânea 1. Lisboa: Comunicação. 1984.

CAMARA CASCUDO, Luiz da. Dicionário do Folclore Brasileiro, 12ª ed. São Paulo: Global, 2012.

CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. 4. ed. São Paulo: UNESP, 2011.

CARVALHO, José Jorge de. “Estética da opa- cidade e da transparência, mito, música e ritual no culto xangô e na tradição erudite”. Série Antropologia, v. 108, 1991.

COELHO DE SOUZA, Rodolfo. “Hibridismo, Consistência e Processos de Significação na Música Modernista de Villa-Lobos”. In: Ictus, v. 11, n. 2. Salvador: UFBA, 2010.

CORTEZ, Gustavo. SANTOS, Inaicyra Falcão dos. ANDRAUS, Mariana Baruco Machado. Corpo e ancestralidade: estudo dos rituais e mitos de origem afro brasileira no panorama da dança contemporânea brasileira. Rev. Cient. / FAP, Curitiba, v.7, p. 11 – 22, jan./jun. 2011.

FREIRE, Priscila Gambary. Dança brasileira e dança negra para piano solo de Camargo Guarnieri: Uma abordagem interpretativa. 2007. Dissertação de mestrado. Univerisidade Estadual de Campinas: Campinas.

GRABÓCZ, Márta. Musique, narrativité, signification. Paris: L’Harmattan, 2009.

HATTEN, Robert. Interpreting Musical Gestures, Topics, and Tropes: Mozart, Beethoven, Schubert. Bloomington: Indiana University Press, 2004.

HATTEN, Robert. Musical Meaning in Beethoven: Markedness, Correlation and Interpretation. Bloomington: Indiana University Press, 1994.

LYRIAN STUDIO TENDA. Camargo Guarnieri – “Dansa Negra”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=lNM-VCY7sw8>. Data de acesso: 15/abr/2016.

MACHADO NETO, Diósnio. “As imagens do músico caipira: ideias topificadas e tropificadas na consubstanciação de uma referência cultural paulista”. In: 3º Congresso Nacional de Iconografia Musical, 2015, Salvador. Anais do 3º Congresso Brasileiro de Iconografia Musical. Salvador: UPBA, 2015. p. 149-162.

MACHADO NETO, Diósnio. “O discurso musical no Requiem de Marcos Portugal através de um estudo comparativo das tópicas: circunstâncias históricas e contextos estilísticos”. In: CRANMER, D. (Org.). Marcos Portugal: uma reavaliação. 1 ed. Lisboa: Colibri, 2012. p. 379-395.

MARUN, Nahim. Revisão crítica das canções para a voz e piano de Heitor Villas-Lobos publicadas pela Editora Max Eschig. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.

MICHAELIS. Moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Editora Melhoramentos, 1998-2009. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php>. Acesso em 5/mai/2016.

MONELLE, Raymond. The musical topic: hunt, military, and pastoral. Indiana University Press. 2006.

MONELLE, Raymond. The sense of music: semotic essays. Princeton University Press: New Jersey. 2000.

MOREIRA, Gabriel. O elemento indígena na obra de Villa-Lobos: observações músico-analíticas e considerações históricas. 2010. Dissertação de mestrado. Universidade do Estado de Santa Catarina: Florianópolis.

MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia. Palestra proferida no 3o Seminário Nacional Relações Raciais e Educação-PENESB- RJ, 05 nov. 2003. Disponível em: <http://www.ufmg.br/inclusaosocial/?p=59>. Acesso em: 4/mai/2016.

MUSEU VILLA-LOBOS. Villa-Lobos: sua obra: catálogo. Rio de Janeiro, 2010. 380p. Disponível em: <http://museuvillalobos.org.br/bancodad/VLSO_1.0.1.pdf>. Data de acesso: 15/abr/2016.

ORTIZ, Renato. Cultura brasileira & identidade nacional. 5.ed. São Paulo: Brasiliense, 2004.

PAES, Priscila. A utilização do elemento afro-brasileiro na obra de Francisco Mignone. 1989. Dissertação em artes. Universidade de São Paulo: São Paulo.

PIEDADE, Acácio. “A teoria das tópicas e a musicalidade brasileira: reflexões sobre a retoricidade na música”. El oído pensante, vol. 1, n. 1, 2013. Disponível em <http://ppct.caicyt.gov.ar/index.php/oidopensante>. Data de acesso: 10/jul/2015.

PIEDADE, Acácio. “Perseguindo fios da meada: pensamentos sobre hibridismo, musicalidade e tópicas”. In: Per Musi – Revista Acadêmica de Música, n.23, p. 103-112. 2011. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/pm/n23/n23a12.> Acesso em 10/jul/2015.

PIEDADE, Acácio. “Tópicas em Villa-Lobos: o excesso bruto e puro”. In: SIMPOSIO INTERNACIONAL VILLA-LOBOS – USP. 2009. Disponível em:<http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/261789/mod_resource/content/1/Tópicas%20em%20Villa-Lobos%20o%20excesso%20bruto%20e%20puro%20%28Piedade%202009%29. pdf>. Acesso em: 10/jul/2015. p.127-134.

