O corset como objeto-fetiche na Inglaterra Vitoriana e as crises de valores nas dinâmicas entre classe e gênero

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DOI:

https://doi.org/10.5965/1982615x13292020043

Palavras-chave:

corset, fetichismo, período vitoriano

Resumo

Este artigo busca explorar as relações entre o corset e o fetichismo no século XIX e começo do século XX. Apoiado pela perspectiva de Anne McClintock, em Couro imperial — Raça, gênero e sexualidade no emb ate colonial (2010), sobre o fetiche e as dinâmicas entre classe e gênero, o protagonismo do corset na manutenção da ociosidade doméstica feminina vitoriana é analisado. A investigação sugere que a crise de valor produzida pelo conflito entre os espaços pú blicos e privados, pela relação entre a agência masculina e a estagnação feminina, bem como a impossibilidade do gozo do ócio feminino, são encarnadas no corset — que se converte em objeto - fetiche. A recuperação dos escritos de Freud, o estudo das genealog ias do fetiche e a retomada de sua origem etimológica ampliam as perspectivas de significação para a relação do corset com o corpo feminino oitocentista, cuja silhueta, desenhada pela corseteria, demarcava calculadamente as possibilidades de seu papel soci al.

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Publicado

2020-06-29

Como Citar

PEREIRA, Roseana Sathler Portes. O corset como objeto-fetiche na Inglaterra Vitoriana e as crises de valores nas dinâmicas entre classe e gênero. Modapalavra e-periódico, Florianópolis, v. 13, n. 29, p. 43–69, 2020. DOI: 10.5965/1982615x13292020043. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/modapalavra/article/view/18132. Acesso em: 28 mar. 2024.