Desaparecimento de abelhas polinizadoras nos sistemas naturais e agrícolas: Existe uma explicação?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/223811711812019154

Palavras-chave:

polinização, intoxicação, desmatamento, patógenos e ácaros

Resumo

Desde a última década é notório o desaparecimento das populações de abelhas polinizadoras em diversos países. Esse grupo é responsável pela polinização e manutenção de centenas de espécies vegetais usadas na alimentação humana, além de contribuir de forma expressiva para o desenvolvimento socioeconômico de comunidades associadas à agricultura familiar. Neste trabalho, são discutidas as possíveis causas do desaparecimento, entre as quais se destacam: o desmatamento, reforçado pela carência de flora natural, o manejo inadequado de colmeias, as crescentes infestações de pragas nas colônias e o uso de agrotóxicos. Sugerem-se estratégias para a conservação de abelhas nativas e domesticadas, merecendo destaque: (a) a conservação da paisagem natural circundante às áreas agrícolas; (b) a profissionalização de apicultores no manejo nutricional e de conservação das colmeias; e (c) o contínuo desenvolvimento de estudos criteriosos sobre o efeito letal e subletal de agrotóxicos sobre os polinizadores.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Joatan Machado da Rosa, Universidade do Estado de Santa Catarina

Departamento de Agronomia. Laboratório de Entomologia.

Dr. em Fitossanidade, professor na Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC/CAV, Lages, SC, Brasil.

Cristiano João Arioli, Empresa de Pesquisa e Extensão Rural de Santa Catarina

Estação Experimental de São Joaquim - EESJ. Laboratório de Entomologia.

Dr. em Fitossanidade na Empresa de Pesquisa e Extensão Rural de Santa Catarina - Epagri, São Joaquim, SC, Brasil.

Patricia Nunes-Silva, Instituto Tecnológico Vale

Instituto Tecnológico Vale - Desenvolvimento Sustentável.

Dra. em Entomologia (USP) Pesquisadora no Instituto Tecnológico Vale, Belém, PA, Brasil.

Flávio Roberto Mello Garcia, Universidade Federal de Pelotas

Depto. de Ecologia, Zoologia e Genética, Lab. de Ecologia de Insetos - UFPel.

Dr. em Ciências Biológicas (PUCRS), Professor e Pesquisador na Universidade Federal de Pelotas - UFPel, Pelotas, RS. Brasil.

Referências

ANVISA. 2012. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Seminário volta a discutir mercado de agrotóxicos em 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=000094&pid=S1980-993X201400010000900003 &lng=pt. Acesso em: 15 fev. 2017.

ARIOLI CJ et al. 2014. Em busca de respostas ao sumiço das abelhas. In: Correio Rio grandense. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/996761/1/Botton.pdf. Acesso em: 15 mar. 2017.

BAPTISTA APM et al. 2009. Toxicidade de produtos fitossanitários utilizados em citros para Apis mellifera. Ciência Rural 39: 955-961.

BIDDINGER DJ et al. 2013. Comparative toxicities and synergism of apple orchard pesticides to Apis mellifera (L.) and Osmia cornifrons (Radoszkowski). PloS one 8: 6p.

BIESMEIJER JC et al. 2006. Parallel declines in pollinators and insect-pollinated plants in Britain and the Netherlands. Science 313: 351-354.

BORTOLOTTI L et al. 2003. Effects of sub-lethal imidacloprid doses on the homing rate and foraging activity of honey bees. Bulletin of Insectology 56: 63-68.

BRODSCHNEIDER R & CRAILSHEIM K. 2010. Nutrition and health in honey bees. Apidologie 41: 278 294.

BROWN JC & OLIVEIRA ML. 2014. The impact of agricultural colonization and deforestation on stingless bee (Apidae: Meliponini) composition and richness in Rondônia, Brazil. Apidologie 45: 172-188.

CALATAYUD-VERNICH P et al. 2016. Influence of pesticide use in fruit orchards during blooming on honeybee mortality in 4 experimental apiaries. Science of the Total Environment 541: 33-41.