PIEDADE, Acácio. BENKE, Ester. “Tópicas em Camargo Guarnieri: uma análise da Sonatina Nr. 1”. In: Anais do XIX Congresso da ANPPOM. Curitiba, 2009.

PLESCH, Melanie. "Topic Theory and the Rhetorical Efficacy of Musical Nationalisms: the Argentine Case". In: PANOS, N., LYMPORIOUDIS, V., ATHANASOPOULOS, G., and NELSON, P. (org.). Proceedings of International Conference on Music Semiotics, in Memory of Raymond Monelle. Edinburgh: The University of Edinburgh/IPMDS - International Project on Music and Dance Semiotics. 2013.

PLESCH, Melanie. “La música en la construcción de la identidad cultural argentina: el topos de la guitarra en la producción del primer nacionalismo.” Revista Argentina de Musicología, pp. 57–68. 1996.

PRANDI, Reginaldo. VALLADO, Armando. Xangô, rei de Oió. In: AULO BARRETTI FIILHO. (org.). Dos yorùbá ao candomblé kétu. 1 ed. São Paulo: Edusp, 2010, v. 1, p. 141-161. Disponível em: http://www.fflch.usp.br/sociologia/prandi/xangorei.htm. Acesso em: 4/mai/2016.

RAMOS, Arthur. O negro brasileiro. 2 ed. São Paulo: Nacional, 1940.

RATNER, L. G. Classic music: Expression, form and style. New York: Schirmer Books, 1980.

RODRIGUES, João Barbosa. Poranduba Amazonense, ou kochiyma-uara porandub, 1872-1887. Rio de Janeiro: Typ. de G. Leuzinger & Filhos. 1890. Disponível em: <http://biblio.etnolinguistica.org/rodrigues_1890_poranduba>. Acesso em: 24/nov/2015.

SALLES, Paulo de Tarso. “National identity, modernity and other intertextual relations in the Ninth String Quartet of Villa-Lobos.” In: PAWLOWSKA, Malgorzata and MALECKA, Teresa. Music: Function and Value: Proceedings of the 11th International Congress on Musical Signification, 27 IX - 2 X 2010, Kraków, Poland, Volume 1: 684-697, 2013a.

SALLES, Paulo de Tarso. “Villa-Lobos and Nationality Representation by Means of Pictorialism: Some Thoughts on Amazonas”. In: PANOS, N.; LYMPORIOUDIS, V.; ATHANASOPOULOS, G.; and NELSON, P. (org.). Proceedings of the International Conference on Music Semiotics, in Memory of Raymond Monelle. Edinburgh: The University of Edinburgh/IPMDS - International Project on Music and Dance Semiotics. 2013b.

SALLES, Paulo de Tarso. “A música de Villa-Lobos na semana de arte moderna de 22”. In: Ladeira, M. E Belchior, P. Presença de Villa-Lobos: 100 Anos de Arminda, Rio de Janeiro: Museu Villa-Lobos, v. 14. 2012. p. 102-119.

SALLES, Paulo de Tarso. “Análise do material harmônico nos compassos iniciais do Noneto de Villa-Lobos”. Anais do XX Congresso da ANPPOM, Florianópolis: UDESC, 2010.

SALLES, Paulo de Tarso. Villa Lobos: Processos composicionais. Campinas: Editora da Unicamp, 2009.

SALLES, Paulo de Tarso. Aberturas e impasses: O pós-modernismo na música e seus reflexos no Brasil – 1970 - 1980. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

SANDRONI, Carlos. Feitiço decente: Transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

SANTOS, Moacir. Coisas: cancioneiro Moacir Santos. In: ADNET, Mario; NOGUEIRA, Zé. Rio de Janeiro: Jobim Music, 2005.

SEGATO, Rita Laura. Raça é signo. Série Antropologia, 2005. Disponível em:<http://pt.scribd.com/doc/16639751/raca-e-signo>. Acesso em: 4/mai/2016.

SODRÉ, Muniz. .A verdade seduzida por um Conceito de Cultura no Brasil. Rio de Janeiro: Codecri, 1983.

STEFANOVIC, Ana. “Once more on musical topics and style analysis: A critical examination of Agawu’s analysis of the introduction to Beethoven’s Pathetic Sonata”. ZGMTH 7/3. Hildesheim: Olms S. 2010. P. 311–325.

TARASTI, Eero. Heitor Villa-Lobos: The life and Works, 1887-1959. Jefferson, North Carolina, and London: Mc Farland &Company, Incl., Publishers, 1995.

VERHAALEN, Marion. Camargo Guarnieri: Expressões de uma vida. São Paulo: Imprensa Oficial, 2001.

Downloads

Publicado

2016-07-12

Como Citar

COSTA, Juliana Ripke da. Canto de xangô: uma tópica afro-brasileira. Orfeu, Florianópolis, v. 1, n. 1, p. 044–073, 2016. DOI: 10.5965/2525530401012016044. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/orfeu/article/view/7068. Acesso em: 29 mar. 2024.