COUTO RHN & COUTO LA. 2002. Apicultura: manejo e produtos. 2.ed. Jaboticabal: FUNEP. 191p.

DECOURTYE A et al. 2004. Imidacloprid impairs memory and brain metabolism in the honeybee (Apis mellifera L.). Pesticide Biochemistry and Physiology 78: 83-92.

DECOURTYE A et al. 2005. Comparative sublethal toxicity of nine pesticides on olfactory learning performances of the honeybee Apis mellifera. Archives of environmental contamination and toxicology 48: 242-250.

DESNEUX N et al. 2007. The sublethal effects of pesticides on beneficial arthropods. Annual Review of Entomology. 52: 81-106.

DE JONG D. 2009. Desaparecimento de abelhas: pesticidas agrícolas afetam insetos, safras e saúde humana. Scientific American Brasil 84: 48-49.

FAEP. 2014. Federação da Agricultura do Estado do Paraná. O sumiço das abelhas. Curitiba: FAEP e SENAR. 30p. (Boletim técnico 1255).

GARIBALDI LA et al. 2013. Wild pollinators enhance fruit set of crops regardless of honey bee abundance. Science 339: 1608 1611.

GILL RJ et al. 2012. Combined pesticide exposure severely affects individual- and colony-level traits in bees. Nature 491: 105-108.

GRISOLIA CK. 2005. Agrotóxicos: mutações, câncer e reprodução. Brasília: UNB. 394p.

GOULSON D et al. 2015. Bee declines driven by combined stress from parasites, pesticides, and lack of flowers. Science 347: e1255957.

HENRY M et al. 2012. A common pesticide decreases foraging success and survival in honeybees. Science 336: 348-350.

JOHNSON RM et al. 2010. Pesticides and honey bee toxicity–USA. Apidologie 41: 312-331.

KLEIN AM et al. 2007. Importance of pollinators in changing landscapes for world crops. Proceedings of the Royal Society of London B: Biological Sciences 274: 303-313.

KREMEN C et al. 2004. The area requirements on an ecosystem service: crop pollination by native bee communities in California. Ecology letters 7: 1109-1119.

MARCO JR P & COELHO FM. 2004. Services performed by the ecosystem: forest remnants influence agricultural cultures pollination and production. Biodiversity and Conservation 13: 1245-1255.

MARTINELLO M et al. 2017. Spring mortality in honeybees in northeastern Italy: detection of pesticides and viruses in dead honeybees and other matrices. Journal of Apicultural Research 56: 239-254.

MESSAGE D et al. 2012. Situação da sanidade das abelhas no Brasil. In: FONSECA VLI et al. (Orgs.). Polinizadores no Brasil: contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais. São Paulo: EDUSP. p.237 256.

NEFF JL & SIMPSON BB. 1993. Bees, pollination systems and plant diversity. Em: LASALLE J & GAULD ID. (Ed.). Hymenoptera and biodiversity. Wallingford: CAB International. p.143-167.

LOSEY JE & VAUGHAN M. 2006. The economic value of ecological services provided by insects. BioScience 56: 311-323.

MALASPINA O et al. 2008. Efeitos provocados por agrotóxicos em abelhas no Brasil. Em: VIII Encontro Sobre Abelhas. Resumos... Ribeirão Preto: FUNPEC. p.41-48.

MULLIN CA et al. 2010. High levels of miticides and agrochemicals in North American apiaries: implications for honeybee health. PLoS one 5: 19p.

NABTI D et al. 2014. The toxic effect of the pesticides on Apis mellifera intermissa (Hymenoptera, Apidae): Glutathione S-Transferase Activity. European Journal of Experimental Biology 4: 121-125.

OLDROYD BP. 2007. What's killing American honey bees? PLoS biology 5: 1195-1199.

ORTH AI et al. 2012. Manejo da polinização e o problema da diminuição da população de abelhas domésticas. Agropecuária Catarinense 25: 47-52.

PASIN LEV et al. 2012. Análise da Produção de Mel Natural no Brasil no Período de 1999 a 2010. Revista Agroalimentaria 18: 29-42.

PAREJA L et al. 2011. Detection of Pesticides in Active and Depopulated Beehives in Uruguay. International Journal of Environmental Research and Public Health 8: 3844-3858.

PEREIRA FM et al. 2004. Doenças e Inimigos Naturais das Abelhas. Brasília: Embrapa. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/68248/1/Doc103.pdf. Acesso em: 13 dez. 2016.

PETTIS JS et al. 2013. Crop pollination exposes honeybees to pesticides which alters their susceptibility to the gut pathogen Nosema ceranae. PloS one 8: 9p.

PIRES CSS et al. 2016. Enfraquecimento e perda de colônias de abelhas no Brasil: há casos de CCD?. Pesquisa Agropecuária Brasileira 51: 422-442.

PMRA. 2006. Proposed Registration Decision. Novaluron, Ottawa: Health Canada's Pest Management Regulatory Agency. Report No. PRD2006-05. 108p.

POTTS SG et al. 2010. Global pollinator declines: trends, impacts and drivers. Trends in Ecology and Evolution 25: 345 353.

POTTS SG et al. 2016. Safeguarding pollinators and their values to human well-being. Nature 540: 220-229.

RICKETTS TH et al. 2008. Landscape effects on crop pollination services: are there general patterns? Ecology Letters 11: 499-515.

ROUBIK DW. 1992. Ecology and natural history of tropical bees. 1.ed. New York: Cambridge University Press. 514p.

SALA OE et al. 2000. Global biodiversity scenarios for the year 2100. Science 287: 1770-1774.

SCOTT-DUPREE CD et al. 2009. Impact of currently used or potentially useful insecticides for canola agroecosystems on Bombus impatiens (Hymenoptera: Apidae), Megachile rotundata (Hymentoptera: Megachilidae), and Osmia lignaria (Hymenoptera: Megachilidae). Journal of Economic Entomology 102: 177-182.

SILVA JSV et al. 2010. Desmatamento na Bacia do Alto Paraguai no Brasil. Em: III Simpósio de Geotecnologias no Pantanal. Resumos... Cáceres: EMBRAPA/INPE. p.459-467.

SILVA NR. 2004. Aspectos do perfil e do conhecimento de apicultores sobre manejo e sanidade da abelha africanizada em regiões de apicultura de Santa Catarina. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas). Florianópolis: UFSC. 115p.

SMITH RK & WILCOX MM. 1990. Chemical residues in bees, honey and beeswax. American Bee Journal 130: 188-192.

SPADOTTO CA et al. 2004. Monitoramento de risco ambiental de agrotóxicos: princípios e recomendações. Jaguariúna: EMBRAPA. 29p.

TILMAN D et al. 2001. Forecasting agriculturally driven global environmental change. Science 292: 281-284.

VAN DER SLUIJS JP et al. 2013. Neonicotinoids, bee disorders and the sustainability of pollinator services. Current Opinion in Environmental Sustainability 5: 293-305.

WILLIAMSON SM & WRIGHT GA. 2013. Exposure to multiple cholinergic pesticides impairs olfactory learning and memory in honeybees. The Journal of Experimental Biology 216: 1799-1807.

ZHU W et al. 2014. Four common pesticides, their mixtures and a formulation solvent in the hive environment have high oral toxicity to honey bee larvae. PloS one 9: 11p.

Downloads

Publicado

2019-02-08

Como Citar

ROSA, Joatan Machado da; ARIOLI, Cristiano João; NUNES-SILVA, Patricia; GARCIA, Flávio Roberto Mello. Desaparecimento de abelhas polinizadoras nos sistemas naturais e agrícolas: Existe uma explicação?. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v. 18, n. 1, p. 154–162, 2019. DOI: 10.5965/223811711812019154. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/agroveterinaria/article/view/10301. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigo de Revisão - Multiseções e Áreas Correlatas